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A Lua de Caím

QUARTA-FEIRA, 19 DE MARÇO DE 2014

Uso Mágico dos Fluidos Corporais

O assunto a seguir deve ser interpretado mais como conhecimento analítico do que
teórico, haja vista que seu caráter empírico, em vez de pura especulação, pode ser
experimentado por qualquer iniciado de qualquer escola. Em adição, muitos magistas

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não verão nada inédito aqui, apesar de eu não me lembrar de ter visto este assunto
escrito desta maneira. O que exponho adiante é um breve apanhado de minhas
observações pessoais concernindo à eficácia dos fluidos corporais como
“carregadores” (do conceito caoísta já consolidado em inglês como ‘charging’) de sigilos
pictográficos. Autores recomendados para leitura suplementar são Peter Carroll, Ralph
Tegtmeier (Frater U.:D.:), Michael Staley, Dave Lee e Jaq D. Hawkins, bem como o artigo
Indocrination, postado pelo caoísta Max em alt.magick.chaos e noSpiral Nature. Além
disso, uma introdução à Cibermagia (Cybermagick), campo ainda em desenvolvimento,
poderia tirar algumas dúvidas e corroborar o que é proposto aqui.

Em primeiro lugar, vamos dar uma olhada na convenção acadêmica sobre o Sistema
Endócrino (extraído da Wikipédia):
”...Sistema endócrino é formado pelo conjunto de glândulas que apresentam como
atividade característica a produção de secreções denominadas hormônios."
Freqüentemente o sistema endócrino interage com o sistema nervoso, formando
mecanismos reguladores bastante precisos. O sistema nervoso pode fornecer ao
sistema endócrino informações sobre o meio externo, enquanto que o sistema
endócrino regula a resposta interna do organismo a esta informação.

Dessa forma, o sistema endócrino em conjunto com o sistema nervoso atuam na


coordenação e regulação das funções corporais.

Alguns dos principais órgãos que constituem o sistema endócrino são: a hipófise, o
hipotálamo, a tiróide, as supra-renais, o pâncreas e as gônadas (os ovários e os
testículos)...”

Em Líber Null, Carroll divide o estado de transe (gnosis) em dois modos: Inibitório e
Excitatório. Mais tarde, Frater U.:D.: comenta estes modos e os destrincha, em seu High
Magic in Theory & Practice, num esquema muito útil. Não cabendo aqui exibir as práticas
que vão desde o uso do Samadhi Tank até o sexo tântrico de madrugada no cemitério,
limitamo-nos a uma análise mais profunda: todas as práticas de gnosis possuem como
matéria-prima fluidos biológicos, sejam eles exteriorizados pelos canais corporais ou
não.

Note que exteriorizar é diferente de excretar – hormônios podem ser excretados por
glândulas, injetados no corpo e permanecerem nele; enquanto a exteriorização é uma
qualidade peculiar de alguns fluidos, como o sêmen, fluídos vaginais, suor, sangue e
muco. Sim, a prática mágicka pode ser bem nojenta se você não se desvencilhar dos
conceitos judaico-cristãos que assolam seus pais, os pais deles antes deles e os pais
dos pais deles.

No trecho acima, retirado da Wikipédia, temos a afirmação científica de que o Sistema


Endócrino interage com o Sistema Nervoso – não é preciso ser médico para saber disso,

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mas por via das dúvidas, é melhor que fique claro. O estado alterado de consciência,
conhecido como gnosis ou transe, é um fenômeno obviamente neurológico. E se este
tipo de reação é provocada e regulada pelo Sistema Endócrino, reservamo-nos no direito
de presumir e afirmar que as substâncias glandulares são a chave alquímica para
possibilitar o trabalho mágicko.

Se você já pratica
Estas observações me vieram à mente há alguns anos, quando eu era iniciante em
chaos, lá por 1996/1997, em que eu tentava fazer a prêua de um sigilo ser carregado
pela postura de morte. Na época eu me lembro que o bagulho tinha nível de dificuldade
nightmare. Depois, é claro, a muito custo eu consegui. Mas confesso que mesmo tendo
conseguido, sempre preferi a prática onanista, pois dava resultado do mesmo jeito, além
de ser gostosinho.

Ninguém está querendo mijar no trabalho do Spare – se não fosse esse gênio, não
haveria Zos Kia Cultus nem Sigilização. A questão é que cada indivíduo se adequa
melhor a uma ou outra forma de gnosis e não adianta ficar insistindo no que não é pra
você – embora estas tentativas possam trazer o estado gnóstico de exaustão e o sigilo
acabar sendo carregado de qualquer maneira. Pela exaustão, não pela postura de
morte. Então percebi que meu problema era com o modo inibitório da gnosis. E como
qualquer outro símio, também tenho minhas obsessões com aquilo que não consigo.
Comecei a pesquisar o Samadhi e o que poderia favorecer um fumante cafeinômano a
atingir esse estado. No final das contas, descobri o Sistema Endócrino na magia e ele
sobrepôs toda aquela obsessão.

O Sangue
É quase impossível estudar xamanismo e magia simpática, cultos e rituais antigos, sem
esbarrar no sangue. Vodu, Santería, Quimbanda, Magia Tibetana, Magia Shaivista,
Magia Babilônica, Magia Hebraica, Magia Asteca, Magia Maia – são alguns exemplos de
sistemas que se desenvolveram em torno do sangue. De fato, alguns se tornaram
verdadeiros cultos ao sangue. Pudera, o sangue é a água da vida, a seiva de Yggdrasil,
a força vital e o fluxo energético. É coberto de sangue que um ser humano vem ao
mundo; é o sangue que sinaliza que uma fêmea está fisiologicamente apta a gerar vida e
marca os machos em rituais de adolescência; e, para os guerreiros antigos, eram
cobertos de sangue que muito provavelmente deixariam este mundo.

O sangue cobre relativamente bem o ciclo mitológico da roda da vida. Mas este não é o

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principal fator pelo qual foi introduzido na prática mágicka, onde muitas vezes foi
utilizado para alimentar os deuses e pagar os espíritos. É pela relação que o sangue tem
com o conceito de informação. Na magia simpática, por exemplo, é o sangue da vítima
que orienta, da maneira mais eficiente, a quem deve incidir o feitiço. É também o sangue
que transfere hereditariamente a nobreza ou a corrupção, a saúde ou a doença, a
fertilidade ou a putrefação.

Existe ainda o sacrifício animal (que eu particularmente não concordo), onde o sangue
age como um recurso energético a ser direcionado. Além disso, quando um magista usa
uma gota de seu próprio sangue para carregar um sigilo, ele está praticando
microcosmicamente o processo Solve et Coagula alquímico, ensinado nos antebraços
de Baphomet. Ao furar o dedo, por exemplo, a dor gera o estado de gnosis (como frisa
Carroll, a autotortura e flagelação são módulos de gnosis prediletos de alguns filipinos,
cristãos e hindus) e o sangue, ungindo o sigilo, leva a informação adiante que culmina
por coagular em pouco tempo – simulando a ideia de materialização do resultado
intentado. Esta técnica pode ser aperfeiçoada de maneira a criar paradigmas com
relação ao objetivo do sigilo, como por exemplo, furar o dedo anelar para sigilos de amor
(Vênus), o médio para guerra (Marte) e o indicador para magia monetária (Júpiter).
Sempre que eu não tenho muito tempo ou saco para atingir estados gnósticos
específicos, eu uso o sangue dessa maneira. Nunca me falhou, mas assim como para
mim a postura de morte era praticamente inaplicável, esta técnica também pode ser
ineficaz para algumas pessoas. Entretanto, deve funcionar para a maioria dos feiticeiros.
Vale salientar que ninguém está dizendo para matar bebês ou cometer outro tipo de
bastardice ritual inútil que garanta que o Datena fique manchando a imagem do
ocultismo (mais do que já está manchada). Não faça cagada!

Sêmen e Fluidos Vaginais


Também não é novidade a relação entre sexo e magia. Tal afinidade é tão forte e tão
antiga que propiciou ambiente para a criação de todo um sistema de magia sexual. O
orgasmo é tido como o vazio da mente, ‘petit mort’, semelhante ao não-pensamento
taoista e ao Samadhi, onde a vontade pode ser impregnada no subconsciente e
precipitar o resultado mágicko. Juntamente com o orgasmo, os fluídos relacionados com
o sexo e a fertilidade têm grande utilidade mágicka. Não somente na espermofagia
crowleyana, mas também na função de sigilos com esperma, fluidos vaginais e sangue

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menstrual. Isto porque estes fluidos estão relacionados diretamente com a geração da
vida (além da excitação sexual), a fertilidade (em outros conceitos que não somente
biológicos, ex. arte, filosofia, prosperidade, etc.) e a encarnação do intento. Assim como
o DNA carregado no sêmen possui informações e instruções de como será o ser
fecundado pelo óvulo, o intento mágico é também transferido pelo mesmo sêmen que
deverá ser fecundado pelo sigilo.

A ênfase da magia sexual em técnicas semelhantes a esta pode fazê-la parecer uma
prática restrita aos homens. Contudo, a lubrificação vaginal tem tantas qualidades
mágickas quanto o esperma. Fluídos vaginais são compostos de água, piridina,
esqualeno, ácido acético (vinagre bioalquímico), álcool, glicol, ácido lático, cetona e
aldeído – todos elementos que invertem as qualidades espermáticas: em vez de levar
informação a ser fecundada, eles de fato fecundam a informação pictográfica do sigilo.
Porém, as mulheres dispõem de uma propriedade mágicka não compartilhada com os
machos: o mênstruo unifica os poderes do sangue com os poderes dos fluidos sexuais –
além da dor das cólicas, que podem levá-las naturalmente a um estado gnóstico.

Urina e Suor
Na Alquimia medieval, a urina era utilizada na transmutação de metais e alguns
alquimistas diziam que ela tinha a propriedade de “matar” metais nobres. Isso
provavelmente se deve ao amoníaco e à ureia. Por tal relevância, a urina ganhou até
seu próprio símbolo alquímico.

Com tais conceitos anexados à sua essência, a urina pode ser aplicada à sigilização
entrópica, quando há a intenção de corroer e deteriorar um inimigo lentamente. É desta
mesma prerrogativa que surge o costume de “mijar no túmulo do inimigo”. Além disso,
pode ser usada em sigilos que visam a própria transformação interna, mas neste caso o
suor seria mais aplicável, pois além de ter substâncias e comportamentos semelhantes
ao da urina, vem vinculado aos princípios do esforço, da disciplina e da perseverança.

Saliva e Muco
A saliva e o muco são particularmente indicáveis para sigilos de banimento, proteção e
exorcismo, embora a saliva também possa ser empregada como a urina em sigilos
entrópicos. Isso porque uma das principais funções da saliva é iniciar a digestão e,
portanto, simpaticamente a dissolução do inimigo. Entretanto, a saliva também
desempenha o papel de remineralizar os dentes, excretar toxinas e proteger a mucosa

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bucal – o que a torna um célebre aditivo em sigilos de proteção. Em todo caso, não seria
boa ideia cuspir numa pessoa possuída. O Muco tem a função de proteger as vias
respiratórias contra invasões de bactérias e ataques químicos, o que faz dele um fluído
tipicamente aplicável a sigilos de proteção para pessoas e lugares.

Últimas palavras
Existem ainda enzimas e hormônios que, como dissemos anteriormente, não entram em
contato com o mundo externo e seu papel é desempenhado puramente nos estados de
consciência, gnosis ou transe. Além disso, os chakras podem ser identificados com
glândulas específicas e as substâncias produzidas por estas glândulas podem ser
interpretadas como materialização da energia propagada pelos chakras.

Enfim, os principais fluidos empregados para substituir ou intensificar o efeito da gnosis


são o sangue e os fluidos sexuais. A urina e os outros foram adicionados aqui para
inspirar práticas experimentais e traçar paralelos entre a bioalquimia e a energização dos
sigilos. Aleister Crowley desenvolveu estas biotecnologias ao extremo, fazendo uso
inclusive das fezes e da abominável coprofagia. Mas como diria minha avó: “Quando o
assunto chega em merda, é melhor parar por aqui”.

Texto extraído do site Morte Súbita Inc.

Obs. Obviamente este texto aborda apenas uma 'face' bem ampla sobre o uso destes
fluidos e existem mil outras formas de se utilizar do mesmo, depende muito da tradição
ou sistema qe se segue e de sua formação mágica. Trabalhar com fluidos,
principalmente o sangue pode ser muito perigoso, todo cuidado é pouco, aconselho que
quem queira trabalhar com isso, messa bem suas ações e pense bem antes de fazer
qualquer coisa.

Até mais. E que a Grande Alva os abençoem.


Igor Pietro às 09:42

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QUEM SOU EU
Igor Pietro
Estudante de psicologia e curioso deste mundo místico há alguns anos, sempre em
busca do nosce te ipsum e quem sabe da lapis philosophorum. Creio no poder interior
de cada indivíduo, no potencial para a Magnum Opus e interesso-me pelos saberes
esotéricos que visam um entendimento mais profundo do ser.
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