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AS ETAPAS PRECRISTAS DA DESGOBEATA DE DEUS UMA CHAVE PARA A ANALISE DO GRISTIANISMO (LATINO AMERICANO) 3, L. SEGUNDO J.P. SANCHIS: A egloctio: UTURGIA-MUNDO- As primeiras elapos da renovacde litirgica, que se seguiram ge Cor ilie,Waticano 1, nos seus &xitos, bem independentemente do grande movimento de renovagéo que sacode a Igreja. Uma Igreja jogada num mundo em. 1épide processo de mudanga, que aprofunde a sua consciéncia ‘de estar a servigo déste mundo e redescobre as dimensSes -edsinicas. de, uma. salvag60 90 trabalho no "mais conereto ©. da existéncia’ humana — de toda existéncia humana. {4 Se a. Liturgia & manifestagdo cultual do mais profunds da _ slareia, 05 problemas @ as ongGstios que acomponham.@ iastimento desta nova visio de lgreja-no-mundo no podem: « deixar de repercutir rela, Sé0 éstes problemas que a colegio AUTURGIA-MUNDO se propée estudar, com realismo ¢: setenidode, sem pretensGo a formulas definitivas, mos numa tentative de reflexéo honesta. a5 mesmo femipo com os - = dois 181mos que sev titulo encerra: a Liturgia de \greja, e © Mundo dos homens. AS ETAPAS PRE-CRISTAS DA DESCOBERTA DE DEUS INTRODUCAO IMPRIMATUR Por comissdo especial do Exmo. ¢ Revo, Sr, Dom Manuet Pedro da Cunha Cintra, Bispo de Petrépolis. i a frei Bruno Fuchs, O.F.M. } PERIOR DE CULTURA RELIGIOSA - Fosrynp BIBLIOTECA Copysight © 1968 by Editéra VOZES Limitada R. Frei Luis 100 - Petropolis Rf Brasil ECENTE descoberta oficial de «Primeiros Iti- neratios em Sociologia Religiosas em muitos “paises da América Latina, ocasionada pelos con- a que os bispos lalino-americanos tiveram ma Europa, durante o Concilio, como tam- “G6. pelas viagens do Cénego Boulard a éste “gontinente, representa uma longa caminhada. Nao tanita, talver, porque se tenha chegado a gran- “des resultados, mas, sim, porque se chegou, de “fato, muito depressa a uma pergunta cruciante. ‘A. sociologia religiosa na América Latina se picia sob o aspecto de sociagrafia do religioso. Procura indagar: Qual a propos¢do de pratica ‘eligiosa existente; onde, isto é em que luga- Tes geograficos e em que camadas sociais; on- 2 'de © como’ estavam distribuidos os re~ -{) \ligiogos, isto €; sacerdotes, religiosas, militantes; mo era o mecanismo de seu recrutamento.. .? Esperou-se muito, esperou-se demais désse tra- ‘balho, Os episcopados nacionais, com rara una- .mimidade, tiveram a preocupagio de criar comis- _- s6es. ou escritérios destinados a ésse tipo de Pesquisas. O que contrastava, muitas vézes, com uma certa despreocupacio do que dizia respeito ao )<° melhoramento paralelo do pensamento teolégico- =o pastoral. E’ que, na verdade, se pensava sepa- radamente nas duas coisas. Chegou-se a crer @'a fazer crer que bastava um novo condicio- T namento dos fatdres religiosos (acrescentado ao fluxo de pessoal e bens provenientes dos pai- ses cristaos mais desenvolvidos) para solucio- nar os graves problemas religiosos de um con- tinente que enfrentava, cada vez mais rapida e profundamente, a secularizagao. Bem depressa, porém, se notou que tal solu- gio era falsa. Ainda mais, a sociologia religio- sa embora em seus primeiros passos mas le- vada pelo sew prdprio dinamismo, tocava em pontos por demais sensiveis e chamava em seu auxilio uma teologia que ndo estava preparada para responder-lhe com exatidio. Ou que, se estivesse, respondetia exigindo solucdes radicais, infinitamente mais radicais do que as previstas no coméso, as quais nao salam da esfera do administrativo ou do «pastoral» em seu sentido mais superficial. Com efeito, apenas se passa da sociologia do religioso para um estudo mais propriamente so- ciolégico de atitudes religiosas no contexto sig- nificativo do conjunto de relagdes sociais, sur- ge a pergunta explosiva, principalmente em nos- so continente latino-americano: essas_atitudes, por mais que se mantenham dentro das estru- turas da Igreja, sao cristés? Sao elementos da religiio dé Cristo o que entra nas pesquisas de pratica religiosa? A partir désse momento, a sociologia religio- sa comecou a ser olhada com crescente descon- fianca. Multiplicaram-se os obstécutos para im- pedir que se levassem ao conhecimento publi- co os resultados obtidos, Casos houve, em que 8 se chegou a proibir as comissdes de socidlogos ultrapassarem, em suas investigacdes, o que era expressamente determinado pelo episcopado, com referéncia A pratica religiosa. Em outras palavras, os primeiros passos da sociologia refigiosa serviram para colocar_ mui- tas pessoas da América Latina em face do pro- blema — teolégico — de discernirem que ati- tudes retigiosas eram cristis € que atitudes — apesar de levarem éste nome e de se encon- trarem nos quadros da Igreja — nio o eram. Porém, como dissemos, a teologia ndo esta- va em nosso continente, preparada para respon- der. Em grande parte porque utilizava métodos se acupava de temas mais europeus do que autéctones, de modo que diante désse problema, a teologia se expressava quase que tnicamente em térmos de exciusdo ou inclusdo. Para uns, © cristianismo revelado em tais atitudes era um cristianismo verdadeiro, ainda que defeituoso. Pa- ra outros n&o era simplesmente cristianismo, se- nao um paganismo com nome e etiqueta de cris- tio. Partidarios de cristianismos de elites e de cristianismos de «massa» se defrontavam, acen- tuando ainda mais, se possivel, nos respons4- veis pela pastoral, a impressio de que esta se devia manter cuidadosamente afastada das dispu- tas teoldgicas. Porém essa falsa soliigo esterilizadora nio pode dusar. A tentativa que aqui se apresenta pretende ser uma contribuicio para melhor con- jugagio da sociologia e da teologia pastoral no continente latino-americano, Se os térmos ndo 9 fOssem exageradamente pretensiosos, _diriamos que pretende ser uma introdugao 2 \eitura pas- toral do Antigo e do Novo Testamento no con- texto da América Latina. Por que essa leitura da Biblia? Porque nos pareceu, h4 ja muito tempo, que o problema es- tava mal situado quando se analisavam as ati- tudes religiosas existentes em térmos de inclusiio e de exclusdo a respeito de um cristianismo con- siderado auténtico, Embora possamos declarar nao-cristas certas atitudes que se dizem cristés, o importante nao € essa exclusio, mas sim colocar essa_atitude em caminko para o cristianismo, Em outras pa~ lavras, estudar em térmos de evolugao, até a compreensao da mensagem de Cristo, as atitu- des defeituosas dos cristios latino-americanos. Em vez de declara-las simplesmente nao cris- tas e, sobretudo, em vez de, por médo das con- seqiléncias, declara-las cristis, o importante e mais justo é entendé-las como pré-cristés ¢ co locd-las num caminho pastoral que conduza a um cristianismo mais auténtico. Falar assim em térmos de evolugio religiosa até o cristianismo significa ter um esquema mental dessa evolucio, para se poder situar nela cada atitude que se apresenta ao julgamento. Sd assim se supera 0 notavel inconveniente de varias obras de socio- logia religiosas referentes A América Latina: apresentar um catdlogo de defeitos as vézes con- traditérios, mas sobretudo impossiveis de se re- duzir a escala. 10 Pois bem, nossa hipdtese € a de que 0 An- tigo Testamento nos fornece precisamtente @sse esquema evolutivo. A preparacdo feita por Deus de set povo para compreender e transmitir a mensagem de Cristo pode ter sido fortuita, dni- ca, excepcional. Porém pode ter sido, certamen- te, nosmativa, exemplar. 7 E no seria muito de estranhar que assim f0s- se, tendo-se em conta que o ser humano, em muitos campos, parece refazer rapidamente em sua existéncia individual a lenta evolucio de sua civilizago, de sua espécie e, ainda, do -uni- verso inteiro. Nenhum homem se situa no mes~ mo lugar em que ficou a geracdo anterior, mas volta aos comegos do homem e do mundo ¢ re~ faz rapidamente e, muitas vézes, nao sem difi- culdades, nao sem paradas e retrocessos, 0 ca- minho percorrido por seus predecessores. Se a biologia descobriu que 0 desenvolvimen- to do homem; a partir do évulo fecundado, re- flete as etapas da evolugio da vida no univer- 80, por que nao refletiriam as etapas religiosas da formaco humana, o lento desabrockar do povo-testemunha, desde a fé infantil até a ma- turidade de Cristo? O que a biologia, a psico- logia, a paleontologia, a antropologia, a hist6- ria da cultura nos dizem poderia ser igualmen- te verdadeiro no plano religioso. Além disso, parece-nos ver claramente a con- firmagfo dessa hipdtese, tanto nos Evangelhos ¢ Atos dos Apéstolos como nas Epistolas Paulinas. Com efeito, muitos comentadores assinalaram, € nao sem estranheza, que Jesus nfo toma o at oso a partir do ponto atingido pela reli- gido de Israel. Nao, o Evangelho em sua gran- de maioria € composto de preceitos morais e concepgées religiosas sensivelmente semelhantes as dos grandes profetas de Israef e, ainda, 4s dos grandes pensadores da humanidade. Na rea- lidade se poderia demonstrar que 0 proprio ser- mao da montanha, tonge de ser a promulgacao da nova ordem, foi um resumo de resultados alcancados pelo Antigo Testamento. © que Cristo, Verbo de Deus, nos traz di- relamente das profundezas do Pai parece-nos quantitativamente muito pouco, ao lado do que retira da heranga espiritual de Israel. No en- tanto, 0 que na realidade f@z Jesus, durante és- ses trés anos de convivéncia com seus discipu- los, foi levé-los a refazer rapidamente as eta- pas religiosas pelas quais havia passado Israel durante 10 séculos, a fim de os tornar capazes de compreender a Boa-Nova. Esta permancceu, € verdade; mas em germe, um germe que a co- munidade eclesial desenvolveria em suas conse- qiéncias imensas e expandiria com sua pregacio. No entanto, que impressfio de novidade quan- do se léem, por exemplo, os 12 primeiros capi- fulos ou mesmo t6da a Carta de Paulo avs Ro- manos! Ble parece ter-se desembaracado de t6- da aquela tarefa inicial para comegar sua pre- gacdo exatamente onde comecava a novidade de Jesus. Quando se refere a algo anterior, € sd- mente para mostrar como isto foi superado na nova criag&o. 12 Nao obstante, a carta aos Romanos é um exemplo enganador. B’ uma carta a uma comu- nidade descoahecida. Parece mais um tratado que uma pastoral concreta. Para realmente saber 0 que f€z Paulo como Pregador, seria preciso ler de prefertncia as cartas enviadas as proprias igrejas evangelizadas por éle. Ao tazé-lo, da- mo-nos imediatamente conta de que a pregagio da boa-nova de Jess trazia para os cristaos que podemos chamar de «segunda geracio», f6s- sem de origem judaica ou paga, 0 mesttio pro- blema. Quer dizer, a inevitvel tendéncia a vol- tar, mesmo a partir, da boa-nova, a concepcdes a concepgies religiosas espontaneas e primitivas, religiosas tradicionais, no caso dos judeus, ou no caso dos pagdos. Dai ven que Paulo, como Cristo, deve fazer com que os cristios —- como uma rapidez maior, & certo — percorram outra vez as etapas teli- giosas do Antigo Testamento. Galatas e Corin tios, principalmente, s4o disso um claro exem- plo. O proprio Paulo recorda aos corintios essa etapa prévia como etapa da infancia que, mes- mo na Igreja, precede a Idade madura de Cristo. Néo 6 de estranhar, pois, que estejamos hoje em face desta mesma tarefa na América Lali- na. E que voltemos a pedir luzes a esta hist6- ria exemplar ¢ estrutural, que & a educagdo da 4é, realizada pelo proprio Deus no povo encar- regado de transmitir sua mensagem. E' claro que isto significa fer a Escritura de modo mais complexo do que aquéle que iria simplesmente da primeira 4 diltima pagina, Co- 13 mo sabemos, a atual ordem dos livros da Bi- blia nao reproduz 0 processo que aqui nos in- teressa, e 56 @le nos permitira ver em cada do- cumento fido 0 passo que deverd ser colocado nesse lento caminhar. Assim, por exemplo, quem lesse a Biblia des- de o principio, passaria imediatamente do pri- meiro capitulo do Genesis, escrito depois do exi- lio, ao segundo capitulo, escrito entre 300 e 500 anos antes. E é supérfluo indicar que, com res- peito ao mesmo tema — a criagdo — existe en- tre os dois textos, em sentido precisamente opos- to ao da compilacdo atual, uma profunda evo- lugio religiosa. Por todos ésses motivos, e uma vez que a ciéneia biblica atual nos oferece, sdbre a histé- ria da redagio da biblia, alguns dados suficien- temente estabelecidos, nés os utilizaremos para nossa leitura. O quadro anexo, que, € claro, n§o pretende ser uma cronologia biblica, deta- Ihada e minuciosa, nos d4 uma idéia da ordem que vamos seguir e do seu porque. Finalmente, 0 conteiido sociolégico e pastoral déste ensaio ndo passa de uma sugestéo para que se verifiquem as relagSes existentes entre as etapas religiosas de Israel e as atitudes que podem ser abservadas, em linhias gerais, na so- ciedade religiosa latino-americana. E precisamen- te porque ndo passa de uma sugestéo, o estilo déste ensaio nao se dirige apenas nem de pre~ feréncia a técnicos. Foi escrito para todos os cristos que, a midido, necessitam de uma chave para poder penetrar por si mesmos na misterio~ 14 sa selva da Palavsa de Deus. A relagio da Bi- blia, lida desta maneira, com as atitudes reli- giosas encontradas, de uma ou de outra forma, em t0da vida crista pode e deve levar a ésse exame de si mesmo e da propria comunidade ‘crista, sem o qual a Escrittira de Deus nao se- 1A © que deve ser: palavra que julga nossa exis . téncia e a transforma. p pee ee Vamos assinalar fundamentalinente 4 etapas: a 1*, a mais primitiva, representada pelo javis- ia e eloista. A 2* etapa compreender tudo que precede o exilio, a saber, primeiro grupo de profetas, a reforma de Josias, e 0 segundo gru- po de profetas, Uma terceira étapa compreen- deré 0 exilio, a volta do exilio ¢ a restauracio, isto é um terceiro grupo de profetas, a jreda- “*¢fo sacerdotal ¢ 0s sapienciais hebreus. E, por fim, a 4° ctapa compreenderd sobretudo 0: livro | da Sabedoria, isto & 0 contacto da religiio de “Israel com o pensamento grego. 15 pata| utsroria | — AUTORES OBRAS 100 | fe a froin GER] Pent D Jovista dN ” @ (E) Etoista \ REIS ‘(Cronicas) qsue — jokes om [Reis de Judd ¢ |(D) Deuteronomista-—>] |DEUT.| —Pentatetico steel @ gens res. coun Josia JOSUe — Juizes ie — > cis Jeremiss ———3 E - 0 Rsltio 7 Festa 3 s (P) Sacedotal —p Pr 2 teas peel Reequd ————3 Sabios ‘Sapienciais. (1) gs 42 [atecandce | Babess —___s. | Macotees Sapiencist (G) —» | Sabedoria 16 As Etanas — 2 CAPITULO 1 Presa Erapa: 0 DEUS TERRIVEL } DA TERRA DE ISRAEL REFLETE-SE na obra javista e eloista. © que primeiro nos surpreende, ao examinar €stes escritos, € que Deus néo aparece, imedia- tamente, como hoje em dia, como um poder universal. Qualquer dos nossos diciondrios de- fine Deus 0 Ser Supremo, Criador e Legista~ dor do Universo, Nao & assim para essa primeira etapa, a mais primitiva da religiosidade de Israel. Deus € 0 Deus da terra em que habitam aqué- les que 0 adoram © € nessa tetra que éle con- centra 0 seu poder e sua autoridade. Longe dai, @ homem esta fora do olhar de Deus; ainda que o poder de Deus continue a agir além dés- se olhar, manifesta-se como algo indireto que fo corresponde & apdo direta e ao poder ime- © diato de Deus sobre as coisas. Pode-se ver isto em Génesis 4,13, no pard- _pafo em que o javista narra 0 crime de Caim. *-Deus condena Caim a vagar pela terra, fugiti- vo e errante: js “Digse Caim a Javé: “Insuporiével 6 0 castigo gue me das. Tu me éxpulsas hoje do solo ‘fértil, eu de- verei me esconder longe do teu rosto ¢ sere! um fu- gitivo —percorrendo a ferra: mas primeiro que vier ” 19 me mataré!” Javé respondeu: “Nao, mas aque) Baur tile 2 Geen: sham site ae i em Caim, para que, i aera mata, Pe que, se aiguém o encontrasse, Notamos neste texto a alusio clara ao fato de que o destérro implica em estar oculto 4 fa~ ce de Deus e fora da sua protecio; por isso Javé precisa pdr um sinal em Caim, para que, embora nao o possa proteger diretamente, éle seja protegido pelo sinal de que Deus nao quer a sua morte. Isto nos d4 uma idéia, nio tanto da limita $40 de Deus para 0 povo judaico, mas da ma- neira, diferente da nossa, pela qual ésse povo chegou ao conhecimento déle, Em outras pala- vras, nés chegamos a Deus através do univer- 80, deduzindo-o por um raciocinio baseado na experiéncia da reatidade total, da realidade uni- versal, que necesita de um Criador e de um Legislador. O judeu, 20 contrario, chega a Deus por um encontro, um encontro concreto, na ter Ta concreta em que vive, na experidacia que faz de sua existéncia. E’ isto que verificamos. quan- do, depois de ter visto, nestas breves Palavras, © que Deus € para éles, se é permitido falar assim, comecamos a pensar e a estudar de que maneira o flomem se pde em contacto com Deus, Pois bem, se formos ver o que diz a Biblia nesta etapa do javista e do eloista, veremos que 0s encontrés com Deus tém certas caracteristi- cas comuns que se zepetem sempre. Deus se encontra to inexplicdvel e no terri- vel, Assim, por exemplo, encontrou-o Moisés na teofania da sara ardente (Ex 3,188): 20 “Apascentava Moisés 0 rebanho de Jetro, seu sogro, sacerdote de MadiéZ, Um dia em que cc conduzira 0 rebanho para além do deserto, chegou até a montanha de Deus Hored. Apareces-the’o Anjo de Javé (0 an jo de javé € a expressdo que indica a aparicao de Javé mesmo, expresso respeitosa que procura, por assim dizer,’ no falar diretamente de Deus, atribuin- do uma acdo a uma espécie de mensageiro, 'e que em realidade designa o proprio Deus, como, veremos por todo 0 contexto e em outras muitas ocasides) em uma chama de toge, do meio da sarca. Via Moisés que a sarca afdia e140 se consumia e disse: “Vou ver que grande visio € essa e por que a sarca nfo se conso- me”, Vin Javé que tle se aproximava para that eo chamou do meio da sarga: “Moisés, Moisés”. “Eis-me aqui’, respondeu éle, Javé the disse: “Nao te apro- ximes, tira as sandélias de teus pés, porque 0° tu- gar em que ests € uma terra santa”. Aqui vemos que Javé aparece no inexplica- vel. Mas na hora em que Moisés se aproxima pata descobrir o mistério dessa sarca que arde sem se consumir, ignorando que ésse mistério tem um segundo cardter, que € 0 terrivel, Deus fhe faz a adverténcia: «Nao te aproximes, des- calca as sandélias». Atitude que indica 0 reco- nireciments da pequenez do home em face do terrivel, visto que Deus seria terrivel com ¢le, se tle pretendesse, esquecendo-se de sua peque- nez, acercar-se familiarmente do divino. O misterioso, o terrivel, estas duas caracterfs- ticas aparecem também nas grandes teofanias do £xodo, quando Deus se manifesta no Sinai a todo 0 povo. Assim, Em Ex 19,20ss, diz o javista: “Desceu Javé sdbre o cume do monte Sinai e cha~ mou Moisés ao cume do monte. Moisés subiu e Javé The disse: “Desce e proibe expressamente ao povo ul- trapassat o lugar marcado para se aproximar de Javé € ver, porque muitos déles perderiam a vida”. au Aqui temos outra vez o inexplicdvel nos fe~ nOmenos que sucedem no cume do Sinai e o ter- rivel que seria se os homens, esquecendo-se de ge sio homens, se aproximassem por curiosi- dade, para confemplar o mistésio, Deus mesmo tem ‘o cuidado de afasté-los, para nfo ter de fazé-los perecer. No capitulo seguinte, ao terminar a procla- mago do decdlogo, Ié-se: “Diante dos trovoes e das chamas, da vox das trom- betas e do monte que fumegava, 0 Povo tremia ¢ con- servava-se a distancia. E dissetam a Moisés: “Fala- ‘nos tx mesmo, ¢ te ouviremos, mas no nos fale Deus para que ngo morramos” (Ex 20,18-20). A esta altura 0 povo compreendeu exatamen- te a atitude religiosa fundamental desta época: diante do mistério no deve aproximar-se do sa- grado ¢, como diz o texto anterior, (na teofania de Deus a Moisés na sarca ardente) do «santo». Daf resulta que para acercar-se de Deus seja preciso um intermedidrio. Aqui aparece a grande idéia que vai perdurar por muiio tempo em Js- sacl: Ha necessidade de um intermediaria, isto 6 alguém que seja, ao mesmo tempo, santo e familiar e humano, para que possa, de um la- do, apraximar-se de Deus, receber seus manda- mentos, pedir seus favores e, de outro lado, fa- lar com os homens. “Fala-nos tu, dizem os judeus a Moisés, e te ouvire mos, mas néo ‘nos fale Deus, para que ndo morramos” Dai a crenca em Israel, ¢ que se repete na Biblia, muitas vézes, de que aproximar-se de 22 e entrar de qualquer maneira que seja em pewtacto eam Ele equivale a morrer. Mas voltan- Go ao texto anterior (Ex 19,22), Javé, depois de dizer que os judeus no devem aproximar- se da montanha do Sinai, porque € santa, © para que no peregam, continua: dates que se aproximam de Javé se a eg ‘SMao- os fira Javé”. Com isso se indica uma gradagio nas apfo- ximagées do divino, gradagio que, em certo sen- fido, 4 aparece tessa mediagZo de Moisés. THA coisas que se podem aproximar mais, ou- tras que entram até certo ponto no sagrado; mas este aproximas-se, éste entrar no sagrado de Deus, exigem condig6es especiais, e essas condig6es es- tao aqui expressas no preceito de Javé de que se santifiquem, quer dizer, que se preparem pa- ta se aproximar do sanfo e que se tornem, em certo sentido, sagrados. em nada diretamente moral mas numa purificagao ritual, uma obediéncia as leis rituais que Deus pro- clamou precisamente para indicar em que medi- da os séres e as coisas podem se aproximar déle, dessa esfera sagrada que fle reserva para Si. Endo se pense que sio somente os homens que se aproximam de Javé, sio também as col- animais. se oor isto, em Gn 72, quando [avé dé ordens a Noé a respeito da arca, fala-Ihe de diferen- tes classes de animais. HA os animais puros © impuros; distingle que vai sobreviver na Escri- 23 tura até o Novo Testamento, pois é a Sao Pe- dro que se ordenard a extingao definitiva dessa diferenga (At 10,9-15). Existem animais puros e animais impuros, animais cujo contacto impe- de 2 aproximagio do sagrado porque séo repe- lidos por Deus. Deus tem seu gésto e h coi- sas que the desagradam e {he repugnam, Os que nelas tocam devem afastar-se de Deus ou puri- ficar-se, se desejam aproximar-se déle. As proprias coisas inanimadas, e ndo s6 os homens ¢ animais, est4o incluidas nessas prescri- ges sdbre @ apraximacdo do sagrado, por par- te do que nao € sagrado. Assim temos em Bx 30,25ss, as prescrigdes que Javé da, por inter- médio de Moisés, para preparo de uma ungio: som éstes ingredientes, diz Deus a Moisés, farés um leo para a undo sagrada, uma mistura odorifera Gomposta ‘segundo a arte do perfumista. Tal serd 0 Sleo para a sagrada uncao. Ungirés com éle a tenda da scuniéo e a arca da ‘alianga, 2 mesa e seus aces- sorios, 0 candelabro e seus acessérios, 0 altar dos Perfumes, 0 altar dos holocaustos e tados os seus uten- silios e a bacia com seu pedestal. Tu os consagra- rés para que sejam meus sacerdotes. Falards assim aos filltos de fsrael: Este Gleo vos servira para a uncéo santa de geragéo em geracio. Nao se detra- mara sobre 0 corpo de homem algum eno fareis outro com a mesma composi¢ao: & lima coisa sagrada & deveis considerd-la como ‘tal. Se alguém fizer ou. tro semelhante, ou o der a um profano, ‘sera corta. do da meio dé meu 'pova", Notamos aqui todos os elementos desta atitu- de. O Gleo da uncie se faz segundo as leis da perfumaria, € um perfume que agrada extraor- dinariamente a Deus ¢ que ée, como dono e senior de tudo, reserva para si de tal modo, 24 que todo aquéle que & tocado por esta ungdo, fica igualmente reservado para Deus. A sant dade, a pureza de que se trata aqui se trans- mite por contacto fisico, ; Assim &€ 0 Sagrado nesta concep¢io primiti- va do religioso. Por essa ungdo ficam consa~ grados a Javé, como sacerdotes, todos os que forem ungidos e, como & légico, o pecado fun- damental nessa concepgdo & levar o profano ao sagrado, isto & tocar com esta. ungdo algo pro- fano, ou fabricar uma uncio profana semelhan- te a ungdo sagrada, © sagrado € pot exceléncia 0 reservados 0 santo € © que Deus reservou para si, o que é proprio do divino, do teligioso, Portanto, usar profanamente algo sagrado é sacrilégio, 6 co- mo aproximar-se indevidamente do sagrado ¢, por isso, dai s6 pode resultar a morte, como vemos no mesmo texto que acabamos de Jer. E para que se note, o que j4 indieamos, que a intencdo do homem & alheia a tudo isso, e ndo 6 levada em conta, conviria ler uma passa- gem do fivro dos Reis, que manifesta isto cla- ramente. Leiamos ro {* fivro de Samuel, cap. 6, 0 que acontece A arca de Deus que havia ¢aido em poder dos filisteus. Oprimidos pelos males que thes ocasionava a posse desta arca, decidem os filisteus p0-la em um carro, atrelar a éste umas vacas ¢ deixar que © préprio Deus ditija 0 carro para que v4 para onde éle quiser. “Puseram sébre 0 carro a area do Senhor com a arca que continha os ratos de ouro e as figuras dos tumores, As vacas tomaram diretamente o caminho que 25 vai a Bet-Samés © seguiram sempre 0 mesmo caminho, mugindo, sem se desviarem nem para a esquerda, nem para a ‘direita, Os principes dos filisteus seguiram- na até os limites de Bet-Samés. Ora, os betsamitas segavam 0 trigo no vale, Levantando ‘os olhos, viram avarea e se alegraram. O carro chegou a terra de Josué, 0 betsamifa, onde se deteve. Havia ali uma grande pedra. Cortaram em pecacos a madeira do cat To e ofereceram as vacas em holocausto a Javé. Os levitas desceram a arca de Javé e 0 cofre que esta- va junto com ela e que continha os objetos de ouro e colocatam-na sobre a grande pedra. Os betsamites ofereceram holocaustes e sactificios a Javé naquele dia”, Comparemos com isto o que aparece no 2" livro de Samuel, cap. 6, onde se fala da trans- ladagio da arca para Jerusalém, ordenada por Davi: “Colocaram a afta de Deas num carro novo e teva- ram-na A casa de Abinadab, situada na colina. Oza e Aquio, filhos de Abinadab, conduziam 0 carro ndvo. Oza ia junto da arca de Deus e Aquio marchava dian- te dela, Davi e tda a casa de Israel dancavam diante de Javé, com todas as suas fOrcas, com harpas, cita- ras, tamborins, sistros e cimbalos. Quando chegaram 4 éira de Nacon, Oza estendeu 2 mao para a arca de avg ¢, a susieve, porque, o8 bois tinharm escoree: gado. Entao a célera de Javé se inflamou contra Oza € @le caiu morto junto a arca de Deus”. Poderfamos perguntar-nos qual a diferenga en- tre essa acdo de Oza e a que executaram os levitas, quando fizeram descet do carro a atca de Deus, ou a que executou, conforme o pté- prio texto d4 a entender, 0 mesmo Oza ao le vantar a arca de Deus ¢ calocé-la no catro pa- ra comecar a viagem. Nao é, por acaso, a mes- ma coisa que sustentar a arca quando comeca a cair? Nos trés casos, sem dtvida alguma, a intengio & sempre a mesma. E, no entanto, a 26 mesma boa intengio de Oza de sustentar a arca ‘de Deus e impedir que caia atrai sébre @le a “feélera de Deus. A explicacio dessa anomalia E. deve ser procurada na mentalidade religiosa de que falamos. Acontece simplesmente que a acao : executada pelos sacerdotes, ao fazer subir e des- “cer do carro a arca de Deus, é uma acio ritual, a acJo que deve ser feita segundo a ordem os ritos, uma acdo que supde 0 sagrado da- © quilo que 6 manuseado. A aco de Oza, em troca, i fipicamente uma aco familiar, & 0 ato cor- Frente, vulgar, cotidiano, de suster uma coisa que cai ¢, ainda que a intengéo seja boa, a arca le’ Deus nao pode ser tratada como uma coisa iqualquer. A arca de Deus & algo sagrado com Sg.sagrado no cabe o familiar do homem, ain- da que com a melhor das intengdes. “Isto completa 0 quadro da atitude que signi- , como depois de examinar cada uma das fapas ‘seguintes, vanios deter-nos e interrogar- Fos ‘sobre o significado dessa etapa da revela- #gH0 © sua conexdo com nossa fé contemporanea Fide vao obrigar essa mesma f@ a procurar mais E/além:e a percorrer aovas etapas. de muitos conhecida, seriam exemplos aos quais cada wm poder acrescentar muitos, Sem falar da motivagio para os préptios sacramentos que, deslocando a sua «eficdcias para areas totalmen- te estranhas 4 sua destinagao (0 batismo para 30 a crianga nae morrer, por exemplo), faz déles + tos auténticamente supersticiosos. Mas & além do campo da superstigéio que de~ vemos entrar. Para quantos o ato religioso por exceléncia no seria a , de mera exe- ‘cugao material (ver 0 filme o sPagador de Pro- qessas»), ou talvez a «devocig» particular, Ji- gada a outro tipo de ‘ seautelosamenté calculado e verificado num tem- © po record? Nao & aqui o lugar de apresentar uma teo- logia sacramental, nem de mostrar como, taivez por uma reagdo contra a concepedo protestan- “te, se desenvolveu uma nocdo estreita da eficd- “ela sacramental «ex opere operato». Nao se tra- ta talvez da nogdo elaborada pelos grandes ted- Jogos, mas das concep¢des que rondavam nos manuais de sacramentologia ¢ muito mais ainda ‘na mentalidade comum tanto dos padres como dos fiéis. Bastava ter vagamente a intengio de 3h fazer o que quer fazer a Igreja e cumprir a ris ca as ordenagées materiais e externas, para que © rito fdsse automaticamente eficaz. Temos, en- tao, a missa reduzida, no decorrer dos tempos, a ser, nao mais uma celebragao, mas uma ri- tualizagao. Ou esta mentalidade muito magica de um padre que para antes da consagracéo, porque, se neste momento ndo pronunciar a for- mula de modo exageradamente asticulado, a con- sagragio nao serd valida. Ou essas filas diante dos confessiondrios, em lugares de peregrinacao, quando o missionario é obrigado a repetir com insisténcia (insisténcia talvez nao menos signifi~ cativa de sua mentalidade que da dos «peni~ fentes»}: ndo entrar em sinergia com a #8 que celebra. 32 Essa mesma concep¢ao subjacente domina a tendéncia téo generalizada a identificar a fre- giiéncia dos sacramentos com um aumento pro- porcional de graca (se se cumprirem as condi- ges objetivas da validade). Vamos logo a um caso extremo: Em Canindé, para se obter tal graga determinada «é preciso» uma novena de comunhdes. Em pesquisa recente se revelou co- mum o fato de quem, nio podendo ficar nove dias na cidade, tenta a comunhdo no- ve vézes nto mesmo dia. © mesmo se passa, pri- ticamente, em muitos casos, nas varias igrejas, nos dias de ou jubileu. Idéntico fato se dd quanto as missas: numa mesma igreja, ainda hoje, quando se tem a pos- sibilidade de’ concelebragdo, quantos sacerdotes ~ tém escriipulo de participar de uma missa con~ celebrada e vio celebrar a sua missa, no mes- mo momento em varios altares? Ou essas mis~ sas de sétimo dia, em que se alugavam (se alu- gam...) a prego de ouro — o que era sinal, alids, de uma situagio social privilegiada — trés, quatro ou sete padres para celebrar em todas as capelas da Igreja a mesma missa. Multipli- cago de sacramentos sem a menor consciéncia da significagdo profunda dos mesmos, mat cago de ritos que automaticamente produzem uum efeito de ordem matemética. Ligada ao dominio do sacramento estaria a mentalidade que envolve (€ na qual sem relu- tancia se deixam envolver) padres e pessoas con- * sagradas. Nao cederemos a tentagéo da anedo- ta... Mas 6 compreensivel que em tOrno de pes- As Etapad — 3 33 soas consideradas especialistas de um sagrado misterioso e reservado, intermediarios entre o Tremendum e 0 comum dos mactais, floresca um respeito sujeito & mais profunda ambigilidade. Uina concepgaa paralela domina também a vi- sdo corrente sdbre a importancia da verdade dog- matica, acentuada pelos métodos catequéticos tra- dicionais nos tiltimos séculos, métodos cujo pri- marismo memorizador foi agravado, em nossas terras, pelas citcunstancias que presidiram, des- de os tempos da descoberta, a uma cinstrugao religiasay substitutiva em muitos casos da evan- gelizagao. O fato é que importa muito mais, en- tre os catélicos, a exatidao dogmética da fér- mula do que a compreenso proiunda do seu contetido. E quando, como € freqfiente e logico, € preciso sacrificar uma ou outta por falta de tempo ou de capacidade, insiste-se na primeira. A ela se atribui uma espécie de valor ritual & por ela — e no pelo movimento profundo da pessoa que ela poderia suscitar —, se mede o cardter «catdlico» de uma mentalidade. Nesse sentido € que fica muitas vézes ambigua a in sistéucia sdbre a «insttugio» como o grande re- médio para a crise religiosa de nosso povo; ¢ Deus queira que a orientagdo dos cursos de pre- paracio dos pais para o batismo das criangas, ou dos noives para o casamento, nao os deixe se transformarem numa panacéia solucionando to- dos os problemas pastorais gracas a férmulas ainda uma vez decoradas ou modernizadas em forma de «slogans». 34 A propria vida moral, enfim, testemunha se- melhante concepgio subjacente. Comega-se a per- “guntar 0 que € prescrito, o que € lito, um pow fo como se pergunta qual é o perigo da ele- tricidade numa instalago. Faz bem pouico tem- “po que vimos surgir nos manuais uma moral ‘da cavidade, do amor, haseada num movimento ‘teoldgico que a estabelecesse a partir da atitt- ‘de profunda do homem na sua relagéo com Deus com os outros homens. $6 em 1945-46 & que ‘comecaram a aparecer os livros que, mais tar~ ie, se sintetizariam na «Lei de Cristo», de Haring, itando desenvolver uma moral crist fundamen- ada so amor e ndo nos mandamentos. Em casos confuses, quande fic se sabe bem existe um preceito, ou quando dois manda- jentos, concretamente, se opGem (caso classi- do «probzbilismos) nem sempre os cristios Feoaseguem libertar-se completamente do escri- lo por ter escolhido, embora pessoal e corts~ sntemente, uni déles. A impressdo é de angistia amo se se temesse ter desencadeado um proces misterioso e destruidor. Algo assim, Oza com Arca... A maior parte das consciéncias tor- furadas 0 sio por causa desta visio da lei, ma- terializante, exterior ao homem, ¢ do mandamen- jo que «esta ais, sem dizer respeito & motiva- ‘Gao profunda, A inten¢do fundamental, ao «co- Figo» biblico do homem. “Todos éstes tragos caracterizam uma atitude Téligiosa que adquiriu certos valdres ndo des- “preziveis, mas deve aprofundé-los num desenvol- inento ‘ulterior. 35 LimiragdEs DEsTa ETAPA Isto nos leva naturalmente ao terceiro ponto, © da limitagio desta etapa. O primeiro fator negativo, evidente, € 0 da exterioridade. O cristianismo infantil, cuja des- crigio acabamos de esbocar, deve ser conside- rado como o ponto de partida de uma edu- cacao. Sem o que, quando despertarem, com a liberdade, com 0 amor, os grandes problemas da existéncia, tudo isso fica paradoxalmente sem apoio nem influtncia do religioso, ou, 0 que é pior, deformado por uma religido moralmente exterior. Com obrigagdes, com ritos, com todo um exterior religioso, podemos desconhecer e mesmo afogar, até tornd-lo estéril, com o ver- dadeiro. movimento religioso do homem, 0 que ha néle de melhor e mais profundo. Se perguntarmos agora até que ponto pode- mos

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