You are on page 1of 40
f)11 LIQUIDOS E FORCAS INTERMOLECULARES 0 létus indiano é uma planta que cresce em ambientes aquatic. Para se desenvolvernesse imeio, a superficie de ume folha de létus ¢ altamente repelente & dgua. Os centistas ciamam superfcies com essa propriedade de "super-hidrofdbicas". A caractristca super-hidroféica da folha de létus a permite flutuar na dqua, e também faz com que a équa que cai sobre ela forme gotas e role para fora. Quando isso acontece, as gotas de agua coletam a sujeira, mantendo a folha impa; sso também ocorre em lagoase lagos arenosos nos quals as plantas de dtusendem, a crescer. Por causa de suas propriedades autolimpantes,o lotus & considerado um simbolo de pureza em muitas culturas orientais. Que forgas fazem com que a fotha de I6tus consiga repelir a dgua de maneira fo efi- sicnte? npante dessa planta ssja conhecida hé milétios, 0 efeito no foi totalmente compreendido até os anos de 1970, quando as imagens de nicros- copia eletrOnica de vartedura revelaram a superficie altamente rugosa (Figura 11,1) da folha do Iétus. A superficie rugosa ajuda a minimizar 0 contato entre igua e folha. Outro futor importante que contribui para a caracteristica autolimpante da planta & 0 contraste entre a composig0 molecular da folha ¢ da égua. A folha é revestida por moléeu- Jas de hidrocarbonetos, que nao sio atrafdas pelas moléculas de digua. Como resultado, as moléculas de égua tendem a ficarcircundadas por outras moléculas de égua, minimizando, assim, seu contato com a superficie Embora caracteristica auto Figura 11.1 Visio micoscépla ‘de uma gota de agua na superficie de urna folha de lotus. Comecaremos comparando soli- dos, liquidos e gases de um ponto de vista molecular. Essa comparacao revela 0 papel importante que a temperatura e as forcas intermoleculares desempe- nham quando determinamos o estado fisico de uma substancia, Em sequida, exami- rnaremos quatro forcas intermoleculares: forcas de dis- perséo, forcas dipolo-dipolo, ligacées de hidrogénio orcas fon-dipolo, Aprenderemos que a natureza e a magnitude das forcas intermoleculares entre as moléculas sao responsaveis, em grande parte, por muitas propriedades dos liquidos, incluindo viscosidade e tensdo superficial COMO AS FOLHAS DO LOTUS so altamente repelents &dgua, tidade de agua em uma folhaf qualquer arma gotas qu rminirnizam 0 contato com a superficie da folha. Exploraremos 2 mudan- as de fases — as transicbes da matéria entre os estados 925050, liquido e sélido — e suas energias aisociadas. Examinaremos 0 equilibrio. dindmico existente entre um liquido e sua fase gasosa, introduzindo assim o conceito de pressao de apor. Aprenderenos a ler diagramas de fases, isto 6, representacées gaficas do equilbrio entre as fases gasosa, liquida e sida Analisaremos substancias que assumem uma fase liquida cristalina, represen- tando uma fase intermediatia entre os estados solid e liquido, Uma substancia na fase liquida cris:alina tem um pouco do ordenamento estrutural de un solido & um pouce da liberdade de movimento de um liquido. 468. | QUIMICA: A CIENCIA CENTRAL 0 efiito de létus inspirou os cientistas a projetar s perficies hidrofdbicas para serem usadas em janelas auto- limpantes e tecidos impermesveis. Para entender o efeito de lotus e outros fendmenos que envolvem liquidos & lidos, devemos compreender as foreas intermoleculares, as forgas que existem entre as motéculas. Somente a partir dda compreensio da natureza e da intensidade dessas forgas se pode entender como a composigao e a estrutura de urna substincia estio relacionadas as suas propriedades fisicas no estado solide ou liquid, 11.1 | COMPARAGAO MOLECULAR ENTRE GASES, LiQUIDOS ESOLIDOS Conforme aprendemos no Capitulo 10, as moléeulas de um gas encontram-se bem separadas e em um esta- do de movimento constante ¢ caético. Um dos prinespios fundamentais da teoria cinético-molecular dos gases & a suposigio de que poclemos desprezar as interagSes entre as moléculas. == (Segdo 10.7) As propriedades de liqui- dos e sélidos sao bem diferentes das propriedades dos ga ses, em grande parte porque as foreas intermoleculares tem liquidos e s6lidos sao mais fortes. Uma comparagio entre as propriedades de gases, liquidos e s6lidos pode ser vista na Tabela 11.1, Nos liquids, as forgas de atragdo intermoteculares, sio intensas o suficiente para manter as particulas wnidas. Assim, 05 liquids sto mais densos © menos compre siveis que os gases. Diferentemente dos gases, liquidos possuem um volume definido, independentemente. do tamanho e do formato de seu recipiente, No entanto, as forgas de atragio em liquidos no sio suficientemente intensas para impedir que as particulas se movam umas sobre as outras. Dessa forma, qualquer liguido pode ser vertido, de modo a assumir 0 mesmo formato do te no qual esta contido. Em solids, as forgas de a fortes o suficiente para manter as parti orientagdes praticamente fixas no espago. Sélidos. assim como liquidos, nao s4o muito compressiveis pois existe pouco espaco livre entre as particulas. Como as part culas de um sélido ou liquido se mantém bem préximas tumas das outras quando comparadas com as de um g4 frequentemente nos referimos aos s6lidos e aos liquidos como fases condensadas. Estudaremos 05 s6lidos mais detalhadamente no Capitulo 12, Por enquanto, bast saber que as particulas de um s6lido niio si livres para ralizar movimentos com maior amplitude, fazendo com que os SOlidos sejam rigidos." A Figura 11.2 compara os trés estados da matéria. O estado de uma substincia depende, em grande parte, do equilibrio entre as energias cinéticas das paniculas (dtonos, moléculas ou fons) e as energias de atrasao in- terparticulas, como resume a Tabela 11,2. As exergias cinéticas, as quais dependem da temperatura, terdem a rmanter as particulas afastadas e em movimento. Jas atra- ses inter-particulas tendem a mant@-las unidas. Substdn- Cis gasosas a temperatura ambiente apresentam arragGes inter-particulas mais fracas que as liquidas: ja subsincias liquids tem atragGes inter-particulas mais fracas que as sélidas. Os diferentes estados da matéria adotados pelos hhalogénios & temperatura ambiente —o iodo € um élido, © bromo & um liquide, 0 cloro & um gés — so uma con- sequéncia direta da diminuigao da intensidade das forgas intermoleculares quando vamos de Ty para Bre para Cl Podemos mudar uma substincia de um estado para outro, aquecendo-a ou resiriando-a, alterando a ene'gia nética média das particulas, O NaCl, por exempla € um sélido & temperatura ambiente, funde a 1,074 Ke extra em ebuligdo a 1.686 K sob pressao de I atm, € 0 Cl € un ga a temperatura ambient, se liquefaz a 239 K e se soidifica ‘Tabela 11.1 Algumas propriedades caractersticas dos estados da matéria, ‘Assume tanto 0 volume quanto o formato do recpiente Expande-se para preencher todo 0 recpiente Gas E compressive! Ful facimente Difunde rapidamente ‘Assume parialmente o formato do recipinte que ocupa 'NBo Se expande para preencherorecipiente Liquide Fiuifacimente Difunde letamente E praticamente incompressivel CConservao seu proprio volume e formato 'Néo se expande para preencher a recipiente Solid NB flu E praticamente incompressivl Difunde muito lentamente * 0s éomos de um sido so capazes de vibra sem sur do lugar. A medida qu a temperatura aumenta, © mosimentovibeaionsl do slo CAPITULO 11 LIQUIDOS E FORCAS INTERMOLECULARES RESOLVA COM AJUDA DA FIGURA Vocé espera que 0 valor da densidade de determinada substéncia no estado liquido esteja mais préximo do valor dé densidade dessa mesma substancia no estado gasaso ou no estado sélido? ‘Aumento da intensidade das atragSes intermoleculares loro, Cl, Bromo, Bry Todo, Ip ‘As patcuasestio ber» afasades | [As parcuas esto empacotadas, | [As particuls esto emnpacotadas tm lserdade total de movimento} | mis com onentacko slestéria: de manera ordenada eas posicBe Figu 8 viznhanga muda apidamente, $0 essenccimente thas, 11.2 Gases, liquide e slides. 0 clo, o bromo e o ado st formats por moléculasdatmias, endo o estado deligarées covaleres. No ertants, em raze de dferengas na intensidade das fora inermaleclre, ees so enctadas em es estado lentes 8 temperatura ambiente e pressio peo: Cl; gsos, Br, qu, ly Bo 172 K sob pressio de 1 atm, A medida que a tempera- tura de um gas diminui, a energia cinética média de suas particulas diminui, permitindo que as atragbes entre elas, em um primeiro momento, unam as particulas, formando um liguido, e, em seguida, praticamentefixe-a, formando tum s6lido. Aumentar @ presstio de um gas também pode ocasionar transformagdes de gases a liguidos € a s6lidos; isso acontece porque 0 aumento da pressdo une ainda mais ‘Tabela 11.2 Comparagéo de energas cinéticas e energias de atracBes em estados da materia, Gas Energiascnéticas >> energias de aracao Liquide Energias cinticas compardves eenergias de attagéo Solido Energia de atragdo >> energtascinticas as moléculas, tornando as forgas intermoleculates mais ef cientes. Por exemplo, o propano (C3Hg) é um gas tem- peratura ambiente e sob pressio de 1 atm, enquanto o pro- pano liqueleito (PL) & um liquido 2 temperaturaambiente, porque ¢ armazenado sob uma presso muito mior. 11.2 | FORCAS INTERMOLECULARES As intensidades das forgas intermoleculares variam, bastante, mas geralmente S20 mais fracas que as forgas intramoleculares — i6nicas, metilicas ou covakentes (Fi- gura 11.3). Assim, € necessdrio menos energia para va- porizar um Iiquido ou fundir um solid do que pera romper ligagdes covalentes, Por exemplo, so necesséros apenas 16 kJ/mol para superar as atragdes intermoleculares no | 469 470 | QUIMICA: A CIENCIA CENTRAL RESOLVA COM AJUDA DA FIGURA, Como a distancia H-C, representada pela linha pontihada ver rmelha, pode ser comparada a distancia H-Cl dentro da mol ula de HCI? Atragio intramolecular forte \ligacao covatente) Atragio intermolecular fraca ‘Figura 11.9 Interag6esintermolecularese intramoleculares, HCI liquido, a fim de vaporizé-to, Por outro lado, a ener- sia necesséria para quebrar a ligagio covalente no HCI é& de 431 ki/mol. Assim, quando uma substincia molecular como HCI muida do estado s6lido para o liquido e, de- pois, para 0 gasoso, as moléculas se mantém intactas “Muitas propriedades dos liquidos, incluindo ponsos de cebulicao,refletem a intensidade das forgas intermolecula- res, Um Iiquido entra em ebuligao quando bolhas de vapor se forma dentro dele, As moléculas do Ifquido devem superar suas forgas de atragdo para se separar e formar ‘um vapor. Quanto mais intensas sio as forgas de atragio, maior serd a temperatura para o liquido entrar em ebuligio. Do mesmo modo, os pontos de fusao de soticios aumentam & medida que a intensidade das forgas intermoleculares aumenta, De acordo com a Tabela 11.3, 0s pontos de fusao e ebuligio de substincias, as quais as particulas so ‘mantidas unidas por ligagdes qufmicas, tendem a ser mais elevados que os das substincias em que as particulas si0 ‘mantidas unidas por forgas intermoleculares. Reflita Qual a composigio das bolhas formadas quando a dgua entra em ebulicao? Existem trés tipos de atragdes intermoleculares entre moléculas eletronicamente neutras: forgas de disvers atragies dipolo-dipolo ligagdes de hidrogénio, Junta, as dduas primeiras sao chamadas de forgas de van der Waals, por causa de Johannes van der Waals, que desemvolveu uma equacao que previa o desvio dos gases do cempor- tamento ideal. === (Sega0 10.9) Outro tipo de ferga de atragio, a forga fon-dipolo, & importante em solugces. ‘Todas as interagées intermoleculares sio de zaréter eletrostitico, envolvendo atragdes entre especies ecm car- a8 positivas e negativas, assim como as ligagoes inicas.. == (Segiio 8.2) Por que, entio, as forgas intermoleculares, so mais fracas do que as ligagdes idnicas? Lembre-se da Equagio 8.4, a qual determina que interagoes cletros- téticas ficam mais fortes & medida que a magnitule das’ cargas aumenta e ficam mais fracas & medida que a dis- tncia entre as cargas aumenta. As cargas resporsdveis pelas forgas imtermoleculares costumam ser menetes do que as cargas em compostos iénicos. Por exemplo a par tirdo seu momento de dipolo ¢ possfvel estimar cargas de =0,178 ¢ ~0,178 para as extremidades do hidrogénio ¢ do cloro da molécula de HCI, respectivamente (ver Exereicio resolvido 8.5), Akém disso, as distincias entre as molé= culas so, em geral, maiores que as distncias entre os tomos unidos por ligagies quimicas, FORCAS DE DISPERSAO Voeé pode pensar que niio haveria interagd:s ele- trostaticas entre dtomios e/ou moléculas eletronicamente neutros, ou apolares, No entanto, algum tipo de intera- io atrativa deve existir, pois gases apolares a exemplo do hétio, do argénio e do nitrogénio podem se liquefazer. Fritz London, um fisico germano-americano, suger pela primeira vez, em 1930, qual seria a origem dessa atragio. London reconheceu que 0 movimento dos elétrons zm um ‘tomo ou em uma molécula poderia criar um momento de dipolo instantineo, ou momentineo. Em um conjunto de étomos de hélio, por exenplo, a tribuigdo média dos elétrons ao redor de cada nicleo € esfericamente simétrica, como mostra a Figura 11.4(a). Os étomos so apolares e, por isso, no possuem memento de dipolo permanente. No entanto, a distribuigio ins- tantanea dos elétrons pode ser diferente da disttinuigao ‘Tabela 11.8 Pontos de fusio e ebulicio de substincias representativas. Forga que une as particulas_Substincia Ponto defusio(K) Ponto de ebuliglo (K) Ligasoes quimicas Ligagdes inicas Fluoreto de ito (iF) 1.118 1949 Ligagoes metalicas Berto (Be) 1.560 2742 Ligacdes covalentes, Diamante (C) 3.800 4300 Forcas intermoleculares Fora de dspersio Nitrogénio (N) 8 ” Forcadipolo-cipolo Cloreto de hidrogénio (HC) 158 188 Ligagdo de hidrogéia Foreto de hidrogénio (HF) 190 233 CAPITULO 11 UQUIBOS € FORGAS INTERMOLECULARES | 471 Vins bate Ag enti ee \ LL . | ie r. a Aomoa Arno B from Atomo 8 tomo F ‘Viewlizgio de polaricagio . . ° fron AtonoB ftom A Atom femo A tomo (2) Dois tomas de ho, em plazas () Dipotoinstantineo no étome B (6) Dipoo induzdo no stom Figura 114 Fargas de disperse. Repesentacs da dsrbulgo de carga em dos tomes de ho em es moments distin média, Se pudéssemos congelar © movimento dos elé- trons em qualquer instante, ambos os elétrons poderiam ‘estar em um lado do niicleo. Nesse instante, 0 étomo teria lum momento de dipolo instantineo, conforme a Figura 11.4(b). Os movimentos dos elétrons em um. stomo influenciam 0s movimentos dos elétrons em seus étomos vizinhos. O dipolo instantineo de um tomo pode induzir tum dipolo instantineo em um étomo adjacente, fazendo com que 0s dtomos se atraiam mutuamente, conforme ilustrado pela Figura 11.4(¢). Essa interagio atrativa € chamada de forga de dispersio (ou forca de dispersado de London, em alguns textos). Ela 6 significativa apenas quando as moléculas esto muito proximas. ‘A intensidade da forca de dispersio depende da faci- lidade com que a distribuigio de carga em uma molé- ccula pode ser deformada para induzir um dipolo ins- tantineo. A facilidade com que a distribuigto de carga € deformada chama-se polarizabilidade da molécula. Podemos pensar na polarizabilidade de uma molécula ‘como uma medida da “macier” de sua nuvem eletrd- nica: quanto maior a polarizabilidade, mais facilmente a muvem eletrOnica pode ser deformada, resultando em ‘um dipolo instantanco, Portanto, moléculas mais polar ziveis tém forgas de dispersiio maiores. Em geral, a polarizabilidade aumenta medida que 0 niimero de elétrons de um étomo ou de uma molécula tam- bém aumenta, Portanto, a intensidade das forgasde disper slo tende a aumentar com o aumento do tamanhe do tomo ‘ou da molécula. Como o tamanho e a massa da moléeula geralmente so proporcionais, as foreas de dispersdo ten- dem a ter sua intensidade aumentada com o aumento da ‘massa molecular, Podemos ver isso nos pontos ce ebuligio dos halogénios e das gases nobres (Figura 11.5), em que RESOLVA COM AJUDA DA FIGURA Por que, em cada periado, o ponto de ebuligéo do halagénio & mais elevado que o do gas nobre? Figura 11.8 Pontos de ebuligio ‘dos halogénios e dos gases nobres. 5 ‘Ogylio mostra a fora com os pontes (Segi0 4.1) RESOLVA COM AJUDA DA FIGURA Por que a extremidade do O da molécula de H,0 aporta para coon Na*? Extremidides posivas ‘de moléculas polares si ‘rlontadae om died. {0 Snion carregade negativamente, Extremidades negavas ‘de moléculas polars sio corientadas em die;ao 20 cition carregade postivaente. Figura 11.18 Forcas fon-dipol, Reflita Em que mistura voc® espera encontrar forcas on-dipolo entre ‘o soluto eo solvente: CH,OH em Agua ou Ca(NO3), em agua? COMPARAGAO DE FORGAS INTERMOLECULARES Podemos identiicar as forgas intermoleculares que atuam em uma substincia considerando sua composiga0 ce estrutura. As forgas de dispersdo sao encontradas em to- das as subsiéncias. A intensidade dessas Forgas de atragao aumenta conforme 0 peso molecular aumenta e depende do formato das moléculas, Com moléculas polares, as for- ‘sas dipolo-dipolo também estio atuando, mas elas costu- ‘mam contribuir menos para a atracio intermolecular total do que as forgas de dispersio, Por exemplo, no HCI liq do, estima-se que as forgas de dispersio sejam respons veis por mais de 80% do total de atragao entre as molécu- las; ja as atragdes dipolo-dipolo representam o restante. As ligagdes de hidrosénio, quando presentes, contribuem significativamente para a interagao intermolecular total. Em geral, as energias associadas com as forgas de dis- persio sio de 0,130 ki/mol. Essa grande variagio refle- te a ampla variagao das polarizabilidades das moléculas. Por comparaglo, as energias associadas as forgas dipolo- dipolo es ligagdes de hidrogénio sio de aproximadamente CAPITULO 11 UIQUIDOS E FORGAS INTERMOLECULARES | 477 2-15 Ki/tmol e 10-40 kl/mol, respectivamente, As forgas fon-dipolo tendem a ser mais intensas do que a: forgas in- termoleculares jé mencionadas, com energias en. geral su- periores a 50 klimol. Todas essas interagdes sao considera- vvelmente mais fracas do que ligagées covalentes e inicas, ‘com energias na faixa de centenas de quilojoules por mol ‘Ao comparar as forgas relativas das atrag6es intermo- Jeculares, considere as seguintes generalizagies 1, Quando as moléculas de duas substincias tém mas- ‘sas moleculares ¢ formatos compariveis, as forcas de dispersio so aproximadamente iguais nessas ssubstineias. As diferencas nas magnitudes das forgas intermoleculares resultam das diferengas nasforgas das atragées dipolo-dipolo. As forgas intermokculares ‘cam mais fortes medida que a polaridade dh molécula aumenta, e essas moléculas capazes de fazer ligacdes, de hidrogénio apresentam as interagdes mais fortes. 2. Quando as moléculas de duas substinciassiio muito diferentes com relagio is suas massas moleculares € no ha nenhuma ligagao de hidrogénio, as forgas de dispersdo tendem a determinar qual substineia tem. as atragies intermoleculares mais fortes. As forgas de atracdo intermoleculares geralmente so mais fortes na substdncia com a maior massa molecular, A Figura 11.14 apresenta um modo sistemtico de identificar as forgas intermoleculares em determinado sistema, RESOLVA COM AJUDA DA FIGURA Em que ponto deste fluxograma pode-se fazer uma cistingdo entre o SiH @ 0 SiHB1,? NAO_ Existem moléculas polares presentes? Hligados a Figura 11.14 Fluxograma para determinat as Forgas Intermoleculars. xcs tos de frgasintemolecdares podem ea atuando em uma eteminada svbstanca ov mista As fxcas de dsprsio ‘corer em todas a bstincas Forgas de van der Waals Existem dtomos de ‘étomos de N, 0 € F? ppolares presentes? Aumento da forga de interagio 478 | QUIMICA: A CIENCIA CENTRAL B importante prceber que os efeitos de todas essas.atr- des sdo aditivos. Por exemplo, o dcido acético, CH;COOH, © 0 propanol, CHCH,CH,OH, t2m a mesma massa mo- lecular, 60 wna, sendo ambos capazes de formar ligac de hidrogénio, No entanto, duas moléculas de ‘cid acético, podem formar duas ligagdes de hidrogénio, enquanto duas rmoléculas de I-propanol formam apenas uma ligagio de hidrogénio (Figura 11.15). Assim, 0 ponto de ebulgdo do fcido acético & maior, Esses efeitos podem ser importan- tes, especialmente para moléculas grandes e muito folares, a exemplo das proteinas, que tém virios dipolos en suas superficies. Essas moléculas podem ser mantidas unidas em solugio em um grat surpreendentemente elevado em razio da presenga de miikiplasatragdes dipolo-dipoo. OEE sonnel Determinagao de tipos e forgas relativas de atragées intermoleculares Disponha as substncias Bah, Hs, CO, HE e Neem ordem crescente de ponto de ebuligio, SOLUGAO Analise Devemos avaliar as forgas intermoleculares nessas| substincias e usar essa informagio para determinar os pontos de ebuligiorelativos, Planeje Em parte, © ponto de ebuligio depende das forgas atrativas em cada uma das substincias, Dessa forma, precisa mos ordenar essassubstncias de acordo com as forgas relat vas dos diferentes tips de atragdes intermolecular, Resolva As forgas de atraglo s0 mais fortes para substncins inicas do que para as moleculares, de modo que o BaCl deve ter o ponto de ebuligdo mais alto. As forgas intermoleculares das substincias restantes dependem da mass molecular, da polaridade e das ligagdes de hidrog@nio. As massas molecule res slo Hy, 2; CO, 28; HF, 20; e Ne, 20. © ponto de ebuligio do Hz deve ser 0 menor, porque ele & apolar ¢ tem a massa molecular mais baixa, As massas moleculares do CO, do HE € do Ne sio semethantes. Como o HF pode fazer ligagbes de hidrogénio, ele deve tro ponto de ebuligio mais ato dos tres. Em seguida, vem 0 CO, que ¢ligeiramente polar e tem a maior massa molecular, Por fim, © Ne, que ¢ apolar, deve ter 0 pont de ebuligio mais baixo dos ts, A ordem crescente das subs- \nciaa om relagdo ao ponto de chuliyde ¢ portato Cada moiécla pode formar duns lgugBes de hidrogtnio com una moiéeula visi stico, CHyCOOH 60 wna 301K B), em seguida, condensamos (E — D) a H0(), € assim por diante As vezes, quando retiramos ealor de um liguido, po- demos, temporariamente resfrid-lo abaixo do seu ponto de congelamento sem transformé-lo em um solide, Esse fenémeno, chamado de super-resfriamento, ovorr quan- do 0 calor & retirado t8o rapidamente que as mo éculas rio t8m tempo de assumir a estrutura adequada de um solido. Um liquido super-resfiado € instivel; paticulas, de poeira que entram na solugdo ou uma suave agitagio podem ser suficientes para fazer com que a substarcia se solidifique rapidamente Calculo do AH de mudangas de fase e temperatura CCaleule a variago de entalpia na c so de 1,00 mol de geloa 25 °C em vapor a 125 °C sob uma pressio constante de | atm, 0s calores especiticos do gelo, da gua Iiquida e do vapor sio 2,03, 4,18 e 1,84 J/g-K, respectivamente. Para a HO, ifs 6,01 ki/mol € Aff = 40,67 kU/ml, SOLUGAO Analise Dev 1s calcular 0 calor total necessétio para con- verter | mol de gelo a~25 °C em vapor a 125 °C Planeje Podemos calcular a variagio de entalpia em cada seg- ‘mento ¢, em seguida, somé-las para obter a variago de ental pia total (lei de Hess, Secio 5.6), Resolva Para o segmento AB da Figura 11.22, estamos adicio- nando calor suficiente para o gelo aumentar sua temperatura ‘em 25 °C. Uma variagio de temperatura de 25 °C é 0 mesmo ‘que uma variagdo de temperatura de 25 K, entio, podemos usar 0 calor especffico do gelo para caleular a variagio de en- talpia durante esse process: AB: AH = (1,00 miol(18,0 g/nvol)(2,08 JIg-K) (Q5K)=9145=091 KI Para o segmento BC da Figura 11.22, no qual o gelo & ‘convertido em égua a 0 °C, podemos usar a entalpia molar de fusao diretamente: BC: AH= (1,00 mo1\601 ki/mol) =: 01 kd ‘As variagBes de entalpia para os segmentos CD, DE © EF ppodom ser caleuladas de maneira semelhante: CD; AH = (1,00 mol}(18.0 g/molK4.18 Jig-K) (100 K) = 7.5201=7,52 kt DE: AH (1,00 mob40,67 k¥/mol) = 40,7 kI EP: AH= (1,00 mol)(18,0 g/mol 1,84 J/g-K) (25K) =830) =083 kd A variagio de entalpia total & a soma das variagies que cor rom em cada stupas AH=091 k)+601 kI+7,52 3 40,7 KI +0,83 kJ = 56,0 kd Confira Os componentes da variagio total de entalpia sio ra zoiveis em relagio aos comprimentos horizontais (alee adi- cionado) dos segmentos da Figura 11,22. Observe que o maior ‘componente & 0 calor de vaporizagio. (Que informagao sobre a gua € necesséria para caleulara va riagdo de entalpia para converter mol de H;O(2)a 100°C em H,0() a 80 °C? (a) Calor de fusdo, (b) calor de vaporizagao, () calor de vaporizaga e calor especttico do H30(g),(@) calor de vaporizagio e calor especttico do H30(0),(e) calor defusdo calor especifico do H20(), Para praticar: exercicio 2 (Qual a varagao de entalpia durante o processo n0 qual 1900s de fgua a 50,0 °C slo restiados até formar gelo a ~309 °C? (Uiilize os calores espectficos e as entalpias para as mudangas de fase dadas no Exereicio resolvido 11.3.) TEMPERATURA E PRESSAO CRITICA Um gs geralmente se liguefar em algum momento quando pressio € aplicada. Suponha que um cilindro esta equipado com um émbolo e, nele, contém vapor de dgua 8 100 °C. Se aumentarmos a pressio sobre vapor d’égua, a agua em estado Iiquido vai se formar quando a pressao for de 760 torr. No entanto, se a temperatura for de 110 °C, a fase iquida nio se forma até que a pressio seja de 1.075 tor. ‘A.374°C, a fase liquda tinieas6 se forma a 1,655 10° torr (217,7 atm). Acima dessa temperatura, nenhuma pressi0 provoca a formagio de uma fase liquida distinta, Em vez disso, & medida que a pressio aumenta, 0 gs fica cada vez mais comprimido. A temperatura mais alta na qual se pode formar wina fase liquid distinta € chamada de temperatura critica. A press eritiea ¢ a pressio necesséria para oca- sionar liquefagao a essa temperatura critica, ‘A temperatura critica representa a temperatura mais elevada em que um liquido pode ser encontrado. Acima da temperatura eritica, as energias cinéticas das moléei las so maiores que as Forgas de atragio que levam ao es- tudo liquido, independentemente de quanto a substincia foi comprimida para aproximar ainda mais as moléculas. Quanto maiores forem as forcas intermoleculares, maior serd a temperatura critica da substincia. ‘Virias temperaturas e presses criticas estio listadas na Tabela 11.6. Observe que as substincias apolares, de baixa massa molecular e com atragées intermoleculares fracas, tém temperaturas e pressoes criticas inferiores as das substincias polares ou de massa molecular mais ele- vada, Pereeba também que a égua e a amdnia apresentam temperaturas e pressGes criticas excepcionalmente eleva- das como consequéncia das intensas Forgas de ligagio de hidrogénio intermoleculares. Reflita For que a temperatura e a pressao critica do HU s20 muito superiores as do H)S, uma substancia que ¢ equivalente a ela (abela 11.6)? ‘Tabela 11.6 Temperataras e pressbescritcas para algumas substincias. Temperatura Pressio ‘Substanci critica (K) critica (atm) Nitrogénio, Ny 126,1 33,5 asia Ar 1508 480 Oxigénio, Op 154.4 49,7 Metano, He 1900 44 Didxido de carbono, CO, 304.3 73,0 Fosfina, PH 3244 64,5 Propano, CH)CHCHs 370,0 42,0 Sulfeto de hidrogénio, HS. 373.5 88,9 Amn, 4056 mts Aqua, t0 6476 an? CAPITULO 11 LIQUIDOS E FORCAS INTERMOLECULARES | 485 Como elas fornecem informagies com relagio as con- digdes sob as quais os pases se liquefazem, as femperaturas ‘eas pressies crticas sio, muitas vezes, de impordincia con: siderivel para engenheiros e outros profissionds que tra- ‘batham com gases. As vezes, queremos liquefazcr um gés; ‘outras, queremos evitar que isso acontega. indtil entar Jiquefazer um gs aplicando pressao se ele est acima de sua temperatura critica. Por exemplo, o O, tem uma emperatu- ra critica de 154.4 K. Ele deve ser resfriado pare que fique abaixo dessa temperatura antes que possa ser ligiefeito por pressio. A aménia, por sua vez, tem temperatura critica de 405.6 K. Desse modo, ela pode ser liqueteita 8 temperatura ambiente (cerca de 295 K) aplicando-se pressao suficiente. Quando a temperatura excede a temperatira critica € a pressio ultrapassa a presslio critica, as fises liqui ‘das e gasosas sio indistinguiveis, deixando a substincia ‘em um estado chamado de fluido supereritico. Um flui- do supereritico se expande para preencher o recipiente (como um gés), mas as moléculas ainda estdo agrupadas (como um liquid). Assim como os liquidos, 0s fluidos supercriticos po- ‘dem se comportar da mesma maneira que 0s solventes, dissolvendo uma ampla variedae de substincits. Usando a extragdo com fluido supereritica, os compenentes de misturas podem ser separados uns dos outros. A extra com fluido supereritico foi utilizada com sucesio para se- parar misturas complexa de mentos, farmaceutica e de energia. O CO, supererttico & tuma escolha popular porque é relativamente berato © ndo apresenta problemas associatdos a eliminagio de solvent, nem hé resfduos téxicos resultantes do process 11.5 | PRESSAO DEVAPOR As moléculas podem escapar da superticie de um If ‘quido para a fase gasosa por meio da evaporagae, Suponha ‘que seja colocada uma quantidade de etanol (CHCH3OH) ‘em um recipiente evacuado e fechado, assim como na Fi- gura 11.23. etanol comega a evaporar rayidamente Como resultado, a pressio exercida pelo vapor na regiio acima do liquido aumenta. Apés um curto perfolo, a pres- siio do vapor atinge um valor constant, a que chamamos de pressiio de vapor. Em qualquer instante, algumas das molculas de ‘etanol na superficie do Iiquido tém energia cinstiea suf cciente para superar as forgas de atragio de suas vizinhas €, portanto, escapam para a fase gasosa. A quaiquer tem- peratura particular, o movimento das moléculis da fase liquida para a fase gasosa prossezue de maneirs continua, No entanto, i medida que o nimero de molécwas na fase gasosi aumenta, a probabilidade de que uma molécula na fase gasosa atinja a superficie do liquido e seja recaptu: rada pelo liquido aumenta, conforme mostrado no frasco dda diteita da Figura 11,23. Por fim, a velocidads com que as moléculas retornam para o Iiquido ¢ exatamente igual A velocidade a qual eles escapam. O niimero de moléculas 486 | QUIMICA: A CIENCIA CENTRAL Paumentando 4 Adiciona-se tanol " As molgculas ccomegam a vapor fa pressio aumenta Frasco evacuado, pressdo aula Pigusa 11.28 Pressd0 de vapor de um liquido, na fase gasosa atinge, entio, um valor fixo, € a pressio exercida pelo vapor toma-se constante. A condigio em que dois processos opostos ocorrem, simultaneamente e com a mesma velocidade é chamada de equilibrio dindmico (ou simplesmente equilibrio). 0 equlrio quimico, visto na Sega 4.1, & uma espécie de equiltbrio dinimico em que os processos opostos si re- agdes quimicas, Um liquido e 0 sea vapor estdo em equilibrio dindmico quando a velocidade de evaporagao se iguala 3 velocidade de condensagio, Pode parecer que nio esti acontecendo nada na fase de equilfbrio, porque no existe qualquer al- teragdo no sistema Liguido. Na verdade, muita coisa esté acontecendo; as moléculas passam continuamente do es- tado liquido para 0 estado gasoso, e deste para 0 estado liquide. A pressao de vapor de wm liquido & a pressiio exer- ida por sew vapor quando 0 ligutdo 0 vapor esto em equilthrio dindmico, VOLATILIDADE, PRESSAO DE VAPOR ETEMPERATURA Quando a vaporizagio ocorre em um recipiente aberto, ‘aexemplo da dgua que evapora de uma bacia, 0 vapor se se- para do iquido. Uma pequena fragdo das moléculas (quando isso acontece) € recapturada na superficie do Ifquido. Deste ‘modo, © equilibrio nunca ¢ atingido e o vapor continua a se formar até que tox o Viquido evapore. As substincias com elevada presslio de vapor (como a gasolina) evaporam mai rapidamente que as substancias com baixa pressio de vapor (como 0 dleo de motor). Costuma-se dizer que 05 iquidos que evaporam facilmente sio votitets. A gua quente evapora mais rapidamente que & égua fria porque a pressio de vapor aumenta em temperaturas ‘mais alta, Para entender por que essa afirmagao € verdadei- +a, comegamos com 0 fato de que as moléculas de um ligui- do se movem com diferentes velocidades. A Figura 11.24 mostra a distribuigdo das energias cingticas das motéculas O siseema atinge 0 equilbrio [A velocidade com que ‘as mokéculas entram no Hiquido se iguala a velocidade ‘com que elas saem:; a pressio tinge um valor estivel sa supercede um fquido em duas temperatura (4s cur ‘as so como as apresentadas anteriormente pa os g88es na Seqao 10.7) A medida que a temperatura aumenta, as moléculas se movem mais intensamente, ¢ uma maor fra- 0 dels pode se liberar de sus viinhas e entrar 18 fase f1sost,aumentando, assim, a pressiode vapor. A Figura 11,25 mostra a variagio da pressio de vapor com a temperatura para quatro substincis que diferem bastante em relagdo& voltilidade. Observe que, RESOLVA COM AJUDA DA FIGURA. Quando a temperatura aumenta, a velocidade com que as mo: léculas escapam para a fase gasosa aumenta ou diminu? Temperaura | masta | ' Temperatura mais ata ' Energia cinética | ' | minima necessévia ' Energia cinétiea Area azul= nlmnero de moléculas om energa suficiente para cevaporar em babvas temperatura. ‘Aveas azul + vermelha = nimero de rmoléculas com energasufcente para {evaporar em altas temperaturas. Figura 11.24 Efeite da temperatura sobre a dstibuigSo tas, neticas em um liquide. RESOLVA COM AJUDA DA FIGURA, Qual & a pressio de vapor do etilenoglicol em seu ponto de ebuligdo normal? Ponto de ebuligdo normal ter cetilico Alcoo! etlico (etanol) Agua Etilenoglicol a ‘Temperatura (°C) Figura 11.25 Pressdo de vapor de quatro liquidos mostrada ‘como uma funcio da temperatura 100 OLHANDO DE PERTO Observe que os grticos da Figura 11.25 tém uma forma distinta: para cada substincia, as curvas de pressio de vapor apontam para cima acentuadamente com © aumento da temperatura, A, relaglo entre pressio de vapor e temperatura é dada pela equa: (fin le Clasins—Clapeyrow Ahoy InP. +c aT (ay ‘em que P € a pressio de vapor, T'€ a temperatura absoluta, R é ‘aconstante dos gs (8,314 JmOl-K), Alea é a entalpia de vapo- rizagio molare C é uma constante, Essa equagio prevé que um, irifico de In P versus 1/7 deve resultar em uma linha reta com, uma inclinagao igual a AHyg/R, Com esse grifico, podemos determinar a entalpia de vaporizagio de uma substi Ally = “inclinagio x R {Um exemplo de como podemos usar a equagio de Clausius Clapeyron é 0s dados de presso de vapor para 0 etanol, mostra ddos na Figs 11.25 etepresentados graficamente como In Pver- sus 1/P na Figura 11,26, 0s dados resultam em uma linha feta ‘com uma inclinagio negativa, Podemos usar a inclinagdo para determinar © Asp do etanol, 38,56 ki/mol. Também podemos cexirapolar a Tinha para obter 8 press de vapor do etanol em EQUAGAO DE CLAUSIUS-CLAPEYRON CAPITULO 11 LIQUIDOS E FORGAS INTERMOLECULARES | 487 ‘em todos 0s casos, a pressfio de vapor aumenta aio linear ‘mente com o aumento da temperatura, Quanto mais fracas forem as forcas intermoleculares no liquido, mais facil- mente as moléculas podem escapar e, portanto, maior serd apressiio de vapor em uma dada temperatura, Reflita Qual composto & mais volatil a 25 °C: CCly ou CBr? PRESSAO DE VAPOR E PONTO DE EBULIGAO © ponto de ebulicao de um liquido é a temperatura ‘em que a sua pressio de vapor se iguala & pressio externa agindo sobre a superficie do liquide. Nessa tempera- tura, a energia térmica ¢ grande o suficiente para que as moléculas presentes no interior do Iiquido se libertem das, vizinhas e passem para a fase gasosa. Como resultado, as bolhas de vapor se formam no interior do liquide. O ponto de ebuligio aumenta & medida que a pressio externa aumenta. O ponto de ebuligao de um liquide a | atm (760 torr) de pressio é chamado de ponto de ebuligio normal. Na Figura 11.25, vemos que ponto de ebuligio normal ‘da dagua € 100 °C. temperaturas acima ¢ abaixo da faixa de femperaturas para as ‘quais temos os dados. Exercicios relacionados: 11.84, 11.85, 11.86 7 Incinagdo = ~844,/R 6 mes 4 3 00028 ———0,0030——0,.0032——(00034 Vr (uk) Figura 11.28 Grafico do logaitmo natural da pressd0de vapor versus 1/T do etanol 488. | QUIMICA: A CIENCIA CENTRAL OBE sonnet: Relacionando o ponto de ebulicao a pressao de vapor ‘Com base na Figura 11.28, estime o ponto de ebuligh do ter etlico sob uma presto extema de 0,80 am. SOLUGAO| Analise Devemos ler um grfico de pressio de vapor versus ‘temperatura para determinar 0 ponto de ebuligio de uma subs ‘nia «uma pressio especfica O ponte de ebuligdo & a tem peratura na qual a pressio de vapor € igual presso extern. Planeje Precisamos converter 0,80 atm em torr, porque essa 6 a escala de pressio do grifico, Estimamos a localizagio da pressio no gréfico, seguimos horizontalmente para a curva de ‘ressio de vapor, ¢, em seguida, descemos verticalmente pela ‘curva para estimar a temperatura Resolva A pressio & igual (0,80 atm) (760 toreatm tort, Na Figura 11,25, vemos que o ponto de ebuligo a essa presto & cerca de 27 °C, relativamente proxima da tempera tura ambiente Comentario Posemos fazer com que um frasco de éeretlico ferva em temperatura ambiente usando uma bomba de vécwo para reduzi a press acima da superficie do quid para cer cade 08 atm. [Nas montanhas, a dgua presente em um recipiente abero fer- verd quando: (a) sua temperatura critica exceder a wmperatura ambiente; (b) sua pressao de vapor se igualar& press atmostérics, (@) sua temperatura for 100 °C; @) for fornecida energia sufieiente para quebrar as Tigagdes covalentes; (e) nenbuma das anteriores. Parar praticar: exercicio 2 (Com base na Figura 11.25, determine a pressio exterm se 0 ctanol entrar em ebuligio a 60 °C, 0 tempo necessério para cozinhar um alimento em mua fervente depende da temperatura da égua, Em um recipiente aberto, essa temperatura é de 100 °C, mas é possivel que a fervura ocorra somente a temperaturas ais elevadas. As panelas de pressdo funcionam permi- {indo que 0 vapor escape apenas quando excede uma pres- sio pré-definida, Portanto, a pressdio acima da superficie da agua pode se tornar maior que a pressdio atmosférica Presses mais altas fazem com que a gua ferva a uma temperatura mais elevada, per ‘mento fique mais quente e cozinhe mais rapidamente. 0 efeito da pressio no ponto de ebuligio também explica por que € mais demorado cozinhar alimentos em :aiores altitudes do que ao nivel do mar. A pressio atmos- férica é mais baixa em altitudes mais elevadas, de modo que a digua ferve a uma temperatura inferior a 100 °C, ¢ geralmente 05 alimentos levam mais tempo para cozinher. do, assim, que © ali. 11.6 | DIAGRAMAS DE FASES 0 equilibrio entre um Iiquido e 0 seu vapor nao € 0 Linico equilibrio dindmico que pode existirentre os estados da matéria. Sob condigdes apropriadas, um s6lido pode estar em equilfbrio com seu Iiquido ou com seu vapor. A temperatura a qual as fases s6lida ¢ Iiquida coexistem em equilibrio ¢ o ponto de ebulicao do s6lido ou 0 ponto de congelamento do liquido. Os s6lidos também poder porar e, portanto, também tém pressio de vapor. Um diagrama de fases € uma maneira de resu- tir graficamente as condigoes sob as quais existem os equilibrios entre os diferentes estados da matéria, Um’ diagrama como esse permite-nos prever qual fase de uma substincia estard presente em uma dada condi peratura e pressio. (0 diagrama de fases de qualquer substincia que pos- sa ser encontrada nas trés fases da matéria é mostrdo na’ Figura 11.27. diagrama tem trés curvas importantes, cada uma representa a temperatura e a pressao as quais| as varias fases podem coexistir em equilibrio, A dnica substincia presente no sistema é aquela eujo diagrama de fases estd sendo analisado. A pressio mostrada no diagr rma refere-se a pressio aplicada ao sistema ou & pressio gerada pela substincia, As curvas podem ser descritus da seguinte maneira 1. A-curva vermetha representa a curva de presidio de vapor do liguido, que significa o equilfbrio extre as fases liquida © gasosa, O ponto nessa curva em que 4 pressito de vapor € | atm corresponde ao ponto de ebuligao normal da substincia, A curva de pressio de vapor termina no ponto erftico (C), que corresponde 4 temperatura critica ea pressdo critica da subsncia A temperatura e pressio acima do ponto eriteo, as fases liquid e gasosa so indistinguiveis, ea stbstan- cia € um fluido supercritico. 2. Acurva verde, ou seja, a curva de sublimagdo,separa a fase slida da fase gasosa e representa a variayao da press de vapor do sétido quando ele sublime a di ferentes temperaturas. Nessa curva, cada ponto¢ ui condigio de equiliorio entre o sélido € o g A curva azul, isto &, a curva de fusio, separa a fase SOlida da fase liquida e representa a variagio ne ponto CAPITULO 11 UIQUIDOS E FORGAS INTERMOLECULARES | 489 RESOLVA COM AJUDA DA FIGURA Imagine que a pressao na fase sdlida da figura é reduzida a uma temperatura constante Se o sélido, por fim, sublima, o que se pode dizer a respeito da temperatura? “Temperatura Figura 11.27 Diagrama de fases genérico de uma substancia pura 4 nia verde @2 cura de subliagin linha azul & a curva defo ea line veh & 2 cune de presso de vapor, de fusio do s6lido com o aumento da pressio, Cada ponto dessa curva é um equilibrio entre o sélido e © Iiquido, Essa curva geralmente se inclina ligeiramen- te para a direita quando a pressio aumenta, pois, para grande maioria das substincias, a forma solida & ‘mais densa que a forma Hiquida. Um aumento de pres- so geralmente favorece a fase sélida mais compacta, Assim, so necessérias temperaturas mais allas para Tundir 0 sotido a pressoes mais elevadas. O ponto de fusio a 1 atm é 0 ponto de fusio normal © ponto 7, em que as trés curvas se encontram, € 0 ponto triplo ¢, nele, todas as t18s fases esto em eq Iibrio, Qualquer outro ponto em qualquer uma das trés ccurvas representa © equilibrio entre duas fases. Qual {quer ponto no diagrama que nio esti sobre uma das cur- vas corresponde a condigdes sob as quais apenas uma fase esté presente. A fase gasosa, por exemplo, ¢ estivel 1 baixas pressdes ¢ a temperaturas elevadas, enquanto a fase sélida 6 estével a baixas temperaturas e a altas press0es. Os Ifquidos slo estaveis na regido entre as ou- tras das DIAGRAMAS DE FASES DO H,0 ECO, A Figura 11.28 mostra diagrama de fases da 130. Por causa da grande variedade de presses que 0 diagra- ima abrange, uma escala logaritmica € utilizada para re- presentar a pressio, A curva de fusdo (linha azul) da HO atipica, inclinando-se levemente para a esquerda com 0 aumento da pressio. Isso indica que, na égua, 0 ponto de fusio diminui com o aumento da pressio, Esse comporta- ‘mento incomum ocorre porque a gua est entre as poucas substincias cuja forma Iiquida é mais compactaque a for- ma solida, conforme aprendemos na Segio 11.2. Se a pressio for mantida constante a 1 atm,¢ possfvel ir da regiao referente ao sOlido as regides referentes a0 If {quido e ao gasoso variando a temperatura, come esperado de acordo com a nossa experiéncia didria coma dgua. O onto triplo da HU encontra-se uma pressay relativa- mente baixa, 0,00608 atm. Abaixo dessa pressio, a gua 10° 10? » Ba 107 lo lot 200 0 200 ‘Temperatura (°C) ‘Figura 11.28 Diagrama de fases da HO. Obseve que lada uma scala linear para representa a temperatura e una esa logartrica para representa pesa0 400 00 490. | QUIMICA: A CIENCIA CENTRAL liquida ndo ¢ estivel ¢ 0 gelo sublima-se em vapor déeua quando aquecido, Essa propriedade da dgua ¢ usada para liofilizar alimentos e bebidas. O alimento ou a bebida é& congelado a uma temperatura abaixo de 0 °C. Em segui- da, € colocado em uma cimara de baixa pressio (menos de 0,00603 atm) e aquecido para que a dgua sublime, de- sidratando alimentos e bebidas. 0 diagrama de fases do CO» € mostrado na Figura 11.29, A curva de fusio (linha azul) comporta-se nor- malmente, inclinando-se para a direita com o aumento da pressao. Isso indica que 0 ponto de fusdo do COs au- rmenta conforme a pressio cresce. Uma vez que a pres- so no ponto triplo é relativamente alta, 5,11 atm, 0 CO, nio pode ser encontrado na fase Liquida a | atm, isto é, © CO; sélido nao se funde quando aquecido, mas, em vez disso, sublima. Assim, © CO2 nao tem um ponto de fu- so normal; em contrapartida tem um ponto normal de sublimagio, 78,5 °C. Como 0 CO, & medida que ab- sorve energia em presses normais, sublima-se em vez de se fund, 0 CO, solido (gelo seco) € comumente usado como substincia congelante, Pressio (atm) 0 100 200 ‘Temperatura (°C) Figura 11.29 Dlagrama de fases do CO>.Obseve que é utzada ums esa ines paca representa a temperatura eu ‘scala lgartica pra representa press, [) EXERCICIO RESOLVIDO 11 Interpretagéo de um diagrama de fases Com base no diggrama de fses do metano, CH, mostralo na Figura 11,30, espondsa is seguintes questes, (a) Quais so a temperatura e a pressio aproximadas do ponto eco? (b) Quais so a temperatura ¢ a pressio aproximadas do ponto triplo? (€) O metano é um sdlido, um Kiquido ou um gas a 1 ‘um € 0 °C de temperatura’? () Se 0 metano sto at atm for aguecido enquanto a press for manta constant, ele vai se fund ou sublimar? (e) Se 0 metan for comprimido a atm e 0 °C ag que uma mudanga de fase ocorra, em que estado ele estard quanda a compeostia estiver completa? SOLUGAO ‘Anais Devemosidetificar as pincipis arceistcs do da- arama de fass uiizd-o para dedi as madangas de ese quando ocoem aleagbes de pressoc temperatura espe, Panel Devemosideetficaro pont plo o pont rico ne dingrama alm de indica qual fae esd presente er empera- turasepressdes especies, Resolva (a) O ponto critico € o ponto em que as fases liquid, gasosa e de {uid supeertic coexist, marcido como pono no daga- nia defses¢localizado a apronimadamente =80°Ce $0 atm, (6) 0 ponto plo 60 porto em que as fases sida, Nauida ¢ gasosacoexislern, mareado como pooto | no dagrama de fasescloalzado a eprorimadamente 180°C 0,1 at, (©)A intersegto de 0°Ce 1 at est mareado come poato 2 to diagrams de fases, dentro da repitogasosa do dagsoma, (@ Se comegamos na repo sslida 8 P= | aim e nos m0 ‘ermos horizonialmente (isso signiien que temos a pressio constant), atravessamos pimeio a rego quid, em T 190°C, em sguida, a repo giose, em T= 160°C 10 iti (atm) Sétido Pe =200 =100) 0 100 ‘Temperatura (°C) Figura 11.30 Diagrama de fases do CHy Observe que utlizda una scala nea ata representa a temperatura una esclalogaritmicepara 3 pressio Portanto, © metano sétido se funde quando a pressiio é de 1 aim, (Para o metano sublimar, a pressio deve ser inferior & pressio do ponto trip.) (e) Movendo-se vertcalmente para cima a partir do ponto 2, em 1 atm e 0 °C, a primeira mudanga de fase a que chezamos ade gas para fluido supereritico, Essa mudanga de faseacon- tece quando excedemos a pressao critica (= 50 atm), Confira Como esperado, a presso e a temperatura no ponte ertico slo maiores que aguelas no ponto triplo. O metas & 0 principal componente do gas natural. Assim, parece razosvel ue ele seja encontrado na forma de um gis 1 aime 0 °C. Para praticar: exercicio 1 Com base no diagrama de fases do metano (Figura 11,30), 0 {ue acontece com 0 metano quando este € aqueeide de ~250 3 (0°C, a uma pressdo de 10° atm? (a) Ble sublima a cerea de ~200 °C. (b) Ele se funde a apro- ximadamente 200 °C. (e) Ele evapora a aproximadamente 1L7 | CRISTAIS LiQUIDOS Em 1888, Frederick Reinitzer, um botanico austriaco, descobriu que © composto orginico benzoato de colesteri- la tem uma propriedade interessante ¢ incomum, mostra- da na Figura 11.31. O benzoato de colesterila sblido se funde a 145 °C, formando um liquido viscoso e leitoso; depois, a 179 °C, 0 liquido leitoso toma-se claro e per- ‘manece assim em temperaturas acima de 179 °C. Quando restriado, 0 liquide limpido toma-se viscoso € leitoso a 179 °C, € 0 iquido leitoso se solidifiea a 145 °C. trabatho de Reinitzer foi o primeiro registro siste- iatico do que chamamos de eristal quido, o termo que tusamos hoje para estado leitoso € viscoso que algumas substincias exibem entre os estados liquide © sdlido. Ls °C<7< 179°C Fase liguida cistlina T>179°C Fase Iiguida Figura 11.31 Benzoato de colesterila em seus estados liquide & liquid cristalino, CAPITULO 11 UQUIDOS E FORGAS INTERMOLECULARES. | 491 200 °C. (d) Ele se condensa a aproximadamente 200 °C.(e) Ele atinge o ponto triplo a aproximadamente ~200 °°. Para praticar: exercicio 2 ‘Com base no diagrama de fases do metano, resposda ts se- _guintes questdes. (a) Qual é © ponto de ebuligio rormal do metano? (b) Em que faixa de pressdo o metano s6tdo subl ‘ma? (e) Acima de qual temperatura 0 metano liquide no pode serencontrada’? Essa fase intermedidria apresenta um pouc» da estru- tura dos s6lidos e um pouco da liberdade de movimento dos liquidos. Em razao de sua ordenacio parcial, 0s cris- tais liquidos podem ser viscosos e ter propriedides inter- mediarias entre as dos sélidos ¢ dos liquidos. A rezio na ‘qual cles apresentam essas propriedades € matcada por temperaturas de transig@o acentuadas, como ra amostra de Reinitzer. Hoje, os cristais liquidos so usados coms sensores de pressio e temperatura, e como telas de crisal Iiquido (LCD) em dispositivos como rel6gios digitas, elevisores ‘e computadores. Eles podem ser usados com essas final dades porque as fracas forgas intermoleculares, que man- tém as moléculas unidas na fase liquida cristalina, sio fa- cilmente afetadas por mudangas de temperatura, pressio campos elétricos. TIPOS DE CRISTAL LiQUIDO As substincias que formam cristais Liquids sao fre- ‘quentemente compostas por moléculas com leve rigidez © em forma de bastio. Na fase liquida, essas moléeulas estio orientadas aleatoriamente. Ja na fase liquida crista- Jina, as moléeulas esto dispostas em padres espectticos, como ilustra a Figura 11.32. Dependendo d natureza do ordenamento, 05 eristais liquidos. so clisificados coin nemitico, esmetico A, esmético C ou colstérico, Em um eristal liquido nemiético, as moléculas esto, alinhadas de modo que seus eixos mais longos tendem a apontar na mesma diregdo, mas as extremidades nao esto alinhadas umas com as outras. Em eristais liquidos es- méticos A e esméticos C, as moléculas mantén o alinha- mento do eixo mais longo visto nos cristais teméticos, ‘mas, além disso, elas se amontoam em camadas, Duas moléculas que exibem as fases cristalinas liqui- das estio dispostas na Figura 11.33. Os comprimentos dessas moléculas siio maiores que suas largunas. As du- plas ligagdes, incluindo aquelas nos anéis de benzeno, cconferem rigidez as moléculas, € os ancis, por serem planos, ajudam as moléculas « se empitharem, Os gru- pos polares ~CH30 € ~COOH dio origem a interagdes|

You might also like