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+7in3i2024, 16:53, Légica proposicional Logica proposicional Alvaro Nunes Introdugao A logica enquanto ciéncia que estuda as condigdes de validade dos argumentos foi fundada por Aristételes (384-322 a. C.). Paralelamente ao estudo da nogao de validade e de outras nogdes centrais da logica, Aristételes desenvolveu a teoria do silogismo — um tipo de logica dedutiva em que os elementos fundamentais so os termos ¢ em que a validade de um argumento depende da disposigdo desses termos no argumento. Embora Crisipo (279-206 a. C.), um dos fundadores do estoicismo, tenha, ainda na Antiguidade, desenvolvido uma logica em que os elementos fundamentais eram as proposigGes, a logica de Aristételes dominou esta disciplina quase incontestavelmente durante mais de dois mil duzentos anos. A sua influéncia foi de tal modo grande que, no século XVII, Kant afirmava que a légica tinha comegado ¢ acabado com Aristételes. No entanto, tudo isto mudaria na segunda metade do século XTX, altura em que comegou um periodo de rapido desenvolvimento da logica que dura até hoje. Fildsofos e matematicos como George Boole (1815-1864), Charles S. Pierce (1839-1914), Gottlob Frege (1848-1925), Bertrand Russell (1872-1970) e Kurt Gédel (1906- 1978), inspirados no rigor das matematicas, desenvolveram varias linguagens légicas, entre elas a légica proposicional, que vamos agora estudar, 1. NogGes basicas A logica proposicional permite, por intermédio de tabelas de verdade, determinar 0 valor de verdade de proposigdes complexas e a validade de argumentos a partir do valor de verdade das proposigdes simples que entram nessas propo! no entanto, algumas nogdes que temos de conhecer e dominar antes de podermos utilizar os instrumentos que a légica proposicional pée a nossa disposigdo para determinar as condigées de verdade de proposigées ¢ avaliar argumentos. complexas ¢ nesses argumentos. Hi, 1.1 Operadores de formagao de frases Os operadores de formagao de frases so palavras ou sequéncias de palavras que servem para originar frases a partir de outras frases e podem ser de dois tipos: verofuncionais ou ndo- verofuncionais. Os operadores verofuncionais tém a propriedade de determinar o valor de verdade das frases a que dio origem e, por isso, tém um papel central na légica proposicional. 1.2 Operadores verofuncionais nitpsflerticanarede.corvlogicanosecundaro.him! se8 +7in3i2024, 16:53, Légica proposicional Operadores verofuncionais Designagio Simbolo | Exemplo Leituras Negagio - p no; no & verdade que; é falso que Conjungao A pag ‘©; mas; no entanto; embora Disjungao v v ou inclusiva eva Disjungio y y ou. ou exclusiva pea Condicional - pq se. entio Bicondicional o peg se € 86 se; & condigiio necesséria e suficiente valor de verdade de uma proposi¢ao complexa gerada por intermédio de um operador verofuncional depende do valor de verdade da proposigo ou das proposigdes que a compéem e do operador usado. Por exemplo, a proposigao complexa expressa pela frase “Lisboa é uma cidade e Beja é uma vila”, que resulta da ligagdo das proposigdes simples “Lisboa é uma cidade” e “Beja é uma vila” por intermédio do operador conjungao, 86 seria verdadeira caso estas proposigdes fossem ambas verdadeiras. Como nio & esse 0 caso, a proposigao é falsa. Mas a proposig&io expressa pela frase “Lisboa é uma cidade ou Beja ¢ uma vila”, que resulta da ligago das mesmas proposigées por intermédio do conector disjungdo inclusiva, é verdadcira, uma vez que neste caso basta que uma dessas proposiges seja verdadeira para que a proposigdo resultante também o seja. Repare-se que apenas 0 conector mudou, Onde antes se encontrava uma conjungao a fazer a ligagdo entre as roposigdes passou a estar uma disjungdo inclusiva. Isso, no entanto, foi suficiente para que © valor de verdade da proposigdo mudasse. A cada um destes conectores verofuncionais corresponde uma fabela de verdade, que especifica as condigdes de verdade desses operadores e, por consequéncia, o valor de i inadas usando esse operador. 1.2.1 Tabelas de verdade dos operadores verofuncionais nitpsflerticanarede.corvlogicanosecundaro.him! 2124 sriov02s, 16:59 Liga proposicional a para esse fim as letras minisculas p, q, r, etc. As varidveis de formula sio particularmente liteis para percebermos que formulas com niveis diferentes de complexidade tém a mesma estrutura logica, Por exemplo, tanto a formula P A Q como a formula (P V Q) A(R $) tm. a mesma forma ldgica, p A g. Usé-las-emos também para representar a forma dos argumentos, como veremos em seguida. Dé-se o nome de varidveis proposicionais as letras usadas para representar proposiges simples. Iremos usar as letras maiiisculas P, Q, R, S, etc., para este fim, e as letras Ve F para significar “verdadeiro” e “falso”. Deste modo, usaremos. as varidveis de formula quando quisermos representar a estrutura das formulas e a forma dos argumentos € as variaveis proposicionais quando o objetivo for representar as préprias formulas ou os argumentos. E possivel apresentar graficamente, usando tabelas de verdade, 0 modo como os conectores determinam 0 valor de verdade das proposigdes nas quais entram, Negagao p_| -p Vv F F v A coluna da esquerda apresenta os valores de verdade possiveis para p. Na coluna da direita encontram-se os valores de verdade resultantes para a negagdo de p. Assim, a primeira linha afirma que se p for verdadeira, a sua negagdo, ~p, é falsa; e vice-versa, que se p for falsa, p é verdadeira, uma vez que a negagdo inverte o valor de verdade de uma proposi¢ao. Se assumirmos, por exemplo, que 0 espago representado por p é ocupado pela letra proposicional P, que representa “O urdnio é um metal pesado”, a primeira linha diz que se esta proposigio for verdadeira, a sua negagdo, que sera “O uranio nao é um metal pesado” & falsa e a segunda linha diz que se P for falsa, isto é, se for falsa a proposigdo “O uranio é um metal pesado”, ento a sua negago é verdadeira, Conjunsio A conjungio, ao contrério da negago, que & um operador undrio, é um operador bindrio, isto 6, une sempre entre si duas proposigdes simples ou complexas. Por esta razdo, iremos usar ndo uma mas duas variaveis de formula, p ¢ q. A coluna da esquerda apresenta a combinagao de valores de verdade possiveis para pe q, as chamadas condigdes de verdade. Assim, pe q, podem ser ambas verdadeiras, ambas falsas, ou, a vez, uma verdadeira e a outra falsa. A coluna da direita representa os valores de verdade para a proposigdo p A.q em fungao dessas combinagdes. A tabela torna claro que qualquer conjungo de duas formulas (a que neste caso se pode chamar conjuntas) é verdadeira se, ¢ $6 se, ambas as formulas forem verdadeiras. nitpsflerticanarede.corvlogicanosecundaro.him! 3124 +7in3i2024, 16:53, Lica proposicional A disjungao inclusiva, como os conectores que veremos a seguir, é também um operador bindrio e por isso une sempre duas formulas simples ou complexas, a que, neste caso, se dio nome de disjuntas. Uma disjungdo inclusiva é verdadeira quando pelo menos uma das. formulas, simples ou complexas, unidas por scu intermédio é verdadcira, Assim, na disjung’o PV q,a verdade de uma das disjuntas no exclui a da outra, isto é, ambas as disjuntas podem ser verdadeiras. Por exemplo, a propos! ano” é uma disjungdo inclusiva, uma vez. que no sistema de ensino portugués um aluno pode estar no décimo primeiro ano mas também no décimo, no caso de ter disciplinas em atraso. 10 “O Joao esté no décimo ou no décimo primeira Disjungio exclusiva Uma disjungao é exclusiva se apenas uma das disjuntas puder ser verdadeira. Por isso, a disjungdo p ¥ g, como a tabela mostra, é verdadeira apenas quando uma das disjuntas ¢ verdadeira e ¢ falsa caso as duas disjuntas sejam ambas verdadeiras ou ambas falsas. A proposigao “O Jodo ou frequenta o primeiro ou o segundo ciclo” é uma disjungo exclusiva, dado que nao é possivel, no sistema de ensino portugués, um aluno frequentar ao mesmo ‘tempo estes dois ciclos. Condicional Tanto a conjungao como a disjungao tém a propriedade comutativa, isto 6, pode-se mudar a ordem das formulas — por exemplo, em vez de P AQ escrever Q A P — sem que isso altere © valor de verdade da proposigdo, Nao acontece o mesmo na condicional e, por essa razo, as formulas a esquerda e a direita do simbolo que representa o operador tém designay diferentes, respectivamente antecedente ¢ consequente. Assim, uma proposi¢o complexa resultante da ligagdo de duas formulas através do conector condicional sé é falsa no caso em que 0 antecedente seja verdadeiro e 0 consequente falso. nitpsflerticanarede.corvlogicanosecundaro.him! 4124 +7in3i2024, 16:53, Lica proposicional razdo pela qual & importante determinar corretamente que proposigdes constituem um e outro, uma vez que a sua troca pode levar a que uma proposigao condicional verdadeira seja considerada falsa e vice-versa. Por exemplo, a posi¢do expressa pela frase “Se Deus existe, i Q- entio a vida faz sentido”, cuja formalizagio, usando como diciondrio P = Deus exis ‘A vida faz sentido, é P + Q, pode ser expressa em linguagem natural como “Para que a vida faga sentido, basta que Deus exista”, invertendo a ordem do antecedente e do consequente. Se se nao tivesse isso em atengfo ¢ se se fizesse a formalizag&o pela ordem em que as proposigdes simples ocorrem na frase, a sua formalizagao seria Q — P, o que nao corresponde a proposigdo que a frase de facto expressa. Se, além disso, por hipstese P for verdadeira e Q falsa, a proposi inverter incorretamente a ordem do antecedente e do consequente (de P — Q para Q— P), a leitura da tabela de verdade da condicional levara a concluir erradamente que é verdadeira. No quadro abaixo estio representadas algumas das principais variagdes na expresso de condicionais em linguagem natural, usando como exemplo a frase “Se Deus existe, entdio a vida faz sentido”. Em todos os casos, a forma correta de formalizagao é P+ Q io “Se Deus existe, entdo a vida faz sentido” ¢ falsa, mas, a0 Exemplos de frases que expressam condicionais Frase Interpretagio Se Deus existe, & porque a vida faz sentido. Se P, é porque Q A vida faz sentido, se Deus existe. QseP Caso Deus exista, a vida faz sentido. Caso P,Q Deus existe sé se a vida faz. sentido. Ps6seQ A vida s6 faz sentido se Deus existe. S6.QseP Sé se a vida faz sentido é que Deus existe, S6 se QE que P Basta que Deus exista para que a vida faga sentido. Basta P para Q Deus existe apenas se a vida fizer sentido. P apenas se Q Deus existir é suficiente para que a vida faga sentido, P 6 suficiente para Q nitpsflerticanarede.corvlogicanosecundaro.him! +7in3i2024, 16:53, Légica proposicional 8 A vida fazer sentido & necessario para que Deus exista QE necessirio para P Bicondicional (ou Equivaléncia) Uma bicondicional é verdadeira quando as formulas unidas pelo operador so ambas verdadeiras ou ambas falsas. Nos outros casos é falsa. Uma bicondicional pode ser considerada a abreviatura da conjungao de duas condicionais, por exemplo, P —> Qe Q—> P, indicando desse modo que cada uma das proposigdes a0 mesmo tempo condigdo necessdria ¢ condigdéo suficiente da outra. P é uma condigao suficiente para Q quando basta P para que Q ocorra, P é uma condigdo necesséria para Q quando P & necessaria (mas ndo basta) para que Q ocorra, E 0 mesmo se passa em relagio a Q. Q é uma condigao suficiente para P quando basta Q para que P ocorra, Q é uma condi ‘iria para P quando Q é necesséria (mas ndo basta) para que P ocorra.A bicondicional é particularmente adequada para exprimir definigdes explicitas, porque estas definigdes expressam relagdes de identidade. Por exemplo, uma figura geométrica ¢ um tridngulo se, ¢ sé se, tiver apenas trés lados, Podemos expressar as tabelas de verdade dos diferentes conectores de uma forma que & facilmente memorizavel: + Anegagdo inverte 0 valor de verdade de uma proposigao. + Uma conjungao ¢ verdadeira se, e s6 se, ambas as conjuntas so verdadeiras (isto &, basta que ‘uma das conjuntas seja falsa para que a conjungdo seja falsa) + Uma disjungdo inclusiva sé ¢ falsa se, e s6 se, ambas as conjuntas so falsas (isto 6, basta que ‘uma das disjuntas seja verdadeira para que a disjungao seja verdadeira) + Uma disjungdo exclusiva é verdadeira quando uma das disjuntas & verdadeira ¢ a outra falsa (isto 6 quando as disjuntas s rdad a disjungdo é falsa). + Acondicional é falsa se, ¢ s6 se, 0 antecedente for verdadeiro e 0 consequente falso (isto é, uma condicional com o antecedente falso € verdadeira qualquer que seja o valor de verdade do consequente ¢ uma condicional com o antecedente verdadeiro é verdadeira qualquer que seja 0 valor de verdade do antecedente) + Abicondicional é verdadeira se, e s6 se, as formulas que a constituem tém o mesmo valor de verdade. do ambas is ou ambas falsas Atividade 1 1. O que sdo operadores verofuncionais? Dé dois exemplos. 2. Explique a diferenga entre operadores undrios e bindrios, nitpsflerticanarede.corvlogicanosecundaro.him! ez +7in3i2024, 16:53, Légica proposicional 8 4, Rescreva as seguintes frases condicionais usando a expresso “se... entdo . a, Ser livre implica ser responsivel. b, Sempre que alguém compra um livro fica mais culto . Uma ago ¢ errada se viola o imperativo categérico. 5. Que dizemos quando afirmamos que uma proposigao & condigao necesséria ¢ suficiente de outra? 2. A simbolizacao de proposi¢des complexas Usando as varidve proposicionais ¢ os operadores ldgicos é possivel simbolizar frases da linguagem natural de complexidade variavel. Para isso, & necessirio fazer 0 diciondrio, isto 6, atribuir uma letra proposicional a cada proposi¢o simples expressa pela frase, e substituir as palavras ou expresses que exprimem os conectores pelos simbolos que os tepresentam. Para vermos como, imaginemos que alguém diz Portugal quer irda crise e que a economia cresga. Comega-se por construir o diciondrio para as duas proposigdes simples que compdem a frase P= Portugal quer sair da crise. Q= Portugal quer que a economia cresga. ¢, em seguida, formaliza-se ligando as variaveis proposicionais pelo simbolo do conector, que neste caso & a conjung’io PAQ Proposigdes mais complexas exigem um procedimento mais prudente, sobretudo quando se tem ainda pouca pritica. Nesses casos, é aconselhavel, antes da formalizagéo completa, observar os seguintes passos: 1. Construir 0 dicionério das proposigdes simples. 2, Substituir essas proposigdes pelas varidveis proposicionais que as representam de modo a destacar 05 operadores légicos. 3. Substituir as palavras ou expresses que exprimem ess representam, s operadores pelos simbolos que os Tomemos como exemplo uma frase particularmente complexa, de modo a ser possivel mostrar como proceder perante as diferentes situagSes que podem ocorrer aquando da formalizagdo deste tipo de frases: Portugal tem de cumprit o memorando da troika, se quiser sair da crise e que a economia cresca, ou ficard irremediavelmente refim dos mercados intemacionais e ndo ser capaz de financiar o Estado-Providéncia Como anteriormente, comega-se por fazer o dicionétio: P= Portugal tem de cumprir 0 memorando da troika. Q= Portugal quer sair da crise. R= Portugal quer que a economia et sf. nitpsflerticanarede.corvlogicanosecundaro.him! 24 +7in3i2024, 16:53, Lica proposicional 8 Repare-se que o diciondrio da titima proposigao simples ¢ “Portugal é capaz de financiar 0 Estado-Providéncia” e ndo “Portugal ndo é capaz de financiar o Estado-Providéncia”, uma vez que a negaco & um operador verofuncional e os operadores no entram nos diciondrios Em seguida, formaliza-se parcialmente a frase, substituindo as proposi¢des simples pelas varidveis proposicionais de forma a destacar os operadores verofuncionais PseQeR, ouS enioT © passo seguinte & substituir as expressdes que exprimem os operadores pelos respectivos simbolos, Mas como a frase é muito complexa, é preciso primeiro saber qual dos operadores €0 principal, Uma leitura atenta da frase permite concluir que é o operador disjungao. A frase expressa, portanto, uma proposigao disjuntiva, que tem, no entanto, outras proposigdes complexas como suas disjuntas, a saber RseQeR SenioT ‘Nestas circunstincias, a melhor forma de proceder & formalizar estas frases separadamente e, em seguida, uni-las por intermédio do concetor principal, que jé sabemos ser a disjungdo. A formalizagio da primeira disjunta tem ainda uma outra dificuldade: trata-se de uma condicional em que o consequente aparece primeiro que o antecedente, como muitas vezes acontece na linguagem natural. J4 vimos que para que a formalizagdo seja correta 0 antecedente tem de surgir sempre na proposigo antes do simbolo do operador e 0 consequente depois. E, por esse motivo, necessario inverter a ordem dos membros da proposigo de modo a que o antecedente surja em primeiro lugar: Se Qe R, [entio] P Agora jé é possivel substituir as expressdes que exprimem os operadores pelos simbolos correspondentes: QAR>P Esta formalizagdo levanta uma dificuldade. Tal como esti & ambigua, uma vez. que permite que a formula tenha duas interpretagSes completamente diferentes, a saber (QAR)? que corresponde a Se Portugal quer sair da crise e que a economia cresga, entio tem de cumprir 0 memorando da troika. QAR>P) que corresponde a nitpsflerticanarede.corvlogicanosecundaro.him! 824 +7in3i2024, 16:53, Lica proposicional 8 Na primeira interpretago, o conector principal é a condicional e assim, de acordo com esta interpretagdo, a formula é uma proposi¢do condicional cujo antecedente é uma conjungdo. De acordo com a segunda interpretagdo, a formula é uma conjungo que tem uma conjunta que & uma condicional. A questdo que se coloca é a de saber qual destas duas interpretagdes corresponde exatamente a proposig&o expressa pela frase. Uma vez mais, a sua leitura atenta permite perceber que a interpretagdo correta é a primeira. Quando formalizamos proposigdes em linguagem natural devemos sempre ler cuidadosamente a frase original. Normalmente, a sua pontuagio permite estabelecer a interpretagao correta. E, de resto, a atengiio a pontuagao que permite determinar que o conector principal é a condicional e, que, portanto, a formalizagao correta da primeira disjunta ¢ (QAR) >P ‘Note-se que usémos paréntesis para formalizar as duas interpretagdes pos delimitando desse modo 0 émbito dos operadores ¢ indicando qual o operador principal. Sempre que uma formula tem mais do que duas variaveis proposicionais, temos de usar paréntesis para delimitar o Ambito dos operadores ¢ desambiguarmos as formulas. O Ambito de um conector é a mais pequena formula que é possivel construir com esse conector, isto & aquilo que é abrangido por esse conector. Numa formula, o conector principal & sempre o de maior ambito ¢, por isso, aquele que se encontra fora de paréntesis. Todos os outros operadores da formula tém o seu ambito cireunscrito por paréntesis. Na formula (Q AR) > P, os paréntesis limitam o alcance do operador conjungao a Q € a R, enquanto 0 operador condicional nao esta dentro de quaisquer paréntesis, indicando que ¢ o operador principal ¢ que a formula é uma proposigdo condicional. A segunda disjunta é muito mais facil de formalizar, embora exista nela também dois operadores, a conjungdo ¢ a negagdo. O operador negacdo tem sempre como ambito a formula que esta imediatamente a seguir. Assim, por exemplo, na proposigdo -P A Q, a negagdo aplica-se apenas a P e 0 operador principal é a conjungao; contudo, se a formula fosse (P A Q), 0 ambito da negagdo estender-se-ia a tudo o que esta dentro do paréntesis e seria o operador principal. A conjungo vé o seu ambito restringido pelos paréntesis. Posto isto, ndo $0, qualquer davida de que o operador principal da segunda disjunta é a conjungdo e que a formalizagdo correta é iveis da frase, SAT Podemos agora unir as duas disjuntas por intermédio do operador disjungao: (QAR) PVSA-T Mas, tal como esta, a formula volta a ter varios operadores cujo Ambito nao esta delimitado por paréntesis, significando, uma vez mais, varias coisas ¢ perdendo-se a nogao de que a disjungao é 0 operador principal, isto &, que a formula é uma disjungdo. Temos, por isso, de delimitar o ambito dos operadores recorrendo a paréntesis: (QAR) > P)V(SA-T) Usdmos paréntesis curvos para isolar a primeira disjunta, embora esta jé contivesse paréntesis curvos. Hé I6gicos, no entanto, que preferem usar, além dos paréntesis curvos, paréntesis retos e chavetas. Como isso é completamente convencional, sem qualquer influéncia na interpretagdo da formalizagao, pode-se usar indiferentemente qualquer dos sistemas. Uma leitura cuidada da formula, substituindo as variaveis proposicionais pelas nitpsflerticanarede.corvlogicanosecundaro.him! siz +7in3i2024, 16:53, Légica proposicional proposigdes, uma vez que os argumentos nada mais so do que proposigdes organizadas de modo a que uma assume a fungdo de conclusio — aquilo que se quer provar outras, das razées a favor dessa conclusdo. Assim, 0 ‘inico cuidado a ter é com a idemtific © outra, ou 10 das premissas e da conclusio dos argumentos. Atividade 2 1. Indique o Ambito dos conectores das seguintes férmulas: aPAQOR b-PAQOR cPVQACR=S) 4.(P +S) V-~(QVR)> 8) (PVR) VQVR)AS)) 2, Indique o conector principal das seguintes formulas: aPVQAR bPVR+Q «PQ RvS) 4.QVRAS) e(PVR) + QAWQOR) +8) Formalize as seguintes frases: a. Sc 0 racionalismo esté correto, entio a raziio é a fonte do conhecimento, b, As nossas crengas em relagdes causais e nos raciocinios indutivos nao podem ser justificadas, embora 0 conhecimento seja possivel. c. Popper é um falsificacionista e Kubin um relativista se, e sé se, Hume & um eético. 4. Popper nao é racionalista e Kuhn relativis e, Se Popper é um racionalista critico, Kuhn 6 um relativista; embora nem Popper nem Kuhn sejam positivistas I6gicos. 86 se Hume é cético. 4, Interprete as formulas seguintes em linguagem natural usando como dicionario P= um dogmatico, Q = Hume é um eético, R = Popper & um racionalista critico eS = Kuhn é um relativista, lescartes & a.(P+QaR bPAQ OR CP +R) A(QVS) dP 8) 4-(QVR) €.(PA-Q) +R 8) 3. O método das tabelas de verdade © método das tabelas de verdade permite-nos determinar as condigdes de verdade de uma dada proposigio, Isto , as tabelas de verdade permitem-nos calcular em que condigdes uma proposigdo complexa é verdadeira ou falsa quando nio sabemos o valor de verdade das proposigdes simples que a constituem. As tabelas de verdade dos conectores, que vimos atras, permitem ilustrar bem este ponto. Tomemos como exemplo a proposicio P AQ. Se soubermos 0 valor de verdade para P ¢ para Q, por exemplo, que P ¢ verdadeira e Q é falsa, a tabela de verdade da conjungdo, na sua segunda linha, mostra-nos imediatamente qual 0 nitpsflerticanarede.corvlogicanosecundaro.him! 0124 nas, 1688 Lees opt 8 verdade. Basta-nos consultar a tabela da conjungao. E aconteceria o mesmo se os valores de verdade de Pe Q fossem outros, por exemplo, se P € Q fossem ambas verdadeiras. Em geral, a ordem a seguir deve ser a seguinte: 1. Substitui-se as variéveis proposicionais que representam proposigGes simples pelos seus valores de verdade 2. Caleula-se os valores para os operadores, indo sempre dos de menor ambito para os de maior ambito, Nem sempre é, no entanto, possivel saber o valor de verdade das proposigdes que constituem uma formula complexa. Voltemos & proposigo P A Q e imaginemos que no sabemos os valores de verdade das suas varidveis proposicionais. Que podemos fazer neste caso? O que podemos fazer é determinar o valor de verdade que P A Q tera em fungdo das combinagées possiveis de valores de verdade para P e para Q. Cada linha da tabela de verdade da conjungao expressa uma dessas combinagdes e a totalidade das linhas, a totalidade de combinagdes possiveis, dizendo-nos, assim, qual 0 valor de verdade que a formula P A Q terd em fungio das combinagdes possiveis de valor de verdade para Pe Q. E 0 mesmo se passa com as tabelas de verdade dos outros conectores. Assim, as tabelas de verdade no nos dizem qual o valor de verdade efetivo de uma formula complexa — com excegaio dos casos das tautologias ¢ das contradigdes, que veremos em seguida —, mas dizem-nos o valor de verdade que essa formula pode ter em fungao dos valores de verdade possiveis das proposigdes e dos operadores que entram nela, ‘Vejamos um exemplo, Dissemos acima que a bicondicional é uma conjungao de duas condicionais. Por esse motivo, a bicondicional pode ser expressa pela seguinte formula: P>QAQ>P) Para determinar os valores de verdade possiveis para esta formula faz-se a seguinte tabela de verdade: Tal como nas tabelas de verdade das conectivas, as colunas da esquerda contém as varidveis proposicionais que entram na formula e as combinagdes possiveis de valores de verdade para Pe para Q. A direita encontra-se a formula cujos valores de verdade possiveis queremos determinar. Assim, comega-se por determinar, usando a tabela de verdade da condicional, os valores de verdade possiveis de P+ Q ¢ de Q —» P, uma vez que, como esto dentro de paréntesis, o seu conector & o de menor ambito, Fm seguida, com esses valores de verdade ¢ usando a tabela de verdade da conjungdo, determina-se os valores de verdade possiveis para a formula completa, ficando a saber, por exemplo, que a fSrmula é verdadeira quando P e Q sdo ambas verdadeiras ou ambas falsas; ¢ falsa nos outros dois casos. De facto, os valores de verdade obtidos para esta formula so os mesmos dos obtidos na tabela de verdade da bicondicional, o que indica que as duas formulas (P «+ Qe (P+ Q) A(Q > P)) so equivalentes. nitpsflerticanarede.corvlogicanosecundaro.him! 1124 +7in3i2024, 16:53, Lica proposicional 8 (PV QAR) > CRP) Esta formula, ao contrario da anterior, tem trés varidveis proposicionais e, por isso, a tabela de verdade tem de ter mais linhas. A regra para determinar o nimero de linhas é 2n, onde 2 indica os valores de verdade possiveis, verdadeiro ¢ falso, ¢ n o nimero de varidveis proposicionais, neste caso, trés. Como 23 é igual a 8, a tabela de verdade teré de ter oito linhas, correspondendo a um total de oito casos possiveis. Mas como distribuir os valores de verdade pelos oito casos de modo a obter todas as combinagées de valores de verdade possiveis para as trés varidveis proposicionais? © modo mais facil de o fazer & comegar com quatro casos seguidos com valores de verdade V ¢ quatro casos com valor de verdade F para P, seguido de dois casos de valor de verdade V e de dois casos com valor de verdade F até perfazer os oito casos para Q e, finalmente, para R, altemar os valores de verdade V e F, até perfazer as oito linhas, como se pode ver na parte esquerda da tabela de verdade seguinte. Ao proceder deste modo, podemos ter a certeza de ter as oito combinagées possiveis de valores de verdade para P, Q ¢ R. Estamos agora em condigdes de fazer a tabela de verdade. A formula é uma condicional cujo antecedente é P V (Q AR) e cujo consequente & -R — P. Assim, comecamos por determinar o valor de verdade para o antecedente, em seguida para 0 consequente e, finalmente, para a condicional, que é 0 operador de maior ambito da formula. Para determinar o valor de verdade do antecedente, comegamos por determinar os valores de verdade para os oito casos possiveis da proposigdo Q AR, uma vez. que o operador conjungao 6, no antecedente, o operador de menor Ambito. Com o valor de verdade de P, que se encontra na coluna da esquerda, e os valores de verdade obtidos para Q A R determinamos os valores de verdade para P V (Q AR). Com isso ficamos a saber os valores de verdade que podem ser atribuidos ao antecedente da formula. Passamos em seguida ao consequente ~R — P, Este consequente é ele proprio uma condicional cujo antecedente é a negagao de R. Assim, comegamos por determinar os valores de verdade para ~R, usando para isso os valores atribuidos a R na coluna da esquerda, e depois com os valores para ~R e para P determinamos 0s valores de verdade para “R —> P. Ficamos, assim, com os valores de verdade possiveis para o consequente. Em seguida, usando a tabela de verdade da condicional, determinamos os valores de verdade para a formula complexa, Uma vez mais, ‘0s nlimeros por cima da tabela determinam a ordem com que as operagées siio feitas. De uma maneira geral, a ordem com que se fazem as operagdes numa tabela de verdade & sempre a mesma: dos operadores de menor ambito para os operadores de maior ambito. Nesse sentido, no caso desta formula poderfamos ter comegado pelo consequente em vez de pelo. antecedente, desde que respeitdssemos a regra de ir sempre dos operadores de menos ambito para os de maior 1 5 3° 4° Pp @ R|e@ vy @e + ew os » vv V voF VV vovoriyv oy F vovovoy voroviyvoyv F yor voy vor orfyvoy F vovovoyv FovoviF oy v vor ovF Foy Fl F oF F vVovooF F nitpsflerticanarede.corvlogicanosecundaro.him! 2124 +7in3i2024, 16:53, Lica proposicional Combinando a formalizacao de frases, que vimos atras, com 0 método das tabelas de verdade 6 possivel determinar o valor de verdade de proposigdes expressas em linguagem natural. ‘Vejamos um exemplo: Caso Hume tenha razo, nil hi ideias inatas; ¢ se nfo hd ideias inatas, conhecimento tem origem na experiéncia, Comega-se, obviamente por fazer o dicionério: P= Hume tem razio. Q= Hi ideias inatas. R= 0 conhecimento tem origem na experiencia, Em seguida, faz-se a formalizagao. Podemos proceder por passos sucessivos, de modo a termos uma maior garantia de ndo cometer erros. Assim, num primeiro momento, podemos substituir apenas as proposigdes simples pelas respetivas variéveis proposicionais: Caso P, no Q; e se nfo Q, R. E s6 depois proceder & formalizagdo completa (note-se que “Caso P, no Q” é 0 mesmo que “Se P, entdo ndo Q”): (PQ ACQ—R) Para facilitar 0 nosso trabalho podemos considerar que estamos perante duas proposicdes, P + -QeQ — R, ligadas pelo operador conjungdo, Assim, calculamos primeiro os valores de verdade para P + ~Q e depois para Q — R. Por fim, calculamos os valores para a conjungao, ficando a saber os valores de verdade possiveis para a proposigao. P Q rR | @ > a) A CQ > R) voov.ovitv F FF vO vov oFi|v -F FOF vooF voF vj[voyv v voy voy vo: F voy v F v F F FovovJjF oy F vor voy FoVv oFJF oy F voor vooF FoF vJF ov v voy voy F F F F v v F v F F Sabemos qual o valor de verdade da formula (P > ~Q) A (-Q —+ R)? Nao. Mas sabemos que se P, Qe R forem verdadeiras, a formula é falsa; que se P e Q forem verdadeiras ¢ R falsa, a formula ¢ falsa, ¢ assim por diante. Atividade 3 1, Assumindo que P & verdadeira e Q ¢ falsa, determine intuitivamente os valores de verdade das seguintes proposigdes: nitpsflerticanarede.corvlogicanosecundaro.him! 13124 +7in3i2024, 16:53, Légica proposicional <.-PV-Q d.Q>-P e-P6Q 2. Determine as condigdes de verdade das seguintes formulas: a. CPAQ—+Q b.PACPVQ) cPVQVE> Q d. -P <> (PQ) ©. PV(Qe-R) 3. Determine as condigdes de verdade das proposigdes expressas pelas seguintes frases: a. Se os sentidos nos enganam, entdo 0 conhecimento nao pode ter origem nos sentidos. b, Existem ideias inatas e conhecimento intuitivo, ¢ hd conhecimento objetive do mundo. © habito que nos leva a estabel s causais entre os objetos, entdo as relagdes causais io subjetivas e no é possivel o conhecimento acerea do mundo. 4. Se racionalismo critico estiver correto, entdo o conhecimento objetivo € possivel; embora no seja possivel provar a verdade das teorias cientificas. €. 0 racionalismo critico esti correto se, ¢ $6 se, for possivel provar que as teorias so falsas ou que as teorias de Kuhn so erradas. 4. Equivaléncias légicas, tautologias, contradigdes ¢ contingéncias Equivaléncias logicas Dissemos acima que as formulas P > Qe (P > Q) A(Q = P) so equivalentes. Isso acontece porque essas formulas tém o mesmo valor de verdade para a mesma combinago de valores de verdade para P e para Q, como ¢ facil de verificar fazendo a tabela de verdade de cada uma das formulas: Em geral, duas proposigdes sdo logicamente equivalentes quando tém as mesmas condigées de verdade, isto 6, quando tém 0 mesmo valor de verdade para as mesmas combinagdes de valores de verdade das variaveis proposicionais que entram nelas. Quando duas proposigdes sdo equivalentes podemos substituir uma pela outra, Assim, onde temos P <> Q podemos nitpsflerticanarede.corvlogicanosecundaro.him! saree +7in3i2024, 16:53, Légica proposicional Tautologias HA proposigdes que podem ser verdadeiras para todas as interpretagdes das suas variéveis, proposicionais, Por exemplo, P V ~P é sempre verdadeira, qualquer que seja a interpretagio de P, como se pode ver pela tabela de verdade seguinte: P Py-P Vv Vv F v As proposigdes que sio verdadeiras para todos as interpretagdes das suas varidveis proposicionais dé-se o nome de fautologias. Contradigdes Outras proposigdes so falsas para todos os casos possiveis, como, por exemplo, PAP. A estas proposigdes chama-se contradicaes. © valor de verdade das tautologias e das contradigdes no depende da forma como o mundo mas das leis da logica ¢ sao, por isso, verdades ¢ falsidades logicas. Contingéncias As proposigdes que para algumas combinagdes dos valores de verdade das suas variveis proposicionais so verdadeiras e para outras falsas — a maioria das proposigdes —, eujo valor de verdade depende, por isso, de como o mundo é, chamam-se contingéncias. Eis um exemplo simples A formula P AQ é uma contingéneia, porque para uma interpretagdo das suas varidveis proposicionais (a que considera P e Q verdadeiras) é verdadeira; ¢ para todas as outras interpretagdes falsa. Assim, qualquer formula é uma tautologia, uma contradido ou uma contingéncia. Atividade 4 1, Determine, fazendo as respetivas tabelas de verdade, se as seguintes formulas so equivalentes. nitpsflerticanarede.corvlogicanosecundaro.him! 16124 +7in3i2024, 16:53, Lica proposicional ec. PVQ—PQ 4. “P+ Q—P>QVQ>P); P+ AQAR)—P+(C-QV-R) 2. Determine por intermédio de uma tabela de verdade, se as seguintes formulas so tautologias, contradigdes ou contingéncias a. (PVP) CPAP) be+QVPO Q c.CPVQAPA-Q) 4. CP A-Q) V (PV Q) > R) © (QAR) «+ (PV QVAR) 5. O método dos inspetores de circunstancias © método das tabelas de verdade, para além de poder ser usado para determinar o valor de verdade de proposi¢des complexas, pode também ser utilizado para determinar se um argumento dedutivo é ou nao vilido, Recordemos que um argumento dedutivo é valido se, ¢ apenas se, for impossivel ter todas as premissas verdadeiras e a conclusio falsa. Para verificar se um argumento é valido, basta fazer lado a lado as tabelas de verdade das premissas e da conclusio do argumento e verificar se existe ou no alguma linha ou circunstancia em que a definigao de validade seja violada, isto 6, em que as premissas sejam todas verdadeiras e a conelusio falsa (ou, o que & © mesmo, se para cada linha em que as premissas sio todas verdadeiras, a conclusio é também verdadeira). Caso exista, 0 argumento é invilido; se nao existir é valido. E frequente chamar as tabelas usadas para este efeito inspetores de circunstancias. Tomemos como exemplo 0 argumento PoQ>R Pag “PVR que pode ser representado pelo seguinte sequente: (PQ) >-R,PAQ“PYR em que a virgula distingue as premissas entre si e 0 simbolo «. indica que a expressio 4 sua direita é a conclusdo. Vejamos que aspecto assume o inspetor de circunstincias ¢ 0 que nos diz sobre a validade do argumento: P P P Q@ R|e@ Qo = R a v Q R vooVvtOUV Vv F F Vv F Vv Vv vVovoF v F F v v v v v Foo v v v F F F v v F F v v v v Vv F v F voy F v F v F F v Fov oF F v F v v F F F Foo F F v F F F v F F F F F v v v F F nitpsflerticanarede.corvlogicanosecundaro.him! 16124 ‘srinsre024, 16:83 Lgicaproposicional tabelas em separado, de acordo com o procedimento explicado acima para as tabelas de verdade. A coluna do conector principal de cada premissa e da conclusdo representa em cada linha ou circunsténcia os valores de verdade que as premissas e a conelusio terdo em fungo da combinagao particular de valores de verdade das varidveis proposicionais nessa linh: Assim, para determinar se o argumento é ou ndo vilido é necessirio apenas verificar se em alguma circunstancia ocorre as férmulas que representa as premissas terem valor de verdade V e a formula que representa a conclusao ter valor de verdade F, Uma inspegao cuidadosa revela que isso nao acontece em nenhuma, uma vez que mesmo nos casos em que a conclusio é falsa ha pelo menos uma premissa falsa (ou, inversamente, em todas as circunstincias em que ambas as premissas so verdadeiras a conclusio é também |, razio pela qual o sequente representa um argumento vilido. verdadeira Como & ébvio, & possivel utilizar 0 método dos inspetores de circunsténcias para determinar se um argumento expresso em linguagem natural é ou ndo vélido, Vejamos um exemplo: Caso tudo esteja determinado, nao hi livre-arbitrio. Se ndo ha livre-arbitrio, o homem niio 6 responsdvel pelas suas agdes. Mas, hd livre-arbitrio, Logo, o homem é responsavel pelas suas ages, Dicionario: P= Tudo esta determinado. Q=Hié livre-arbitrio. R= 0 homem é responsavel pelas suas ages. Formalizagao: PQ “QR @ oR Inspetor: po @ R|[P + -@ -@ + -» @ R voy F FOV. FV Vv vovoFilyv oF F FooVooVvoofy F vorFov[j[vovoyv voor FOF v vor rfyovoyv v vVovoF F FovoviFp ov oF F v F v v FovoF i] Fo ovoF FooVvooVvooy F FoF vJFo ov soy voor FOF v For rfPep ovoy v vVovooF F Comegamos por fazer o diciondrio das proposigdes simples que constam do argumento, Em seguida procedemos 4 formalizago do argumento, substituindo as proposigdes simples pelas varidveis proposicionais que as representam e os operadores pelos respetivos simbolos. Por ‘iltimo, fizemos o inspetor de citcunstincias, que revelou que 0 argumento é invélido, uma ircunstncia as premissas sio todas verdadeiras e a conclusio falsa. Note- vez que na sexta se que poderiamos nfo ter colocado os valores de verdade para a tiltima premissa e para a conelusio, porque repetem o que ja consta nas colunas da direita do inspetor. No entanto, nitpsflerticanarede.corvlogicanosecundaro.him! rie +7in3i2024, 16:53, Lica proposicional 8 Atividade 5 1, Determine por intermédio de um inspetor de circunstancias se as seguintes formulas representam, argumentos vilidos: aPVQQsP D.PA-Q,.Q=PAQ ©. PAQP+QAPVQ APVQPAPOQ © PQ,PEQH-Q LP QPQ24PAQ) B.-(P > Q), P= Q b-PVQ,PAQA-Q i, P3-R,R>-Q(PVQAR JP >-QVOR,PAQZ POR 2, Determine por intermédio de um inspetor de circunstancias validos: -guintes argumentos so a. Nao & possivel provar a existéncia do mundo exterior. Ou & possivel provar a existéncia do mundo exterior ou nao é, Se é possivel provar que as nossas pereepgdes so causadas por objetos exteriores, é possivel provar a existéneia do mundo, Mas, no é possivel provar que as nossas percepgdes sio causadas por objetos fisicos b, Se tudo & permitido, Deus nao existe. Mas Deus existe. Logo, nem tudo é permitido. €. Se 0s seres humanos so o produto da adapta¢o ao meio ambiente, entio as crengas humanas, também o sdo © as teorias cientificas nao so conhecimento. As teorias cientificas sio conhecimento, Portanto, as orengas humanas ndo sdo o produto da adaptagdo ao meio ambiente, se as teorias cientificas sdo conhecimento, 4d. Se a teoria dos mandamentos divinos é verdadeira, entio Deus & a origem dos valores morais © 08 valores morais so objetivos. Mas, os valores morais nio so objetivos. Se a teoria dos ‘mandamentos divinos € falsa, os valores morais no sio objetivos. Logo, é falso que Deus seja a otigem dos valores morais. €. Se as teorias cientificas ndo so objetivas, entdo sfo relativas. Ou as teorias cientifi objetivas ou so relativas. As teorias cientificas ndo so relativas, Portanto, a verdade nao exist. £. Os juizos morais sto juizos de facto se, e s6 se, so objetivos. Os juizos morais sao subjetivos. Se 0s juizos morais sdo subjetivos, entio ndo sio objetivos. Logo, os juizos morais néo sdo juizos de facto. ¢g, Os nossos conhecimentos sto a expresso do ponto de vista de cada um de nés ¢ correspondem a realidade tal como ela &, Se correspondem a realidade tal como ela é, ha conhecimento certo acerca do mundo, Mas nao hé conhecimento certo acerca do mundo. Portanto, os nossos conhecimentos sdo a expresso do ponto de vista de cada um de nés ou correspondem a realidade tal como ela é. h, Ou os animais tém direitos ou podem ser maltratados. Se os animais tém direitos, também tém deveres. Ora, os animais nao tém deveres, Portanto, os animais podem ser maltratados. i. Sea moral é relativa, as verdades morais dependem daquilo que cada sociedade considera correto, Se a moral nio é relativa, ha verdades morais absolutas. Ora, as verdades morais no dependem daguilo que cada sociedade considera correto, Portanto, a moral nao é relativa. j. Ou 0 empirismo & correto ou o racionalismo & correto. Se o empirismo & correto, nao & possivel provar as crengas fundamentais da metafisica. Se o racionalismo & correto, é possivel provar as crengas fundamentais da metafisica. Logo, ¢ possivel provar as crengas fundamentais da metafisica ou ndo € possivel provar as erengas fundamentais da metatisica, nitpsflerticanarede.corvlogicanosecundaro.him! 8124 +7in3i2024, 16:53, Lica proposicional 8 Ao argumentarem, as pessoas utilizam, frequentemente sem disso se aperceberem, argumentos cujas formas so umas validas e outras invélidas. Como algumas destas formas sio muito comuns é conveniente conhecé-las e saber distingui-las. Comecemos pelas vilidas. Modus ponens (MP) O modus ponens & uma forma de argumento em que a primeira premissa ¢ uma proposigao condicional, a segunda o antecedente da condicional que constitui a primeira premissa ¢ a conelusdo 0 consequente dessa mesma condicional: Poa P P Exemplo Se hi livre-arbitrio, ento o homem é responsivel pelas suas ages Hi livre-arbitri Logo, o homem responsivel pelas suas E facil verificar que 0 modus ponens & vilido, Para isso basta fazer um inspetor de cireunstancias. P Q Vv v v F F v F F Na dinica circunstincia, a primeira, em que as premissas sdo ambas verdadeiras, a conclusio também o é, © que mostra que a forma deste argumento é valida, Um procedimento semelhante poder ser usado para mostrar que as outras formas de argumento que vamos ver em seguida também sio vilidas Modus tollens (MT) © modus tollens & uma forma de argumento em que a primeira premissa é igualmente uma proposig&o condicional, a segunda a negagdo do consequente da primeira premissa e a conclusdo a negagio do antecedente. po “4 Lp Exemplo: Se ha livre-arbitrio, entio o homem é responsavel pelas suas ages. E falso que o homem seja responsdvel pelas suas ages. Logo, ¢ falso que haja livre-arbitro. nitpsflerticanarede.corvlogicanosecundaro.him! 9124 +7in3i2024, 16:53, Lica proposicional 8 A contraposicao & uma forma de argumento em que a premissa é uma condicional ea conclusdo essa mesma condicional com o antecedente e o consequente trocados e negados. Na realidade, a contraposicao é uma equivaléncia légica — tanto a premissa como a conclusdo tém os mesmos valores de verdade para a mesma combinago de valores de verdade das suas variaveis proposicionais. Por esse motivo, podemos usar uma das formulas como premissa e inferir dela a conclusdo ou ao contritio: Poa 7g -p ou “4 po Exemplo: Se hé livre-arbitrio, entdo o homem é responsavel pelas suas agdes, Logo, se o homem nao é responsivel pelas suas ages, entdo nao ha livre-arbitro. ou Se o homem nao é responsavel pelas suas ages, entdo ndo hé livre-arbitro. Logo, se ha livre-arbitrio, entio o homem € responsével pelas suas ages. Silogismo disjuntivo (SD) O silogismo disjuntivo é uma forma valida de argumento em que a primeira premissa é uma disjungao, a segunda a negagdo de uma das disjuntas da primeira e a conclusio a outra disjunta dessa premissa, pva P | ou Pva “4 “P Exemplo: Hé livre-arbitrio ou 0 homem é responsdvel pelas suas ages. Nao hi livre-arbitrio, Logo, o homem ¢ responsével pelas suas ages. Silogismo hipotético (SH) nitpsflerticanarede.corvlogicanosecundaro.him! 20724 +7in3i2024, 16:53, Légica proposicional antecedente da primeira ¢ consequente da segunda. Pog qor “por Exemplo: Se o determinismo ¢ falso, entdo ha livre-arbitrio, Se hé livre-arbitrio, entdo o homem & responsavel pelas suas agdes, Logo, se © 0 determinismo ¢ falso, entdo o homem & responsavel pelas suas agdes. Leis de De Morgan (DeM) As Leis de De Morgan so, como a contraposigdo, também equivaléncias légicas. Isto significa que podemos inferir qualquer uma das formulas da outra, como mostra a formalizagio abaixo. Ha duas Leis de De Morgan, Na primeira lei, da negagdo de PAQ infere-se “P V -Q, ou vice versa, de —P v ~Q infere-se ~(P A Q). Na segunda, da negago de PV Q infere-se -P A-Q, ou vice-versa, Pp Ag) —pV~4q ou yg “WP AQ) Exemplo: E falso que haja livre-arbitrio e homem seja responsével pelas suas agdes. Logo, ndo ha livre-arbftrio ou o homem nio é responsavel pelas suas age ou ‘Nao hi livre-arbitrio ou o homem nao é responsavel pelas suas agdes Logo, é falso que haja livre-arbitrio e o homem seja responsével pelas suas ages. “eva “png ou pang eva Exemplo: F falso que haja livre-arbitrio ou o homem seja responsdvel pelas suas agdes. Logo, nao ha livre-arbitrio e © homem nao é responsavel pelas suas ages. ou nitpsflerticanarede.corvlogicanosecundaro.him! 2ie8 +7in3i2024, 16:53, Lica proposicional Dupla negagao (DN) A dupla negago, como as Leis de De Morgan e a contraposigao, é uma forma de inferéncia que tem por base uma equivaléneia, neste caso entre uma formula ¢ ¢ essa fSrmula duplamente negada. Como a negagao inverte o valor de verdade de uma formula, se uma formula for negada adquire o valor de verdade inverso. Se a formula negada for novamente negada (negando duplamente a formula original), ela inverte novamente o valor de verdade tendo, por isso, o mesmo valor de verdade da formula original. A dupla negagdo pode adquirir duas formas, consoante a premissa seja ou no uma proposigao duplamente negada. P > ou > “p Exemplo: Ha livre-arbitro, Logo, ndo é verdade que néo hé livre-arbitrio. ou Nao é verdade que nao ha livre-arbitrio. Logo, ha livre-arbitrio. 7. Falacias formais Uma falécia é um argumento mau que parece bom. Uma falacia formal é um argumento cuja forma é invalida, mas que, apesar disso, é persuasivo. E 0 caso da faldcia da negagdo do antecedente ¢ da falécia da afirmacao do consequente. Falacia da negacao do antecedente ‘Na faldcia da negago do antecedente a primeira premissa é uma proposigdo condicional; a segunda é 0 antecedente negado da primeira; e a conclusio é o consequente negado dessa condicional Exemplo: c Napoledo foi imperador da China, entio perdeu a batalha de Waterloo. Napoledo nao foi imperador da China. Logo, Napoledo nfo perdeu a batalha de Waterloo. nitpsflerticanarede.corvlogicanosecundaro.him! aes +7in3i2024, 16:53, Lica proposicional 8 A primeira premissa da falicia da afirmagio do consequente é uma proposigdo condicional; a segunda premissa é o consequente dessa condicional; e a conclusio, o antecedente. po4 q “P Exemplo: ¢ Napoledo foi imperador da China, entio perdeu a batalha de Waterloo. Napoledo perdeu a batalha de Waterloo. Logo, Napoledo foi imperador da China, Pode-se facilmente mostrar por intermédio de um inspetor de circunstncias que estas formas de argumento sao invalidas. Os exemplos, no entanto, permitem constatar isso intuitivamente, Tanto num como noutro, a primeira premissa é verdadeira, uma vez que 0 antecedente é falso. A consulta da tabela de verdade da condicional permitira verificar que uma proposigo condicional ¢ verdadeira sempre que o antecedente é falso, qualquer que seja © valor de verdade do consequente. A segunda premissa em ambos os exemplos é também, verdadeira. E um facto que Napoledo nio foi imperador da China e que perdeu a batalha de Waterloo. As conclusées sio também factualmente falsas: Napoledo perdeu a batalha de Waterloo e nao foi imperador da China. Em ambos os exemplos as premissas sfio verdadeiras € a conclusio falsa, Portanto, os dois argumentos tém forma invalida, Atividade 6 1. Identifique que formas de inferéneia valida ou falécias formais estes argumentos constituem, a, Se Deus existe, a vida tem sentido, Deus nao existe. Logo, a vida no tem sentido, », Se os darwinistas tm razéio, nfo hé um sentido iltimo para a vida humana, Os darwinistas 18m razio, Logo, nao hd um sentido dltimo para a vida humana. . E falso que Deus exista ¢ a vida tenha sentido, Logo, Deus ndo existe ou a vida ndo tem sentido. 4, Se existe determinismo, nao existe livre-arbitrio. Logo, se existe livre-arbitrio, no existe determinism. €. Se as proposigi de estar justificadas de forma infalivel para que haja conhecimento, no 4 conhecimento, Nao ha conhecimento. Logo, as proposigdes tém de estar justificadas de forma infalivel para que haja conhecimento. £. Se os contraexemplos de Gettier mostram que a definigdo de conhecimento ¢ falsa, entio nao sabemos 0 que & 0 conhecimento. E falso que ndo saibamos o que ¢ o conhecimento. Logo, os contraexemplos de Gettier no mostram que a definigdo de conhecimento é falsa. &,Aretérica é uma forma de persuastio ou de manipulagio. A retérica no é uma forma de persuasio, Logo, é uma forma de manipulagao. h, Se a retorica ¢ necesséria, entio ndo é uma forma de manipulagdo. Sendo é uma forma de ‘manipulagdo, entio é uma forma de persuasio. Logo, se a retéri persuasio. i. E falso que hd determinismo ou livre-arbitrio, Logo, no ha determinismo nem livre-arbitrio, j. Se no existem ideias inatas, entdo todo 0 conhecimento tem origem na experiéncia. Se todo conhecimento tem origem na experiéncia, nao ha conhecimento absolutamente certo acerca do mundo. Logo, se nio existem ideias inatas, ndo ha conhecimento absolutamente certo acerca do mundo, € necesséria, é uma forma de nitpsflerticanarede.corvlogicanosecundaro.him! zara +7in3i2024, 16:53, Logica proposicional Copyright © 2024 criticanarede.com ISSN 1749-8457 htips:iferticanarede.com/logicanosecundari. him! 228

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