You are on page 1of 9
srinsi2024, 16:49 ca prtica 10 107 ETICA EMBRO OF Etica pratica Faustino Vaz 1. Da infancia 4 maturidade A ética pratica é uma disciplina recente. E apenas no inicio dos anos setenta que é langada a primeira revista e publicada a primeira antologia de ética pritica, Na altura, estes sinais de vida nao transformaram subitamente esta disciplina numa possibilidade académica séria. No entanto, é errado pensar que a ética pritica nfo faz parte de uma longa tradigdo. Fildsofos gtegos e romanos discutiram como havemos de viver e morrer de maneira muito concreta. Filésofos medievais tentaram saber se é errado matar em qualquer circunstincia, qual a ética do aborto e quando a guerra é justificdvel, Hume defendeu o suicidio num dos seus ensaios. Kant, por sua vez, escreveu sobre como alcanar a paz perpétua e discutiu os deveres em relago aos animais, Mais tarde, os fildsofos utilitaristas do século XIX dedicaram-se seriamente & discussio de problemas como a liberdade de expressio ¢ a discriminagao sexual. As décadas de sessenta e setenta foram, sem diivida, um tempo propicio ao ressurgimento da ética pritica. Nos anos sessenta, a universidade nao escapa aos debates intensos que percorrem a cultura popular. Nao é dificil adivinhar os temas que andavam no ar que se respirava, A Guerra do Vietname, a discriminagio racial e sexual, 0 aborto ¢ a degradagio do ambiente nao deixavam indiferente a universidade. Dada a sua importincia, sentia-se a necessidade de uma discussio rigorosa destas questdes. Muitos desconfiavam do pedigree filos6fico da ética pratica. Mas a verdade ¢ que ninguém se atrevia a negar a atracgfio que exercia sobre a sala de aula. Nao eram estes 0s dinicos factores que tomavam o tempo propicio. Algumas mudangas significativas na filosofia concorreram também para a afirmagio da ética pritica. Os filosofos deixaram de se restringir a andlise da linguagem moral. J4 nao interessava apenas saber qual o sentido dos termos morais ou as condigées de verdade dos juizos morais, se é que as hi, A metaética deixava assim de ocupar toda a ética filosoficamente séria. E, da obscuridade, reemergia a ética normativa, Esta mudanga foi geral, o que Ihe deu mais impacto: os filésofos passaram a ter uma concepco mais aberta da sua actividade do que nos anos quarenta e cinquenta. Este contexto gerou novas expectativas em relagdo aos filésofos morais. Além da andlise da linguagem moral, esperava-se que apresentassem teorias normativas. Nao bastava apenas dizer que sentido tinham os termos “bem” ou “certo”, por exemplo. Era também preciso dizer que acgdes estavam certas ¢ 0 que era fazer o bem. De um modo geral, estas teorias procuravam dizer que acgdes deveriam ser escolhidas. Para isso, tentavam encontrar as melhores justificages para os prinefpios morais que determinavam essas escolhas. hitpsilerticanarede.corveticapratica html 19 ‘Tos2028, 1849 tea prtica dedicam-se também a ética normativa. Progressivamente, a barreira que separava a metaética da ética normativa quebra-se. Mas a mudanga tem ainda um alcance mais vasto. Na verdade, quebra-se também a Gtima barreira que impedia a unificagdo da ética: a barreira entre normativa e ética pritica. ica Isto quer dizer que as discuss6es de ética pritica so entendidas como centrais para se avaliar a correcedo dos principios normativos. As discussdes sobre a eutandsia, a degradagio ambiental, a justiga econémica ou a privacidade, assim como de outros problemas canénicos de ética pritica, permitem ver se os prineipios normativos conduzem a opgGes contra- intuitivas ou empiricamente insustentaveis. Quando isso acontece, a ética pritica tem. implicagdes sérias na ética normativa. A ética pritica deixa assim de ser encarada como uma mera aplicagao de teorias normativas. Ambas estio sujeitas a correcgdes mittuas. entre esta e a ética Dadas as conexdes entre metaética e ca normativa, ¢ as conexd pritica, muitos filésofos renunciaram a qualquer distingao rigida entre os trés niveis de discussio ética. Indirectamente, a discussio de ética pratica pode levar a mudangas nas, teorias metaéticas sobre o sentido dos termos morais ¢ a natureza dos juizos morais. O campo da ética esta hoje unificado. A ética pratica parece ter os pés bem assentes nos cursos de filosofia, A confirmé-lo esté o facto de os melhores departamentos de filosofia no mundo de lingua inglesa serem bons ou excelentes em ética pratica, 2. Anatureza da ética pratica Adquirida a maturidade, a ética pratica refine as qualidades da boa filosofia, f clara, informada e cuidadosa na argumentaco. Acima de tudo, prefere afirmagGes sujeitas a restrigdes a grandes proclamagies. A discussio do aborto é disso um exemplo. Os melhores ensaios sobre este problema nao fazem afirmagées fortes pré-vida ou pré-escolha, Quando uma opgdo é relevante para outros, a sua avaliagdo € moral. A ética pratic discussio filosoficamente informada das opgdes préticas que tém relevancia para outros. A. variedade das questdes sujeitas a opefo ¢ imensa. Todavia, a natureza da ética pritica é independente desta variedade. Seja qual for o problema em discussio, a ética pratica define- se pelo tipo de problemas que enfrenta ¢ pelo tipo de discussdo que faz acerca desses problemas. De resto, isto define a natureza de qualquer disciplina filos6fica, endo s6 da ética pritica. 3. A discussao em ética pratica 3.1. A importancia moderada das intuigdes As intuigGes tém alguma importancia em ética pratica. E quase irresistivel o recurso a intuigdes morais para testar respostas aos mais diversos problemas, Mas essa importincia nido deve ser exagerada. As intuigdes no podem ser usadas como testes as nossas respostas € teorias. Isso seria fazer delas a iiltima palavra sobre a verdadeira resposta & justiga econdmica, ao estatuto dos animais ndo-humanos, a liberdade de expresso ou a0 suicidio medicamente assistido. Nao ha divida que o procedimento seria facil e comodo, mas pouco vel. Com efeito, ninguém intui a verdadeira resposta para problemas tao dificeis hitpsilerticanarede.corveticapratica html 29 srinsi2024, 16:49 ca prtica as principais razées a favor de uma posigao, as intuigées devem apenas ser usadas como exemplos para explicar essa posiga0, O ajustamento reciproco entre intuigdes e teorias — 0 equilibrio reflectido — tem a virtude de tomar saliente a necessidade de um conhecimento empirico mais seguro e de teorias mais cuidadosas. Todavia, ndo tem a capacidade de produzir respostas para problemas de ética pratica. 3.2. A importancia central do conhecimento empirico Um conhecimento empirico sélido ¢ essencial a uma boa discussdo de questées éticas. Além de essencial, 0 conhecimento empirico influencia decisivamente essa discussio. O facto de as respostas filoséficas dependerem desse conhecimento & hoje reconhecido sem problemas pelos especialistas em ética pratica. conhecimento empirico é decisivo por duas razbes. Em primeiro lugar, nao basta que a ética pritica diga que acgSes correctas as pessoas ¢ as estruturas institucionais tm a sua disposigdo. Para que seja seriamente discutida, é também preciso que o faga de maneira informativa. Isto s6 acontece se for possivel saber quando e de que modo uma certa resposta a um problema é relevante para os individuos ¢ as instituigdes. Alguns exemplos podem ser titeis: 1) no caso de nao se conhecer as circunstiincias e factores da pobreza e da fome, nao é possivel apresentar uma resposta ética informativa para 0 problema da justiga econémica; 2) no caso de nio se conhecer a eficdcia dos actuais meios de controlo dos cidadios pelos Estados, nao é possivel apresentar uma resposta ética informativa para o problema da privacidade; 3) no caso de nao se conhecer as causas ¢ circunsténcias do sofrimento animal, nao é possivel apresentar uma resposta ética informativa para o problema do estatuto moral dos animais, Em segundo lugar, o conhecimento empirico influencia a ética pratica de duas maneiras, Por um lado, dé contetido aos prineipios morais. Sem conte(ido empirico sélido, os prinefpios morais arriscam-se a ndo passar de proclamagdes respeitaveis. Por exemplo, o conhecimento da importancia psicol6gica da autonomia fornece apoio a resposta para o problema da privacidade segundo a qual as pessoas tém direitos que nao sio negociaveis. Por outro, assegura que a posi¢do defendida nao é um reflexo inconsciente do status quo moral. Com efeito, se nao conhecermos as circunsténcias, factores, causas ¢ efeitos de um certo problema, nio seremos capazes de avaliar racionalmente as praticas correntes. Nesse caso, a defesa do status quo, ainda que inconsciente, tomna-se mais provavel. Em geral, 0 conhecimento e a experiéncia combatem o preconceito ¢ 0 egoismo, levando-nos a repensar as respostas morais comuns. Os nossos alunos, infelizmente, por vezes comprovam a essidade de algum conhecimento de economia, das estruturas sociais, da psicologia humana ¢ das instituigdes politicas. Quando esta ignorancia se verifica, as suas respostas morais so mais limitadas, ou pouco razoaveis. nei 4. Arelagao entre teoria e pratica Os trés niveis de discussdo ética so hoje encarados como interdependentes. Por isso, nao ¢ de espantar que os filésofos morais duvidem da expresso “Etica aplicada”, Na verdade, esta expresso sugere uma relagdo entre ética normativa ¢ ética pratica que poucos esto hitpsilerticanarede.corveticapratica html 39 ‘srinsren24, 1648 tea prtica descrigdo das circunstancias efectivas. A deliberacdo produzida no nivel da ética pratica estaria dependente da correcgdo da teoria normativa. Nesse caso, a teoria normativa ditaria a acgio apropriada a respeito de uma questdo pritica. A expresso “Etica aplicada” no sugere apenas que a ética pratica estaria dependente da ética normativa, Sugere também que a ética normativa seria independente da ética pratica. Isto quer dizer que a correcgdo de uma teoria normativa nio tem a ver com a solugdo que apresenta para um problema de ética pratica. No entanto, pensar desta maneira & hoje visto como implausivel. Com efeito, se tal solugdo é contra-intuitiva ou empiricamente duvidosa, a teoria normativa é sujeita a correcgdes ou simplesmente abandonada. Arelagao entre ética normativa e ética pratica &, portanto, de interdependéncia. Mais uma. vez, alguns exemplos podem ser iteis: uma solugdo consequencialista para o suicidio medicamente assistido pode ser explicada por intuigdes morais basicas e apoiada por um conhecimento empirico sélido do problema; mas uma solugdo consequencialista para 0 problema da justiga econémica pode enfrentar sérios problemas luz das intuigdes morais e do conhecimento empirico relevante. Uma solugo deontolégica para o problema da liberdade de expresso pode ter a seu favor as intuigdes ¢ o conhecimento empirico; mas uma solugdo igualmente deontolégica para o problema da justica retributiva pode ndo ter a mesma sorte, Exemplos destes mostram que a reflexdo ao nivel da ética pratica tem implicagdes sérias a0 nivel da ética normativa. Neste sentido, ¢ um erro admitir que a teoria ¢ a pritica conduzem a reflexdes separadas. Por um lado, uma teoria normativa, se quer ser plausivel, terd de entender como pode ser desenvolvida perante problemas priticos. Por outro, se a ética pritica quer ser uma reflexio séria e cuidada acabard por ter necessidade de se apoiar numa ‘teoria normativa mais geral. Dada a sua importincia, veremos a seguir este tiltimo aspecto da ética pritica. 4.1. A ética pratica e a necessidade de uma teoria normativa Qualquer pessoa ja reflectiu sobre as suas escolhas e acgdes, e também sobre as escolhas ¢ acces dos outros. Sobretudo, quando so relevantes para todos os implicados. Qualquer pessoa ja disse que x agiu de maneira extremamente correcta, ou que assumiu as suas responsabilidades com grande dignidade, ou simplesmente que tem ética, Ou entdo que x agiu de maneira imoral, ou que é egoista ¢ cinico, ou que foi incorrecto. Quando essa pessoa, em vez de se limitar & repetigao acéfala das razSes que Ihe foram transmitidas, pergunta se sabe realmente por que razao fez tais afirmagdes, manifesta a necessidade de avaliar criticamente as suas crengas morais. Esta avaliagdo critica das crengas morais faz-se, em geral, a partir de questdes priticas. Assim, quando se procede a uma reflexdo séria, clara, informada e sistematica acerea de questdes como o aborto, a fome ou a degradacdo ambiental, é de ética pratica que se trata, Esta reflexdo conduz a discusses de nivel mais elevado. Discutir o problema particular do aborto nao se limita a uma discussio pritica. Para justificar uma certa op¢do perante 0 aborto é necessario reflectir sobre o estatuto moral do feto, Esta reflexo implica que se identifique um prinefpio normativo geral, que mais ndo é do que um critério moral relevante para decidir hitpsilerticanarede.corveticapratica html 49 ‘srinsren24, 1648 tea prtica distribuicgdo igualitaria do rendimento é a melhor solugo para o problema implica, entre outras coisas, ter um eritério moral geral que permita saber que importancia moral tem a igualdade. Isto quer dizer que a ética pratica esté comprometida com teorias éticas de nivel mais clevado. Essas teorias éticas estabelecem principios normativos gerais. E com base nestes principios que, em tiltima instancia, sdo justificadas decisdes priticas. Esta necessidade de teoria tenta primariamente evitar trés erros comuns nas deliberagdes priticas. 4.2. Trés erros comuns nas deliberagGes praticas que uma teoria normativa pode tentar evitar Usar principios éticos inconsistentes é 0 primeiro erro comum que uma boa teoria ética tenta evitar. A consisténcia é um requisito da moralidade. Se alguém defende, ao mesmo tempo, que a liberdade de expresso implica tolerar o erro ¢ que devera haver uma comissio do Estado que “purifique” a informagao jornalistica de erros e imprecisdes, essa pessoa nao esta a ser consistente, Por essa raziio, a posigdo que defende terd de ser rejeitada, ou entao substancialmente alterada, © segundo erro a evitar consiste na adopyao de uma teoria ética incorrecta, A moralidade nao exige apenas consisténi necessérias. Sem uma teoria ética correcta nfo é possivel captar as propriedades morais relevantes das acgdes. Deste modo, a capacidade de formular juizos morais s6lidos fica seriamente comprometida. Ter principios normativos correctos ¢ ter critérios que determinam © que é moralmente relevante, . Uma teoria ética correcta é também uma das suas condi Nao basta ser consistente e ter uma boa teoria ética. Um terceiro erro comum consiste em aplicar mal uma teoria consistente e boa. Isto acontece porque nao se esta suficientemente informado acerca das alternativas possiveis; ou porque nao se esta suficientemente atento aos idades dos envolvidos na acgo; ou porque nao se esta suficientemente motivado para suportar as complicagdes que o juizo moral apropriado acarreta; ou porque nio se tem as competéncias pessoais e verbais para aplicar adequadamente a teoria, interesses e neces Estes erros mostram a necessidade de ter uma boa teoria normativa quando se delibera acerca de questies priticas. Mas, se pode tentar evitar estes erros, uma boa teoria ndo pode tentar evitar o desacordo. Nao € esse 0 seu papel. 4.3. O que uma teoria normativa nao pode tentar evitar Apesar de itil, uma boa teoria normativa nio tem, nem pode ter, o papel de evitar 0 desacordo, Diferentes pessoas podem ter razbes sélidas para defender diferentes teorias normativas, Isto conduz a um desacordo nos critérios para determinar o que é moralmente relevante nas acgdes. Pode ainda haver desacordo porque, apesar de defenderem as mesmas teorias, diferentes pessoas interpretam ou aplicam de maneira diferente os seus critérios morais. Nada tem de estranho ou duvidoso que duas pessoas igualmente decentes ¢ racionais, ainda que partilhem a mesma teoria normativa, cheguem a conelusdes diferentes sobre as caracteristicas morais de uma acgdo. Assim como nada tem de estranho ou duvidoso que hitpsilerticanarede.corveticapratica html 59 srinsi2024, 16:49 ca prtica um defensor de uma ética deontolgica e um defensor de uma ética consequencialista podem ter a mesma posigdo sobre a acco afirmativa e dois defensores de uma ética deontologica podem ter posi s diferentes. Este facto tem duas virtudes. Em primeiro lugar, relembra que as deliberagées praticas nao so o resultado da aplicag’io mecdnica de uma teoria normativa geral em conjungdo com as circunstancias da acgao; neste sentido, as teorias normativas nao determinam exactamente como cada um ira avaliar uma questo particular de ética pritica, Em segundo lugar, sublinha a necessidade de avaliago permanente das escolhas e razdes de cada um dos interlocutores no debate critico. Felizmente, as questdes de ética pratica no permitem duas coisas: no permitem decidir com certeza que acgo é a melhor, mas também ndo permitem dizer que vale tudo. Isso seria ficar refém de uma concepgdo forte de conhecimento segundo a qual uma crenga verdadeira justificada s6 é conhecimento se for infalivel. Felizmente, a situagdo é outra, Na verdade, é possivel saber com relativa seguranga que juizos morais sio implausiveis, ou que teorias normativas sio fracas. Sobretudo em ética pritica, 0 debate critico ndo oferece certezas. Em troca, oferece a possibilidade de saber que teorias e juizos resistiram melhor a uma avaliagdo rigorosa dos seus méritos, 5. O mapa da ética pratica 5.1. A emergéncia de subdisciplinas dentro da ética pratica E, pelo menos, francamente dificil encontrar alguém que domine todo o campo da ética pratica, Em geral, aqueles que trabalham em ética pratica so especialistas numa das suas subdisciplinas. A emergéncia destas especialidades & um sinal claro de maturidade profissional. As especialidades mais fortes so a ética médica (agora mais conhecida como bioética), a ética empresarial e a ética ambiental. Mas ha outras especialidades novas em crescimento; & © caso da ética jomnalistica, da ética legal e da ética da investigagdo. Isto reflecte uma tendéncia geral para o desenvolvimento de éticas profissionais, A proliferagdo de especialidades comporta riscos. Um deles, talvez 0 mais sério, & 0 de pensar que um problema de ética ambiental pode ser satisfatoriamente resolvido ignorando a sua relagdo com problemas de areas diferentes. Este risco reconhecimento de que nao ha uma distingao rigida entre os trés niveis de reflexao ética. contraditério com 0 5.2. Grandes areas da ética pratica A maturidade profissional de uma disciplina também se manifesta numa organizagio cuidadosa das suas areas de reflexdo. Esta organizagdo depende de razGes epistémicas e didacticas, como se verd facilmente, Em todo 0 caso, nao esta isenta de alguma arbitrariedade. reas de reflexdio e seus temas Assim, as grandes 4 10 as seguintes hitpsilerticanarede.corveticapratica html 69 srinsi2024, 16:49 ca prtica a + Liberdade e igualdade (liberdade de expressio e religido, privacidade, multiculturalismo, paternalismo legal, justiga econdmica, justiga intergeracional, punigdo, discriminagao sexual & de género, discriminagao racial, ac¢do afirmativa, deficiéncia ¢ responsabilidade empresarial) + Justiga e relagdes internacionais (imigracio, autonomia nacional, justica econémica intemacional, ambiente e fome) 5.3. Problemas de ética pratica Como sabemos, as grandes areas de reflexdo da ética pritica estio sujeitas a opgdes moralmente relevantes. Saber qual a melhor opgdo levanta problemas especificos. Estes problemas so considerados candnicos. Nenhuma antologia de ética pritica respeitada os ignora, Iremos agora formular alguns desses problemas, + Eutandsia: Devem as pessoas, especialmente aquelas que sofrem terrivelmente de doengas, terminais, ter 0 poder de por termo as suas vidas? No caso de terem, serd que podem apressar as suas mortes apenas através da recusa de tratamento médico, ou também através de medida activas? No caso de poderem tomar medidas activas, sera que podem pedir a assisténcia de ‘outros? A quem podem pedir assisténcia: Ao marido ou mulher? A amigos intimos? A médicos? + Aborto: Seré o aborto moralmente correcto? Ainda que seja moralmente incorrecto, serd que & moralmente permissivel? Sera que o direito de abortar pode apoiar-se no dircito da mae & autonomia, ou em outro direito que possa ter? Qual o estatuto moral do feto? Haver uma diferenga moral entre abortos precoces e tardios? Deverd existir o direito legal de abortar mesmo que a andlise ética mostre que o aborto & moralmente problemético? + Animais: Tém os animais ndo-humanos estatuto moral substancial ou completo? Se sim, porqué? Se no, porque ndo? Sao os animais no-humanos suficientemente semelhantes a nés para merecerem ter estatuto moral? Se sim, em que grau deverdo ter esse estatuto? Ou so os animais nio-humanos suficientemente diferentes de nds para os podemos tratar como quisermos? + Pena de mort e, em geral, a punigdo serve certos objectivos ¢ flangdes, seré que o mesmo acontece com a pena de morte? Seré que ha circunstncias em que o Estado tem justificagdo para privar alguém de viver? Sera que ha citcunstdncias em que a pena de morte é motalmente apropriada? + Guerra: Em que circunstincia, se & que ha alguma, se pode permitir ou obrigar alguém a recorrer & guerra? Se o recurso & guerra tem justificasa6o, que limites hé para 0 modo como conduzida? Serdo estes limites & sua condugdo uma condigdo necessaria de uma guerra justa? Ou serd que hé justificagdo para ignorar estes limites quando surgem situagSes extremas? + Familia e tecnologia reprodutiva: © que devem as eriangas crescidas ao: pais obrigagSes especiais em relagdo aos seus filhos? Ou, dito de outro modo, tém os pais obrigagées em relagdo aos seus filhos que ndo tém em relagao a outras eriangas, ou as eriangas em geral? Seré a mde de aluguer parte da familia? Seré que o aluguer, especialmente se & contratual ou comercial, trata os bebés como bens, negando desse modo alguns valores da relagio pai-filho? Constituiria uma s6 pessoa e a sua descendéncia clonada uma familia? Admitindo que os pais no querem ter mais filhos, 0 que deve ser feito com os dvulos, fertilizados excedentes? Sera o embrifo excedente o equivalente moral a sangue ou cabelo? Ou terd o estatuto moral de uma pessoa? Havers alguma diferenga moral entre o embrido que reside num recipiente de laboratério eo embrido que reside num titero? Que implicagées morais tem a transformagio da reprodugdo numa indistria genética? Que estatuto moral e que identidade tem um embrido geneticamente produzido? Dado que a engenharia genética levanta a possibilidade de uma modificago continua do material biolégico a partir de varias fontes, quando & que se pode dizer que um novo organismo passa a existir? Que estatuto moral tem esse onganismo? + Sexualidade: Seré que duas pessoas devem ter sexo apenas se tém amor uma pela outra? Ou serd que 0 sexo diz respeito a dar e receber certos tipos de prazer, e nada mais? Ea Tem os us pais hitpsilerticanarede.corveticapratica html 79 srinsi2024, 16:49 ca prtica a + Amor: E 0 amor uma resposta ao valor da pessoa amada ou uma atribuigdo de valor 4 pessoa amada? Dever o amor ser encarado como uma preocupagiio com 0 bem-estar da pessoa amada? ‘Ou uma atitude emocional que ndo implica necessariamente qualquer preocupagdo com o bem- estar da pessoa amada? Bi o amor gemuino um testemunho epistémico fiével que conduz a0 conhecimento do outro e ao autoconhecimento? Ou & 0 amor gentuino uma forma de engano e auto-engano que engrandece as virtudes de cada um e suaviza os defeitos? Qual & a metafisica do amor? Estard o amor apenas ligado as caracteristicas da pessoa amada? Se esti, ser que & insubstituivel? Ou serd que, apesar de ter tido origem nas caracteristicas da pessoa amada, 6 essa pessoa, ¢ ndo as suas caracteristicas, que & amada? E, nesse caso, sera que é insubstituivel? + Liberdade de expressio ¢ religiéo: Deverd set-nos moral e legalmente permitido dizer 0 que quisermos sempre que quisermos? Ou deverd haver limites morais ¢ legais para © que podemos dizer publicamente? Seri legitimo restringir a liberdade de expresso apenas quando essa liberdade claramente causa dano a outros? Se sim, quando ¢ que a liberdade de expresso causa dano a outros? Poderi a liberdade de expressio ser violada com base em consideragies de utilidade social? # a liberdade de expresso uma fungfo na balanga de custos e beneficios? Seré que 0 mesmo acontece com a liberdade de religido? Deverd a liberdade de religido ser encarada como uma liberdade bisica independente que merece protecgdo especial? Ou deveré antes ser encarada como uma forma de liberdade de consciéncia tal como muitas doutrinas seculares? + Privacidade: Terdo as vérias formas de privacidade um valor positivo? Que grau de protecgao perante o Estado deverdo ter as virias formas de privacidade? Poder a distingao puiblico- privado promover o siléncio sobre a violéncia que ocorre dentro de portas? Poderd essa disting3o

You might also like