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Tradugao e Codigo Genético PNT VAT > Estrutura das proteinas '» Gene | Um polipeptidio colinear > Sintese pruteica | Tradugau » Cédigo genético > Interages cédon-tRNA Anemia falciforme | efeitos devastadores da modificacdo de sangue mostraram anemia; e,no sangue,onivel de hemoglobina, a ani proteina complexa que transporta xigénio dos pulmées para ou- um Unico par de bases sie oe coweepontins pfaimafanint rewile d ria, Em 1904, James Herrick, médico de Chicago, e Ernest Irons, mé- Herrick registrou os sintomas do paciente por 6 anos antes de publi- ico residente superisonado por Herrick examinaram as células car suas cbservacdes em 1910, £m seu artigo, destacou anatureza anguineas de um jovem pacient. Ele observaram que muitaz crbnica da anemia e a presenca de hemécasfalcformes. Em 1916, de suas hemécias eram delgadase alongadas,em nitido contraste aos 32 anos 0 paciente morreu em razdo de anemia grave eleséo com as hemacias arredondadas renal « bicbneaves dos outres pacien Jomes Herrick fi primel roa publcar a descrcgo da anemia faldforme, primeira docags hurnana a er compre endida em nivel molecular. A hhemoglobina tem quatro po- Upeptidios — dues codeias de ceglobina e duas cadeias de B-globina - e um grupo heme que contém ferro, fm 1957, ‘Vernon Ingram e colaborado- res demnstraram que 0 sexto ininoésila Ja caleie B Ua hemoglobina flciforme era a valina, enquanto na hemoglo- Vine humane adulla normal ‘essa posicao era ocupada pelo cido glutdmico, Essa subsi- \uigdo de um Sinica amino’ tes. Coletaram amostras de san- gue fresco e repetiram o exame microzeSpico varias vezes, todas ‘com o mesmo resultado. O san- gue desse paciente sempre con- tinhe célules com formete seme lhante a0 das foices usades por fazendelros para colher cereals naguela época, (© paciente era um estudan- te universitério de 20 anos que apreseniteve episdvs Ue faye 22 tontura. Aparentemente, 0 paciente era normal em muitos expeclos, lento fhives quanto ‘mentais.O principal problema era a fadiga. © exame fisico, porém, mostrou cardiomegaliae infono- dos aumentados. O coracéo pa- ido em uma tnica cadeia po- recia estar sempre se esforcando Uipeptidica 6 responsavel por ‘demals, mesmo quando 0 paclen-Micrografiaeletnica de varredura de hemacias normaise afoica- T0005 05 simromas da anemia te estava em repouso. Exames de das em paciente com anemia falcforme. falciforme, Como ae informacder genéticas de um organismo, ar mazenadas na sequéncia de pares de nucleotidios no DNA, controlam seu tenotipor Como a modificacao de um par de nucleotidios de um gene ~ como a mutacao causadora de anemia falciforme ~ alteraa estrutura de uma proteina, ‘wv emiisariv por miu do qual atua u yene? Nu Gapivale 11, discorremos sobre a transferéncia de informacdes genéti- ‘cas armazenadas nas sequéncias de pares de nucleotidios do DNA para as sequéncias de nucleotidios das moléculas de mRNA, que, em eucariotos, levam essas informacdes Estrutura das proteinas ‘As proteinas séo macromoléculas complexas constitu das de 20 aminodcidos diferentes © conjumo de prowefnas constiuil aproximadamente 15% do peso liquido das células. As moléculas de agua representam 70% do peso total das células vivas. Com ex- ceeiio da agua, as proteinas sio, sem ehivida, © principal componente de organismos vivos em termos dle massa to- tal. As protefnas sao no apenas componentes importan- tes em termas de masea celular, elas também tém muitos papéis essenciais para a vida de todas as células. Antes de examinar a sintese de proteinas, é preciso conhecer melhor sta estrutura. POLIPEPTIDIOS | VINTE SUBUNIDADES DIFERENTES DE AMINOACIDOS As proteinas sao constituidas de polipeptidios, € todos ‘0 polipeptidios so codificados por um gene. Cada poli peptidio consta de uma longa sequéncia de aminoacidos dos por ligagdes covalentes. A maivria das proteinas tbiminda por viile aminndclaog diferentes, Ay veneg, ha modificacao quimica de um ou mais aminoacidos depois dda sintese de um polipeptidio, com a producio de um novo aminoacido na proteina madura. A Figura 12.1 mos- tra as estruturas dos 20 aminoacidos comuns. ‘Todos os aminoacids, exceto a prolina, contém um grupo amino lore e um grupo casbosila livre Grupo} Gripo one 4 carbo é I RA Grupo lateral Os aminoscidos diferem entre si pelos grupas laterais (designadioy R, de Radical), A grande variagav de grupos laterais garantea diversidade estrutural das proteinas. Es- sas cadeias laterais sio de quatro tipos: (1) grupos hidro- fobicos ou apolares, (2) grupos hidrofilicos ou polares, (3) grupos dcidos ou de carga elétrica negativa e (4) gru- pos basicos ou de carga elétrica positiva (Figura 12.1). A diversidade quimica dos grupos laterais dos aminosicidos Capitulo 12 | Taducio eCédigo Genético 291 do miicleo até oF locais de sintese proteica no citoplas- ma. A transferéncia de informacées do DNA para o RNA (transcricao) e 0 processamento «do RNA ocorrem no nt cleo. Neste capitulo, examinaremos o processo pelo qual as informacdes genéticas armazenadas nas sequéncias de ucleotilioy do mRNA sau unadlas pata expecifivar ay se quencias de aminoacidos em produtos génicos polipept= dlicos. Esse processo, a tradugéo, ocorre no citoplasma em estruturas complexas denominadas ribossomos ¢ requer 3 participacio de muitas macromoléculas. € responsivel pela enorme versatiidade estrutural e fun, ional das protefnas. ‘Um peptidio & composto de dois ou mais aminodcidos. Os polipeptidios sio sequéncias longas de aminosicidos, Cujo comprimento varia de 51 aminodcidos na insulina a mais dle 1.000 aminvdcidos ma fibroina,a proteina da seca, Dados os 20 diferentes aminodcidos comumente encon- trados nos polipeptidios, o niimero possivel de diferentes polipeptidion é realmente enorme. Por exemplo, o nie 10 de diferentes sequéncias de aminoicidos possiveis em ‘umm polipeptidio que contém 100 aminodecidos ¢ de 20", Como o ntimero 20 € grande demais, analisemos um peptidio curto. O ntimero de diferentes sequéncias de auninodcidos possfveis emt un pepudiv conn sete aminvd- Gidos de comprimento € de 1,28 bilhio (20°). Os aminod- Cidos nos polipeptidios sto unidos por ligaces covalentes chamactaslgagées peptidicas. Cada ligacio peptidica é forma- da por uma reacio entre 0 grupo amino de um amino&- ido € 0 grupo carboxila de um segundo aminoacido com liberacio de uma molécula de agua (Figura 122). PROTEINAS | ESTRUTURAS TRIDIMENSIONAIS COMPLEXAS crentes niveis de organizacéio — primario, se- io € quaternério sio distinguidos nas estruturas tridimensionais complexas das proteinas. A es trutura priméria de um polipeptidia é sua sequéncia de aminoacidos, especificada pela sequéncia nucleotidica de um gene. A estrutura secundaria dle um polipeptidio € determinada pelas interrelacdes espaciais dos aminoé- Cidos em segmentos do polipepticio. A estrutura teria seu dobramento global no expaco de um polipeptidio tridimensional, e a estrutura quaterndria diz vespeito A as- sociacao de dois ou mais polipeptidios em uma proteina mult érica. A hemoglohina é um excelente exemplo da complexidade das protefnas, tem os quatro niveis de oF gantzacao estrucural (Figura 12.3) A maioria dos polipeptidios dobrase espontaneamen- te em conformacées especificas determinadas por suas estruturas primsrias. Se desnaturadas (desdobradas) por tratamento com solventes apropriados, a maioria das proteinas recupera a conformacao original quando agente desnaturante removido. Portanto, na maioria 292. Fundamentos de Genética 1. Grupos laterai hidrofébicoe ou apelaree Gicina Lenina ira oe Cy LLeucina a Ldeuine Ltr a LFenileina (Phe) LL Tigtofano ip) ™. Gate Be oe by ot Sh & a 2. Grupos laterais hidroficos ou polares edna gine Ua tm Losing i) LGutamina i LAsparagina oe ea) y Sty ‘. Grupos taterais aciaos me i fi 4 Grupos laterais pasicos: Aci aspirtico Acido gutamico Lisina Lavina -Histidina (s0) (Gu) (ys) (ie) is) a 5 cd a 4 He ot Ge he CooH Ga {te Ge ‘Coo ty Se ratte " dans ™ 1m FicumA 12: Estruturas dos 20 aminodcldos comuns em proteinas. Os grupos amino e carboxila, que particlpam da formacao da igacao peptidica durante asintese proteca,s8o mostrados nas éreassombreadas. Os grupos lateras, que so diferentes para cada aminoécido, s80 ‘mostrados abaixo das érees coloridas. As abrevituras de trés letras padronizadas estdo entre parénteses, O simbolo de ume letra para cada aminodeido estd ent colehetes. os casos, todas as informagées necessirias para determi- nayio do formato esta0 na est utura primétia da prote na. Em alguns casos, o dobramento da proteina implica interagdes com proteinas chamadas chaperonas que aju- Vigacin nentidiea 4 4 i a Mikal f Hare G-C—0H > HALE CC + 0 fy & & UAL t,_ gt yg Aminadcide 1 Aminobeido 2 Dipebticio 1m FiGURA 12.2 Formagso a uma ligacdo peptidica entre dois aminod- ‘dos pea retrada da dgua, Cada ligacSo peptdica une o grupo amino de um aminoécido 20 grupo carboxila do aminoscido adiacente. dam polipeptidios nascentes a formar a estrutura tridi- mensional apruptiada. (Os dois tipos mais comuns de estrutura secundaria em protefnas sio Aélices a (Figura 12.3) ¢ folhas B. AS duas ‘estruturas sio mantidas por ligages de hidrogénio entre ligagdes peptidicas muito préximas umas das outras. A hélice « € um cilindro rigido no qual cada ligacao pept dica € unida por ligacdes de hidrogénio a ligacdo pept dica entre aminoacidos distantes trés e quatro residuos. Dente de una lélivc wndu hd prvlina, e1n saidu de sua estrutura rigida. A folha B surge quando um polipepti- dio dobrase sobre si mesmo, as vezes repetidamente, ‘0s segmentos paralelos so mantidos por ligacio de hi- drogénio entre ligagdes peptidicas vizinhas. Enquanto a ‘organizacao espacial de aminoacidos ¢ segmentos adja- centes de um polipeptidio determinam sua estrutura se- [Eetrutura priméeia SC ou |i 1— So-0 7 ent “Ses) msl 4 pina Ge Capitulo 12 | Taducio Cédigo Genético 293 Evtrutura toroidria Ectrutura quatornéria Polipenticio Begobina Potpeptsios pglobina > ‘Grupo heme Polipepsicios o-gobina Molecula de nemogiobina | FicLRA 12.3 O quaten nives de cxpanizacto da prnteinas — estrturas (1) prierdra, (2) secundaria, (3) tered e (8) quateenttia ~ cha lustrados usando como exemplo a heroglobina humana. cundéria, o dobramento geral do polipeptidio completo define sua euutusa textidtia, Yu conjormayde. Eun geval, aminodcidos com cadeias laterais hidrofilicas ocupam a superficie das proteinas (em contato com o citoplasma aquoso), 20 passo que aqueles com eadeias laterais hidro- {fobicas interagem uns com os outros nas regides internas. A estrutura terciana de uma proteina ¢ mantida prine- palmente por um grande niimero de ligacdes nao cova- lentes relativamente fracas. As tinicas ligacdes covalentes ‘que tém papel importante na conformacio das proteinas sio as pontes dissulfeto (S-S) que se formam entre resi- duos de cisteina corretamente posicionados (Figura 12.4). No entanto, hi participagio de quatro tipor diferentes de interagdes nao covalentes: (1) ligagées inicas, (2) li- -gacdes de hidrogenio, (3) interagdes hidrofobicas € (4) interacdes de van der Waals (Figura 12.4). ‘As ligacdes Jénicas ocorrem entre cadeias laterais de aminodcides com cargas elétrieas opostas — por exemplo, ‘0s grupos laterais de lisina e acido glutamico (Figura 12.1). AAs ligagoes idnicas sao forcas intensas em algumas ccondicdes, mas > >@o- so coi oe? rzaes E91 sna Sone, ten ae fone om wpecraeneies ones cmc roi (haploides, mas do sexo Soa ‘muftinucieados) ‘posto = Tipo ye oten = 1 ata arent git sooo las om ites a “@ reste das necessidades especticas ‘decrescmento de cada innagem. ! Neo Taina Riboivica Prioxna Acido, Nacha Acido Instol Colnago Niceosibos Neio petatéico * paminobenzdico ‘ico rina i 1 FIGURA 12.5 Diagrama do experimento de Beadle e Tatum com Neurospora que levou &hipétese um gene ~ uma eraima. 296 fundamentos de Genética pulmées para todos os outros tecidlos do corpo, so protet- nas tetraméricas que contém duas cadeias de a-globina e duas cadeias de B-globina, além de quatro grupos hemes de ligacio ao oxigénio (Figura 12.3). Outras enzimas, por exemplo, a DNA polimerase III de E.coli (Capitulo 10) ea RNA pollmerase If (Capfuulo 11), conten muluas subur- dades polipeptidicas diferentes, cada uma delas codificada por umn gene. Portanto, o conceito um gene ~uma enzima {foi substitufdo pelo conceito um gene—um polipeptiio, COLINEARIDADE ENTRE A SEQUENCIA CODIFICADORA DE UM GENE E SEU PRODUTO POLIPEPTIDICO Agora que estabelecemos a relagao um gene ~ um poli- peptidio. podemos perguntar se as sequéncias de pares de nucleotidios nos genes sio colineares as sequéncias de auminudtides dus polipeptidius que vodifivat. Ou seja, ser que os primeiros pares de bases da sequéncia codifi- cadora de um gene especificam o primeiro aminoacido do polipeptidio e assim por diante, de maneira sistertica? A resposta é que os genes ¢ seus produtos polipeptfdicos sio, na verdade, estruturas colineares; essa relacao é ilus- trada na Figura 126A. Conforme foi comentado no Capitu- o 11, a maioria dos genes de eucariotos multicelulares 6 interrompida por introns no codificadores. No entanto, a presenca de introns em genes nao invalida 0 conceito de colinearidade. significa apenas que nao ha correlacio direta das distancias fisicas entre as posicées dos pares de ‘bases cmt un gene © a9 prniges dus aminnuseidus ny pol peptidio especificado por esse gene (Figura 12.68). ‘A primeira evidéncia forte da colinearidade entre um, gene e seu produto polipeptidico surgiu em estudlos, efe- tuados por Charles Yanofiky ¢ colaboradores, do gene de E. col codificador da subunidade « da enzima triptofano sintetase. Como ié foi mencionado, essa enzima contém dois polipeptidios « codificados pelo gene trp e dois po- lipeptidios B codificados pelo gene mB. Yanofiky c cola- boradores fizeram uma andlise genética detalhada de mu- tacdes no gene trpA e correlacionaram os dados genéticos ans dados hienprimicns eas sequiéncias das polipeptidios a do triptofano sintetase de tipo selvagem € mutante. Eles demonsiraram a existéncia de correlagao direta entre as poxigdes no mapa das mutacdes no gene trp e as posigdes clas substituices de aminodcidos resultantes no polipep- tidio a do triptofano sintetase (Figura 127). As evidéncias definitivas de colinearidade advieram de comparacdes di- retas das sequéncias de nucleotidios de genes com as se- ‘quéncias de aminodcidos de seus produtos polipeptidicos. Regiao codificadora de gene procaritico ininterrupto tipico. 123945678 Wncssde A RRR KAA AA 10 11 12 19 14 15 991 902999908 on soe set bess . pa a = regio cadicadra 1° toscicin “@ Traducdo Ainoes (aa ,-aa,~an;0,-20,-00-29,/095005 00 ks pobestico A Regio codificadora de gene eucariético tipico interrompido por introns. Exon 1 Exon 2 Exon n pty Pees 11 ee (ee 123 400 beet 4 8 ¥ 10 UL 302 303 304 ware LAZAR RKO LRA EM res wet Bases a feo ceicadre 7 intron 1 — eens 99 4 ame LESS Re MO yg gp mime pana = $B Precessarera do vaste rico L232 45678 90 sw smsse ciors ARAL L TSR, Rime aoe = {e Trducio feck ae ma : proditogénico 38;*8a;+2a;+a9,+00,*3a;*2a,~20;~285-20/- 72a 803885A0., potvensca 8 |B FIGURA 12.6 Colinearidade entre as regides codificadoras dos genes e seus produtos polinepticicos. Capitulo 12 | Taducio e Cédigo Cenético 297 ane tt Mapa gendico —_ 3133. MAG 87-1223. 123 M6 AIB7_A7B_158_N169 196 Distancias de mapa 1.4] 0.04) 0,3] 0.4 [o.oo] 06 | 0.5 [o.o0l| 0.02] 0.3, Vorade wea) Anal n0popoptiso pagar Gi Gi TW La Tr Gy Gy Gy Gy Gy Se Ge ‘acs yy tee deeded olipeptidio mutante Val Met Cys Arg lle Arg Gu Val Cys Asp Leu (term.) Posi¢ao da substituicao Ge amino wo HN=1—#9—49—175—177—169-211-211-219-204-234-235-249-258-000H poloepie 1m FICURA 12,7 Colinearidade entre 0 gene trpA de E. colle Seu produto polipeptidico, 0 polipeptdio a do tiptofano sintetase AS posigoes cde mapa das mutagies no gene trp sao mostradas na parte superior, as localizagSes das substiticdes de aminodcidos decorrentes dessas rmutagGes so mostradas na parte inferior do mepa. PONTOS ESSENCIAIS — + Os experimentos de Beadle e Tatum com Neurospora levaram a hipdtese um gene — wma cenzima que, depos, foi modifcada para o conceito wm gene vem polipeptiio + As sequincias dos pares de mucleotidias em um gene e dos aminodcidos em sew produto polipeptiico sao colineares Sintese proteica | Traducdo ‘As intormacces genéticas nas moléculas de mRNA so traduzidas nas sequéncias de aminodcidos dos polipepti- dios segundo as especificagbes do cédigo genético. (© processo de tradugio das informagoes genéticas am mazenadas na sequéncia nucleotidica de um mRNA, segundo as especificacdes do cédigo genético, na se- incia de aminodcidos do produta génico polipep- tidico € complexo ¢ exige as fungdes de uma grande quantidade de macromoléculas. Essas incluem (1) mais de 50 polipeptidios e trés a cinco moléculas de RNA ‘em cada ribossomo (a composi¢ao exata varia de acor do com a capécic), (2) no mfnimo £0 enzimas ativado- ras de aminodcidos, (3) 40 a 60 diferentes moléculas de tRNA ¢ (4) muitas protefnas soliveis que participam da iniciagio, do alongamento e da finalizacio da cadeia polipeptidica. Como muitas dessas macromoléculas, so- bretudo os componentes do nibossomo, estao presen- tes em grande quantidade em cada célula, o sistema de traducdo constitui uma parte importante do aparelho metabélico de cada célula. VISAO GERAL DA SINTESE PROTEICA Antes de abordarmos os detalhes do proceso de tradu- ao, € recomendavel fazer uma andlise preliminar de todo © processo de sintese proteica. A Figura 128 apre- senta uma visio geral da sintese proteica, ilustrando sua complexidade eas principais macromoléculas partici antes. A primeira etapa da expressio génica, a transcri- a0, requer a transterencia de intormacoes armazenadas nos genes para o RNA mensageiro (mRNA) intermedié- rio, que leva essas informagdes até os locais de sintese de polipeptidios no citoplasma. A transcricio é discutida em detalhes no Capitulo 11. A segunda etapa, traducio, € a transferéncia das informagdes contidas nas moléculas de mRNA para as sequancias de aminodcidos em produtos _génicos polipeptidicos. ‘A traducio ocorre nos ribossomos, estruturas macro- moleculares complexas localizadas no citoplasma. Parti- cipam da traducio trés tipos de RNA, todos eles trans- critos de moldes de DNA (gencs eromossémicos). Além dos mRNA, trés a cinco moléculas de RNA (moléculas de rRNA) fazem parte da estrutura de cada ribossomo, @ 40 4 60 pequenas maléculas de RNA (moléenlas de tRNA) atuam como adaptadores mediando a incorpo- racio dos aminodcidos apropriados nos polipeptidios em resposta a sequéncias nucleotidicas especificas no mRNA. Os aminodcidos so anexados as moléculas cor eta de tRNA pelas ominoscit NA sintetases, um. grupo de enzimas ativadoras. A sequéncia nucleotidica de uma molécula de mRNA é traduzida na sequéncia correta de aminoacids se- gundo as especificacies do cédigo genético. Alguns po- ipepuidios nascemtes vém, mas terminagOes amino ow carboxila, sequéncias curtas de aminoacidos que atuam como sinais para seu transporte até compartimentos ce- lulares especificos, como 0 reticulo endoplasmitico, as mitocéndrias, os cloroplastos ou os niicleos. As protef- nas secretoras nascentes, por exemplo, contém uma sé ‘quéncia sinalizadora curta na terminacao amino que guia 298 Fundamentos de Genética DNA note romossomol) mee | bd 1 1 i + | 5S 16S 23S rRNAS Traducdo Proteinas rbessbmicas Subunidadec" ribossbmicas wre a) dm Degradacio om ononuceaticios = Fetores de alongamento, enzimas de con WU ativadoras: ot 'm FICURA 128 Visdo geral da sintese protelca. Os tamanhos das moléculas de rRNA mostrados correspondem aos das bacteras; eucariotos ‘tm °RNA maiores. Para simplificar, todas as espécies de RNA foram transcritas de segmentos contiguos de uma Gnica molécula de ONA. Na realidade, os varios RNA so transcitos de genes localizados em diferentes posigdes em um ou virios cromossomos. Os detahes dos diversos iether nto perfctr eommertarivc rae ar taeperit © polipeptidio emergente até as membranas do reticu- Io endoplasmatico. As terminacées amino de proteinas destinadas 4 importacio por mitocéndrias e cloroplastos tém. sequéncias direcionadoras semelhantes. Algumas proteinas nucleares contém extenses direcionadoras nas terminacdes carboxila. Em muitos casos, os peptidios Girecionadores sio removidos enzimaticamente por pep- tidases especificas apés o transporte da proteina até o compartimento celular apropriado. ‘Os ribosomes podem ser comparados a bancadas de trabalho completas, com as maquinas ¢ as ferramen- tas necessirias para produzir um polipeptidio. Eles so inespecificas, j4 que podem sintetizar qualqner polipep- tidio (qualquer sequéncia de aminoacidos) codificado por uma motécuta espectfica de mRNA, até mesmo peto mRNA de outra espécie. Cada molécula de mRNA é tra- | 000 OH s Precursor do tRNA Precursor Precursor do TAMA TOS 4S" GOMRMAZIS TRNAS ies degrades San oS eS, | Frocemanmisde RA (agen secunana por rules melet0s 4 716 nxtetiog + ee jal a ANNA aA A 163° 45 208 5S e 18S 5,85 2S 1 FIGURA 12.11 Sintese e processamento de (A) precursor de: ‘RNA 305 em E. cole (B) precursor de rRNA 455 em mamiferos. Iécula de mRNA, a tradugio da mensagem codificada por um mRNA na sequéncia de aminodcidos de um po- peptidio requer outra classe de moléculas de KNA, 0 RNA transportador (tRNA). As andlises quimicas sugeri- ram que as interagGes diretas entre os aminodcidos € os inucleuiidius ou Léduns uy auRNA eau iuspruvdveis. Portanto, em 1958, Francis Crick propés a necessidade de algum tipo de molécula adaptadora que mediasse a ‘especificacio de aminoicidos por eédons no mRNA du- rante a sintese proteica. Outros pesquisadores logo iden- tuhcaram as moléculas adaptadoras e revelaram que eram moléculas de RNA pequenas (45, de 70 a 95 nucleoti- dios de tamanho). Essas moléculas, inicialmente deno- minadas moléeulas de RNA sohivel (sRNA) ¢, depois, RNA transportador (tRNA), contém uma sequéncia de trinucleotidios, 0 anticédon, que é complementar & se- qqiincia da cédom na mRNA » emparetha enas ha a sequéncia de cédon durante a traducio. Ha de um a ‘quatro tRNA, para cada um dos 20 aminoacidos. (Os aminodcidos unem-se aos tRNA por ligagdes de alta energia (muito reativas) (simbolizadas por ~) entre ‘es grupos carboxila dos aminoscidos © as terminagies Shidroxila dos tRNA. Os 1RNA sio ativados ou carregados ‘com aminoscidos em um processo em duas etapas, ¢ am- thas as reacties So catalicadas pela mesma envima, amino- acibtRNA sintetase, Ha pelo menos uma aminoaciltRNA sintetase para cada um dos 20 aminodcidos. A primeira ‘etapa da sintese de aminoaciltRNA requer a ativacio do aminodcido e usa energia do trifosfato de adenosina (ATP): aminoécido + Al sinoac-RNA, aminofcido~ AMP + )~ intermediario aminoacido ~ AMP normalmente sé se desprende da enzima depois de passar por uma segun- da etapa na sintese de aminoaciltRNA, a saber, a reacdo ‘com 0 tRNA apropriado: aminoécido ~AMP + tRNA sion RNA aminoicido ~2RNA + AMP (Os aminoacil~tRNA sio os substratos para a s{ntese de polipeptidios nos ribossomos, ¢ cada tRNA ativado reco- nhece 0 eédon de mRNA correto e apresenta o amino’ ido em configuracao estérica (estrutura tridimensional) ‘que facilita a tormacao de ligagoes peptidicas. s tRNA sio transcritos a partir dos genes. Como no ‘caso dos rRNA, os tRNA sio transcritos na forma de mo- Tévules prevuisuras miaivier yuc passat por mento péstranscricéo (clivagem, corte, metilacio, ¢ as sim por diante). As moléculas de t2NA maduras contém virios nucleosidios que nio estio presentes nos transeri- tos primérios dos genes de tRNA. Esses nucleosidios in- comuns, como mosina, pseudoundina, di-hdroundina, ‘Lmetilguanosina e varios outros, sio produzidos por mo- Capitulo 12 | Taducio. Cédigo Genética 301 dificagSes, catalisadas por enzima, dos quatro nucleosi- dios incorporados a0 RNA durante a transcricdo. Yendo em wsta 0 pequeno tamanho (a maiona tem de 70 a 95 nucleotidios), os tRNA foram mais sensiveis anilise estrutural que as outras moléculas maiores de RNA pailicipantes da siutese pruteita. A seyuéutia ue cleotidica completa e a estrutura em folha de trevo pro- posta do tRNA da alanina de levedura (Figura 12.12) fo- ram publicadas por Robert W. Holley e colaboradores em 1965; Holley foi um dos agraciados com o Prémio Nobel de 19b8 em Fisiologia ou Medicina por esse trabalho. A estrutura tridimensional do tRNA da fenilalanina de le- vedura foi determinada por estudos de difracao por raios X em 1974 (Figure 12:13). O anticédon de cada tRNA est dentro de uma alga (regio no ligada por hidrogénio) perto do meio da molécula. Tew estar clara a necessidarie de que ae maléenlae de tRNA tenham alta especificidade apesar do tamanho pequeno. E preciso que elas nao s6 (1) tenham as se- quéncias antic6don corretas, de maneira a responder 20s cédons certos, mas que também (2) sejam reconhecidas pelas aminoacil-RNA sintetases corretas, de modo que sejam ativadas pelos aminoscidos certos, e (8) liguem-se as sitios apropriados nos ribossomos para executar suas fancies de adaptadoras Cada ribossomo tem trés sitios de ligagdo ao tRNA (Figura 12.144-8). © sitio A ou aminoact liga-se a0 amino: GILtRNA recebido, o RNA que leva 0 préximo amino: Cido a ser acrescentado & cadeia polipeptidica em cres- 3 s ¢ ‘pad bing Pseudouridina Inosna Ditidrouiine Ribotmiana Metiguanasina Dimetituanosina Metiinasia =F 1m FIGURA 12.12 Sequencia nucleotidica e configuragio em folha de trevo do tRNA de alanine de S. cerevisiae. Os nomes dos nucleosios ‘modificadas presentes no tRNA sio mostrados no detalhe. 302 Fundamentos de Genética 5) Pates de haces unidas por 1 Mestes deiogine ~ Esqueleto de restos 26 38 ca — arbcsion 3) jin 1m Ficiima 12 13 Fotografia (A) « decent interpretative (R) de urn medele meleeilar dn tRNA de fenilalanina da lavedita eam hac om dans de diragao de rics. ligado o polipeptidio em crescimento, O sitio Eou de saléa ligase no tRNA acm carga clétrica que caté ssindo. ‘Acestrutura tridimensional do ribossomo 70S da bacté- ria Thermus thermophilus foi esclarecida com resolucio de 0,55 nm por cristalografia de raios X (Figura 12.15A-C). A cestrutura cristalografica mostra as posicdes dos trés sitios de ligacio do (RNA na interfnce 50S-308 © as posicdcs relativas dos rRNA € das protetnas ribossémicas. Embora 0s sitios de ligagio ao aminoaciltRNA estejam localizados principalmente na subunidade 50S ea malécula Diagrama de ribossomo 708 SRO E Wy so ue Swe F ou de Ngava0 saida do RNA ao pepisbtRNA ‘tuo A vu ve gaea0 __ #0 ainoacRNA Suburidade 30S Ribossomo 70S vista cortada de modelo Fendolant nin? ligado 2 polneptisio. Direcéo ée movimento ®@ a 2 'm FiCURA 12:14 Estrutua de riboszome em E. eal. A. Cada comple de rbessomo/mRNA tem tr sis de lgpgS0 20 sminasct RNA. O sitio A ou aminoac-tRNA 6 ocupado por alanitRNA*.O sitio P ou peptil € ocupado por fnilalanl-IRNA", com a cade polipeptidica {em crscimento una por ligarao covalente ao rRNA da fenlaianina. O sitio Fou de sida ¢ ocupado por tRNA“ antes de se desprender do ribassoma, B. Uma molécula de mRNA (laranja), que ests ligada@ subunidade 30S (verde-clara) do ribossoma, contribu para aespecifidade dos sitios deligagdo ao tRNA. que esto localizados principalmentena subunidade 50S (azul) do ribossomo. Os aminoaci-tRNA lcalizados os sitios Pe sdo mostrades. espectivamente. em vermelho everde-scur. O so E esté desocupado. Ribossome 70S coteuturs eriatalogeiticn A ‘Subunidade 305 — estrutura cristalogratica de mRNA esteja ligada pela subunidade 30S, a especifict dade para ligacio do aminoacilRNA em cada sitio é pro- porcionada pelo cédon de mRNA que faz pate do sitio de Tigayau (Figusa 12.14D). Quand v sibuseuiy se mUve au longo de um mRNA (ou o mRNA ¢ transportado através do ribossomo), a especificidade de ligacio do aminoaciLRNA nos sitios A, Pe E modificase & medida que diferentes c- dons de mRNA se alinham nos sitios de ligacao. Portanto, ‘osssitios de ligacio ribossémicos (mRNA negativo) so capa- zes por eles mesmos de se ligar a qualquer aminoacibiRNA. Nos agora analisamos todos os principais componentes do sistema de sintese proteica. As moléculas de mRNA Capitulo 12 | Tradugio e Cédigo Genético 303 ‘Subunidade 50S — estrutura erietalogrética Estrutura do ribossomo em Thermus thermophilus Estrutura cristalegrifica do ribossamo 70S com resolucéo de 0,55 nm, ‘mostrando o ribossomo completo (A) as interfaces das subunidades, 505 (8) e 305 (C). A. Subunidade 505 & esquerde, subunidade 30S a direita. B,C. Interfaces da suburidade 50S e da subunidade 30S, ‘btidas por rotacdo das estruturas mastradas em (A) 90° a esquerda (8) ou & direita(C}, respectivamente. Os tRNA nos stios A, Pe Eséo ‘mostrados em amarelo,laranja e vermelho,respectivamente. Com- ponentes: RNA 16S (clano): #RNA 23S (cial; RNA 8S (azul-claco protelnas da subunidade 30S (azu-escuro);e proteinas da suburidade 505 (magenta) L1,proeina 1 da subunidade grande; $7, proteina 7 do subunidade pequena especificam as sequéncias de aminoacidos dos produtos génicos polipeptidicos. Os ribossomos proveem muitos dos componentes macromoleculares necessirios para a waluyav. Os (RNA garaniten ay asuléculas atlapladoras necessérias para incorporar os aminoacids aos polipep- tidios em resposta aos cédons no mRNA. Além disso, varias proteinas soltiveis participam do processo. A tra- ducio da sequéncia de nucleotidios em uma molécula de mRNA e, depois, em uma sequéncia de aminoacidos no seu produto polipeptidico pode ser dividida em trés cestigios: (1) iniciagao da cadeia polipeptidica, (2) alon- gamento da cadcia c (8) finalizagao da cadcia. Tradugao | Iniciagao da cadeia polipeptidica A iniciagio da tradugao abrange todos 0s processos que precedem a formacao de uma ligacao peptidica entre os 304 Fundamentos de Genética dois primeiros aminoscidos da nova cadeia polipeptidica. Embora varios aspectos do processo de iniciacio sejam {guais em procaniotos e eucariotos, ha algumas diterencas. Assim sendo, examinemos primeiro a iniciacdo de cadeias, olipeptidicas em E. colie, depois, analisemos os aspectos esperifivos da iniviayau da wallucao en euarivw. Em E. coli, 0 processo de iniciacao conta com a par- ticipagdo da subunidade 30S do ribossomo, um tRNA iniciador especial, uma molécula de mRNA, trés fatores de iniiagdo de proteinas soltiveis: IF-1,IF-2 e 1-3, além de 10. Compiean eT F/O /30S. ‘uma molécula de GTP (Figura 12:16). A tradugio ocorre ‘em ribossomos 70S, mas os ribossomos dissociam-se nas subunidades 30S e 50S toda ver em que completam a sin- tese de uma cadeia polipeptidica. No primeiro estgio da iniciagao da tradugao, uma subunidade 30S livre interage ‘Cour uinia uiulécula Ue uiRNA e us fatures de iniviayau. A. subunidade 50S une-se a0 complexo e forma o ribosso- ‘mo 70S na etapa final do processo de iniciacio. ‘A sintese de polipeptidios ¢ inieiada por um tRNA ex ppecial, designado tRNA, em resposta a um efdon de ini- ‘Subunidade 308 oe Fermarto de a de subunidades FARA 0s complesos formados na etapa 1 ccambinam'sa.uns ans tras e cam Ie GTP ara formar 0 complexo de niiacao 30S. w \ Complexo de iniciago { Y & ‘a subunidade 50S une-se ao complexo de iniciacao; Depoie da iberaeio de 3, GTP é lara el ei? saa iheracas 1 FIGURA 12.16 Ainiciacdo da traducéo em E.coli eagle da tradugio (geralmente AUG, as vezes GUG). Por- tanto, todos os polipeptidios comecam com metionina urante a sintese. Em seguida, a metionina aminotermi- nal é clivada de muitos polipeptidios. Assim, as proteinas funcionais nao necessitam de uma metionina aminoter- | A metonine ay URNA; fa ce v rap 1 amino bloqueado por um grupo formila (—C—H) (isso ‘explica o subescrito “I” no RNA"). Outro tRNA de me- tionina, tRNA™, responde a cédons de metionina internos. Os dois tRNA de metionina tém 0 mesmo anticédon, ambos respondem ao mesmo eédon (AUG) para metioni- na, No entanto, apenas o metioni}RNA interage com © fator de iniciagao proteico IF-2 para comegar 0 processo de iniciagio (Figura 12.16). Desee mado, apenas 0 metion nilRNA."* liga-se ao ribossomo em resposta aos cédons de inicta¢ao AUG no MRNA, detxando 0 mettontltRNA™* ppara se ligar em resposta aos cédons AUG internos. O metionibRNA,"* também se liga a ribossomos em respos- ta a0 e6don iniciador alternativo, GUG (um eédon valina quando presente em posicdes internas), que ocorre em algumas moléculas de mRNA. 'A iniciacio da cadeia polipeptidica cameca com a formacio de dois complexos: (1) um contém o fator de iniciagao TF-2 © 0 metionilRNA,"* € (2) 0 outro conten ‘uma molécula de mRNA, uma subunidade 30S do ribos- somo e fator de iniciagao IF-3 (Figura 12.16). O comple- x0 subunidade 808/mRNA 6 ve forma na presenga de IF3; portanto, IF-3 controla a capacidade da subunidade BUS de comecar 0 processo de iniciagao. A formacao do complexo subunidade 30S/mRNA depende em parte do pareamento de bases entre uma sequéncia nucleo- tidica perto da extremidade 9’ do rRNA 16S ¢ uma se- ‘quéncia perto da extremidade 5’ da molécula de mRNA (Figura 12.17).Os mRNA procariéticos contém um trecho de polipurinas conservado, consenso AGGAGG, locali- zado cerca de sete nucleotidios upstream em relacao a0 ‘c6don de iniciacao AUG. Esse hexamero conservado, de- nominado sequéncia de Shine-Dalgarno ein homenagem aos ientistas que 2 descobriram, é complementar a uma se- yucutia praima da terminaydy 9! dy RNA sibussGuiee 16S. Quando as sequéncias de Shine-Dalgarno de mRNA io modificadas experimentalmente de maneira que nao possam mais formar pares de hases com o rRNA 16S, os Seautncia de. Codon deniciacdo Shine Dalgarno da traducao mANA A Pal 5 3 or mscomonseemueton 2 Regido de 5 rena pareamento de bases Término es 1m FICURA 12.17 © pareamento de bases entre a sequéncia de shi- 1ne-Dalgamo em mRNA procariético e uma sequéncia complementar perto da terminagio 3’ do rRNA 16S participa da formaco do com- lexo de iniciacao mRNA/subunidade ribossémica 30S. Capitulo 12 | Tradugio e Cédigo Genético 305 mRNA modificados nio sio traduzidos ou sio traduzidos de maneira muito ineficiente, indicando que esse parea- mento de bases tem papel importante na traducao. Em seguida, 0 complexo IF-2/metioniltRNA."" € 0 complexo mRNA/subunidade 30S/IF-3 combinam-se enue sl e com o fator de iniciago TF-1 € uma molécula de GTP para formar 0 complexo de iniciagao 808 com- pleto. A etapa final na iniciagdo da traducao € 0 acrésci- ‘mo da subnidade 50S ao complexo de iniciagio 30S para produzir o ribossomo 70S completo. O fator de iniciacao IF3 tem de ser liberado do complexo antes que a subuni- dade BOS posta se unir-an complexe: TEA ® a eibsinidade 50S nunca esto associados & subunidade 30S a0 mesmo tempo. © acréscimo da subunidade 50S requer energia do GTP ea liberacio dos fatores de iniciacao IF-1 ¢ IF-. ‘Oacréscimo da subunidade 50S do ribossomo ao com- plexo posiciona o tRNA iniciador, metioniHRNA,"", no. tio peptidil (P) com o anticédon do tRNA alinhado com o cédon de iniciagao AUG do mRNA. O metionil RNA € 6 tinico aminoacikRNA que pode entrar diretamente no sitio P, sem primeiro passar pelo sitio aminoacil (A). Com o iniciador AUG posicionado no sitio P, 0 segundo cédon do mRNA esti alinhado com o sitio A. determinando a especificidade de ligacéo ao aminoacilRNA nesse sitio € iando Londiges pata a segunda fase da sitere Ue ple peptidios, o alongamento da cadeia. A iniciagio da traducao € mais complexa em euce- riotos, com a participagio de varios fatores de iniciago soltiveis. Todavia, o processo geral & semelhante, exceto por dois aspectos. (1) O grupo amino da metionina no tRNA iniciador nao é formilado como em procariotos. (2) O complexo de iniciacio formase na terminagio 5’ do mRNA, no no sitio de inicio da waducao Shine-Dal- gamo/AUG como em E. cali. Em eucariotos, 0 complexo de iniciacdo examina o mRNA, iniciando na extremida- de 5’, & procura de um cédon AUG de iniciagao da tra ducao, Portanto, em eucariotos, a traducéo geralmente comeca no cédon AUG mais préximo da terminacio 5° da molécula de mRNA, emhora a eficiéneia do uso de determinado cédon AUG no inicio da traducio depen- ‘da da sequencia nucieotiaica contigua. A sequencia ideal de iniciacio é 5'-GCO(A ou G)CCAUGG3'. As trés bases purinicas (A ou G) na direcio 5’ em relagao ao cédon iniciador AUG ¢ a G imediatamente subscquente sio as mais importantes e influenciam a eficiéncia da iniciago em dez vezes ou mais. As modificagoes de outras bases da sequéncia reduzem menos 2 eficiéncia da iniciagio. Essas exigéncias de sequéncia para iniciacao ideal da tradugao «em eucariotos sao chamadas de regres de Kozak, ern home- nagem a Marilyn Kozak, a primeira a propé-las. Assim como os procariotos, os eucariotos contém um_ (RNA iniviadun expecial, wanay™ Ci" de iniviadus), © grupo amino do metionilRNA."* nio é formilado. O iniciador metionilRNA." interage com um fator de ini- ciacio solivel e entra no sitio P diretamente durante 0 processo de iniciacao, assim como em E, coli Em eucariotos, uma protefna de ligacdo ao cap (CBP) l- ‘ease a0 cap 7-metilguanosina na terminacéo 5' do mRNA. 306 fundamentos de Genética Entio, outros fatores de inieiagio ligam-se 20 complexo CBP-mRNA, seguidos pela subunidade pequena (40S) do ribossomo. odo o complexo de iniciacao move-se em sentido 5’ 3’ ao longo da molécula de mRNA. buscan- do 0 cddon AUG. Quando se encontra um trinucleotidio AUG, vs faiores de iniciagay dissocianse do complexe, a subunidade grande (60S) liga-se ao complexo metio- niHRNA/mRNA/subunidade 40S, formando o ribosso- ‘mo completo (80S). O complexo ribossomo 80S/mRNA/ 1RNA esté pronto para iniciar a segunda fase da traducao, ‘© alongamento da cadeia. Fara explorar melhor esse pro- cesso. leia Resolva! Controle da traducio em eucariotos. Tradugao | Alongamento da cadeia polipeptidica (© processo de alongomento da cadcia polipeptidica é basicar ‘mente igual em procariotos e eucariotos. O acréscimo de 0 aoactenn ena “@) seam cada aminoscido a0 polipeptidio em crescimento ocorre ‘em trés etapas: (1) ligacdo de um aminoacil-tRNA ao sitio A do ribossomo, (2) transferéncia da cadeia de polipept dio em erescimento do tRNA no sitio P para o RNA. no sitio A pela formacio de uma nova ligacio peptidica e (3) ‘ranslocagao do ribossomo ao longo do mRNA para post cionar o préximo eédon no sitio A (Figura 1218). Durante a 3 etapa, o polipeptidiosRNA nascente € o (RNA sem ‘carga elétrica so translocados dos sitios A € P para os fos Pe E.respectivamente. Essas trés etapas sio repetidas cicl- ‘camente durante todo 0 processo de alongamento. Aqui su descrilos us faiuies solivels partcipanies do longer mento da cadeia em E. coli Fatores semelhantes partici pam do alongamento da cadeia em eucariotos. Na primeira etapa, um aminoacibtRNA entra ¢ se liga 20 sitio A do ribossomo, com a especificidade proporcio- “© Tonsterni do poeptio em restierto do tA so Para o RNA o Sto Proc vanstrte eae Ge ne 509 1m FIGURA 12:18 Alongamento da cadela poipeptidica er Ecol Capitulo 12 | Traducto eCédigo Genético 307 Controle da traduga0 em eucariotos Adiante é mortrada a coquéncia nucleotiica do filamanto nao rmolde de uma parte do gene 1BB humano (fi-glabina) que es- petifice #Lerininayao 5° Jo miRINA de HBB. Lenibve-se de que ¥ filamento no molde terd a mesma sequéncia do transcrito do ‘gene, porém com em lugar de U.A posicdo 1 ¢ 0 nucleotidia correspondent extremidade S' do mRNA. 1 acarrrccrr CTGACACAAC ACAGACACC ATGGTGCATC 'TGACTCCTGA Gcacaacrcr eccerracts cccrersccs De acordo com essa sequéncia, o cédigo genético (Tabela 12.1) seu conhecimento da iniciagdo da tradugdo em eucariotos, etermine a sequéncia de aminoscidos aminoterminat da -globina humana, > Leia aresposta do problema nosite ‘tp:/gen-io.grupogen.com.br. sitio A, mas s6 € elivado depois que se forma a ligacdo peptidica. Depois da clivagem de GIP, ER-IGDP se desprende do ribossomo. EF-Tu-GDP ¢ inative e nao se liga a aminoaciktRNA. EF-Tu-GDP é convertido na forma EP-TWGTP ativa pelo fatorde alongamento €F-B), que lis o- lisa uma molécula de GTP nesse processo, BF-Ti interage com todos os aminoacil4RNA, exceto o metioniliRNA. A segunda etapa no alongamento da cadeia é a forma io de uma ligacio peptidica entre o grupo amino do ami- noaciltKNA no sitio 4 e a terminacao carboxila da cadeia polipepticlica em crescimento ligada 20 tRNA no sitio P Isso desprende a cadeia em crescimento do RNA no sitio Peune acadeia, por ligagio covalente, ao (RNA no sitio A (Figura 12.18). Essa reacio essencial é catalisada por pep- ‘idl transferase, atividadle enzimitica intrinseca da subunk tale BIS To sboneoma E preclarcbeervarquensiiiade om © trarsoxagio co potpenon er Eresetetto dose A paraoatoPedn {RNA que sa peptidll transferase esta na molécula de rRNA 235 e no paraostio£. ° em uma proteina nbossomica, talver outro resquicio de — ‘um mundo inicial constitufdo de RNA. A formacio da li- gacdo peptidica requer a hidrdlise da molécula de GIP @ Ievale i uilustauy por EETiia JR iad, Durante a terceira etapa no alongamento da cadeia, 0 we peptidiltRNA presente no sitio A do ribossomo ¢ translo- ae cado até 0 sitio P, € 0 (RNA sem carga elétriea no sitio P 6 translocado até o sitio E, quando 0 ribossomo se move trés nucleotidios em direcao a extremidade 3 da mole- 1 icuRa 12.18 (continuacao). cula de mRNA. A etapa de translocacio requer GTP e {ator de alongamento G (EF-C). © ribossomo passa por alte- oes dae nutacav durante 0 proceso de wausslocee nada pelo oédon de mRNA alinhado com o sitio A (Figu- cio, sugerindo que pode percorrera molécula de mRNA. ra 12.18), Os trés nucleotidios no anticédon do aminoa- A energia para movimento do ribossomo € assegurada ciLERNA tém de fazer par com os nucleotidios do eédon pela hidrélise de GTP. A translocacio do peptidiltRNA dle MRNA no sitio A, Essa etapa requer 0 fator de alonga- do sitio A para o sitio P deixa desocupado 0 sitio Ae 0 rmentoTuque transporta uma molécula de GIP (EF-TwGTP). ribossomo pronto para iniciar 0 préximo ciclo de alon- 0 GTP € necessirio para ligacio do aminoaciHRNA ao gamento da cadeia. 308 Fundamentos de Genética | FICURA 12.19 Observagdo do alongamento de polipeptcios de fbrofna na regido posterior da gléndula seriigena do bicho-da-seda Bombyx rmidade 3' da molécula de mRNA. © alongamento de um polipeptidio eucariético, a proteina da seda hbroia, pode ser observado ao micros- cépio eletrdnico com o auxilio de técnicas desenvolvidas por Oscar Miller, Barbara Hamkalo e colaboradores. A mrioria das proteinaa dobresc na superficie do ribomomo durantea sintese. A fibrofna, porém, se mantém estendida rma superficie do ribossomo nas condicées usadas por Mil ler e colaboradores. Desse modo, as cadeias polipeptidicas nascentes cujo comprimento esté aumentando podem ser ‘obscrvadas ligadas aos ribossomos quando so examinadas desde a extremidade 5' até a extremidade 3 do mRNA (Figura 12.19). A fibrofna € uma proteina grande, com mas- sa superior a 200,000 dtons;é sintetizacia em grandes po- lirribossomos que contém de 50 a 80 ribossomos. ‘© alongamento da cadeia polipeptidica avanga com rapidez. Em E. coli, as trés etapas necessérias para acres- centar um aminodcido a cadeia polipeptidica em cresci- mento levam corca de 0,05 e. Portanto, a rintece de um polipeptidio contendo 300 aminodcidos leva cerca de 15 segundos. Dada a sua complexidade, a precisao € a ¢ficécia do aparelho de traducio sao realmente extraor dindrias. PONTOS ESSENCIAIS 2 setae apontam os polipeptidios da fibroina em creacimento, Obzerve © aumento do comprimenta & medide que se aproxima da extre- Tradugao | Término da cadeia polipeptidica 0 término do alongamento da cadeia polipeptidica ocorre ‘quando um dos trés cédons de término da cadeia (UAA, UAG ‘om TIGA) entra na sitia A do rihossama (Figura 1270) Esses trés c6dons de término podem ser reconhecidos Por proretnas soltivels chamadas fatores de Uberacao (KF). Em E. cli, existem dois fatores de liberacio, RF-1 ¢ RF-2. RFI reconhece os cédons de término UAA e UAG; RF2 reconhece UAA e UGA. Em eucariotos, um tinico fator de liberacio (eRF) reconhece os trés cddons de término. A presenca de um fator de liberacao no sitio A altera a atividade da peptidil transferase de tal modo que ela acrescenta uma molécula de égua & terminacao carboxila, dy polipeptidiv nascente, Essa reauau desprende v poli eptidio da molécula de tRNA no sitio P e desencadeia a translocagao do tRNA livre para o sitio E. O término ‘conclufdo pela liberagio da molécula de mRNA do ribor somo € dissociacéo do ribossomo em suas subunidades. Eniao, as subunidades ribossomicas estao prontas para iniciar outro ciclo de sintese proteica, conforme ja des tito. As informacies genéticas nas sequéncias de nucletidios das moléculas de mRNA so tradusidas em sequéncias de aminodicidas nos produtes genicospolipeptidicos por méquinas macromoleculares intricadas denominadas ribossomos + Oprocesso de traducio é comblexo eexige a participagio de muitas moléculas diferentes de RNA proteina + Asmoléclas de RNA transportadoratuam coma adaptadons, mediands a interagio onte ‘aminodiidase cidons no mRNA +O proceso de raduga é divide em iniciagao,alongamento¢ termina das cadeias Pelipeptiticac a omtrlada ela mprificngiot dn ign gonsin | FIGURA 12:20 Térrino da cadeia polipeptidica em £. cli.O grupo formila da formilmetionina é retirado durante a traducdo. Capitulo 12 | Tradugio.e Cédigo Genético 309 YY een “e Oto 1 ear se av codon Ue tr Sti Ado rssome eA sai vo slo E, "& vexeramero co papepianssee ‘e RF-1 e transferéncia de tRNA Sesto pont sto Cédigo genético igo genético é um cédigo sem sobreposigdo em que Quando se descobriu que os genes controlavam a cstru- ‘cada aminodcido mais a tidio so especificados por addons de RNA constituidos de a i pep. tura dos polipeptidios, as atencdes se voltaram para o lacdo €0 término do polipep- recanismo usado pela sequéncia dos quatro diferentes nucleotidios do DNA para controlar a sequéncia dos 20 trés nucleotidios. aminodcidos presentes nas proteinas. Com a descoberta, 310 Fundamentos de Genética do mRNA intermediario (Capitulo 11), a diivida passou aser como a sequéncia de quatro bases nas moléculas de mRNA poderia especificar a sequéncia de aminoacidos de um polipeptfdio. Qual é a natureza do cédigo genéti- co que correlaciona as sequéncias de bases do mRNA as sequencias de aminodcidos? Sem diivida, os sfmbolos ou as letras usados no cédigo tém de ser as bases; mas o que constitui um cédon, a unidade ou palavra que especifica uum aminoscido ou, na pritica, um aminoacibtRNA? PROPRIEDADES DO CODIGO GENETICO | CONSIDERAGOES GERAIS AAs principais caracterfsticas do c6digo genético foram esclarecidas na década de 1960. A decifracio do cédigo foi um dos acontecimentos mais empolgantes na hist6- ria da ciéncia, com o surgimento quase diario de novas informagSez. Em meados da década de 1960, 0 cédigo genético foi desvendado em sua maior parte. Antes de destacarmos caracteristicas especificas do cédigo, anali- semos sas propriedades mais importantes. 1. O cidigo genético & constituido de trinucleotdias. Trés nucleotidios no mRNA especificam um aminodcido no produto polipeptidico; portanto, cada eédon con- tém trés nucleotidios. 2 O ccidign genético nao tem sobreposicées. Cada nucleotidio na mRNA pertence a apenas um efdan, excreta em casos raros de sobreposi¢ao de genes nos quais uma sequencia nucleotidica € lida em duas matrizes de lel- tura diferentes. 3. O cidigo genético ndo tem virgulas. Nao ha virgulas nem ‘outro tipo de pontuagao nas regidcs codificadoras das moléculas de mRNA. Durante a traducio, a leitura dos cédons é consecutiva. 4, O cédigo genética é degenerado, Todos os aminofcidos, ex- ceto dois, sao especificados por mais de um cédon, 5. O ciidigo genético ¢ ordenado. Varios codons para um de- terminado aminodcido e cédons para aminodcidos ‘com propriedades quimicas similares so muito seme- Thautes, geralmeute difesindy tidio. 6. 0 digo genético contém cbdons de iniciacdo ¢ de termina. ions especificos sio usados para iniciar e finalizar as cadeias polipeptidicas. “1. U codigo genético & quase universal. Com poucas exce- ccdes. 08 eddons tém o mesmo significado em todos os organismos vivos, desde virus até os seres humanos. fajronas win suchen TRES NUCLEOTIDIOS POR CODON Vine ansiuvdeidos diter Lurpurados us po- lipeptidios durante a traducéo. Portanto, no mfnimo 20 cédons diferentes tém de ser formados com as quatro bases existentes no mRNA. Duas bases por eédon resul- tariam em apenas 4? ou 16 cédons possiveis, o que, sem iivida, 6 insuficiente. Irés bases por cédon resultam em 4° ou 64 cédons possiveis. um aparente excesso. Em 1061, Francis Crick ¢ colaboradores publicaram a primeira forte evidéncia de apoio a um cédigo triplo (wes ‘ucleotidios por cédon). Crick e colaboradores fizeram a.anilise genética de mutacdes induzidas no locus rl do bacteri6fago T4 pela substincia quimica proflavina. A proflavina € um agente mutagenico que causa acrésci mos e delecdes de um par de bases (Capitulo 13). Os mu- tantes rll do fago T4 sao incapazes de se desenvolver em ccétulas da linhagem K12 de F. coli, mas se desenvolvem ‘como o fago tipo selvagem em células da linhagem B de E. colt. © po selvagem de T4 desenvolvese Igualmenwe ‘bem nas duas linhagens. Crick e colaboradores isolaram revertentes, induzidos por proflavina, de uma mutagao ‘All induzida por proflavina. Demonstrouse que esses re- vertentes eram produzidos por outras mutagdes em sitios Proximos, nao por reversto da mutagao original. As mu- tacdes em um segundo sitio que restauram 0 fendtipo selvagem em um organismo mutante sio denominadas ‘mutagées supressores, porque anulam, ou suprimem, o(3) cefeito(s) da mutacao original. Crick € colaboradores conclufram que se a mutacéo original era um acréscimo on delecio de apenas um par de bases, as mutagdes supressoras tém de ser dele- ‘cOes ou acréscimos de um par de buses, respectlvam te, ocorridas em um ou mais sitios préximos da mutacao original. Se trinucleotidios sequenciais de um mRNA. ‘especificam aminoacidos, & possivel reconhecer ou ler cada sequéncia nucleotidica durante a traducio de trés maneiras diferentes. Por exemplo, a leitura da sequéncia AAAGGGCCCTTT pode ser (1) AAA. GGG. CCC. TTT. (2) A, AAG, GGG, CCT, TT ou (3) AA, AGG, GCC, CTT, T.A matriz de leitura de um mRNA € a série de trinucleo- tidios que sio lidos (posicionados no sitio A do ribosso- mo) durante a tradugao. O acréscimo ou a delecao de "um tinico par de bases altera a matris deleiturado gene ‘omRNA para aquela parte do gene distal & mutacdo. Esse feito é ilustrado na Figura 12214. Entdo, as mutacoes: ppressoras foram isoladas como mutantes simples por exa- me da prole resultante do retrocruzamento com o tipo selvagem. A excmplo da mutagéo original, as mutagdcs supressoras produzem fenétipos mutantes ril. Em segui- ay Crick e colaboradores olram mutagies supresso- ras, induvidas por proflavina, das mutacies supressaras originais, e assim por diante. Crick € colaboradores, entio, classificaram todas as mutacdes isoladas em dois grupos, mais (+) ¢ menos (-) (para acréscimos e delegdes, embora eles nao tivessem {dein de qual grupo crm qual), com base na conchusiio de que uma mutacéo (+) suprimiria uma mutagio (~), mas nao outra mutacao (+) e vice-versa (Figura 12.21). Entio, eles construfram recombinantes que tinham varias com- binagées das mutagdes (+) ¢ (-). Da mesma forma que os ‘mutantes simpies, 0s recombinantes com duas muracoes (®) ou duas mutagées (-) sempre tinham fenétipo mu- tante. O resultado decisivo foi que recombinantes com turés mutagées (+) (Figura 12.218) ou trés mutagdes (-) geralmente tinham fenstipo selvagem. Isso indicava que © acréscimo de trés pares de bases ou a delecéo de trés pares de bases deixava a porcio distal do gene com a ma- Capitulo 12 | Taducio. Cédigo Genético 311 ‘A delog3o do apenae um par de bases rectaura a matis de leitura modificada pelo acréecimo de apenas um par de bases. DNA ATG TIT CCC AAA GGG TIT-----CCC TAG. (elo sevager) i, 868 Ft Ahh GGG ATC. Fenstino mRNA coc ua ers Insergo de ape a aperes um par de bases Protoina Met - Phe ~Pro —Lys ~ Gly —Phe ++ +++ ro-(térino) Insergio dopa de bases 4 aera aati de et DNA ATG ATT TCC CAR AGG GIT T+ (Wel mutant) an 7 H [ramen mRNA AUG AYU UCC CAA AGG GUU U-+; CC CUA G me Matardo Parl Ay supressora Trad eens pe SOEESUM | pyoteina Met — le —Ser ~Gh— Af — Vl = 2+ ~ Le ~ ‘Sequncia de arinodcidosaterada Alec do par de bases © restaura a mai de etre orga ‘ watA a... AUG ATT TEC aaa gos TIT -----coe Cor 5 JAC IAA AGE IUT CCC AAA BGG ANC [pees Fendtipo mRNA AUG AUU UCC AAA GGG UUU--»--Coe UAG sehogen ree Proteina Met ~ lle ~ Ser —Lys ~ Gy~Phe ==» Pro (tem) Amindcidos Sequncia original de rl ateratos anodes restaurada Reremhinanta rentondn te arréerimne da sim par da haeac tam matrir da laitura ipa eolvagam & & E NW erg de ues pars oe bases. DNA ATG “ATT GIA Coc AAA Gi 6 & Gere) TAC TAA CAT GGG ITT CCC AAA GGG ATC [jsseis Fenétioo mRNA AUG AUU GUA CCC AAA GGG UUU'-**cCC UAG [ sehagem ut Proteina Met — le ~ Val ~ Pro —Lus ~ Gy — Phe ++» = Pro lta) ‘Sequénca alterada Sequéncia de arinodcidos ‘com acréscimo de tipo selagem original 5B um amingdcido |m FICURA 1221 Primelras evidéncias de que o cédigo genética € um cédigo triplo Veja detalhes no texto. 312 fundamentos de Genética triz de leitura sehagem. Esse resultado 86 seria experado se cada cédon tivesse trés nucleotidios. Dados obtidos por estudos im tim da traducao logo apoiaram os resultados de Crick ¢ colaboradores ¢ con- firmaram a natureza trinucleotidica do cédigo. Alguns dus resultatlvs nia inportaies forain. (1) Os winuclevi ios eram suficientes para estimulara ligacao especifica de aminoaciltRNA aos ribossomos, por exemplo, 5-UUU3' cestimulou a ligacio de fenilalaniltRNAP aos ribostomos (2) Moléculas de mRNA sintetizadas quimicamente que continham sequencias dinucleotidicas repetidas guraram assintese de copolimeros (grandes moléculas semelhantes a cadeias constituidas de duas subunidades diferentes) ‘com sequéncias altcrnadas de aminoacidos. Por excmplo, quando se usou poli(UG), como mRNA artificial em um sistema de traducao in vir, foi sintetizado 0 copolimero repetide (cyexal),, mero de nucleotidios ¢ aminoacidos nos respectivos poli- ‘meros.) (3) J4 0s MRINA com sequencias trinucleotidicas repetidas guiaram a sfntese de uma mistura de trés homo- polimeros (com iniciacio aleatdria nesses mRNA nos sis ‘temas in vitro). Por exemplo, poli(UUC), guiou a sin de uma mistura de polileucina, policisteina e polivalina. Esses resultados sio compativeis apenas com um cédigo triplo, com suas trés diferentes matrizes de leitura. Qurane do poli(UUG), € traduzida na matriz de leivura 1, UG, UUG, é produzida polileucina, mas a tradu¢io na matriz de leitura 2, UGU, UGU, produz policisteina, e a tradue ‘Gao na mattiz de leitura 3, GUU, GUU, produz polivalina, Por fim, a natureza trinucleotidica do eédigo foi estabe lecida definitivamente por comparagao das sequéncias de nucleotidios de genes € mRNA com as sequéncias de aminodcidos de seus produtos polipeptidicos. (Ch subencritie oe an tndicart os wit DECIFRANDO O CODIGO A decifracao do cédigo genético na década de 1960 le- you varios anos, com acirrada competigao entre muitos laboratérios de pesquisa. Novas informacSes acumu- lavam-se com rapidez, mas 3s vezes eram incompativeis com dadoo anteriores, Na verdade, a decifragio do eédi go foi um grande desafio. Ribossomos ativados por Sebunidade 208 UM misFMRNA vinaceotiio ‘0b ribossoma = gins 5 ePhe FenlalaninatRNAP® marcada com A docifragio do eédigo genético exigiu que ot cientis- tas obtivessem respostas para varias perguntas. (1) Que codons sao especiticados por cada um dos 20 aminoa- cidos? (2) Quantos dos 64 possiveis cédons de trinucleo- tidios sao usados? (3) Como € pontuado o cédigo? (4) Os Coduus uty wiesiny siguifivady eu vitus, Laces ias, vegetais e animais? As respostas a essas perguntas foram obtidas principalmente a partir dos resultados de dois ti pos de experimentos, ambos com emprego de sistemas acelulares. O primeiro tipo de experimento foi a tradu- ‘cao de moleculas de mKNA artiiciass m vitroe a dentih- cacdo de quais dos 20 aminocidos foram incorporados as protefnas. No segundo tipo de experimento, 0s ribos- somos foram ativados por mini-mRNA com apenas trés nucleotidios. Em seguida, os pesquisadores identificaram

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