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Coordenagao e subordinacao nas redagoes de ves! Fabiana Diniz Kurtz, Gabriela Quatrin Marzar -Mércia Juliana Dias de Aguiar & Raquel Bevilacqua da Silvat Abstract® The objective of thss work is [0 make an anahss of some tings om the examination of UNIRA in teams of the _Fanmatieal employment of both processes coordination ad Subordination. What can be declared on such am anak tat the coordination i highly employed in oeiriment oF de subordination. In the course ofthis work, i will be made an atternpt in order fo explain the possible reasons for this Resumo © objetivo deste trabatho & realizar uma andlise de algumas redagoes do vestibular da UNIFRA em termos do emprego gramatical de ambos os procesios de coordenagio e subordinagao. O que pode ser declarade sobre tal andlise 6 que a coordenagio ¢ altamente utilizada em detrimento da. subardinagao. No decorrer deste trabalho, sera. realizada uma tentativa com 0. propésito de explicar as possivels razes para essa acorréncia. © preseme trabalho tem por objetivo analisar o process de construct de redacoes, considerando-se, principalmente, o emprego do periodo compasto por coordenacao subordinagao, além de abordar alguns aspectos estlisticos, © corpus deste esuido compreende redagoes de alunos que prestaram vestibular na antiga FIC, atwal Cento Universitario Franciscano (UNIFRA), no ano de 1994, as quais abordam o tema leitura como um fator inerente & educagio de todo individuo. Além disso, observou'se uma distingio quanto & dassificagio de leituras como produtivas e necessérias a0 desenvolvimento do senso critica sociale aquelas tidas como dispenstvels pelo © Trabalho apeetentado como requibito paral para a avaliagio na deciplna Ports MI, minstiada pela Prof ‘Maria Eula Tomasi Abuquerque. Alunas de graduscio do @ serveste. fato de no contribuirem com informagies titeis a0 leitor. Considerando-se 05 principais objetivos dda reclagao, a partir da obra Teoria e Pratica da Redacto (1978), de Zoleda Felizardo, foi feito um levantamento em termos de sintaxe © semantica a fim de constatar 0 uso devido, ou nao, dessas estruturas, No que conceme a sintaxe, sera avaliado © modo de organizagaa e colocagio dos ‘conetivos (canjungoes) dentro da oragao com o propésito de demanstrar suas fungbes, quando empregado adeciuadamente, para a. questao enfatica. Quanto A seméntica, _pretende-se verificar a coeréncia das idéias desenvoividas no texto. a partir das relagies estabelecidas pelas cconjungoes. Nao havendo coeréncia seméntica em determinada redacdo, serao retiradas algimas passagens que comprovem tal Cconstatagao. Porianto, 6 sob este aspecto cure a ‘coesa0, representacia aqui simbolicamente pelas ‘conjungoes coordenativas © subordinativas, surge como determinante da coeréncia textual, de modo que a auséncia de uma implica a deficiéncia, ou mesmo a inexisténcia da outa. Com 0 propésito. de comprovar essa inferéncia, segue-se o testemunho do gramético Claucio Cezar Henricpies, presente na obea Sintaxe Portuguesa — para a Linguagem culta contempordinea (19971 fre os elementos que peste ‘ontrbuir para a melhor elaboracao de estos, colocam se obviamenie 2 conjungées subordinativas (inclusive em sas formas de locugio). mais até do que 45 coordenativas, pois que estas parece fazer parte do um dominio hatoral que o wsuitio ca agua excita ~ infelzmente. repelides vores — om seus esctes, a Objetivos da Redagao Durante a andlise dessas redagies, foram considerados os objetivos principais que devem ser explorados durante 0 proceso de redagio textual, a0 mesmo tempo em que orientam a pritica da escrita, conforme registra Folizardo (1978:05}. Estes objetivos podem ser assim enumerados: 1) A linguagem escrita deve ser expressa em padro satistatério, 0 que & indispensivel a realizagio. pessoal do aluno @ a sua integragao_ no ambiente sdcio cultural em que vive; 2 Um estimulo ao pensamento légico e ‘ordenado, condicio primordial para uma exposigao clara, precisa © objetiva das idéias; DO aprimoramento da sensibilidade estética do aluno e@ 0 desenvolvimento de suas potenciafidades criadoras; 4) A rectiagéo dos valores cultura assimilados através da leitura ou de outras atividades que envolvam experiéncias educativas; 5) Oconhecimento das técnicas espectficas aos varios estilos de composigio literaria, 20 nivel do crescimento lingdisico e das expeniéncias de vida do aluno. Pode-se observar, portanto, que os objetivos da redagio como atividade didatica transcendem aqueles meramente especificos a0 ensino da lingua, uma vez que visa a atender 85 exigincias do homem como tal, capaz de ‘emitir um conceito, expressar um sentimento, relatar_um fato; de dispor, enfim, dentro do sistema idiomitico de que se serve, daqueles recursos que melhor € mais corretamente exprimam suas necessidades, interesses e aptidoes. © processo de escritura em sala de aula © provesso de ensino de redacko parece ainda mais complexo quando verificado 0 modo pelo qual é efetuado em sala de aula. A questdo lingfistica parece ser a mais relevante, muitas vezes ‘anulando” 9 proceso de escritira propriamente dito, isto € a capacidade discursiva do. aluno expressa_em _signos lingitsticos. Observa-se, com isso, (jue a atividade comunicativa’ asaime importinca secundatia no contexto escolar atual, uma vez que 05 eros gamaticais determinam a ‘competéncia na performance do aluno-aprendiz 40 realizar a escritura de redagoes, que jé nao é Visto. como um aprendiz, mas como “interlocutor sem voz". Essa consideragao pode ser comprovada a partir do tesiemunho de Albuquerque (1998:10): ©) as redaies sto. om gera, ‘eaminadas ou avalals somente en rebgdo 35. vansgresiies gramaices, sem matores prcocupinées como ‘erlido emergene, 08 com 0 aspecio lnterbeutvo ox procesos de _prodaoirecepx io de mais, Prive Se neste tipo de comga0, apenas 0 specto gramatial em deeimento dos ‘ipectos textual edscursvo, Soma-se a iss0, 0 fato de 0 aluno nao encontrar, durante © processo discursive, que seria caractesistico tla valagao, urn interlocutor, ‘ou melhor, um destinatério para estabelecer interagao comunicativa. O aluno se depara, segundo Albuquerque, com um juiz~“o juiz de seu texto” 0 que contribui para tomar a tarefa de escrever mais dificil Diferentes conceitos para coordenacao ¢ subordinagao - e a énfase promovida pela subordinacao Sabe-se que 0 periodo compost, objeto deste estudo, € constituido de duas ou mais forages que, dependendo da relagao que estabelecem entre si, caracterizem um perioxio composto por coordenagde ou subordinacao, © perioddo composio por coordenagéc: & formado por duas oragies inclependentes, isto 6, por oraghes que nao funcionam come term tegrante de oulra oragio. Podese dizer, portanto, que o periode composto por coordenagio @ consiituidks por oraghes sintaticamente ——indepenclentes, mas dependentes semanticamente. Por outro lado, 0 period composto por subordinagio pode ser entendiddo como acule constituide por duas oragées, cujos valores diferem. Na subordinagio, ha uma oragto designada principal que nao funciona como termo de outra e que tem associada a si uma oragio subordinada, sta se associa a oragio principal para funcionar come um term integramte, que the assegure uma signiticagso necessiria, Assim, as oragées subordinadas frame podem ser entendidas como sintatica € ‘semanticamente dependentes. ‘Segundo Favero (1992:51), 0 processo de cwordenag3o. e subordinag’o. merece uma proposta de revisto a luz da Lingiistica Textual. Segundo a autora: A dicutdade com que 0 professor de Portugués se depara ao tentar exphicar @ concetos de coordeangdo © Snbordinacio decorce do Ito de se stare etn merarsente nic fu formas. quando, na rediade, ¢ Imporshe! dasoclarse 0 componente sntateo do seminiico © pragmatco, eda que eta dooce lenhe ‘ponas nainde dst. Desse modo, outro autor que merece atengio, ao referir tals processes, também mencionado no antigo de Favero, 6 Othon Garcia, que menciona 0 procezza denaminado Faka Coordenacse: Segundo a doutrina tradicional € criecona, 28 oracies coomlenaris se ‘daem —independemtes eae subordinadas, ‘Mademamente, no envanto, 2 quesiio tem sido encarada de modo diverso: epeadéncia semintica mais do que snuucaobservada ambi na pardgrafo do texto. Yerificada a andlise, no que diz respeito as conjungdes subordinativas, apesar de ‘ocorrerem menos freqilentemente se comparadas as coordenativas, constatou-se um emprogo recorrente entre as _redagtes analisadas e, na maioria dos casos, aclequaco & situagao de uso. Em outras palavras, verificou-se que, embora zpresentem um grau de difieuldacle maior de insergéo em determinada estrutura, devido principalmente 20 caréter hierérquico que denotam, as conjungées subordinativas foram utilizadas de modo satisfat6rio, uma vez que preservaram 2 unidade semantica do texto, cantribuinde, deste modo, em termos de coesio e coeréncia textual Tal constatac2o pode ser explicada pelo fato de as conjungdes —_subordinativas apresentarem de forma mais nitida a relag3o hierdrqwica quanto ao sentido que expressam. Embora essa relagio expresse um sentido mais enfético, apresenta uma maior complexidade de organizagio semfntica. A. seguir, alguns exemplos de oracoes subordinadas, sendo as subordinadas adverbiais causal, condicional © final as mais ublizadac, bem como as subordinadas substantivas subjetiva e objetiva ireta @ a subordinada adjetiva, prindpalmente a restrtiva, entre as redagties que foram ‘analisadas. Emprego das oracdes subordinadas adverbial final e adjetiva restritiva “Para se ter uma idéia da conscientizacao / que a leitura passa ser, um fator de construgao de consciéncia critica de um individuo e sua reflexao da realidade, devemos levar em conta.a sua formacéo moral € 0 meio onde vive” (“Leitura Consciente”, redagao animero 20). “A leitura traz novas idéias / que geram empregos / que matam a fome” (‘Tempos Crlicos", redagéo niimero 11). Emprego da oracéo subordinada adverbial condicional “Se ao mencs a metade da populacéa do mundo onde vivemos tivesse a educacio eo direcionamento de ler as coisas que tivessem realmente valor, teriamos muito mais pessoas conscientes ¢ capares de refletir a nossa realidade” ("Leftura Consciente”, redagdo némere 20). “Se houvesse um estimulo a biblioteca piiblica, esse seria um problema de fécil sclugio, mas como isso nfo existe (na tealidade de Brasil) a pergunta continuard existindo, e um fis pouco mais aprofundado: @ que fazer para surgir fontes de cultura (livros) para o pavo? ("A necessidade de ler"). “(Portanto} se tivermos capacidade de podermos selecionar ou distinguir a methor Jeitura, com certeza em nossa vida e em todos 05 momentos de nossa realidade seremos também capazes de analisar e refletir entre 0 bem e 0 mal ou o certo € 0 emado, aprenderemos também a definir a melhor direcao ou 0 caminho a seguir para atingirmos as nossas expectativas” (“A leitura como um modo de aprendizagem’, redagao ntimero 35). *Conduimos se © gaverno nao tomar providéncias imediatas em relacao ao ensino brasileiro vamos, a cada dia que passar, ter ‘mais semi-analfabetos com ou sem diplomas nas maos" ("O Ensino Brasileiro", redagao nimero 2. Presenca da oracdo subordinada substantiva subjetiva “€ isto que esperamos da leitura, além da verdade" (*Veiculos de Comunicagio”, redagao ndmero 20). “Percebe-se que € dificil em meio a tanta fome, miséria, desamor, tanta luta pela sobrevivéncia, lembrar do habito de ler”. (“A necessidade da leitura"). Neste caso, a orag3o subordinada nao pode ser objetiva direta porque 0 verbo da oragéo principal esta acompanhado do pronome apassivador “se* (0 objeto direto se transforma em sujeito na vor passival. “£ fundamental que ele (professor) seja bem remunerado financeiramente pois assim ele proprio vai se valorizar como professor” ("O Ensino Brasileiro”, redagio niimero 2), NOTA 1: Alem das cbservacies _assinaladas anteriormente, constatou-se que a oragdo subordinada adverbial temporal € utilizada quase sempre na sua forma reduzida (ndo ha conetiva @ 0 verbo etd na forma nominal, através de locugoes adverbiais temporais. “No momento em que as pessoas tomarem consciéncia da importancia da leitura séria, sera dado um grande passo para se ter um mundo melhor de se viver, com pessoas adquirindo conscidnda eritica de valor e com bom grau de capacidade para avaliar e tentar sai da realidade que enfrentamos em nosso dia- adia” ("Letura Consciente’, redagéo nimero 20). NOTA 2: No que se refere ao uso da subordinagio, h4 uma primazia de oragdes adjetivas em relagdo as substantivas © adverbiais. Além disso, observou-se o emprego do pronome relative “que” em sua maxima extensio, como se os redatores no tivessom conhecimento dos demais pronomes relatives que figuram na lingua portuguesa, como, por exemplo, 0 “cujo” @ suas flexoes. Exemplos: “Trocamos projetos, e sabemos o caminho certo, pelo que buscamos nas mais diversas leituras que nos instrui e coloca a realidade que vives nas nossas maos”. (“Uma maravilha do Mundo: O livro", redagio nimero Ai). “Com a desigualdade social que existe, a maioria das ciangas crescem sem saber ler. Geralmente as que vive nas ruas aprendem a soletrar e léem na sua maioria, livros que nao educam, mas, que marginalizam” (“Leitura: Um Habito Saudavel, Mas Nao Para Todos"). “Entre tantos valores que existe na vida das pessoas, hd o gosto pela leitura, Em que salientamos como um fator de critica e atualizagéo com a realidade em que viveros” (CA importinda da Leitura’, redagao némero 3D. NOTA 3: Paralelismo sintético © proceso correlative ‘nao s6.mas também" exige quase sempre paralelismo estrutural das expressées que se segue a cada um dos elementos que o constituem. Além. disso, a expressdo “nao 36” exige a expressio ‘mas também", caso que ndo ocorre no fragmento abaxo: “Nao 96 palavras dificeis e bonitas, so escolhidas para escrever em um livto, mas sim ‘expressar idéias, pensamento e _criticas” (CLeitura e Reflexao", redagao nimero 32). ‘Além deste periodo no apresentar um paralelismo sintatico, parece haver o que Othon Carcia denomina de “cuzamento ow contaminagio sintética’, uma vez que, conforme relerido anteriormente, 0 par fp Correlato “nao 35° exige “mas também” € no “mas sim. Para condluir, verificou-se, na andlise das redagées do vestibular da UNIFRA de 1994, ‘que as inapropriagées mais comuns nos textos resullam, em sua grande maioria, de uma estruturagéo inadequada da frase por incapacidade de estabelecerom as legitimas relagoes entre as idéias. Os alunos, ao usarem demasiadamente 03 periodos coordenados, ‘obviamente no cometem erros muito graves, ‘mas a coordenagao nem sempre € © processo sintético que mais convémn adotar. Mesmo nas situagées simples, tem-se de recorrer com frequéncia ao proceso da subordinagao. E justamente neste. momento que os. alunos “atropetam” as palavras e desfiguram as miituas relagoes que entre si devem manter. Othon Garcia sugere que se a andlise Sintitica fosse praticada como. um meio e no como um fim, cla ajudaria © estudante a melhorar consideravelmente a organizacao da sua frase. Desse modo, ao invés de aplicar a analise sintatica de maneira enfadonha e arida, la seria utilizada partindo-se da idéa que se ‘quer expressar para a forma que se procura, iso é, da nocao para a expressdo, ¢ nao em sentido inverso, que € 0 caminho percorride pela analise sintética segundo o método costumeira. Sendo assim, em vez de sugerir a0 estudante descobrir e classificar, em um periodo, termos e rages que expressem Gircunstancias e relagdes, dever-seta seguir um sentido contrario: das idéias que se tem em mente para os termos e orages capazes de traduzi-las. Por exemplo, no lugar de pedir a0 aluno que dassifique uma oraco causal apontada num texto, seria mais proveitoso sugerir-lhe que tradurisse a idéia de causa em ‘extruturas sintaticas equivalentes, que nao predisaiam ser obrigatoriamente apenas ‘cxagies subordinadas. Para isso, no entanto, toma-se indispensivel, antes de mais nada, definie ou concetuar ciaramente o que é “causa", *motivo’, “explicagio", depois dar vocabulatio e os padres com os quals indicar a mesma circunstancia. 4 Referéncias bibliograficas ABREU, Aninio Suites. “Coordenaco © Suloetinagao tana proposta de descrisio gramatial": ALFA ~ Revita de Lingibtica. io Paulo: Funiacio Editora da UNESP, v1, p1337, 1997. m ALBUQUERQUE, Maia Fulalia Tomasi. “Algumas efits ‘a tespeto do emsino de reclacio": Revista Letras ~ escrta ‘como pritic social. Sata. Maia: UPSMICAL, 1.17, p 9444, JuldDer. de 1988. FAVERO, Leonor, CLEMENTE, ho, KIRST, Matta @t al Lingiistca aplicada 20 ensino de portugués. Mercado ‘Abe, Porto Algie:1992. FELIZARDO, Zoleda, Teoria © Pritica da Redaséo. Rio de Jancivo: 1978 HENRIQUES, Clautio Cezar. Sintare Portugues — pare a inguagem culta contermporines, Ofici do Ace: Rin de janeiro, 1997, LEITAD, Luiz Ricardo: FILHO, Jofo Ramon & FRETAS, Rosingela. Gramatica Critica ~ 0 cult # 0 coloquial no portugués brasieiro. Oficina do Autor: Rio de Jareco, 7994 GARCIA Othon. Comunicacéo om Prosa Moderna. 15 ed. Rio de Janeio: dios da Furelacso Geli Vargas. 1992. icias]

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