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o valor do capital (ft. art. 277%, n¢ 2CSC™*)*. sobre os fundadores poderé recair uma dade por todos os danos causados resultantes do’ relativas o capital social minimo (ft. art.71,n® 3 CSC). 5. Lucrose 5.1. O lucro como essentialia elementum do conceito de sociedade ‘Olucroé um dos essentiaiaelementa do conceito de sociedade (ft. art. 980" Civ)", podendo dizer-se que constitui a prépria causa do contrat”, artigo 161 Apesar de esta norma apenas refer apossbilidade des sociedade fazer cessara “causa de dissolugio" - que determinou a entrada da sociedade em liquidagio-ena hipétese ‘de que agora cuidamaso que se verfca¢ uma causa de imalidade, afigura-e-nos defensivel ‘uma tal posigio. Com efeito, o primordial fm visado pelo regime da mulidade docontratode sociedade~ atutela dos credores ~ encontra-se devidamente acautelado, na medida em que aquele regreso atividade por parte da sociedade apenas é possive, depois de terem sido pages todos os credores ou de estes terem dispensado a liquidacio do seu crédito (fr. art 1G, 3, al). Donde ~ até pelo fever secictetis subjacent ao regime ¢ cumpridos os demais ‘equisitos do art. 161, nomeadamentesanando ovicio que determinou a sua imvalidade, ng, sravés da ealizacio das entradas necessrias para ibera¢4o minima do capital socials parece que poderi a sociedade que se encontre em liguidasSo retomar, agora expurgada de ‘quaisquervicios, oexercico da sus atividade, ™ Eovalorreferidoem texto nbocorresponde 2 30% do valor do capital social minim (que € de 50.0006, para este tipo societiio ~ ff. art. 276%," SSC). © Aceitando que esta posss ser a solugto da nossa lei, vide Osditto DE CastRo, “Alguns apontamentos sobre a realizacio-e a conservagio do capital” Dj, 1998, p. 277-298, p. 292.5. Este A. considera, no entanto, que, ainda que nto sea liberada a perceatagem minima dss ‘entradas em dinheito legatmente fixada (30%) verificarse-4 apenas um retardamento, uma situagio de mora e nfo um incumprimento definitivo das regrasrelativas 3 liberagio docapital social miniimo, pelo que aquele viio nio determinari 2 nulidade do contrato de sociedad fr. Oséxio DE Castao, “Alguns apontamentos.”,p.294.5 ™ Sobre anacio de socedade entre ns, vearse alicio de Lono X vit, Seitdadescomeniic ‘Ligées ..p.3,s, Para um panorama de direito comparado sobre a questio do excope eratho ser um elemento essencial do conceito de sociedade, vide CouTINHO DE ABREU, Cur vol Ip. 29,5. Vide também Pars pe VASCONCELOS, A partcipsto sacial..p.71,5,€2 bibliografs referida in ” Chr. Francesco Gata’ cit pe anond ~ rata pubblico dfecoenia, vo, 7, Cedam, Padova, 988, p. 57,5. ‘CAPITAL B PATRIMONIO SOCIAIS, LUCEOS E RESERVAS __ da sociedade — que, nesta dimensio, se costuma lucro ee eee ~se, nesta vertente, por lucro subjetivo”. Esta diiplice concegio de hucro é, inquestionavelmente, aquela que esti presente na nocio de sociedade contida no art. 980° CCiv., onde se pode ler que o fim da sociedade é 0 de os sécios repartirem entre si os lucros resultantes do exercicio da ati- vidade social (fr. art. 980°, in fine Civ)". De resto, esta vertente sub- jetiva do lucro é o quid specificum das sociedades comerciais, que permite diferencié-las das outras estruturas associativas (associagbes, cooperati- vas, agrupamentos complementares de empresas, consércios, etc), onde tal circunstincia nao se verifica”?, sécio, individualmente considerado, tem, pois, um direito sobre o lucro (que, entre nds ¢ para as sociedades comerciais, esti expressamente consagrado no art. 21°, n® 1, al. a) CSC, que se traduz, por um lado, no direito de exigir que a sociedade tenha por finalidade o escopo lucrativo ¢, por outro, no direito de participar na distribuicao dos lucros apurados r © Assim, entre nds, FERRER CORREIA, Liles... vl. Il, p. 9; Lono Xavier, Sociedades comerciais. Ligbes -. p. 21,5; CoUTINHO DE ABxEU, Cun, vol Il, p. 29,5; OSORIO DE CasTRO/ANDRADE £ CASTRO, “A distribuicio de lucros trabalhadores de uma andnima, por deliberacto ds assembleia geral”, 0 Direte, 2005, p. 59, s; MaNwEL Prra, Direito aos Jacros, Almedina, Coimbra, 1989, p. 65. Pais de Vasconcelos refere. a este propésito, uma rnogdo ampla (compreendendo toda e qualquer “vantagem econdmica proporcionada pela sctividade social”) ¢ restrita (que abrange apenas “a vantagem econdmica que se forma ¢ pura na titularidade da sociedade, para depois ser distribuida aos sécios") de lucro. Ci. Pais pr Vascoscet.os, A participa soil... p. 80, §. © Note-se. porém, que a consagragio desta vertente subjetiva do lucro societério apenas se verifica, nos textos legais, a partir do Cédigo de Seabra, formulagio que foi depois mantida no Cadigo Civil de 1966, Até ali a legislagio © a douttina referiemse apenas “ao maior jado o fim por ela visado. Sobre a questo, vide Pats DE ganho" de sociedade, como consti -ONCELOS, A participapte wocial_. p. 15,8. p.Bl. fr. Loo Xaviex Lowa Xavier, Sociedades comerciats Ligées.,p.21,s;COUTINHO DE (Garwo .s0h Hp 31.ss¢ OsOnio pe Cas TRO/ANDRADE E CASTRO, “Adistribaigio 1", p 59... Pars uma anilise ¢ sintese das opiniGes contririas que, sobre esta matérla, 2 defendidas entre nés. vide J. M. ASCENSO, “As sotiedades no lucrativas. Breve ‘anilise do direito dos sicios 108 luczos”, RDS, 2011, p BIL. pela sociedade ™. Trata-se de um direito irrenunciivel e inderrogivel do ‘sécio ™, de que é corolirio a proibicio do pacto leonino - a exclusio de ‘um sécio participar nos hucros — previsto, com cariter geral, no artigo no art. 994* CC. €, no que especificamente as sociedades comerciais diz respeito, no artigo 22%, n* 3 CSC. 5.2. Odireitoa quinhoar nos lucros ¢o dever de participar nas perdas 5.2.1. Critério legal (supletivo) de participagio nos lucros e perdas, Derrogacio do regime legal De acordo com 0 art. 2%, n* 1 CSC os sécios participam nos lscros ¢ nas perdas da sociedade segundo a proporgio dos “valores das respetivas par- ‘ticipagdes no capital” "*, ® O que nto significa que o sico possaexigi da sociedade « concretarepartiio do lucro, Vide sobre a questio, infra ponto 53.3. Comneta, Ligées _, vol. 11, p. 260, s_ Sobre esta matéria, vide também V. G. Lono Xavren Anulapéo de dliterese socal deliberasSsconezas, Atlantida Editora, Coimbea, 1975, nt. 76a, p71 5. Oart 22',n! 2CSC acrescenta ~ também de forma supletiva - que “se ocontrato determinar ‘Somente a parte de cada sécio nos lucros, presumli-se~d ser a mesma a sus parte nas perdas” © No caso de participaches soctats com valor nominal, o critétio supletive da lei €o de que (0s sacios participam nos luctos (¢ perdas) na proporcio dos valores nominais das respetivas [participagies sociais no capital social (era essa, aliis, a redagio original da norma, que fot aherada pelo DL 49/10, de 19 de mato - que velo consagrar, entre nés, 2 figura das aches scm alor nominal -, slteragio que visu acomodar o critéio ds Ie para exe outro tipo de pparticipacbes sociais) A referencia da lei“aos valores das respetivas participagbes no capital” iésetorma menos compreensie! para usages sem valor nominal ecentémententrodtas a soctedade com exte tipo de agbes, 2 molds de dios sect de um scion se pode = sferr polo valor nominal dasagtes uisavez que este no erste, rss, nentassociedas. 4 esignar pelo valor contabilisicn das agbes, Se socal pelo nimero de agbesemirides. Trata-se de ura valor que éfacilmemte determinavel-¢, consequentemente ficil €determinar a medida dos direitns socais de cada um -, wana ez «queso estarutos, para alem de capital socal (eft-an.9#,nt Lal) CSC), se deve igualmeate referiro nimero de aghes emitidas (ct-art. 272, al.) CSC). Deste modo, se uma sociedad tiver um capital social de SO.DO0G, representado por 1900 aces sera valor nomioa}, um sécto que scja titular de 11000 ag6es, terd participagbes sociais com um valor contabil de 5.0006, ¢ teri, por iss6, cin principio, [0% dos direitos de voto, 10% do direito 28 tucro, etc En (CAPITAL E PATRINONIO SOCIAIS, LUCROS E RESERVAS ‘Trata-se, alias, da regra geral para a determinacao dos direitos corpora- __ tivos (quaisquer que eles sejam: de natureza administrativa ou extrapatri- monial e/ou de natureza patrimonial, como é 0 caso do lucro) dos sécios. A medida dos seus direitos ¢ aferida, normalmente, pela participagao de cada um no capital social”, Este principio nao é, porém, um principio de ordem publica, podendo ser livremente derrogado pelos sécios. De resto, a parte inicial don? 1 do art. 2I* CSC expressamente dispée que a regra ali consagrada nao € uma regra imperativa. Ela pode, por isso, ser alterada pelos sécios, desde que, itamense, a shersns pbs Se Oe CAINS Tae pa tata pac Jeonino (fr. art. 21°, n® 3 CSC)". A nio aplicagio da regra prevista no art. 21°, n® | CSC deve resultar de norma legal especial (“preceito especial”) ou de “convencio em contrario”. ‘Acexpressio lata ¢ extensiva usada pela lei autoriza a que se possa concluir que 2 derrogacio da regra contida no art. 21°, n* 1 CSC pode resultar, quer de uma cléusula do contrato quer de uma deliberacio social. Em qualquer caso, no entanto, a deliberagio social que afaste o regime do art. 21, n® | CSC privilegiando um ou mais sécios deve obrigatoria- ‘mente ser aprovada por todos os sécios. Com efeito, estando em causa uma desigualdade de tratamento dos sécios, a deliberacio devera ser aprovada por todos¥vles™, uma vez que o referido principio nao tem “o alcance de impedir as desigualdades consentidas pelos interessados”™, ” Note-se, no entanto, que esta regra. na matoria dos casos, pode ser contratualmente alte- rada pelos sécios. Vide supre nt. 67, * Cf. Ferner Conner, Lighes... vol Il, p.267,s > Neste sentido, vide RAUL VENTURA, “Dircitos especiais dos sécios”, O Direit, Ano 121 1989), 1, p. 215; 1b. Sociedades por guotas, vol. 1, Almedina, Coimbra, 1989, p. 16; ¢ BR1to Conneta, Dirito comercial, * vol. p. 330. Em sentido diverso, considerando nio ser exigivel » qual, por regra, implica a nfo observincia do principio da igualdade de tratamento), vide COUTINNO DE AnREv, Curso 2 unanimidade para a atribuicio de um direito especial vol. I, p. 201, s. (para quem a criac3o de um direito especial podera resultar da maioria ccxigivel para a alteracSo do pacto social, quando a mesma sejajustificada pelo interesse social); €P. OLavo Cunia, Os direitos expeciais dos sicios nas soiedades andnimas: as acpbes privlegiadas, Almedina, Coimbra, p. 183, 5 ® Cfr. Rat VENTURA, Sociedades por quotas, ol. 1, p. 208. Efetivamente, se for atribuido to privilegiado 3 um socio na distribuicio dos luctos, isso significa que todos os terio, nessa matéria, um tratamento mais desfavorivel, pelo que todos cles terdo de (Gear 2 SC 5.2.2. A proibicao do pacto leonino Oart. 22%, n®3 CSC estabelece, especificamente para as sociedades comer. ciais, a proibic3o do chamado pacto leonino™, considerando mula a cliusala que exclua um sécio da participago nos lucros ou nas perdas"™. A doutrina tem questionado se ¢ também justificavel —¢ se a justifica- do a mesma para ~ a exclusio nas perdas ¢ a equiparagio do respetivo regime 20 da exclusio nos lucros"™. ‘A nossa lei é, no entanto, hoje, clara, sancionando inequivocamente qualquer uma daquelas duas vertentes do pacto leonino, seja a ndo parti- cipagio nos lucros seja o no quinhoar nas perdas. 3 % As expresses "pacto Ieonino” ¢ “parte de leo” tém origem na célebre fibula de Esopo (@scravoe figuia lendaria da Grécia antiga, que teed vivido no sée. V1a.C, ¢ um dos maiores criadores de fabulas), segundo a qual um leio, um barro © uma raposa associaram-se para cefetuar uma cagada. No final da cagada,o Icio solictou so burro para proceder i distribuicio, entre eles, da pega de casa, o que este fez, repartindo-a em tr&s partes iguais. Furioso coms | aquela divisio, 0 leio comeu o burro, solisitando & rapasa que procedesse cla 4 repartigio, | da pega de caga. Esta reuniu astrés partes ¢ entregou-as 20 leo. Tendo-the este perguntado | ‘onde tinks aprendido 2 fazer a divisio, a raposa respondeu: “Aprendi com o burro” Vide | Menezes Coxoeino, Die da sceades, Port ealp 646,s,¢ VASCONCELOS ARBEC | “A sociedade leonina”, ROA, 1966, p.620,s. (A. que menciona, no entanto, a ansloga fabuls de Fedro e nto a de Esopo) © A parte final da norma ressalva, comudo, “0 disposto quanto a sécios de industria” Sobve o sentido da ressalva, vide infra ponto seguinte (5.2.3). z © ‘Sobre a questio, vide FERRER CoRREia, “Pacto leonine: especies, prolbiglo ¢ sews fundamentos’ in RLY, ano W05 (1972-73), p. 106, , Pines De Lima/AwTunes VaReta. + Ctigo Civil enotado, vol. I, p. 328, CouTINHO DE ABREU, “Curso..”, vol I, p 415.3. € Vasconcetos ABREU, “A sociedade leonina”, p 648, s Este A. (p. 649, s) “considers materialmenteinjustific ‘CAPITAL B PATRIMONIO SOCIAIS, LUCROS B RESERYAS ho Pacto leonino tout court deverio igualmente equiparar-se aquelas ~ dliusulas que, nio excluindo um sécio dos lucros (ou das perdas), acabam por conduzir a0 mesmo resultado, por - pelas condiges ¢ exigéncias postas ~ tornarem praticamente impossivel ou muito dificil que o sécio participe nos lucros (ou nas perdas)"*, i.¢, devem considerar-se nulas, p.ex., aquelas iusulas que consagram privilégios que, “pela sua anormal amplitude, tor- ‘nem praticamente ilusdrios os direitos econémicos” dos outros sécios"®. Estatuindo-se uma cliusula leonina é ~ di-lo expressis verbis 0 art. 22°, n®3 CSC-tal cliusula nula", A nulidade afeta, pois, no atual regime, ape- nas a cléusula viciada ¢ nao todo 0 contrato de sociedade™*. Aparentemente simples, o regime suscita algumas dificuldades, nome- adamente quanto 4 questio de saber qual a sorte do contrato de sociedade ™ Neste sentido, veja-se Fennex ConReia, Lifdr... vob Il, p.267,8;¢P. OLavo CUNHA, Dirito das sctedadescomerciais,p. 329, Assim, Unra/MEnewpez/MuSoz PLANAS, “La junta general de accionistas”, in (Comentario al rgimen legel de las sociedades mercanties, tomo V, Civitas, Madrid, 1991, p. 435. Nomesmo sentido, vide também, FRaNco Dt Samaro, Lesorieta, Utet, Torino, 1999, p.20,5. (qve di, como exemplo, a sicuagio em que o sicio apenas terddireito& participagso no hucro quando for conseguido um determinado resultado que, atents 1 dimensio da sociedade, parece imposltvel de alcangar). Nio , no entanto ficil, como reconhece FERNANDEZ DEL Pozo, Le apicacion de resltados en las sociedades mercantile (Estudio especial del artcule 213 dela Lay de Sectedades Anérimas), Civitas, Madrid, 1997, p. 134, s,estabelecer a fronteira que delimita ascliusulas que consubstanciam um pactolewnino, Poderi, sem difculdade, dizer-se que tal ‘ocarrera quando, numa determinada sociedade, atm sécio com uma participagio minortira, se atribui 99% do lucro, mas ji € dificil estabelecero limite até a0 qual aclausulaé tolerdvel, ‘em que se possa considerar leonina, Este A. prope como critério que uma clausula deve ser ualificads como leonina, quando “concede ao accionista/quctsta uma retribuksSoexorbitante, sxendendo i sua entrada, causando um desequilibrio injustificado entre ossicios e consagrando ‘um desvio inoleravelrelativamente a principio da igualdade de tratamento” (p. 132) ™ Note-se que Fenne Conneta, Lyées.., vol. Il p. 269, considera que mio sera nula a cliusula que preveja que, falecendo um sécio, os outros terto dircito 3 totalidade das lucros, Sendo 0 direito 20 hacto subjetivo (L¢, 0 diteito a repartigio do lucro pelos sécios = cfr art. 980° CCix, in fnd) uma caracteristica fundamental do contrato de sociedade - que a pecibico do pacto leonino visa precisamente assegurar -, no se pode deixar de discordar daquela Posigo, considerando que a referida cliusula é uma clausula leanina c, portanto, nula "Ea cliusula seri nula ainda que nko consie do pacto social, mas estea inserida, p. ex, ssocial. Clr, FERRER CORREA, Lider», vol. I, p. 268, nt. Ie MENEZES das sviedades, Lp. 652 do que se estabelecia no art. 1242* do Gédige de Seabra num acordo Convein: onde a cliusula leonina se insere *”. Convém aqui no olvidar que, apés__ © registo, ¢ para as sociedades de capitais ™ a lei restringe fortemente ‘as causas que podem determinar a nulidade do contrato, e nelas nao se Finalmente, o art. 22°, n° 4 CSC estabelece também anulidade da cliu- sula pela qual a divisio de lucros ou perdas seja deixada ao critério de ter- eiro, o que mais no constituiu que um desenvolvimento da proibicio do acto leonino, uma vez que tal cléusula permitiria abrir (rectius, escanca- Tat) a porta para situagdes leoninas ™. S23. de: Orespetivo a obrigagto participar nas perdas. on poem des limitada O CSC estabelece também fe seas adele aids ek nhoar nas perdas (art. 20°, al. 6) CSC), sendo nula qualquer cléusula em contririo (cfr. art. 22%, n® 3 CSC). 3 Trata-se da consagragio para as sociedades comerciais da regra pre- vista, com caréter geral para todas as sociedades, no art. 994° CCiv. ™, ¢ que constitui uma das faces do chamado pacto leonino. ~assim, BR1T0 ConetA, Direitocomerciel,2*vol.,p. 172; ¢ FERRER CORREA, Ligtes vob. I, p. 260, +, que acentua, na anilise da eventual ilicitude da cliusula, a'vontade hipotética das Partes, considerando, p. ex, que “aqucle que prestou 3 sociedade determinado capital, prescindindo de toda a participaco nos lucros, o tenha feito animo denandi”,ndo pectendendo, Por isso, aquele individuo participar numa sociedade, mas fazer um outro negécio juridice: uma doacio ou um empréstimo. E, nesta hipdtese, a cliusuls nio seri aula, devendo ser aprowcitada com esta configuragio juridica (considerando arguta a posigio de Ferrer Correia, vide Pais DE VasCONCELOS, A participardo social _, p 51). Diferentemente, outra doutrina ‘considera que aqui apenas poder4 ser aplicivel oinstituto da conversbo (art. 293 CCiv) ~cft Menezes Conpeino, Divito das raiedades, 1, p. 653 ™ Cir. art.42' CSC, cujo regime tem origem no art_12* da Primeira Diretiva sobre sociedades: ™ Assim também, Mexrzes Coxpeino, “Arti digo das Sociedades Comer netado, Almedina, Coimbra, 2011, p. 47 " Hiquem defenda, nesta circunstincia, aplicacSo do instituto da redusio (art. 292" Cie) 7 o da sano prevista ma lei, para a violacSo da obrigagio de participagio nas VaScONCELOS ABREU, “A estritiva do art. 994 Civ. Vi jedade Ieonina’, p. 654, s, que prope uma supra nota 183, iinsiaientsiinnisiii il (CAPITAL E PATRIMONIO SOCIAIS, LUCKOS E RESERVAS aqui contudo, final do art. 208, al. 6) CSC, que exceciona do regime imperativo da parti- cipac3o nas perdas 0s sécios de indistria™. Aquela ressalva do art. 20°, al.) CSC deve ser lida cotejadamente com 0 disposto no art. 178%, n® 2 CSC, onde se estabelece que os sécios de indtis- tria n3o respondem, nas relagbes internas, pelas perdas sociais”®. Daqui resulta que os sécios de indiistria, em obediéncia 20 principio geral pro- clamado no art. 20%, respondem obrigatoriamente nas relag6es exter nas ~ i, perante credores sociais'” pelas dividas da sociedade™*. Jé nas = E tambémbséntica 2 responsabilidade dos sécios comanditados nas sociedades em comandita, independentemente de se tratar de uma sociedade em comandita simples ou por aghes (cfr art. 465%, n 1 CSC). Ossdctos de industria so aqueles cuja entrada é constiruida pelo seu trabalho ou prestag$o e servigos, podendo apenas ser sécios de uma SENC ou sécios comanditados de uma SC. ™ £ tdéatico o regime consagrade no art, 992%, at 2CCiv = E por uma questio de tutela dos credores socials, Opacto social nio poderi afascar esa tesponsabilidade por dividas relatvamente aoscredores, sociais. |’ poderd, no entanto,afasta o regime supletivo previsto na lei quanto responsabilidade pox dividas nas relagSes internas, estabelecends, p.ex..que mesmo no imbito destas rla5Oes, 0s sécios de tedistria responderso pelas dividas socials (cft. art. 78", n* 2CSC, in fine). ®® Se tal acontecer, o sécio de industria terd dircito de regresso de tudo quanto pagou a credoces socials, dos restantes sOcios de capital. To m exemplo muito simples para explicitaro que acabs de ser dito. Suponha-se que uma dada SENC tem seis sécios: trésdeles. ‘A, Be C) sio sécios de capital com uma parte social com o valor nominal de 10.000 € cada; cs outros tés (D, ¢ F) sho sécios de industria, a cuja parte social foi stribuide também ~ para efeitos do art. 176%, 1.) - um valor de 10.000€. Se A pagar uma divida social no valor de 6.000€ tera direst a reaver de cads um dos outros sécios de capital (¢ 6 destes |i no os sécios de indéstria, uma ve2 que estamos aqui no Ambito das relagoes internas) a parte gue the compete na di cou scja,€ uma vez que, tendo partes sociais de valor igual, a participasio nas perdas dos trés s6cios de capital é ~ a menos que se 75°, 3), jvida social (cfr. art. S24* C1 tenha estabelecido contratualmente cricério diferente ~ idéntica (cfr. arts, 22°, 1¢ internas ~ entre os sécios -, de acordo com o regime supletivo relagdes da lei (fr. art. 178%, n® 2), nio Ihes poderi ser ‘exigido qualquer montante relativamente ao pagamento que um sécio haja feito a um credor social”, A alusto a obrigacto de participacto mas perdas parece prime facie sociedades de responsabilidade limi- bizarra para os sécios das chamadas. tus Gg, 01052) ben comm pur onstehe gal aetnoTacoen Sc a ‘uma vez que estes nlo respondem pelas dividas sociais (fr. arts. 197%, n° 3, 271", € 465", n® 1, parte inicial, todos do CSC). Esta referéncia a obrigatoriedade de participagio nas perdas, nestas sociedades, respeita, contudo, as perdas no momento da liquidacio da sociedade ~ i, as perdas finais ~, nas quais os sécios forgosamente par- ticipam, na medida em que nio venham a reaver o valor das suas entra- das™. Ou seja, a obrigatoriedade da sujeicio a perdas, nas sociedades de capitais, significa apenas que nenhum sécio se pode subtrair 3 eventuali- dade de nao reaver, integral ou parcialmente, o valor da sua entrada, sendo nula qualquer clausula contratual em contrario (eft. art. 22%, n* 3 CSC)". 5.3. A distribuicio do lucro A percegio do regime do CSC relativamente & distribuicio dos lucros, passa | ncessariamente pela plena compreensio da nocio ~ rectius, das diferen- tes nogbes - de lucro™*. A poders exigir de Be C, 0 montante de 2.000€ a cada um deles (0 que, somado 20s 2.0006 {que Ihe cabe suportar, perfaz otal da divida paga),nibo podendo exigir qualquer montane de D, Ee F. Diferentemente, efor um sécio de indistria (p.ex,D) pagar a divida social 20 credo, cle no poderi exigir qualquer montante 308 outros sécios de industria (no caso, a E €F), podendo, porém, exigir a totalidade do que pagou 20s sécios de capital. m Sobce esta matéri vide Lozo XAVIER, “AnotagSo a0 Acérdio da Relagio de Lishoa de? de Fevereiro de 1984", RL, Ano 119 (1986). n 3747, p.186,s. nt. 30; Pais DE VASCONCELOS, An Embora a desig jponsabilidade 2F2 a partitha do patriménio, em caso de €P. Otavo Cunt, porum duplote Dowixcves, ¥ > Sobre esa Vide, port ‘CAPITAL E PATRIMONIO SOCIAIS, LUCROS E RESERVAS 5.3.1. Lucro final ou de liquidagio Ollucro final ou de liquidac30™* é o lucro que se apura no termo da socie- dade, quando esta se liquida, e que consiste no excedente do patriménio social liquido sobre a cifra do capital social. Este lucro pode simplificadamente ser representado pela seguinte equacia: Lf=PS-CS em que LE = Lucro final PS = Patriménio social liquido CS = Capital social™ Jase vé, porém, que a relevancia pritica deste tipo de lucro ¢ diminuta, pois, como dbvio, seria irrazodvel que o hucro sé pudesse ser determinado | distal) pelos sSciog aguundo ds ete era sociedade”, por um duplo teste: um teste de balango ¢ um teste de solvéncia: Sobre a questio, vide TARso Dom incves, Varigyies. p. 316.5 € 569.5 = Sobre esta matéria, veja-se também COUTINHO DE AnREU, Curse, vol. IL. 413,5. ™ Vide, por todos, Fenkex Conneta, Lies. vol Il, p.235, s, esp. p. 240: € Pats DE VascoNcELos, A participarso social, p. 86. ~ acto éo ganho, éo incremento patrimonial conseguido pela sociedade relativamente aos bens afetados, com cariter permanente, pelos séclos a0 exercicio da atividade social, ele deverd aferit-se pelo confront Com efcit, re 0 capital social (que representa J) precisamente tl fundo patrimonil)¢ o patritminio social. Cfe.G. Rosst, Une di lance E n 66, para quem o lucro ¢ “ogni incremento di valore de! se stverich lapetln ol capstan f comestelacro final se pode aferirse soctedade teve efetivamente btidos num detceminado exercicio podem ser absorvidespelas 5.3.12. Lucro de balango, lucro periédico ou distribuivel 4 - puidas 20s ‘Dai, que alei venha permitir que em determinados momentos™ se deter- ‘mine o lucro, dito periédico ou de balango, da sociedade. ste luc de balango (oe doutrinaalemdeitalianacostuma desig. global ge desde o inicio da sua atividade até determinada data (a data aque se reporta 1 elaboracio do balango)e traduz o valor total dos lucros que podem ser distribuiveis pelos sécios. Este lucro periddico resulta agora da diferenga entre-o patriménio liquido da sociedade, por um lado, ea soma do capital dastreservasindis- poniveis (reservas legais ¢ estatutérias), por outro”. Para a determinagio — deste lucro™*hi, com efeito, que atender, para além do capital social ~ que no pode ser devolvido aos sécios -, As reservas indistribuiveis™, que sto aquelas que a lei ouo contrato de sociedade nfo permite que sejam distri- 2 Eomomentoszadoparaocfeito€ oda elaborasio dobalanco, donde Sccorreadesignagio que The é atibuida > Unie complesivo ou Totalgewine sto as expresses wsadas pela doutrinaestrangeira para Lé,a riquera gerada pela sociedade até determinada data. ® Cfi. Vasco Loso Xavier/Maxia ANGELA CoeLHo, Lucro abtidone exercicio, acto de balango ¢ hucro distribuivel”, RDES (1982), p. 261, = Que, reitera-se,corresponde so lucto distribuivel pelos sdcts. * Alki (cfr art. 295',n's2e 3CSC) expressamente sujita ao regime da reserva legal certos outros valores. £ 0 caso nomeadamente das reservas de rewvaliacto (eft. at. 295%, 2, a. 8) CSC) que, porque sujeitas a0 mesmo regime da reserva legal (0 que impossibilita, em Principio, a sua distribuicio pelos socks - cfr. ar. 296% CSC), devem também ser dedurias 1a determinaso do hucro de balango. Apesar dealetra d prevé, para o ficanadis 1* 2CSC nioimpora sua constituigho ~ uma vez que apenas mo respetivo regime juridico, arecendo, portanto, qu mibilidade da sociedade a constituigio ou ado de tals reservas ria para sociedade a constitu le elas exist que € obr o de reservas com os valor Assim, Rath VENTURA, Sociedade por quotas, ol. 1, p. 359. ali enunciados 7QBEB wa ome BOBS CAPITAL E PATRIMONIO SOCIAIS, LUCROS E RESERVAS "_buidas aos sécios (por se destinarem & prossecucio de determinados fins pee ° ou (que get pea pos ecbind oe duatouaed ca base poriee mente a cla nio se verificar qualquer vinculo de indisponibilidade), apura- -se da seguinte forma: Lb=PS-(CS+R) em que Lb = Lucro de balango PS = Patriménio social liquido CS = Capital social R= Reservas indisponiveis A nogio de lucro de balango é, assim, a nogo operatéria para a deter- ‘minagio do limite da distribuigio de bens aos sécios, sendo aquela que esté subjacente 2o regime do art. 32°, cujo regime analisaremos de seguida 5.3.1.3 Lucro de exercicio Finalmente, o lucro de exercicio, ou 0 lucto obtido no exercicio, consiste “na expressio monetiria do resultado positivo da actividade desenvolvida pela empresa social durante o mesmo exercicio” *. Ou seja, hi lucro de exercicio quando o valor do patriménio liquido da sociedade é, no final do ano econémico e em resultado da sua atividade, superior 20 que exis- tia no inicio. Lé, trata-se do excedente patrimonial criado apenas durante esse ano - que no balango consta da rubrica “Resultado liquido do peri- odo” do Capital Proprio ~ ¢ que podera traduzir-se na seguinte equagio: Lex = PSf - PSi em que Lex = Lucro de exercicio 95" e296" CSC, previsios paraas SA, mas apliciveis 4s SQ por forga do disposto at 2C56 Logo Xavien/Maxta Anotts Couto, “Lucto obtide no exercici sp. 261 UNH, Vide também Pais DE Vascoxcecos, A perticipasdo social. p. 86, ;¢ P. OLAvo 3,39, Direto da comercats, 1 i 1 1 i | PSf=Patriménio social liquido no final do exercicio PSi=Patriménio social liquido no inicio do exercicio Esta nogio de hucro é aquela que é acolhida na grande maioria dos tex. tos legais, sendo nomeadamente a que releva para efeitos do regime pre- visto no art. 33¢ CSC, e também para efeitos da constituicdo da reserva legal (fr. arts. 218* e 295" CSC) e da determinag3o— nos termos dos arti- {gos 217* e 294* CSC- da parcela do lucro a que os sécios tém direito por forga da le#™. Note-se, por outro lado, que este Iucro de exercicio ~ que normalmente ndo coincidira com 0 lucro de balanco”” ~ poderd nao ser distribuivel pelos sécios™. 5.3.2. Aatribuigao de bens aos sécios: a competéncia da coletividade dos sécios No ordenamento juridico portugués, o artigo 31° CSC ~ é essa também a regra no direito societirio europeu ~ expressamente estabelece que ‘a competéncia para deliberar sobre a atribuiggo de bens”, seja a que titulo for™, aos sécios cabe, em principio”, exclusivamente aos préprios 2% A pogio de lucro de exercicio mio, contndo, como se disse, a que esti subjacente a0 art. RFCSC. ® A afirmacio feita em texto pode mais impressivamente demonstrar-se com a seguinte (€ muito simples) simulacSo. Suponha-se uma sociedade com um capital social de 10.000, que no final do I exercicio apresenta um capital proprio de 7000, Nest2 hipstese, em que houve perdas, ela apresenta um resultado de balanco (¢ igualmente um resultado 8é exercicio) negative de-3000. Se no final do 2" exercicio apresentar um capital proprio de 8.000, a sociedade teve um Iucro de excrcicio positive de +1.000 ¢ tem um resultado de balango negativo de -2.000. ™ Vide infra ponto $34 ‘Quaisquer que sejam os bens (dinheiro ou bens em especie) Seja a titulo de lucros, reservas, ov 2 qualquer outro titulo. O texto da lei ¢ cristalino “nena disribulgSo de bens socia fo tilico é nosso} (..) pode ser feita aos sécios sem ter eto de deliberasio destes” (fr. art. 31°, n° 1 CSC ss judgement”. Cfr. Chan $.€§ 640 RMBCA (CAPITAL E PATRIMONIO SOCIAIS, LUCROS & RESERVAS Obviamente, if a sams dire, o que esta aqui em causa é a atribuicio de enquanto parte em negécios com ela celebrados*%, i.¢, enquanto titulares de um a locas de eas ccenepeaie™ Sublinhe-se, por outro lado, que este regime do art. 31° CSC é um regime imperativo que limita, por isso, os proprios poderes dos sécios, seja a0 nivel da modelagio do contrato social, seja ao nivel das deliberagdes sociais. Donde, qualquer cliusula contratual bem como qualquer delibe- ragao social", ainda que resultem do consenso unanime dos sécios, que violem aquele regime legal injuntivo ~ atribuindo competéncia ao érgio de administracio para distribuir bens aos sdcios sem a necessiria e pré- via deliberagio social - enfermarso de nulidade (cfr. art. 294° CCiv. e art. 56%, n® 1, al. d) CSC). Afora os casos expressamente previstos na lei™, o érgio de adminis- tracio nao pode decidir a atribuigio de bens aos sécios qua tale. Se 0 rgio de administragio deliberar uma atribuigdo de bens aos sécios - violando o regime legal imperativo da competéncia dos érgios societirios sobre esta matéria -, tal deliberagio sera nula*” ¢ os sécios terio, em pringipio, que devolver os valores que receberam™*, = Pense-se, p.ex, mo pagamento, por parte da sociedade, do prego relative i aquisigSo de tam qualquer bem a determinado socio. Tenham-se, no entanto, presentes as restrigbeskegais ; celebragSo de negécios entre a saciedade ¢ os respetivos sécins (cfr. p. et, 0 disposte no art. 29° CSC} 2+ Dineitos extracorporativos sio aqueles que “no competem 0 sécio a este titulo: sSo direitos estranhos 4 relasio de socialidade” Vide Fernex Conneia, Ligdes., vol If, p. 348. 2 Pex, ums deliberagSo social que atribua, durante um determinado niimero de exercicios, competéncia 0 Grgio de administraso para proceder a distribuigio de hcros sem necessidade de deliberasio dos soos mence 0 da disteibuicho antecipada de buctos (cfr. arts. 31". n° 1 ¢ 297* CSC), Covrinno of Asgx, Cuno ., vol Il, p.479, 5, sobre a violacio das regras de npetencia, : Cf. arts. 34* € 6! CSC. De resto, por via de regra, estes atos de distribuigdo de bens por idica da sociedade e serio, também por lo extravasario a cxpacida: E segime previsto no art. 6 CSC atshdsiinah Liebiaisciisenaaininn dessa distribuicio ilicita de bens. O regime da lei nao implica, no entanto, que o érgio de administragio no participe também no processo de atribuicao de bens aos sécios. Com efeito, a deliberacio social deverd necessariamente fundar-se nas contase balango elaborados por este érgio ™, cabendo-Ihe ainda, no caso da dis- tribuicio dos lucros do exercicio, fazer a “proposta de aplicacio de resul- tados devidamente fundamentada” (cfr. art. 66%, n* 5, al. f) CSC *). Ao 6rgio de administra¢o compete ainda, por outro lado, dar cumprimento 4s deliberagdes dos sécios, executando, in casu, a distribuigio de bens por eles deliberada. 5.33. A distribuigao do lucro de balango. O (inexistente) direito dos sécios 4 concreta reparticio do lucro de balango Oart.32°CSC*— que consagra, entre nés, o chamado principio da intan- i gibilidade do capital social ~ fixa o teto, o valor maximo de bens que, em . 2 Cfr art SI4#,n* 3 CSC-0 administrador ov gereate fica sujeito a uma pena de mulka até 120 a dias Vide, no cotanto, para ocaso de sr eausade grave dino, material ou moral, odispostone z art Sit?"4 CSC. qc manda pica nese cto apna prvi paracrine deinfidelidade S 2 Cli as 65" G6*CSC. 1 jes quer espsecetonplicksacalid popecronut ictal wpa lament a tia de bens, cles para lem da esponstilidade iia que porventura posta heer hgar = poder ser sncionados penalmente (ft. art. SIM, 21 CSC) : | wey ass as ort 32 CEC Gd shncah ple DL JERS ADR ir | fendamentameme su adapta orem o nono mad cotati o denned SNC = | (“Sistema de Normalizacio Contabilistica’, que foi aprovado pelo DL 158/2009, de 13 de AufiSs jut, indo revogaroamtrir repimecoatabltce consagrndo mo POC "Plan Ofte 3e x] Comlidedy") Racvanenar os ?1= que corvespondiaa vealed rt ndtedsesb iors subsite da expresso “seuss liguie™ = sptaro preceita 4 nova terminologis contabilistica, Com 2 220 ni I esclareceu-se ainda que, no valor do capital proprio a considera fnclu o resultado lnguido do exeecicio satis no ot 2, a qual results da mudans2 CAPITAL E PATRIMONIO SOCIAIS, LUCROS E RESERVAS: qualquer altura e seja a que titulo for, pode ser distribuido pelos sécios™™ ‘€ que se designa precisamente por lucro de balanco ™ ou lucro distri- ‘Note-se que o art. 32° niio impede que, ainda que num determinado ano asociedade no tenha gerado lucro (.é, ainda que nao haja lucro doexer- cicio), uma sociedade proceda a distribui¢io de dividendos, desde que 0 Iucro de balango (os hucros acummulados em anos anteriores) 0 permita™*=”. ~ veto sobrelevar 0 critério do justo valor em detrimento do principio do custo histérico. De facto, enquanto 0 POC estabelecia que os bens deviam ser considerados, em regra, pelo seu ‘custo histérico (f. ponto 4, al. d) do POC), 0 SNC veio permitir a utilizagSo do justo valor (fir value) ~ do valor de mercado ~ como eritério para a mensuragio dos bens da sociedade (cfc. NCRF ~ Norma Contabilistca e de Relato Financeiro 1, parsgrafos 35 2$7).Comesta soluSo consegue-se uma imagem mais verdadeira ¢ apropriada da situagso patrimonial da sociedade. Mas la comporta também o risco ~ a0 consentir numa revalorizagto dos bens €, ‘consequentemente, num aumento do valor da stuago patrimonial societiria ~ de permitir ‘uma mais facil distribuicSo de bens pelos sécios, em prejuizo dos credores socials que verso, diminaido o patriménio que garante 0s seus eréditos. Por isso, para a distribuigSo de bens 20s sécios ~ que tena por base aumentos da situagSo patrimonial resultantes da avaliagio, pelo justo valor, dos bens socias -, cart 3°-n"2 CSC determina que se observe o “principio a realizasSo"; Lé, apenas quando 0 valor dos bens ~ atualirados pelo seu justo valor ~ for, hoc sensu, realizado (¢4., quando os bens forem vendidos) é que esse montante poders ser distribuido pelos socios. \Note-se, no entanto, que, sc da utilizagio do critério de mensuracSo do sto valor resultar tums diminuicio da sicuacSo patrimoaial (porque o bem svaliado de acordo com o seu justo ‘aloe tem, final, um valor inferior so que constava dacontabllidade) essa diminuicSo ja devers scr tda imediatamente em considerasio para a determinagio do lucro de balango,afetando (acgativamente) 0 montante que pode se distribuido aos sicios. 3 O qual corresponderi, em priscipio, 4 toralidade dos ganhos patrimoniais gerados pela sociedade ao longo da sua existéncis até uma determinada data (a data da elaboragto do balanco, onde esses ganhos sio revelads). 2 Bilansgewinn é 2 expressio usada no § 57,3 AktG, que deforma explicita estabelece: “Vor Auflésung der Gesellschaft darf unter die Aktionire nur der Bilanzgewinn verteilt werden” = Antes da dissolu;io da seciedade, apenas o lucro de balango poderd ser distribuido aos 3 Cit Vasco Loso Xavien/MAnia ANGELA CoELHO, “Lucro obtido no exercicio.", p.2638 5 Cér. Manwet Pra, Direto ao lucro,p 65,5: ¢ EVARISTO MENDES, “Dieito ao lucro de exercicio no CSC (arts. 217/294)", in Estudos dedicadoso Prof. Doutor Mario filo de Almeida Conta, Universidade Catolica, Lisboa, 2002, p. S08 ate exempl Pense-se n ‘desconsiderando-se, por facilidade de exposigio, a constituigic re capital social de 10.000 apresenta no final .é,05 sécios podem - em qualquer altura — proceder a uma reparticio de bens, desde que, ¢a va de soi, a mesma se contenha dentro dos limites legalmente fixados neste art. 32° CSC. Nesta hipdtese - quando os sécios pretendam efetuar uma distribuicio de bens, em momento diferente do da aprovacio das contas do exercicio -, deve entender-se, com vista a asse- gurar que apenas sio distribuidos lucros e que o principio da intangibi- lidade do capital se mantém intocado, que a referida reparti¢ao de bens teré necessariamente de se fundar num balanco especial elaborado para 0 efeito™, o qual nao deverd ter mais de trés meses relativamente 4 data da deliberacio™. Em todo 0 caso, o érgio de administrac3o nao deverd executar esta deliberagdo extraordindria de reparti¢io de bens, quando tenha “fundadas razbes” para crer que a mesma ¢ ilicita ou enferma de rs irregularidades (cfr. art. 3°, n® 2CSC). a Inversamente, mesmo que a sociedade tenha gerado lucros num deter- = minado exercicio ~ ié, ainda que haja lucros de exercicio - poder nao ser i possivel proceder a sua reparti¢io, desde que ela nio disponha de lucro de balango™®. Por outro lado, e muito embora o direito subjetivo a0 lucro™' seja um dos essentiatia elementa do conceito de sociedade, isso nio significa que os sécios, individualmente considerados, tenham direito a exigir a distribui- ‘¢lo do lucro de balango (ou lucro total)" Cabe & coletividade dos sécios de um determinado exercicioum capital proprio de 15.000. Nesta hipetese la tem um lucro dc balango de +5000. Se no final do exercicio seguinte, ela apeesentar sim capital proprio de 12.000, a sociedade teve, nesseexercici, um resukado negativo de -3000. Apesar disso, pode proceder a distribuicio de Iucros, uma vez que speesenta ainda um lucro de balsa50 le sockets, Giuffee, Milano, 1984, es sem ethane (tt arts. 65% (CAPITAL E PATRIMONIO SOCIAIS, LUCKOS f RESERYAS _ livremente decidir, por maioria absoluta™, se, quando e como se proce- deri asua : L é, a titularidade deste direito (que se pode designar como direito abstrato) ao lucro, no permite ao sécio exigir da sociedade a distribui- ‘¢30 da riqueza por ela criada; no Ihe permite reclamar da sociedade uma qualquer concreta repartic3o do lucro™’, Dito doutro modo, 0 sécio nio € titular de um direito concreto sobre 0 lucro. Com efeito, a distribuicio do lucro dependeri sempre de uma deliberacio social que a aprove™*. Ou °° ‘Matorta absoluta, porque essa € 2 regra para aprovagio da generalidade das deliberagiies. Na verdade, sendo as deliberagbes resultado da contagem dos votos, ¢ sendo apenas ‘considerados 0s wotos a favor ou contra.aproposta (uma vez que nio se contam as abstengées), ‘a sua aprovacio resultard sempre de uma maioria absoluta dos votos emitidos (ft. arts. 252%, int 3¢ 386", n* CSC). Diferentemente, no caso do lucro de exercici, poderi ser necesséria ‘uma deliberacio tomada por maiorie qualificada para obstar a que o mesmo seja distribuido (fx arts. 217*e 2949), + Sendo certo que a administracio deveri executar adeliberagio de distribuicio, ainda que aio tens liquidez para efeito, devendo, se necessirio, recorrer ao crédito para oefeito. Cit. GALGANo, La soviet per axons, p. 343.5. 2 Ainda que a pretensio respeite apenss a0 hacros gerados no exerciciotransata.O sécio tem apenas o “dircito de exigir que anuislmente seja apresentado um relatério de gestio contendo também uma proposta de aplicacio de resultados” ~ cfr. CovriNHo DE ABREU, Discito comercial - Relatério sobre o programs, oscontcides cas métodes de ensino, Coimbra, 1999, p. 76. Note-se, no entanto, que o ordenaments juridicn portugues consagra 0 caso excecional de um direito a metade do lucro de exercicio nos arts. 217" ¢ 294 (vide infra em texto, ponto 5.34). Ainds aqui, no entanto, nio seri correto falar-se de um direito concreto a0 lucro, uma vez que a distribuigio dessa parcela do lacto poderd ser excluida pelos sécios (mediante cliusula contratual ou deiberacio tomada por trés quartas dos votos),sendo certo que ela ext4, por outro lado, sempre dependente da aproracio das contas edo balango. © Assim, Ferner Conneta, Lisdes.., wl. Il, p. 349; ANTONIO CAEIRO/NOGUEIRA Sexes, “Dieeto 20s hicros¢ direito ao dividendo anual", RDE § (1979) p. (1979), p. 372, nt L: COUTINKO DE ABREU, Dircita comercial - Relatéia... p.76;€ CASSIANO DOS SANTOS, “A posigo do acciomista fice a0s kucros de balango. O direito do accionista a0 dividendo no digo das sociedades comerciais”, BFDUC, Studia luridica, 1, Coimbra Editora, Coimbra, 1996, p. 109, 4; 1p.,°O direizo aos hucros no cédigo das sociedades commerciais (4 hz de 15 anos de vigéncia)",in Problemazdedreto das ecledades, IDET, Altpedina, Coisnbva, 2002, p.191, ss, Everutura assacztva ¢partcipesdo soccudria capitelotia - Contrato de sociedad, etrutura secitaria¢ participate do acto mas satedades captalsticas, Coimbra Editora, Coimbra, 2006, 109s; 1p. (2002), p. 458, s Essa foi js também a posigio assumida pelo nosse mais alto 1 fe, Ac. ST], de 24 de novembro.de 1978 que se pode ver em , como al 5190002: 217" ¢ 294" CSC, parao hucto de exercicio Veja-se, contud o particular regime portugués consagrado haiti m= seja, s6 com a deliberacio social de distribuigao é que o “lucro se torna dividendo”™”, é que o direito do sécio ao lucro se determina ¢ materia- liza™*, podendo entio designar-se por direito ao dividendo™, tornando- -se ento o sécio titular de um direito de crédito - equiparivel 20 direito de um qualquer terceiro credor (Glaubigerrecht™) — sobre a propria socie- dade. Trata-se, pois, de um direito que apenas nasce com aquela delibe- racio e, portanto, sé existe a partir dela, 2° GaLGano, La societs per acini, p. 344. 2% Lé,s6 coma deliberacto socal se determina oan 0 quantum dodividendo. ft. Gatcaxo, La societa per azioni, p. 349; ¢ COLOMBO, “Utili..”, p. 503. a 2° Cir. FERNANDEZ DEL Pozo, La aplicactéa de resultados... p. 101. O vocibulo dividendo deriva do latim dividendu (“que vai ser dividido"), querendo com ele significarse 2 quantia, que cada sécio tem dircito a receber na divisio dos lncros de wma sociedade. © Chr, cx multis, K. Scuator, Gasellicheftsrcht, Carl Heymanns Verlag, Koln, 2002,§ 29, 1V,3.0; Ferrer Correia, Libs... vol IL p.348,4;¢ CoLomso, “Util p. $30. = Perfilhimos, em texto, a clissica qualificacia tripartida do direito do sécio 20s hucros: dircito abstrato/dircito concreto/dircito 0 divideade ~ cfr, sobre a matéria, FERNANDEZ EL Pozo, La aplicacién de resutadas... p 100, s. Note-se, 20 entanto, que o sentido e 0 alcance atribuidos 2 cada uma destas categorias aio slo uniformes aa doutrina. Entre nés, p. ex, Osério de Castro/Andrade e Castro utilizar apenasuma distingSo bifida de drcito a0 hacre: © direito abstrato 20 lucro ¢ o direito conereto a0 Sucto, fazeado equivaler este 20 direito a0 hucto cuja distribuicdo fol deiberada, + &, 0 diteito ao devidendo. Ci. vide Os6Rt0 De CASTRO/ANDRADE E CasTRo, “A distribuigto de lacros",p.61,s Sobre a distingio entre direito abstrato/concreto ao lucro, que teve origem na doutrina — lem’ dos finais do século XIX, vejase, entre nds, CASsiANO DOS SANTOS, “A posigdo do accionista.”, p. 20,5; O56x10 DE CAsTRO/ANDRADE & CASTRO, “A distribuicgho de lucros_",p.61,$:eJoRGE Costa SANTOS, “Diteitosincrentes 20 valores mpobiliérios"Diretas os Valores Mobiidrios, Lisboa, 1997, 61,5. Para uma andlise da ewolugto, no direto alemio, das solugies legislativas consagradas relativas acsta temitica do direito ao hucto, vide FERNANDEZ ex Pozo, La eplicaciin de reltades..p.¥02,s cp. 6 : Importa ainda sublinhar ~ como acertadamente adverte Pais de Vasconcelos - que o direto © > abstrato ao hucro nso é um direto destactvel da participacdo sociale que possa, portanto, see autonomizado ¢ alienado, uma vez que tal poria em causa a propria “integridade do direito social”, consubstanciando materialmente um pacto leonino, pois que havetia sScios sem direito quinhoar no lucro, Diferentememe, 0 “crédito de dividends, vencidos ou vincendus. mas determinados” ji poders ser destacado e autonomizado da participa; social. Cf. Pals bE VASCONCELOS, A participate cial -p. 173, Devestn,aregraéade quc apenassedcredd sosderaradmissvelatransmissblidade de dirckos concrews (ainda que fururesjejinio ail de direitos sociais abstratos. Cr. Jonce Costa SANTOS, “Diteitos inerentes..”.p 64.5 4 Vide, porém, afr, ponto 534, sobre a distribuigto de metade do lucro de exercico distrfbute! ] | a in iiibaaldbiasilts (CAPITAL B PATRIMONIO SOCIAIS, LUCROS E RESERVAS Daqui decorre, no entanto, que, uma vez aprovada a deliberacio de distribuigéo dos lucros, jf no pode depois a coletividade dos sécias con- dicionar, restringir ou revogar tal distribuic3o. Com efeito, 0 direito 20 divi- dendo, tendo origem na qualidade de sécio, autonomiza-se dela, assumindo © cariter de direito extracorporativo, ndo podendo, por isso, ser afetado contra a vontade do sécio *, Ou seja, este direito ao dividendo cai fora da esfera societiria™, ficando subtraido ao poder deliberativo dos sécios, sendo nula* qualquer deliberagio que o vise condicionar ou restringir™. 5.3.4. A distribuicao do lucro de exercicio A distribuigio do lucro de exercicio estd, entre nés, regulada nos arts. 33°, 217* e 294* CSC. 2% Cf. K. ScumuDr, Gesellchaftorecht, § 29,1V, 3,al¢; Fexnen Const, Lies... vol I, p-348, 8: € Loso Xavier, Amulscio de dliberacdo social... p. 129. uma solocio que foi ja sufragada pela nossa mais alta instancia udicidtia,no Acérdo ST], de 19 de abril de 1968, in BMJ 176* (1968), p. 199, oade se pode ler que os direitos 40s lacros deliberados si0 “direitos ‘que, desprendidos da matriz social, radicam-se no titular; nio podem ser atingidos contra avontade do sécio” * Cf. CoLomno, “Util.” p. 530. Assim, M. Lutter, Kélaer Kemmentar um Abiengesctz, Band 1, Carl Heymanns Verlag, ‘Kala, 1988, § 58, Rén103,¢ ILLescas Onttz, Elderecho del secioal dividendo, Publicaciones de 1a Universidade de Sevilla, 1973, p. 125, s. Regime tdntico € 0 consagrado no direito socie- tirio estado-unidense (cft. HAMILTON, The aw...p. 583). Entre nds, veja-se Lopo XAVIER, Anulazdo de deliterasdosecil.., 8. 26, p. 131, 5, esp. p. 133, ¢ CABIRO/SERENS, “Direito aos hucros..”, p. 372, nt. © Supremo Tribunal de fustiga, no Acérdio referido na nt. 252, no quadeo legislativo pregresso, entendeu que uma tal deliberasio seria ineficaz e que, por isso, aio podia a sociedade recusar o pagamento do dividendo, alegando que tal recusa fol objeto de ums ukcrior deliheracio dos sécios, que nio foi impugnada. Note-se, no entanto, que este dircito ¢ um dircito extracorporativo sui generis (assim Cas S1ANo 005 SANTOS, “O diteito 20s lacros.”, p. 190, ), porquanto ele poderi ser objeto de algumas limitagbes. Com efeito, nos termos do art. 31" CSC, 0 direito 30 dividendo, ainda que deliberado pelos sdctos, ndo deverd ser pago pela sociedade, quando ocorram determi- aadas circunstincias, someadamente quando se tenham verficado alterag6es patrimonials exccutada,atornassem supervenientes i deliberaso que, 2 ser tomada no momentoem que: ilicta (fe. are. 31°, n° 2,al. | CSC) Trata-se, no entanto, de uma situasdo.que apenas permite retardar o pagamento do dividendo até que a sociedadc esteja em condigbes de o efetuar. ntanto, discutivel se a assembleia dos sécios poder supervenientemente verificar nulidade da deliberacio de distribuigao dos lucros ¢, nessa medida, declarar 40 dividendo que teve origem em tal deliberagso. Em senti cas On 12, Elderecha del socio al dividendo, p.126,s. (como argumento sm). Contra, Rossi, Urtle di ilancia...p. 228, s. 2 inexisténcia do dire slrmativo, vide ILL [ESTUDOS DE DIREITO DAS SOCIEDADES Oart. 33°CSC: denino que em prlacioo lng, deve or dad | Sia at Oaie gto tein eee mo me -dolucro de balango (do montante global que pode ser atribuido aos sécios™), sas do lucro gerado num determinado exercicio™ eda aplicagoque pri- macialmente Ihe deve ser dada. 4 pecees te ‘Assim, 0 CSC transpondo, para o direito interno, 0 que do art. 17°, n®3 da Diretiva do Capital - veio estabelecer™ que os lucros de cexercicio de exercicio devem, em primeiro lugar, ser destinados & cober- tura de prejuizos transitados ¢ a formagio das reservas legais ou estatuta- rrias, s6 podendo ser distribuido pelos sécios 0 valor remanescente™ (cfr. art. 33%, n* 1 CSC). Por isso, s6 quando nao existirem prejuizos transitados ¢ s6 depois de retirados os montantes destinados formagio das reservas legais ™ e esta- tutérias** é que o lucro de exercicio poder ser destinado 20 sécios, sendo sobre este valor remanescente que os sécios poderao reclamar a sua distri- buigdo parcial, nos termos dos arts. 217" ¢ 294* CSC **. ®© Desse trata, como vimos, 0 art, 32° CSC. ™ Vide ms le 2do art 33" CSC que expressamente fazem referéncia 20s lucros de exercicio" > Contrariando uma pritica anterior comum, em que era normal os sécios distribufrem os lucros de exercicios, apesar da existéncia de prejuizos transicados, > Note-se que caminho diferente tem sido seguido nos diferentes Estados dos EUA, onde se consagram os chamados nimble dividends. De acordo com esta figura, uma sociedade poder distribuir pelos sécios bens que correspondam 20s lucros do exercicio do ang corrente ev do ano anterior, ainda que o patrimomnio liquido ds sociedade cj inferior ao sated capital Ou sei, ainda que nio exista lucro (hucro de balango), uma sociedade poderd distribuir bens, em vez de os afetar a cobertura dos prejuizos, desde que 05 valores a distribair resulzem dos lacros, obtidos naqueles dos exercicis. Trata-se, no dizer de Manning e Hanks jr, de uma cedéncia da lei As presses da praxis socictaria, uma ver que este expediente é uma forma de permitir a uma sociedade em dificuldades araire capear- através da distribuicio de dividends - novos investimentos de capital por parte de sécios. Cit. MaNNING/HANKs Jn, Leg pss Sobre as reservas legais, vide arts. 29 6* CSC. A reserva legal é,em principio (pode ser contratualmente estabelecida coisa diferente), uma reserva de formasio sucessiva (cf trato de sociedade buisSo dos lucros ibuigs logo, o direito previsto no crimine a que titulo s (CAPITAL E PATRIMONIO SOCIAIS, LUCROS B RESERVAS __ OCSC consagra, por isso, um regime inderrogivel de cobertura dos prejuizos da sociedade, devendo os lucros de exercicio ser necessariamente _ afetados, em primeira linha, a tal finalidade ™*, O.CSCveio, de forma precursora™S, estabelecer um regime que visaa protegio das minorias societirias, atribuindo-lhes, em determinados ter- ‘mos, 0 direito & reparticio de uma parcela (metade) do lucro de exercicio™. Com efeito, nos arts. 217° e 294" CSC ~ apliciveis respetivamente as SQ as SA ~prescreve-se que “salvo diferente cléusula contratual ou delibe- ragao tomada por trés quartos dos votos correspondentes ao capital social (.) nao pode deixar de ser distribuido aos sécios metade do lucro de exer- cicio que, nos termos desta lei, seja distribuive!”. Deste modo, se nada se tiver estabelecido no pacto, a este propésito, deve necessariamente ser distribuido aos sécios metade do lucro do exer cicio distribuivel, a menos que eles deliberem ~ pela maioria qualificada referida - outro destino para aquele lucro. Note-se que em causa, nestes normativos, esti metade do lucro doexer- cicio distribuivel. Por isso, do lucro de exercicio, haver4, como vimos, que retirar, se for caso disso, os montantes necessirios para cobrir prejuizos transitados ou para formar ou reconstituir reservas obrigatorias, uma vez que tais montantes nio sio distribuiveis (cfr art, 33%, n? 1 CSC). Por outro lado, porque o que esta aqui em causa é o lucro de exercicio (ou seja a riqueza gerada naquele exetcicio), nio haveri, para este efeito, que considerar os resultados transitados, i.é, a tiqueza gerada em anos >* No sentido de que hi um regime imperativode cobertura das pendas, independentemence da vontade da sociedade e duma deliberacio social nesse sentido, vejz-se SiMONETTO, lilenc, Cedam, Padova, 1967p. 255,¢ 301.5. € Costa, Leriserw... p64 Esta solucio resultari da existéncia de uma ordem inderrogivel de cobertura das perdas que comecard, em primeiro lugar, pelo lucro, ¢ sucessivamente, pela reserva facultativa, estatutiria, egal, pelo capital sociale finalmente pelos bens afetos 3 cobertura do passive. Cfr. SrmmONETTO, 1 Blond, p 301-302. Em sentido diferente, se pronuncia Fortunato (“Capital e bilancinellas p.a".p. 148, | 22.29), que entende incumbir sempre 3 AG e nunca 3 administracio uma decisio sobre essa os poderio pretender um outra solucio (xg manter 3 perdae, p. cobertura da mesma, em vee de os utilizar para a reintegraglo a tivesse sido utilizada para esse efeto) 14" CSC ado encontra paralelo nos ordenamentas juridicos smatéria, uma vez que 0 ex, destinar lucras fururc orreto falar num concretodircito repartigio art. 33" CSC regula o destino que, em primeiro lugar, deve ser dado 0s lucros de exercicio. Comece-se por sublinhar que a norma nio trata dolucro de balango (do montante global que pode ser atribuido aos sécios *7), mas dolucro gerado num determinado exercicio™*e da aplicacio que, macialmente lhe deve ser dada. Assim, o CSC transpondo, para o direito interno, o regime que resulta do art. 17%, n®3 da Diretiva do Capital - veio estabelecer™ que os lucros de exercicio de exercicio devem, em primeiro lugar, ser destinados 4 cober- tura de prejuizos transitados e a formacdo das reservas legais ou estatuta- rias, s6 podendo ser distribuido pelos sécios o valor remanescente™ (cfr. art. 33%, n®1 CSC). Por isso, s6 quando nio existirem prejuizos transitados e s6 depois de retirados os montantes destinados a formagio das reservas legais ™'e esta- tutérias™ é que o lucro de exercicio poderd ser destinado ao sécios, sendo sobre este valor remanescente que os sécios poderao reclamar a sua distri- buicéo parcial, nos termos dos arts. 217° e 294% CSC*, ® Desse trata, como vimas, o art. 32° CSC. 2 Vidents1e2doart.33°CSCque expressumente fem referénca 20s “Tucros de execico” ° Contrariando uma pritica anterior comum, em que era normal as sécios distribuirem os Jucros de execicios.spesr da exsdncia de preaizestransitados. © Note-se que caminho diferente tem sido seguido nos diferentes Estados dos EUA, onde quee: s consagram os chamados nimble dideads: De acon com est gure, ume sciedade poderd

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