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{fico melo Ce Conservacao da garantia patrimoni , contratual relacionada com a subcontratacan, m caso de subtransporte, . al, «sobretudo a zona (no que acompanha, EZ, 1989: 178). AGion ROMANO Marri gp FATIMA RIBEIRO (membro do CEID-CRCFL) SUBSECCAO IIL Impugnagao pauliana Artigo 610.° Requisitos gerais gs atos que envolvam diminuicio da garantia patrimonial do crédito e nao OF fenatureza pessoal podem ser impugnados pelo credor, sci stincias seguintes: an Ger 0 crédito anterior ao ato ou, sendo posterior, ter sido 0 ato realizado jugamente com o fim de impedir a satisfacio do direito do futuro credor 1) Resultar do ato a impossibilidade, para o credor, de obter a satisfacao integral ou agravamento dessa impossibilidade. se concorrerem as go seu crédito, rio da anotacao: antecedentes. Trabalhos preparat6rios (anotagao 1) sibliografia (anotacao 2) jurisprudéncia (anotagao 3) Comentério ao preceito (anotagdes 4-10) sums sntecedentes: Cédigo de Seabra: Artigo 1033.° do Cédigo de Seabra: «O acto ou 1 contracto verdadeiro, mas celebrado pelo devedor em prejuizo do seu credor, pode ser rescindido a requerimento do seu credor, se o credito for anterior a0 dicio acto ou contracto, e deste resultar a insolvencia do devedor»; artigo 1036. Di-se insolvencia, quando a somma dos bens e creditos do devedor, estimados nojusto valor, nao iguala a somma das suas dividas. A mé fé, em tal caso, consiste no conhecimento desse estado»; artigo 1038.°: «A rescisao péde dar-se, tanto nos casos em que o devedor aliena os bens que effectivamente possue, como naquelles &m que renuncoa a direitos que Ihe advieram, e que nao sejam exclusivamente Pessoais» Trabalhos preparatorios: SERRA, A. VAz, «Responsabilidade patrimonial», Sl, n°75, 1958, pp. 5-408, especialmente pp. 192 € 88. rllgrafia: CORDEIRO, ANTONIO MENEZES, «Anotacao ao Acérdao do Supremo Trowal de Justiga de 19-02-1991, Impugnagao pauiliana de actos anteriores 29 im Nulidade da fianca por débitos futuros indetermindveis Bfeitos da ™PUgnacdo», ROA, ano 51, 1991, vol. Il, pp. 525-572 IDEM, Tratado de Direito Civil rn Direito das Obrigagdes. Tomo IV. Cumprimento e Niio Cumprimento. Trad A Modificagio e Extingao, Garantias, Almedina, Coimbra, 2010, DEM Jaap Direto Civil. X. Garantias, Almedina, Coimbra, 2015; Corny, Naty Stig ALMEIDA, Direito das Obrigagdes, 12.* ed., Almedina, Coimbra, 700%" «Aus ‘STAG, Direito R fisted jucao. Fontes, 4: ed., Dislivro, ‘omano («lus Romanum»), I = Introducdo 7 ; Mbra, 1984. C; nas Obrigacdes, Apontamentos das S de Dire, ‘UNHA, Pauto, Da Garantia nas gag i a ‘Universidade de Lisboa, Toms it® Civil do 5.° Ano da Faculdade de Direito da Universitas 4, po jie NOL Ano Letivo 1938-1939, pelo aluno EUDORO PAMPLO! ome : pa Paz, Inge elie, Lis *TROCINIO BALTAZAR f hnPueng., iSbOa, 1938-1939; FERREIRA, MARIA DO PATROCINIO Tih Te Congressu Mee Z, «IKeSpyroaveees peseunUOMaly 5189. Oy ies Ano PAES Da Sin de 16 de Dezembro de 1966. Anotacae™ no ma, pp. 5-408; IDEM 93-208; Ibe, «Acdrdao de 30 de Janeiro de 1968.7, 5 n.° 3346, 1967, PP 3382, 1969, PP: 4-10; SILVA, Pauta Costa os RL], ano 102s a Acérdao do Tribunal da Relacado de Coimbrs RP a“ pauliana Seas CDP, n°7, 2004, 46-63; Sor TOMAYOR, Chara, Invali i" na i Agravo 3895 to Torceiro Adquitente de Boa Fe, Almedina, Coimbra, 201g a Ry 5 ~ A Proteccao a sugnagao Pauliana ~ Colecténea de Sumdrios de Iurispruaze XS f cig Correia DE, IM : NDO DE Lemos, Do: i paris Lisboa, 2002; TRIUNFANTE, ARMA\ $ Meios Conserogy, Qu j Credor 9, 8 Patrimonial do Credor. Declaragao de nulidade. Sub-rogagao d cio Pauliana. Arresto (Breve estudo na Lei na Doutrina e nA Juris rage Porto Editora, Porto, 1996; VARELA, JoAo DE Matos ANTunEs, «Fun amen accao pauliana», RLJ, ano 912, ne 3139, 1959, PP. 349-353, no 3140, PP. dee no S141, pp. 379-383; IbeM, Das Obrigacies em Geral, vol. TI, 7° ed, kines oimbra, 1997. ee Acs. STJ 5.02.2004, CJ/STJ, ano XII, t. I, 2004, pp, 964i 12.07.2007 (07A1851), 26.09.2009 (09B0347), 09.02.2012 (2233/07.07B¢q, C1S1), 26.01.2017 (417/14.3TBVFR.P1.S1), RC 18.05.2010 (139/05.6TBFAG 10.07.2014 (1012/12.7TBPMS-G.C1), 10.02.2015 (77/13.9TBOLR.C1), RP 08.07.25 (465/14.3TBMAI-A.P1) e RL 17.12.2009 (6179 / 08-2). : 1. A impugnacao pauliana ja foi conhecida entre nds como agéo resciséria e ati revogatoria (quanto a terminologia legal, ANTUNES VARELA, 1959: 345; Sesastin Cruz, 1984: 326, nt. 401; ALMEIDA Costa, 2009: 856 e ss., nt. 1; MENEZES CoRDEnt, 2015: 314 e ss. A designacao atual deste instituto seré tributdria do facto deo pretor romano Paulus o ter criado e aplicado no seu édito: cf. MENEZES Len’a 2016: 66 e ss.; todavia, este ndo é entendimento unanime: cf. CURA MARIANO, ante 20e ss.), 0 que apenas contribui para langar mais sombras sobre a sua delimitay® 694 } Artigo 610.° yamente a outras formas de ineficacia, Py se foi substituca por impunagdo pauliana, poy og tag nee PEA AO jana pauliana, por se > mei pal Cempre por Via judicial) sob a forma de avon vey atte de Meio que pode (ser B86 e wy ML ue aeeseen eo exces (CALIDA tua nao ser esta mente a nao ser esta te nac ta terminologia totalmer co or alud je reparos, por aludir a impugnacao, me centa d d meio de defesa direta icone por via de excecdo, meio de detesaindireta) ty ainda quando func! c jL No CC67, 2 agao Pauliana levava a rescisio de um ato que tivesse gerado ou Taavado a insolvencia de um devedor, desde que verificados certos requisites abelecidos Nos artigos 1033.° e ss. Se a agao fosse julgada procedente, 2» by {jenados ou onerados em prejutizo da garantia comum dos ned pcan aliel io develiae arantia cor s credores regressavam go patrimonio do devedor, ou eram libertos do énus em causa, nos termos dos artigos 1042.° € 1044. Com o novo Cédigo, existem alteragdes significativas, que conferem a ago, no fatender de alguns autores, um cardcter pessoal, ou mais pessoal (Pikes br Lina / / ANTUNES VARELA, 1987: 633; mas note-se que Vaz SERRA, 1967: 207 e ss., jd con- siderava a a¢ao pessoal a luz das normas de 1867 — por, além do mais, os artigos 1034.°e 1035.” fazerem 0 seu exercicio depender da ma fé ou do locupletamento do gemandado , embora a seu ver 0 artigo 1044.° Ihe atribuisse efeitos andlogos aos de uma agao de anulacao): os efeitos da impugnacao aproveitam apenas ao credor que a tenha requerico; a validade intrinseca do ato nao é afetada, ele nao é nulo nem anulado - apenas deixa de produzir efeitos em relagao ao credor impugnante ena estrita medida em que esses efeitos 0 possam lesar; nao hé um regresso do bem alienado ao patriménio do devedor, nem deixa de existir 0 nus sobre ele entretanto constitufdo — os direitos do credor impugnante sobrepdem-se ao ato yélido impugnado, na estrita medida em que ele possa prejudicar a satisfacdo desses direitos; tendo havido alienacao, o credor pode executar esses bens no patriménio de quem os adquiriu. A acdo jé nao pode considerar-se resciséria, revogat6ria ou anulatéria, uma vez que o ato conserva claramente a sua validade intrinseca, reduzindo-se apenas os seus efeitos pela impugnacao pauliana - e somente na medida do interesse do autor (MONJARDINO, 1971: 535 e ss., e ALMEIDA Costa, 2009: 868 e ss.). Aacao pauliana 6, entao, um meio de conservagio da garantia patrimonial destinado 5 a permitir aos credores reagirem contra atuagGes jurfdicas do devedor que, pelo efeito que produzem no seu passivo ou no seu ativo, envolvam diminuicao da garantia patrimonial do crédito. Os artigos 610.° e 612.° fixam os requisitos cumulativos para que um ato que néo seja de natureza pessoal possa ser objeto de impugnagao pauliana. Sao eles: ter 0 devedor praticado um ato, que nao seja de natureza pessoal, que envolva diminuigéo da garantia patrimonial do crédito; desse ato ter resultado a impossibilidade, Para o credor, de obter a satisfacao integral do seu crédito, ou agravamento dessa impossibilidade; ser 0 crédito anterior ao ato ou, sendo posterior, ter sido o ato ‘ealizado dolosamente com o fim de impedir a satisfagao do direito do futuro ctedor; se 0 ato for oneroso, terem o devedor e 0 terceiro agido de mé-fé, ou seja, al 4 consciéncia do prejuizo que o ato causa ao credor (se a for gratuito, wane Bhagao procede, ainda que um e outro agissem de boa ihe a eerene causa 7 a0 primeiro requisito, determina-se no artigo 610. que am diminuigdo Pratica de atos, que nio sejam de natureza pessoal, e que envolvam ig 1a gay + 488 Serantia patrimonial do crédito. bstanciem wna 80 Sujeitos a impugnacao pauliana todos os tipos de atos que consurstanet ent manifestacao de vontade com consequéncias juridicas e pelos quais © oe a 'Pobrece 0 seu patriménio» (como as rentincias a garantias ou a outros direitos). Comentario a0 Coeigo ™ I" mplifica com doagdes Puras OU com enc, es a favor de terceiro, constituicao de ris Bos, cacao da prescrigio, dagdes em cum, ivi ancia a invo' a 30 de dividas, renuincia 4 inv ri nn asoungio de d de obrigagdes naturais ou com beneficio do prazo a seu favor p.™. cumprim: zi mpugnacao de atos mesmo quando nao tenha havido ado ce até ser de admitir a impug! xo contrarie a equidade: VAZ SERRA exes" °° devedor, quando aexigencia desse! 260 que tenham sido obtidas com ¢ com 0 caso das garantias eee pac credor, se tenha conduzido no i juda do devedor que, «mancomunte® fi Guele objectivo (VAz SERRA, 1958: 293 6° de maneira a facilitar a realizagao daqué | ipesda Sor echt €5s,) Também relativamente a transagao judicial homologada por sentenca a doutring discutea possibilidade de impugnagao pauliana, oe que verificados os respetives pressupostos, nomeadamente ter causado uma « lenis NO patriménio do Gevedor, uma vez que o juiz apenas se limita a verificar a legitimidade das pares, sem averiguar do mérito da transag4o (ROMEU FILHO, 2007: 479). Mas no ambity dos atos a que se refere a norma nao cabem as chamadas simples operagdes juritica, atos materiais de destruigio, danificagao ou ocultacao de bens do patriménio do devedor, pois a impugnagao pauliana destina-se a «eliminar 8 efeitos de atos negociais ou quase negociais que se traduzem na manifestacao exterior de una vontade juridicamente direcionada» (CURA MARIANO, 2008: 108). Cabe determinar se podem ser inclufdas no dominio dos atos impugnaveis as “omissdes (aquelas que representem manifestagdes de vontade com efeitos juridices). A doutrina ja se debrugou sobre a questao de saber se também podem ser objetode impugnacao pauliana - até porque, pelo menos aparentemente, o modo de reagio mais adequado nesses casos poderia ser a sub-rogagao do credor ao devedor, uma vez que a impugnagao pauliana visa os atos com que se diminui o patriménio do devedor em prejuizo dos seus credores (sendo que a rentincia a direitos j4 adquiridos, que se traduza em diminuigdes patrimoniais ~ como poderd ser o caso da rentincie heranga -, pode ser objeto de impugnacao pauliana; caso particular é o da rentincic Prescri¢ao, admitida pelo artigo 302.°, que equivale ao reconhecimento da existéncia de uma obrigacao natural e, logo, é ato gratuito - como 06 sempre 0 cumprimen‘o de uma obrigacdo natural -, impugnavel nos mesmos termos em que os atos others a ates do rin 9 ae fica sujeita aos requisitos d, eee Gece uae ie ae aed 2 impugnacao pauliana, como o da mé-té; por verificados os necessérios pressepostee «ne cevedor legitima os seus credores a sub-rogacao visa impede ae ee oe rem em via sub-rogatéria), crataane inacdo do devedor (simplesmente, se ja ee Sie aa eo Patriménio do devedor, como um direito de ome wo con Valor pecunis ee direito seja excluido do patriménio do devedre yee tod Omissao pelo qual oe que vai diminuir a expectativa relativa d pacer Weve Set impugnavel, uma VE Vaz Seika, 1958: 249 & 5s, existenn wn Betantia dos credores). Na exposisi0 embora as omissdes possam ser o jet Bens na dlistingdo entre as duas figure pauliana quando consista eto de ambas ~ mas apenas de impugnas® poder falar-se de ato ou acao, eae consciente (tinica situagao em 14 pesatensoes, que estariam abrangidos por (nit 8 simples esquecimente™ - For outro lado, nos casos de omissag ges hiPatese de recurso a sub-rogavi? duas figuras, podem existir vantanens ote 84 Possivel afirmar o recurso % L 05 cfeitos desta nag parila Possivel 0 recurso a via sub-roga ™ tao adequadamente os interesse* BraNDAO PROENCA, 2017: 518, a vendas, trocas, remissoes, estipulac' mM numa ir 696 Artigo 6102 edor. Para a andlise da questao d Sxemplos, cf. VAZ SERRA, 1958; 25} empugnacao pauiliana das omi sq npatibilizacdo entre as duas figuras, com / defendendo 0 Autor, porém, que para a SOc: rela) deveria ser semen (“Hando o credor nao tena usado ae ned eubeogatora) deve Noo bee CXiBida a mé-f6 do devedor e do terceiro, ou seia,a consciencia do prejuizo causado aos crednos i IL Nio podem ser objeto de impugnacao paul pessoal do devedor ~e tem-se entendido que vende que tenham elas proprias nature: (Curd MARIANO, 2008: 109), E discutida a possibilidade de imPugnacao de convengdes que, embora tendo natureza pessoal, possarn dimminuir - Patrimonio, como SA0 os casos de estipulacdo de um direito a alimentos além da exigencia e da medida legal, de partilhas resultantes de divércio ou separacao judicial (nos tribunais, a partilha tem sido objeto de impugnacao pauliana, enquanto ato oneroso: «{a] partilha, envolvende para cada um dos condividentes a cedéncia do direito indiviso sobre uma totaliviede que tem em relagéo aos bens em geral, em troca do direito exclusivo aqueles que lhe sio assinados, quando acompanhada da declaracao formal da obrigatoriedade do pagamento de tornas pelo excesso recebido, por parte de um deles, a favor do outro, € um inequivoco acto oneroso que, sendo posterior A constituigao do crédito, e envolvendo a diminuicao da garantia patrimonial do mesmo, exige a prova do requisito da ma fé» ~ Ac. STJ 09.02.2012), e de convengao antenupcial (quanto a este ultimo exemplo, admitem a impugnacao ROMANO MartINEz / | Fuzeta DA PONTE, 2006: 17; rejeitam essa possibilidade ALMEIDA Cost, 2009: 858; MENEZES LEITAO, 2016: 72). Note-se que ainda estao exclufdos do ambito da acdo pauliana os atos relativos a bens impenkordveis, assim como a rentincia a direitos patrimoniais que no possam ser objeto de transmissao e/ou de penhora (como a rentincia ao direito de uso e habitacao): esses bens nao irdo responder pelo cumprimento das dividas contraidas pelo devedor pois o direito do devedor de possuir um minimo necessario & sua sobrevivéncia eda de quem dele dependa sobrepée-se a tutela dos seus credores ~ pelo que também nao devem ser sujeitos a impugnacao os atos do devedor praticados com a finalidade de garantia desse minimo, como 0 ato pelo qual alguém aliena um bem que serve de garantia aos credores visando cobrir as despesas de tratamento médico proprio ou de um familiar (CURA MARIANO, 2008: 105), IIL O ato deve envolver diminuigio da garantia patrimonial do crédito (0 que afasta a possibilidade de os credores de obrigagdes naturais recorrerem a impugnagao Pauliana — 0 patriménio do devedor nao garante o cumprimento dessas obrigagdes; CuRs Mariano, 2008: 156; Maria Paz FERREIRA, 1987: 40), diminuindo o valor do patriménio do devedor, ou levando a substituicao, neste, de bens facilmente ®ecutéveis por bens que possam ser ocultados ou subtraidos a execugao dos Credores, «de imposs{vel, dificil ou dispendiosa execugao, ao contrario dos alienados, de modo a tornar-se praticamente impossivel a execucao» (VAz SERRA, 1958: 199), O ato oneroso, ainda que o preco pago corresponda ao valor da coisa, também é imPugndvel, desde que por ele se substituam no patriménio do evedor bens gue podiam ser af facilmente executados por outros bens, como dit io, ueme mente podem ser subtraidos a execugao dos credores (Ac. ST} 12.07.2007). Mais ciblee pode ser decidir se a dasio em pagamento que nfo exceda o valor da i '8a¢do 6 impugnavel (caso frequente sera o da dacao a 8 saline ji ge, Wal o credor tenha garantia, »g., penhor ou nee oe eu en omUncio no sentido de admitir a impugnagao sempre q cae ise '8ado bens que os seus credores poderiam executar mais q Na Os atos de natureza estritamente as consequéncias legais destes atos, 7 patrimonial, também nao 0 podem ser Comentario ao Cédigo Civil os bens devidos [cf. VAz SERRA, 1958: 241 e ss,; mas defende CURA MaRiano, 209. 141, que, quando a prestacao efetuada seja conforme aos usos € negécios onde se insere, nao se deve admitir a impugnagéo do cumprimento da obrigagao atravgs deste meio, uma vez que aquela ja «era implicitamente admitida Pela previsig negocial e consequentemente, ndo foge ao vinculo obrigacional anteriormente assumidon; note-se que precisamente nestes termos que a lei regula a resolugig em beneficio da massa destes atos: quando tenha lugar nos seis meses que antecedem a declaragio de insolvéncia do devedor, a daca em pagamento pode estar sujeita a resolugao incondicional, nos termos da al. g) do artigo 121.° do CIRE: «{plagamento ou outra forma de extingao de obrigacées efetuados dentro dos seis meses anteriores a data do inicio do processo de insolvéncia em termos nao usuais no comércio juridico e que o credor nao pudesse exigir»]. Merece especial referéncia neste ambito a celebragao, pelo devedor, de contrat -promessa. E entendimento pacifico que 0 contrato-promessa celebrado com eficdcia real pode ser objeto de impugnagao pauliana (CLARA SoTTOMAYOR, 2010: 541 e ss,). Mas se 0 contrato-promessa for celebrado sem eficdcia real e sem a tradigao da coisa prometida alienar, s6 0 contrato definitivo pode ser impugnado por este meio, por apenas este ser passivel de causar prejuizo aos credores (Ac. RC 10.02.2015). Nota Cura MARIANO, 2008: 143, que podem no entanto existir casos em que a realizagao do contrato-promessa pode prejudicar o credor do promitente vendedor, por ex., quando o contrato estipule a entrega da coisa prometida: aqui, © promitente-comprador é titular de um direito de retencao sobre a coisé, nos termos do artigo 755.°, n.° 1, al. f), adquirindo uma causa legitima de preferéncia de satisfagao do seu crédito (artigos 604.°, n° 2, 758. e 759." No artigo 610.° ainda se estabelece que do ato deve ter resultado para o credor a impossibilidade de satisfagao integral do sew crédito, ou 0 agravamento dessa impossibili: dade. Tem sido pacificamente aceite que nao se exige, para o preenchimento deste requisito, a prova da insolvéncia ou do agravamento da insolvéncia do devedot bastando a demonstracao de «uma impossibilidade de facto (real, efetiva) de sat fazer integralmente o seu crédito» (ANTUNES VaRELA, 1997: 448; BRANDAO PRONG 2017: 518 e ss.), ainda que no patriménio do devedor existam bens suficientes~#° Porque ao devedor ou ao terceiro interessado assistira sempre, para sua deles* a possibilidade de provar que 0 obrigado possui bens penhoraveis de igus! maior valor, a fim de afastarem a impugnacao do ato, nos termos do dispost "° artigo 611.° (cl. a anot. a este artigo). A impugnacao pauliana pressupoe aint? ? nexo de causalidade entre ato impugnado e o prejuizo do credor: 0 ato $6 po ser impugnado “ ter como consequéncia («normal, tipica, provavel daquele” dl |ANO, : 182) a situaga 4 ' sravament? satisfacao do crédito (Acs. S' 7) 26. 08 2009 : RL m1 SOU on aio em condigdes normais levaria ao enriquecimento do patrimenie do devedor™ €impugnavel, ainda que, por citcunstincias impreviehceie.e mprovistas, revelado prejudicial para 0 mesmo), peldanniiaai E discutida a possibilidade de devedor anteriores aquele que provocou a do crédito, ou seja, atos que nao originar mas contribufram para a mesma; para Cura Mar 2008: 183, ape" justifica admiti-la se o ato imediatamente anterior a simacao de imposstl de satisfagao do crédito nao for impugnavel, nn? * de Se 0 ato for gratuito, a impugnacao procede, ainda que um e outro agiss™ boa-fé. Mas para a impugnacao pauliana de ato onerseo ainda ¢ requis 0 devedor ¢ 0 terceiro tenham agido de mui-fé (e a ma-fé 6 definida, para 6nio do impugnacao de atos diminuidores do patsimont ap ituagdo de impossibilidade de s4 sided bi ‘am diretamente essa impossié sna ** jidade 698 Artigo 610.° «a consciéncia do prejutzo que come ee pi ena oe causa ao credor»), como se determina Alei exige que 0 ato a impugnar seja ulterior ao crédite: os credores s6 poderiam legitimamente esperar executar os bens que existiam no patrimonio de devedor outros que eventualmente mais tarde o ve; : (eouteos pe ieee venham a integrar) quando foi constituido crédito; soluga stituiria . z os (atataba Cosva, 200% bon ia uma ameaca a seguranca do comércio Nao € necessario que 0 crédito ja se encontre vencido (ou que a sua existéncia tenha sido judicialmente reconhecida: Ac. RC 18/05/2010) para que o credor ossa reagir contra os atos de impugnagao da garantia patrimonial anteriores a0 vencimento, contanto que a constituicao do crédito seja anterior ao ato (sendo que o crédito resultante da assinatura de uma letra ou livranca se constitui na data da respetiva emissao € nao na do vencimento desta: Ac. ST] 13.12.2007). Note-se que, havendo novacao objetiva, nos termos do disposto no artigo 857°, o devedor contrai perante o credor «uma nova obrigacao em substituicdo da antigan, 0 que pode por em causa a anterioridade do crédito 1, Porém, se 0 ato tiver sido praticado antes da constituicao do crédito (a lei admite agora expressamente a possibilidade de impugnacdo pauliana de atos anteriores ao crédito, verificados que estejam determinados requisitos, 0 que era tema discutido antes da entrada em vigor do CC; cf. a andlise - e os argumentos que levariam a que se entendesse ser ela admissivel, mesmo na auséncia de previsdo legal expressa ~ de Vz Serra, 1967: 206 e ss.), ele também poderd ser impugnado, mas apenas desde que tenha sido realizado dolosamente com o fim de impedir a satisfagdo do direito do futuro credor (nas palavras de ANTUNES VARELA, 1997: 450, deve ter havido «fraude pré-ordenada») - e a participagao deve ter sido dolosa tanto para o devedor como para o terceiro (sob pena de este poder vir a ser prejudicado devido ao dolo do devedor). Se se entender que 0 dolo do terceiro consiste na sua participagao consciente no proprio dolo do devedor, ou seja, na sua intengao de tirar proveito do ato fraudulento do devedor e de, simultaneamente, querer prejudicar os credores deste, seré quase impossivel ao credor a demonstragio desse dolo do terceiro (ja prova da sua intencao de aproveitar de um ato fraudulento é relativamente gil, uma vez que pode resultar das proprias circunstancias do mesmo). Pelo que se deve exigir apenas a mé-fé que consiste no facto de o terceiro conhecer ou ter consciéncia da fraude do devedor (ou seja, de este visar defraudar os interesses dos seus credores), participando deste modo na intengao fraudulenta do devedor (Vaz Serra, 1969: 9). Il Cabe esclarecer que a mé-fé exigida pela al. a) do artigo 610.° no se confunde com 4 que se exige no n.° 2 do artigo 612.” — aqui, o terceiro tem de ter tido consciéncia do prejuizo que 0 ato causa ao credor; no caso da al. a) do artigo 610.°, nao basta 2 consciéncia do prejuizo que 0 ato causa ao credor, é necessaria a sua propria intencao de impedir a satisfagao do direito do futuro credor, participando na intencao fraudulenta do devedor — com o conhecimento ou consciéncia da fraude. ©xpressao dolosamente foi aqui utilizada no sentido civilista, enquanto sugestao SU artificio que alguém empregue com a intencao ou consciéncia de induzir ou Santer em erro outrem, conforme estabelece 0 artigo 253.°, n.° 1 (CURA MARIANO, 2008: 160 e ss.):0 devedor, para conseguir obter 0 crédito, faz dolosamente 0 credor cteditar que certos bens que jd foram alienados ou onerados ainda pertencem ao {au Patriménio, como bens livres de Gnus ou encargos (ANTUNES VARELA, 1997: ©88,; CURA MARIANO, 2008: 164). E tem de existir um nexo causal «entre o dolo *petrado e © crédito frustrado», pelo que o dolo sera irrelevante se se provar Per Sean 10 Comentario a0 Cédigo Civil ito teria sido concedido mesmo sem esta interferéncia do devedor¢ terceiro (MENEZES CORDEIRO, 1991: 558). 2 II, Uma questdo a que a lei nao responde diretamente neste Ambito 6a de saber feo requisito da mé-fé do terciro, quando 0 ato € anterior ao crédito e realizadg Solosamente com o fim de impedir a satisfacao do direito do futuro credo, $ também aplicdvel a actos gratuites. Nestes casos, a impugnagao nao pode ter por funcao reagir contra atos que diminuem a garantia patrimonial do devedor esta constituida pelo patriménio do devedor a data da constituicdo do crédito, pelo que o terceiro que adquira os bens nao pode estar em posicao de prejudicar os inteesses Go credor do alienante, o que afastaria a possibilidade de impugnagao do ato no caso de ele estar de boa-fé. MENEZES CORDEIRO, 2010: 526, considera, neste ponto, a segunda parte da al. a) do artigo 610.° norma especial relativamente a segunda parte do n.°1 do artigo 612.°, no que é seguido por BRANDAO PROENGA, 2017: 52 que expressamente afasta a possibilidade de impugnacao pauliana quando nao tenha havido entre o devedor e 0 terceiro beneficidrio do ato gratuito «qualquer conluio no sentido de vir a ser prejudicado» 0 futuro credor (mas VAz SERRA, 1968: 10, defendia ser de dispensar a mé-fé de terceiro quando 0 ato, praticado antes da constituigao do crédito, fosse gratuito). Na insolvéncia do devedor, decidiu-se no Ac. RC 10.07.2014 que o administrador da insolvéncia nao tem legitimidade para propor agdes de impugnacao paulia- na caber-lhe-é resolver em beneficio da massa insolvente, nos termos do CIRE, 0s atos em causa. Existem especificidades relativamente aos requisitos estabelecidos para a resolugao em beneficio da massa insolvente. Desde logo, para ser resolvido, © ato deve ter sido «prejudicial @ massa», considerando-se nesse ambito todos os atos que diminuam, frustrem, dificultem, ponham em perigo ou retardem a satisfacdo da generalidade dos credores da insolvéncia ~ e aqui a especificidade consistira sobretudo no facto de se impor que o devedor tenha sido declarado insolvente, 0 que nao se exige para efeitos de recurso A impugnagao pauliana; na exigéncia de que a prejudicialidade se refira a massa e nao a satisfagao de um credor especifico. Esta diferenga reflete-se na propria determinagao da mé-fé que se exige no ambito da resolucao em beneficio da massa insolvente: ali, tendo e™ conta que esté também em causa a satisfacao do principio par condicio creditor" 0 facto de um devedor alienar onerosamente um bem do seu patriménio per com a contraprestacao recebida, satisfazer um credor em detrimento de outro, afasta a existéncia de mé-fé; porém, este ato nao poderia ser objeto de impus™ a pauliana, uma vez que nada impede um devedor de alienar bens do seu patrimen para satisfazer uns créditos em detrimento de outros, como se decidiv n0 ACS 26.01.2017 e jé defendia Vaz Seka, 1958: 231 e ss. alias, este Autor salienta 1 aproveitando os efeitos da acao pauliana apenas aquele credor que propor? a impugnacao do pagamento a um dos credores teria o inconveniente ae 4 a0 autor, com exclusao dos outros credores, a importancia paga a0 re ages com 0 que «0 autor viria afinal a conseguir aquilo que censura ao réw ‘amber a propria nocao legal de mé-fé exigida para a resolugaio em beneticio 44 insolvente é distinta (cf. MARIA DE FATIMA RIBEIRO, 2017: 131 e SS.) que 0 créd ager MARIA DE FATIMA RIBEIRO (membro do CEID-CRCFL) 700 Artigo 611.° Artigo 611.9 Prova jncumbe ao credor a prova do ado na manutencio do ato a Tou maior valor. montante das di Prova idas,e a0 devedor ou a terceiro a de que o obrigado nteress: i a possui bens penhoraveis de igual grio da anotagao: Mecedentes. Trabalhos preparatsrios (anot pibliografia (anotacao 2) jurisprudéncia (anot: 3) i mentaio ao preceito (anotagSes 4-7) su AD antecedentes: Codigo de Seabra; Artigo 1043. go devedor, provar a quanto montam as divid. a prova de que tem bens de egual ou de sexka, A. VAZ, «Respor especialmente pp. 192 ¢ ss. Bibliografia: ALVES, RAUL GUICHARD, Da Relevincia Jurtdica do Conhecimento no Direito Civil, UCE, Porto, 1996; CorDEIRO, ANTONIO MENEZES, Direito das Obrigagoes. I Volume, AAFDL, 1986; IDEM, Tratado de Direito Civil. X. 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Sub-rogagdo do credor ao devedor, Impugnagio Pauliana. Arresto (Breve estudio na Lei na Doutrina e na Jurisprudéncia), Porto Editora, Porto, 1996; VARELA, Joao DE des em Geral, vol. Il, 7." ed-, ae Coimbra, 1997 ST} 05.02.2004, CI/ST], 2004, ano XI, tl pp. ial ig}, onan GAD I A ra, 980347), 25.11.2014 (6629 /04.0TBBRG.G1.S1), 01-10. : : CLs), 14.07.2016 (709 2TBACBLISD, 18.05.2017 (20/14.8T8AVR.P1S1), «Se a parte, que allega a insolvencia as deste, ao mesmo devedor incumbe s maior valor.» Trabalhos preparatorios: ‘abilidade patrimonial», BMJ, n° 75, 1958, 7 5-408, 701 RP 22.04.2013 (11289 /10.7TBVNG-P1), RC 14.00.00 OSLILONGY) RL 17.12.2009 (6179/ 08-2). Entre outros (analisados n+ pauliana os seguintes: a Te patrimonial do crédito; e que satisfagao integral do cre L No artigo 1033.” do Codigo do devedor, acrescentando 0 dos bens ¢ creditos {go 610."), Sdo pressupostos da impy, *yevedor de um ato que diminuary desse ato resulte a impossibilidade de o credor + ou 0 agravamento dessa impossibilidade, de Seabra exigia-se que do ato resultasse a insolyg a anot. a0 artij alizacao pelo aGi0 rani bter g . 5 ren artigo 1036.": «Dé-se insolvencia, quando a somng do devedor, estimados no justo valor, na iguala a sommg © desse codigo ainda se estabeleci: dias suas dividas.» No artigo 1036. desse c6cligo 2) nt cilabiclde com ligagiy a este ponto, que a mé-f6 das partes consis" ne laquele estady Je insolvéncia do devedor. No CC alargou-se a Poss! a jade de recorrer 4 acig pauliana perante quaisquer atos que tenham provocado ou agravado a impos. Pevlidade de o credor obter a satisfacao integral do seu crédito, ainda que sem incorrer necessariamente numa situagao de insolvéncia (pata MENEZES Corpero, 1986. 490, todavia, nao serd assim: defende que a acao pauliana «exige que o acto a impugnar tenha provocado a insolvéncia do devedor ou tenha agravado essa jnsolvéncia», uma vez que «s6 esta gera, de facto, a impossibilidade de satisfacao dos créditos»). Simplesmente, como resulta do artigo 611.°, se o devedor nao vier provar que tem no seu patriménio bens suficientes para a satisfacao dos créditos procederd a impugnacao pauliana, ainda que ele nao esteja insolvente. O recurso a este meio de conservacao da garantia patrimonial apenas pode ter lugar ‘uando ele se mostre necessdrio para a integral satisfagao do credor (razao pela i Ps Pel gual se exige, no artigo 610.”, que o ato a impugnar tenha causado ou agravado impossibilidade de satisfagao do credor). Na distribuicao do dnus da prova, 0 artigo 611. esclarece que cabe ao credor provar «0 montante das dividas», cabeno a devedor ou ao terceiro interessado na manutencdo do acto provar que o devedor possui bers penhordveis de igual ou maior valor - 0 que passaré necessariamente pela identificasso desses bens. A impossibilidade para o credor de obter a satisfagao integral dose" crédito afere-se através de um balanco entre o valor total das dividas e 0 dos bens penhoraveis do devedor, feito apés a pratica do ato que se visa impugnat. 5° 0 valor total das dividas for inferior ou igual ao dos bens penhoraveis do devedor nao se considera afetada a garantia patrimonial, nao existindo o prejuizo que justifica a impugnagao (CURA MARIANO, 2008: 175), Caso se tra re i divida soliddria, 6 irrelevante para a determinagao da Peraaedden devedor que se prove que o patriménio dos demai idarios i 4 . Higleiee ef valor superior ao do crédito do credor impug' o devedor em causa (cf. VAz SERRA, 1958: 200 5 Acs, ST] 0 14102015 neste dhinioraneorertece dae a oe ina as do patriménio de ond acrescenta-se que apenas interessa determinar a suficl® A onde saiu o bem cuja alienagao se pretende impugnat a8" apontadas para tal decisdo sao as seguintes: a solidariedade passiva 40 permite ol devedor| opor ab cledoih behafici de. divatealda:kdeid eles alcump™ PO ‘ \eficio da divisdo ou escusar-se a cumP inteiro, nos termos do disposto nos artigos 512." e 518.°) Tem-se entendido que o regime que resrita siesta 8°). , que resulta desta norma se afasta, e™ P® regras gerais fixadas no artigo 342.” py a 7 4 pugh calceria' abla " porque, a luz delas, numa agao de impr aberia ao autor fazer prova dos re 7 ancia do peti ele. requisitos necessarios a procedéncia do P's pelo que na impugnagao pauliana the caberia sevia deste artig? no s6 a prova do montante da divida eon never ae Seto, ms ait a da diminuigao da garantia patrimor It ee aacal ») do artis? 610. (Pires DE LIMA / Antunes Vann elie como definida na al b) 20. i538 entendeu, com base no exposto, que ocredee peaes ). Ena jurisprucer que que o credor impugnante nao tem de P insuficiénci@ is obrigados mante sobre 19.10. 2006 & ncid rte, das ac war I 702 Antigo 611. resultow a impossibilidade da s, 78 mpossibilidade, bastando-the atisfagio do seu créd édito, ou 0 agravamento Provar 0 montante d. mos factos constantes da al. pen slam provando a arta Sraveniolowanipeltinncomtios grate moma do seer os dois factores tans ne ieee Sees ates 8) do artigo 610.) smo do resus anal srt niin, para we 1 gv 7 Superior a val © facto de jf 0¢ra, na mesma tica do ato. £ que a impugnagao ‘entre o ato impugnado eo prejizo sages normals levarla a0 ene Sigal ainda que, por diocese (eaadb pepidical para mesmo) Fouts lavas por forge nad oso negativo, se tenhaalterad,agravandoe om eee ee ae dng, por ete, aificuldade de wxaeugo dos be dene at tehaaumentado (note-se que o devedor podeesr npc eee iegrlmenteo credo, mas na mesma eta ida ra a eee tueoestava antes da ptca do ata nese ne Como looser se aImpossibldade ou 9 agevamente oe sin sso do cedose deve a ostosfatones que oa pate do eee Inpuptr e ainda nfo oserd se ase mann at om coon nena lado a eniquecimenta do devedor apenas se tendo evscdorrcrenit eas occa de ereunstincasimprevisiven) 6 ssn pode stearate tahacausdo a inposiildad ou 0 ugracamene de npeeabiate tecetrone cedor(notese ainda qu, por ex. dimiuigbo da genta pteecaat es Prone que st verique causagie ou ageavemento simporaniane ae ‘hago do eredor: basta pensar na hipoese em qc devedoy ahora abo inal substituindo-o dese modo, no seu patent, por dial cm monet ‘orspondent ou até superior ao Seu vale - mas conserva ainda ones bins iméveis de valor suiient para satstazer todas as suas vidas) O atigg Si"refomae apenas prova da vunca doers dodevedor pare ronson 4b eredor, pelo que continuard a caber a0 credor a prova relativa 2 diminuigdo {garni patrimonale causago ou agravamento da imposibiade da sua so tg sean ger cnn da rove (ea a0 ago 6) IL Apena aprova de que o devedorpossui bes que he permitam satsfzer o ero em ‘ast (que pode ser dificil, ou mesmo impossivel) passa a caber, por este atigo, sas 0 eis nts ten da: po inpugnao, tem o dnus de provar que o devedor posi bers penhorives de ‘a ou siperior ao das dvidas(dtendendo-e, para Resiano Matz tba Pox, 20629, por itpugrago, Ou, Para CUA MAMAN 208: Por exces} Endo basta quo devedoralgue que & titular de um vasto posto na al. b) do artigo 610.°é necessario que ele nio sera impugnavel assim euition le wdeve identiticar os bens, com os elementos necessities, ara JR tbunal possa conclu pela existencia no seu patsimenio de bens de valor Superior ao montante das dividas» (Ac. RC 14.03.2017). m3 Comentério ao Cédigo Civil js a interpretagao da norma na parte em que Tem sido contovertida a questo ape se entenda quo redo ev, refere ao «montante var o montante do passivo do seu devedor, tem-se também nos termos da lei, eats preceito tem de ser interpretado em termos habeis,, aareiaree eaneies elo credor, do seu proprio crédito (Ac. RP 22.04.2013. sendo suficiente AP ety 10.07.2007). Note-se que, se é pacifico que 0 artigo 611 assim também Ac ede uma prova muito dificil (a de que no patriménio do Target bens se tisfacaio dos seus credores), nao ser4 entes para a sa devedor existem bens suficientes p 0 ; coerente obrigé-lo, ainda assim, a fazer a prova quase impossfvel do montante de todas as dividas desse devedor, pelo que a interpretacio literal do preceito poderia esvazid-lo de sentido util (mais: 0 texto da norma inspira-se diretamente no do preceito que o precedeu no Cédigo Civil de Seabra ~ mas ali ase para que um credor pudesse recorrer 4 impugnagao pauliana, a insolvéncia do levedor, eo resultado da procedéncia da acao seria sempre 0 regresso dos bens ao patriménio do devedor, para satisfagao da generalidade dos seus credores, Nos termos do disposto no entao artigo 1044.°; hoje, com as alteragées legislativas introduzidas quanto a estes dois aspetos, ndo se justificard interpretar do mesmo modo, neste ponto, o texto do artigo 611.°). De resto, o mesmo parece resultar da conjugacéo do disposto no artigo 611.° com o texto da al. b) do artigo 610.°: é pressuposto da impugnagao pauliana que de ato a impugnar tenha resultado a impossibilidade, para o credor, de obter a satisfacao integral do seu crédito, ou agravamento dessa impossibilidade. E, assim, sobre o credor impenderd o énus de provar o montante do seu crédito sobre 0 devedor. MARIA DE FATIMA RIBEIRO (membro do CEID-CRCFL) Artigo 612,° Requisito da ma-fé rales aio Qnezoso s6 esta sujeito 3 impugnacio pauliana se o devedor eo terceit0 iverem agido de mé-fé; se o ato for gratuito, a im, a i ue um e outro agissem de boa-fé. es 2. Entende-se por ma-fé a consciéncia do prejuizo que 0 ato causa ao credor. Sumério da anotacao: Antecedentes. Trabalhos preparatérios ( Bibliografia (anotacao 2) Jurisprudéncia (anotacao 3) Comentario ao preceito (anotagoes 4-10) {anotagao 1) Antecedentes: Codigo de : Artigo 1034.°: 9, 80 1034.": «Se 0 acto ou contracto for nets 86 poderé ser rescindido have é saree wena wdo.ma f tanto da parte do devedor como da out®® » acto Ou contracto fo: 7 ainda ue 0s estipulantes no procedessem de quando a somma dos bens e creditne 4 iguala a somma das suas dividas A desse estado.» Trabalhos preparatg BM], n° 75, 1958, pp. 5-408, Bibliografia: ALves, Raut C Direito Civil, UCE, Porto, 19% atuito, pode dar-se a rescisao, 8 16>; artigo 1036.": «Da-se insolvencl® fe ma egevedo estimados no justo valot a iris: Sheen, An Lal €a0, consiste no conheciment specialnny Vaz, «Responsabilidade patrimonial” SUICHARD, Da Ree go 8 5 96; Convener Ae eantcia Juridica do Conheciment0 "? ’ ANTONIO Menezes, Direito das Obrign®™

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