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ara ANA PRata, 1994: 899, ¢ Ac ; 1994: 899, e AGOSTINHO DES, 2012: 53, também o preferente Poderd recorrer ao mecanismo previsto ta norma para obter sentenga substitutiva do titulo contratual briead referéncia nao celebrar voluntariamente © contrato depoi: aie aa visa lo intencao de celebrar 0 contrato e 9 contetido do Tacs ae ie loa brigacio de dar preferéncia compreende a Obrigacao de Celebracio ab ctes ne € 0 seu objeto. WAIL pee LLUUL, PF \NA AFONSO (membro do CEID-CRCEL) SECGAO IV Cessao de bens aos credores Artigo 831.° Nog@io Da-se a cessao de bens aos credores quando estes, ou alguns deles, sio encar- regados pelo devedor de liquidar o patriménio deste, ou parte dele, e repartir entre si o respetivo produto, para satisfacao dos seus créditos. Sumério da anotagio: Antecedentes. Trabalhos preparatérios (anotacao 1) Bibliografia (anotacao 2) Comentario ao preceito (anotacio 3) Antecedentes: O preceito nao tem correspondéncia no CC67. Trabalhos preparatérios: 1 Anteprojeto, SERRA, A. VAZ, «Cessio de bens aos credores», BMJ, n° 72, 1958, pp: 307-325, 12 c 2." Revisdes Ministeriais, Bastos, J. F. Ropricues, Das Obrigagdes em Geral Segundo 0 Codigo Civil de 1966, VI, 1973, pp. 165-166; Projeto, in Projecto de Cédigo Civil, Ministério da Justica, Lisboa, 1966, p. 243. 1245 Comentario ao Cédiga Civil Bibliografia: CaSTANA, A., La cessione dei beni ai creditori nelle dioerse fattispecie, Giutise, Milano, 1957; Miccio, RENATO, «Cessione dei beni ai créditori», ED, VI, Milano, 1960, pp. 834-846; JORGE, FERNANDO PESSOA, Ligges de Direito das Obrigaces, AAFDL, Lisboa, 1975-1976; SALW, FERDINANDO, «Della ceasone dei beni ai creditori», Commentario del Codice Civile, dir. por A. SCIALOIA € G. BRANCa, J. Zanichelli Editore, Bologna-Roma, 1963, pp. 243-334, e La cessione dei beni ai creditori, Giutfre, Milano, 1977; CorDe1Ko, A. 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BRANDAO, Ligdes de Cumprimento e Nao Cumprimento das Obrigacdes, 2.° ed. rev. e at., UCE, Porto, 2017; RAMALHO, Tiaco AzevEDO, in Cédigo Civil Anotado, I (artigos 1.° a 1250.'), coord. por ANA PRATA, Almedina, Coimbra, 2017, pp. 1048-1049. I. £ bastante discutida a melhor insergao sistematica de uma figura que teve origem na «processualizada» cessio bonorum romana, que foi importante em épocas de crise econémica, que consta do CCE (artigo 1175), que deixou de figurar, em 1991 (com a Ln. 91-650, de 09/07), no CCE, cujo regime foi influenciado por artigos (1977 a 1986) do CCI que a conceberam como contrato tipico (cfr. MENEZES LetrA, 1987: 30 e ss., MENEZES CORDEIRO, 2017: 534 e ss., e RAMOs ALVES, 2017: 205 € ss.) e que, hoje, «concorre» com outros instrumentos previstos no CIRE (0g, PER, apresentagao de um plano de pagamentos aos credores, recurso ao processo especial para acordo de Pagamento ou, segundo, ANDRE FIGUEIREDO, 2012: 250, a uma cessao do rendimento disponivel) ou noutra legislagao (0 caso do RERE, criado pela Ln." 08/2018, de 02/03). No CIRE, ha referencias explci acessao de bens nos artigos 149.", 1, b) - apreensao de bens cedidos- e 196. 1, e), a propésito do plano de insolvéncia. i Como dissemos, no diploma italiano a cessao um contrato especial, no CC66 foi colocada antes do capitulo dedicado as causas de extingio das obrigagbesalém do eumprimento (artigos 837." e ss.) e, na doutrina, hé quem a estude como garantia Srp (As Van Te oz om 0 HS riment ARELA, ), na «realizacao coativa da prestacio” (Menezes Coxdetko, 2017: 534, apesar de Ihe conferir um papel de gerantia na 1246 Artigo 831.8 SS.) ou, até, nos vendo (Cuntia De LL ‘Tratase de um contrato celebrad, gu alguns deles) através do qual pando 0s ctedores «encarregados, deum «poder-dever») de os vender ES CORDERO, 2017. 54: agar dos seus créditos. O interes entre o de © devedor ent pratco ecu funcio, mais de fi impropriamente, com uma da 86 seria conseguida, evitar que, Perante a impossibilidade ou dificuldade tan BOS ©2908 gers, acionando a «Sua» garantia patrimonial, instaurem um mee nt O8 credores, apresentem um pedido de declaracao de insolvéncia do tere (es ees [ANTUNES VARELA, 1997: 115, n.°1, e a opiniao divergente de Minne oe 2017: 540, pera quem bastam razées de conveniéncia, de RovaNo Macnee en pa PONTE, 2006: 53, enfatizando a prevencao do incumprimonteg fe gost ALMEIDA, 2013: 223, avocando ser uma «garantia improprian). NAPE eerddebestddntl € a dacio em funcio do cumprimento (ver artigo 840. Para todos os efeitos, num mandato sem representacio (Manezes LerrAo, 1987: 63-65, 2016: 299-300, e 2017: 320-321, Janvanio Cones, 1989: 175 e ss., ANTUNES VARELA, 1997: 156, CUNHA DE SA, 2002: 211, ROMANO Maxtinez | FUZEtA DA PONTE, 2006: 54, FERREIRA DE ALMEIDA, 2013: 223 e, em. sentido cortrério, defendendo que a cessdo «envolve os poderes de representacio necessérios para a sua execucao...», MENEZES CoRDEIRO, 2017: 541), agindo os credores em nome préprio, por conta do devedor, mas no seu interesse e no do devedor. Quer um quer outros devem agir em perfeita cooperacao. Como nao existe transferéncia fiduciaria dos bens (a titularidade permanece com 0 devedor) eo interesse também é partilhado pelos cessionarios, ha apenas laivos de negécio. fiducidrio {constituigao de um acerbo separado de bens com certo fim) sem que, em rigor, a cessao possa ser qualificada como negécio fiduciario (cfr, com menos dividas, ANDRE FIGUEIREDO, 2012: 255-256, nt. 932, MENEZES CORDEIRO, 2017: 541, e Ramos ALvEs, 2017: 222). : ae TIL Um dos aspetos mais delicados da cessao de bens, e que marca a sua distingao relativamente a dagdo em fungao do cumprimento, é a concretizagao da prestagio que constitui o seu objeto. A cesséo de bens pode ser total ou parcial, oe abranger 0g, moveis, imaveis e créditos. Os bens necessitam de ser identificados, mas, como diz CUNHA DE SA, 2002: 211, nao podem ser «.. considerados ¢m si mesmos,a titulo singular», defendendo Rawos Alves, 2017: 2146 219, que so ovi10 do negécia tera de corresponder a uma universalidade patrimonial ¢ nto a bens determinados» e questionando, também, se a cessio poder abarcar bens futures, © que nao € aceite por MENEZES LEITAO, 1987: 78. A Leia en 7 a 7 ndagao mais consentanea com 0 interesse dos credores de procenerhnt 4 Une Myatt Me {Para a sua cobranca) doe ora gad sab» (MENEZES LEITAO, 1987: 63, ANTUNES VARELA, 1997: 157 e, em sentido algo diferente, partind ae uma oponibilidade a La, el PONTE, 2006: terceiros, RoMANo MARTINEZ / FUZETA DA PON pID-CRCFL JOSE BRANDAO PROENGA (mnembro do CEID-CRCFL) 1247 Comentério ao Castigo Civil Artigo 832." Forma disso, sujeita 4 forma exigida or escrito e estd, além a ita pr los. 1. A cessio deve ser Feil crit ea compreendi : iss ens nel A para a validade da transmi so dos bens er ipranja bens Sujetos 2 Feist ada 2, A cessio deve ser regist Sumério da anotacie: “Antecedentes. Trabalhos prepat Bibliografia (anotagio 2) i Comentiio ao preceito (anotagao 3) ‘atérios (anotagao 1) Antecedentes: O preceito nao tem correspondéncia Be eur alanine “Anteprojeto, SERRA, A. VAZ, «Cessao de bens a08 ci lores) BM) ni 7 198, pp. 307-325, 1.'¢ 2° Revises Ministeriais, Bastos, J. i eon De riggs em Geral Segundo 0 Cédigo Civil de 1966, VI, 1973, PP- ee ;; Projeto, ij ile Codigo Civil, Ministério da Justica, Lisboa, 1966, p. 243. Bibliografia: Vad. a da anot. ao artigo anterior. ‘ L. Dada a particular eficdcia da cessao de bens e a «necessidade de certeza e seguranga do tréfego jurfdico» (RAMOS ALVES, 2017: 213), 0 legislador entendeu submeter a forma escrita o respetivo contrato, forma escrita essa mais ou menos Solene consoante a forma legal exigida para a regular «transmissao» dos bens que constituem o seu objeto (xg, a cessao de iméveis carece do formalismo atualmente exigido, no artigo 875°, para a compra e venda de imoveis| 4 Il. Englobando bem sujeitos a registo, a cessdo deve ser registada [ver artigos 2°, 1, 9), € 95°, 1, j), do CRegP], entendendo certa doutrina (MENEZES LEITAO, 2018: 323-324, MeNtzES CoRDEIRO, 2017: 540, e RAMOs ALVES, 2017: 214) que esse registo nao tem valor constitutivo, sendo mero requisito de oponibilidade a terceiros que adquiram, eventualmente, do devedor cedente. Para la do que esté previsto no artigo 270° do CIRE, e que isenta de IMT as transmissdes onerosas de iméveis «integradas em qualquer plano de insolvéncia ou de pagamentos», conexas com uma cessio de bens aos credores, e apesar do CIMI nao referir expressamente a figura no seu Ambito objetivo de aplicacao (artigo 2"), cremos que o imposto devers ser pago, nao com a celebracao do contrato de cessio (nao existe, sequer, procuracdo irrevogavel outorgada aos cessiondrios), mas no momento da transmissa0 dos iméveis do devedor (ou dos cessionarios) para os terceiros (assim, e quanto a antiga sisa, ANTUNES VARELA, 1997: 157, nt. 1). JOSE BRANDAO PROENGA (membro do CEID-CRCFL) Artigo 833.° Execucao dos bens cedidos ger St8580 0 impede que os bens cedidos se ela nao participa, enquanto nao tiverem si direito os cessionario: cjam executados pelos credores que 0 alienados; nao gozam de igual $ nem os credores posteriores a cessio. i - Sumério da anotagao: Antecedents, Trabalhos Bibliografia (anotagao 2) Comentsio ao preceito (anotaga preparatorios (anotagao 1) 1248 vo 8: 3 Artigo 834, “Antecedentes: O preceito nao tem corres} é ‘amteprajet, SERRA, A. VAZ, «Coser Sponde pp- 307-325, 1. € 2." Revises Ministeria 7 Pr Geral Segundo o Codigo Civil de 1966, vi Ciel, Ministério da Justica, Lisboa, tego ee 10% Projet ribliografia: Vd. a da anot. ao artigo S310 [ Quanto a0s bens cedidos, o legislador by s credores nao cessionarios, titulares a. ae No artigo 1980, 2, CCI, admite que e penhorem até ao momento da sua aliena ‘ditos anteriores a cessao, os executem tenha sido registado. Deste poder de execucso, que ford 0 conttato de cessso estdo, assim, excluidos os cessionatios, bem oe oo Bilz2 9 eScopo da cessio, scordo com 0 devedor Hé no normanco en ome 08 sredoressurgidos apés 0 intresses entre todos os eredares, ou sje n an ise uma evidente conciliagao de encargo de os alienar, ointeresse daquclee que nieresse daqueles que receberam 0 de cessio e 0 interesse daqueles que nao podem ser prejudhec ioe soe / prejudicados com um acordo em que nto Participaram. Quanto aos cessionarios, ha quem aluda a uma espécie deeming nui Lee nit a ai eb So eorcoena oeeali lor procurou uma solugao extrajudicial que Cates Vakastoon iss perms Se a0s cessionérios a execucio desses bens rn LA, , :, mesmo, que estariamos perante uma conduta abusiva, contraditéria, desses credores). IL Relativamente aos bens nao cedidos, e contrariamente ao disposto no artigo 1980 CCI e ao que VAz SERRA chegou a propor, é de entender, sem embargo da discusséo sobre o sentido que possa ser retirado do «mandato» conferido (MENEZES CORDEIRO, 2017: 540, refere-se a uma «cldusula de non petendo, subjacente lor executados pelos cessiondrios (para a «estranheza» da ) sob pena de haver um tratamento de maior duzido, quanto a estes, no poder de execucao sa tutela, PIRES DE Lima / ANTUNES Ncia No CC67, Trahy NS AOS credores», cues, Das Obrigacses 0, in Projecto de Cédigo a cessao»), poderem s solucao, MENEZES LEITAo, 2018: 324; favor para os nao cessiondrios e tra dos bens cedidos e nao cedidos (cfr., para e VarELA, 197: 117, n.° 2). IIL Havendo sentenca que declare o devedor insolvente, sio apreendiidos os bens, que integram a massa insolvente, mesmo que tenham sido objeto de cessio de n2 2 do preceito, essa apreensao bens [artigo 149. 1, b), do CIRE]. Segundo 0 7 pode consistir no «produto da venda, caso este ainda nao tenha sido pago aos credores ou entre eles repartido». JOSE BRANDAO PROENGA (membro do CEID-CRCFL) Artigo 834.° Poderes dos cessionsrios e do devedor stragio e disposigio dos ntiver, os poderes de admi mate aos cessionarios. 1ra gestao dos credores, ¢ tem se a cessao se prolongar por ma xclusivame ém, 0 direito de fiscaliza n da liquidagao ou, 1. Enquanto a cessao se respetivos bens pertencem ©) 2. O devedor conserva, porem « 0 direito a prestacao de contas no fim mais de um ano, no termo de cada ano: Suméario da anotacio: gio AAntecedonten Takahos preparatarios (notacae 1) Bibliografia (anotagao 2) Comentario ao preceito (anotasie 3) 1249 F gcnaeone Comentario ao Codigo Civil respondéncia no CCO7. ‘Trabalhos preparatorios bens aos credores», BMI, 0.” 72, 1958, J.B RopriGurs, Das Obrigacieg eceito nao tem cor 1 Antecedentes: O preceito M: corres ‘Anteprojeto, SERRA, A. VAZ, «Cessdo C% De a svigaes Ministeriais, BASTOs pp. 307-325, 1 i a ieee de 1966, VI, 1973, P- 171; Projeto, in Projecto de Céidigg Pera Segundo Castigo Citi de 1806, VI IO7 Es a a Justia, Lisboa, 966. De edi en 2 Bibliografia: Vd. a da anot. a0 artigo 831", ‘imonibilita nella cessione dei beni ai creditori», RTDPC, 3, 2012, dirito altrut eds oie aco AZEVEDO, in Céidigo Civil Anotado, I (artigos 1.° Be aaa peara, Almedina, Coimbra, 2017, p. 1051 : eng 0 devedor, apesar de conservar a titularidade juridica dispusitiva, ficando a pertencer a0s credores cessionérios a0 de bens alheios. E em nome dessa legitimidade que os » alicnar os bens sem necessidade de uma dupia tansteréneia dominial. O CCI di-lo de outra forma ao referir, no artigo 1980, 1, dispor dos bens cedidos». S40 os cessionarios que, na posse dos bens, 0s vao administrar (podendo, vg., dar de arrendamento algum imovel), defendendo-os de qualquer perturbagao ou esbulho (contrariamente ao, sustentado por MENEZES CORDEIRO, 2017: 539, nt. 1979, a tutela possess6ria nao € explicada por serem possuidores em nome préprio mas por estarem numa situacao semelhante a de um credor pignoraticio). Estando 0 devedor destituido de legitimidade dispositiva, mas continuando a ter 0 dominios dos bens cedidos, ha que saber qual a consequéncia de um eventual ato de alienacao praticado por ele A questao é discutida no direito italiano, entendendo alguns autores haver nulidade, por violacao da norma proibitiva do artigo 1980, 1, e propendendo outros para uma mera ineficdcia (ver, para o debate, FOLLIERI, 2012: 774 e ss.). Entre nés, MENEZES LEITAO, 1987: 83-84, defende a nulidade, por aplicacdo analégica das normas dos artigos 892.° e ss., nulidade esta a ser invocada pelos credores nos termos do artigo 605.° Esta construgao é questionada por Ramos ALVES, 2017: 221, ao entender, com 0 apoio de Mico, que os credores apenas poderdo resolver 0 contrato, seguramente com base no incumprimento da obrigagao fundamental subjacente a cessdo (DE Marrint, qpud RAMOS ALVES, 2017: 222, releva um «vinculo teal de indisponibilidade»). Nesta discussao também é possivel entendermos que 0 ato do devedor é nulo por ofender diretamente 0 disposto no n.° 1 do preceito. Como quer que seja, e até certo ponto, esta frustragao dos poderes legais dos credores é semelhante @ que ocorre em varios negécios nao imediatamente consumados, como € 0 caso das alienagées levadas a cabo pelos vendedores em compras e vendas celebradas com reserva de propriedade ou pelos devedores num contrato com direito de opgéo de compra. Pee repeat stag 1983 CCI, 0 n.°2 do preceito atribui ao devedor, apos aoe ne izagao da administragao dos credores e confere-Ihe 0 direito, em elba cea cao, \ prestagio de contas (com inclusao das despesas realizadas asa ris), Aquele posigao italiana prevé a hipdtese de existir um pp. 767-7 130.9), coord. por ANA P 3 1 Coma cessio de perde a legitimidade esse poder de disposi¢ cessionarios, em seu nome, podem que 0 «devedor nao pode JOSE BRANDAO PROENGA (membro do CEID-CRCFL) 1250 Artigo 835.° Exoneragao do devedor (0 devedor 86 fica liberado em face dos credores a partir do recebimento da parte que a estes compete no produto da liquidacio, ena medida do que receberam. Sumario da anotagao: ‘Antecedentes. Trabalhos preparat6rios (anotacio 1) Bibliografia (anotagao 2) Comentario ao preceito (anotagio 3) “Antecedentes: O preceito nao tem correspondéncia no CC67. Trabalhos preparatérios: ‘anteprojeto, SERRA, A. Vaz, «Cessao de bens aos credores», BM), n.° 72, 1958, pp. 307-325, 1." ¢ 2. Revisdes Ministeriais, Bastos, J. F. RooRiGUES, Das Obrigasoes er Geral Segundo o Cédigo Civil de 1966, VI, 1973, p. 173; Projeto, in Projecto de Codigo Civil, Ministério da Justiga, Lisboa, 1966, p. 244. Bibliografia: Vd. a da anot. ao artigo 831.° A norma destina-se a esclarecer 0 momento em que o devedor fica liberado das suas obrigagdes. O texto é claro ao dizer que a exoneracao ocorre apenas com a liquidagao e 0 recebimento pelos credores do seu crédito. Podendo os credores receber a totalidade dos seus créditos, pode suceder que a sua satisfagao seja parcial por forca de um critério de proporcionalidade ou outro que sela estipulado. 11a, assim, tal Como na dado em funcao do cumprimento, um «efeito Tiberatorio diferido» (MENEZES LEITAO, 2018: 325, e Ramos ALVES, 2017: 225), um evidente fim solutério (ANTUNES VARELA, 1997: 158). No caso de uma satisfacao parcial, isto & tje uma liquidacdo insuficiente, os credores podem, naturalmente, executar ouiTos bens do devedor. Ao abrigo da autonomia privada (ressalvada na parte inicial do artigo 1984 CCI), a norma nao impede que os contraentes estipulem uma solugao aeeee rat6ria diferente da prevista, prevendo, 2.g., uma liberacao definitiva e total ito da liquidacao seja insuficiente (estaremos, entdo, perante 1) ou. que a entrega dos bens extinga imediatamente as dividas lugar de uma cessdo de bens, esteremos mais perante mesmo que 0 prod uma remissao parcial existentes (neste caso, em uma dacdo em cumprimento). JOSE BRANDAO PROENGA (membro do CEID-CRCFL) Artigo 836.° Desisténcia da c do 1. £ permitido ao devedor desistir a todo 0 tempo da cessao, cumprindo as obrigagdes a que esta adstrito para com os cessionzrios, gai desisténcia nao tem efeito retroativo, Sumario da anotagao: Sumueedentes. Trabalhos preparatéris (anotagso 1) Bibliografia (anotacao 2) Pe mentario ao preceito (anotacio 3) “Antecedentes: © preceito nao tem correspondéncia no CC67. Tiabalhos preparato Anteprojetor ae A: Vaz, «Cessao de bens aos credores», BM], non 1958 Gp. 307-325, 1 €2.* Revisdes Ministeriais, Bastos, J F, RooRKGUES, Das Obrigagoes 1251 /L d{ ty QE Comentario ao CoAigo Ciel in Projecto de Codigo 1966, VI, 1973, p- 174 Projeto, i 1966, p- 2! ene Pauto Vipera, A desvinculagag 1.8, HENRIQUES, / je sociedade e de mandate, Coimbra Editora, Me Caadigo Civil Anotado, I artigos 1° a 1250, undo 0 Codigo Civil de a Justia, Lisboa, artigo 831 vis d em Geral Seg Civil, Mit istério di not. ac 2 Bibliografi: Vd. a da ano lateral ac mea. ros comin © paGo AZEVEDO, i do, I (a aor ean Aimedina, Coimbra, 2017, PP. 1052-10853. : coord Peffy contrato a cessao de bens pode extingutit-se Por miituo acordo (MENEzes 0 7 ora ds bens por iniciativa dos Credores nao cessionétios), por pe (ME Ages LEITAO, 2018: 327, ao subsumtt® cess de bens a um mandato revtpreresse de ambas as partes, aPHica 0 artigo 1170. 2, 0 que nao aceite por Vipeika Henriques, 2001 163 e ss., dada a especialidade da presente norma, nem sténcia» por FERREIRA DE ALMEIDA, 2013: 223, configurando a «desisténcian come a verdadeira ‘cumprimento suficientemente Jou ser resolvida com base nalgum i 7] ANTUNES VARELA, 1997: 119, n © 1, e TIAGO RAMALHO, devedor o direito potestativo de desistir © termo «recesso») impondo-lhe como a.com os cessionarios. Este poder ‘ou esta alteragao de uma vontade to ligada aos seus interesses e ‘0s interesses dos cessiondrios. ajusta causa” importante (PIES DE LIMA 3017: 1053). Mas o legislador confere 20 Ja cessio (no artigo 1985 CCI é utilizado “nica condigdo que cumpra os seus deveres Pa Giecricionario unilateral, exclusivo do devedor, snicial, demonstra que a cessao de bens esté mul y sua situagao, nao prejudicando, por outro lado, ‘Alids, e em rigor, € 0 cumprimento do devedor que justifica a sua desisténcia. TI Quanto a questao de se saber se a «desisténcia» tem eficdcia ex nunc ou ex func. a oena nae deixa diividas, sendo expressa na afirmagao de que 2 extingao 56 ‘ale para futuro, respeitando-se os anteriores atos de administracao e alienacao. ce Pefiamente a0 disposto no CCI (artigo 1985, 2) e ao que VAzZ SERRA chegou a propor, a norma nada diz. quanto ao reembolso das despesas feitas pelos cessio- Farios. Apesa: do siléncio legal, a conservagao dos efeitos produzidos implica, meturalmente, o pagamento pelo devedor dessas despesas (cfr. alias, artigo 1182 °) ravvm eventual acerto de contas, podendo discutir-se se, na primeira hipdtese, gs credores gozam de um direito de retencdo enquanto nao forem pagos desse crédito [cfr. artigo 755.°, 1, c)]. JOSE BRANDAO PROENGA (membro do CEID-CRCFL) CAPITULO VIII Causas de extingio das obrigagées além do cumprimento SECCAOT Dacio em cumprimento Artigo 837.° Quando & admitida A prestagio de coisa di a diversa da que fi A jue for devida, em sor 56 exonera 0 devedor se 0 credor der 0 seu assentimento, ere neat Sumério da anetagao: Antecedentes. Trabalhos preparatorios I Bibogratienaiagied) no enotacae 1) 1252 Artigo 837. prudéncia (anotagao 3) jurisP Herentario ao preceito (anotacao 4) ‘Antecedentes: O preceito nao tei poutra norma (artigos 786° ou correspondéncia 3 figura. Trabalhos ee cia no CC8?, embere, numa ou do cumprimento e dagio em 5: Anteprojeto, SERRA, A. V 8), haja uma alusao 3. Revisoes Ministeriais, Pees eigen BMJ, n? ag «Dagao em fungio 9 Codigo Civil de 1966, VL, 1973, 6, J. Roeicues, Das Obri bee oe “i Justica, Lisboa, 1966, p 73.176; Projet n Projet pce Toga: JORGE ‘1966, . Bit igo Civil, Ministério 1975-1976, CORDEINO, A. MENEzes Dirita a Direito das Obrigacoes, AAFDL, Lisboa, are rump. em 1986 ¢ 1995), e 9, Dirt des Obrigagées, Il, AAFDL, Lisboa 1980 5° ed, rev. e aum,, Almedina coat Dineto Ci, 1X, Dieta dos Obrgaes Obrigacdes, I s. ed., 1988 anne rat etl J. nso oe, Diet ds MaTOs ANTUNES, COdigo Civil peeves me Lima, F. Pires DE / VARELA, J. DE viaurta, Coimbra Editor, parti Lae | rev. e at,, com a colab. de HENRIQUE be MATOS ANTUNES, Das Obrigagies em Ge oo reimp,), pp. 115-116: Vansu} Da ye Dex Obrien Ge ea 1.7. ed, Almedina, Coimbra, 1997 reimp.); SA, FERNANDO CUNHA DE, asd acct medina, Coimbra, 200 Cort homenagem ao Professor Doutor I. Gatvao Telles, medina os a 8; LuitAo, Luis MENEZES, Cesséo de créditos, medina, C ed 200. Pe da Obrigagoes, I, 12." ed., Almedina, Cea, 2018; BC ci, 2 nan paiement ae pada y ra, }; BICHERON, FREDERIC, La dation en a éon-Assas, Paris, 2006; SACCOCCIO, ANTONIO, Aliud pro alio consen' tiente creditore in solutum dare, Giuffre, Milano, 2008; Costa, M- Direito das Obrigacoes, 12. ed. rev. € at, ‘Almedina, Coimbra, 2009 (com reimp.); BELINCHON Romo, M. Raguet, La vldcion en pagoen derech espaol ¥ derecho comparado, Dykynson, Madrid, 2012; ALMEIDA, (CARLOS FERREIRA DE, Contratos, IV, Almedina, Oe pre, 2014 (aeimp. da 1 ed), TE Er PILAR, «La dcion en pago necesaria y 12 proteccién de los deudores ipotecarios tras las cltimas modificaciones legislativas”, RDerPatr, 39, 2016, PP: 27-64; ALVES, Huco RAMos, Dagio em cumprimento, ‘Almedina, Coimbra, 2017; PROENCA, J.C: BRAND AO Ligdes de deed. rev. eat, Cumprimento € Nao Cumprimento das Obrigagdes, UCE, Porto, 2017; RamaLito, TIAGO AZEVEDO, il Anotado, I (artigos 1." 1250.°), coord. por ‘Ana Pata, Almedina, CoH ppp. 1055-1057; ANTUNES, HENRIQUE SOUSA, “O Aceite de Letra entre 2 7 PF acao em Cumprimento: 4m Parece™, ROA, I/II, ano 77, cial 199 € SS. Jurisorudéncia: Acs. ST) 06.05.20 yO! C11), 17.02.2011 (294/06 sTVPRT9L $1), 07.10.2014 (1393 /11.0TBPMS-€ 1), 24.02.2015 (12 /10.3TBTMR cisve 02.11 2017 (160/ 12.8TVL-SB: L1S1), RP 0 LPI), RG 20.11.2012 (6335 /09.0TBBRG 5. 12.10.2017 (4006 /16.0TSSTB-ED. da pontuall 1 Em virtude do princiP!> d reficacia liberator uma pres 0 substituta seja ™ o, o devedor nao pode te daquela a que ;dade do cumpriment S60 titular tacao diferen' ais valiosa. oferecer ao credor, €O fe estavé lado, mesmo que a prestas: Pear spor dele permitindo ae © sta erlor preste «coisa diversay, ‘Adagio aaa rimnento, 1 da680 pro soluto, esta prevista noutros ‘ordenamentos como € 0 caso Pe g 364 BGB, @ doe oatigow 1197 CCL 6: 45 CC 1342-4 CCF come € Opn, No CC. para M6 a dow trem anise, € Feerida, Oe “artigos 52. Soe 0), 8772, 3, 1091." b 2), 1380-", 3,1, ¢ 1714. 3, estando ainda, 7) 877-7 3 A gente nO CARE pelo teor dos artigos 121°, Lf) 1253 ff explicita ou implicit ) smentério ao Codigo Ciel pene ad. Ramos ALVES, 2017: 827 mento, ias, vd. o mesmo Ramos i enquadrat id. iltimo enq' a eg), e 202", 2¢ 3. Para este IS P oe para a incidéncia da dagao na Avis, 2017: 524-526, iva do instituto pols N40 © duvidoso, como jé se A norma dé uma Viens 5 o ss), que, vg em ver da normal Prestacto le coisa vin ae da dev ia } devedor preste um facto, cecla um cr io 04 compra srente da devida, o deved coda um cred diferente da teats CORDIRO, 1980: 208, € 2017; 998, Pees DE Lava / ANTUNES uma ee 120, ‘n° 3, ANTUNES VARELA, 1997) 171, FERRE oe ALMEIDA O14 Vanes, 1997: 120) M180, e RAMOS ALVES, 2017: 510 € 86-% m nao é 37, Menrzes LEITAO, \, Pee arte : jeve Guvidoso que qualquer prestagao asoumida Pele aetaneamente modificatey: dacao em cumprimento. Adagio assenta nim ord vy que tend a alterar com -extintvo (alud po ial crite soll om Pere a dvida civil ou natural tris Fakta, 1988: 149). O acordo (segundo RAMOS ALVES, 2017: ee consistir vaenenacto de um legado) necessita de capacidadle das partes, no TN suit Mania eepecial, mas se a prestagao consistir na transferéncia da Propriedade He a iorngeel é necessaria, em prinefpio, escritura pliblica ou documento particular a ntieado (ed, contudo, a aplicacao do procedimento Casa Pronta por forca do see eda Pn 1126/2009, de 01/10). Existem igualmente determinadas exigéncias formais ou formalidades se 0 «aliud» consistir, vg., em direitos de autor, agdes ou patticipagdes sociais (MENEZES LeITAo, 2018: 186, e RAMOS ALVES, 2017: 683 e ss.) O contrato é em regra, contemporaneo do vencimento, mas nada impede que seja celebrada uma promessa de dagdo em cumprimento (RAMOS ALVES, 2017: 508-509 750 e ss.). Por outro lado, tratando-se de um contrato extintivo de cariz oneroso, pode ser sujeito a impugnacao pauliana. IL Existindo e sendo valida a obrigacao originéria, esta e as garantias a ela associadas extinguem-se com a celebracao do acordo de cessao (envolvendo, em regra, a transmissao da propriedade do «aliud>) e, para a doutrina dominante, sendo 0 caso, com a concomitante entrega da prestacao (od., para esse «ato tinico de acordo de alteracio... e de execugao...», para essa concegao real do contrato de dacdo em cumprimento, FERREIRA DE ALMEIDA, 2014: 37, e MENEZES LEITAO, 2018: 185 e 191, nt. 418). Aceitando, contudo, que a extingao da obrigagao exige a «prestagao do aliud», vd. MENEZES CORDEIRO, 2017: 1000. Nao negando que as partes perdem lover oe a.extingto da obrigacao com o mero acordo de transmissa0 aerial feos : ao i an € possivel, separarmos temporalmente a fase «detarativay¢ a «fase material, 0 acorclo e a realizagio da prestagdo, vendo-se ppedes api tarsidie a a perce extintivo (como consta, alids, do artigo ts ardotosee eesona aie equacionar. Na verdade, o fundamental € que, do dominio veto acd ene 7 entintva, com eventual transmissio CUNHIA DE Sh, 2002: 198, Peston once, 1955 The ae Passadas umas horas (od. aque a extingho pode estar ne panne 444, vai mais longe ao defender assumida seja executada mals torte ( ea gee dagdo) ou a prestagao de facto Vinculacao serve para extinguir a primitivae nto pra ee 1958-4758, ne Peso a aptimitva eno para a substituir, od. Vaz SERRA 2, € 232, CUNHIA DE $4, 2002 203-204, @ enniog Ai NES VARELA, 1997: 17, nt este autor que a extingdo ocorre com a vineulig gee ao: 738 ssi sustentando IL, Pela sta estrutura e finalidade a denne oe & Prestacao). out nuts extioag a ets, et cmprimento demarca-se de cumprimento (ver artigo 840.°) © ae como € 0 caso da dacdo em funcao do * novagao (ver artigo 857. e, a propésito de aco primitiva d 1254 um aceite de letra, SOUSA ANTUNES, 2017 Artigo 838° com a obrigagao facultativa (ud. Ramos A configuracao de um poder potestativo mero acordo modificativo do contetido obrin cional gacional. situagdes (artigo 5.° da Ln. 51/2015, de og set total ou parcial, questi ionando-se ¢ ehh / 06), a dagao em cumprimento pode we fo presente 8 aFtigos 20. 6 ae ent OS: ise com figura poestativa, Ln’ 38/2014, de 25/08, ¢ 23°-A do DL n® 549 as de es tLe alterada pela Ln? 59/2012, de 09/11 (sobre a dagio no 349/98, de 11/1, acrescentado pela OAL 2017, BOL eee ange mt hipotecirohabitacon, ver IV. Face 20 teor do artigo 840. 2 ni & normal ace cane nage ye 023/00) Nada impede, contudo, que tal suceda (od. Mrsrzes LitrAo, 2005 462 ss, © RaMos Auvts, 2017: 547 e ss.), assumindo o credor 0 risco de nao conseguir cobrar 0 crédito ou 6 0 conseguir em parte, © que a lei nao exige para a validade do acordo de cessio é a equivaléncia econémica objetiva entre a divida origindria € a presiacao substituta, bastando que satisfaca 0 interesse do credor. O que ja iré merecer controlo sera a existéncia de uma doagdo mista (ANTUNES VaréLa, 1997: 179) ou, mesmo sem qualquer patologia negocial ou fraude a lei, a existéncia de uma manifesta desproporcionalidade entre as prestacdes (no Ac. STJ 07.10.2014, foi discutida a dacao a um tinico credor da totalidade do patriménio do devedor). Y. Sendo a dagao em cumprimento uma forma sucedanea de cumprimento, nada obsta a que 0 acordo seja celebrado com um terceiro (ANTUNES VARELA, 1997: 173, ¢ RAMOS ALVES, 2017: 672 e ss.) com 0 efeito de esse terceiro ficar sub-rogado no direito de crédito. A questéo que agora surge é a de saber qual é 0 valor que serve razodvel defender-se que 0 valor da de referéncia ao direito do solvens. Parece divida primitiva deve ser sempre o limite maximo do crédito do terceiro sub-rogado (neste sentido, RAMos ALVES, 2017: 822-823, invocando JULIO Gomes), Este problema ocorre, igualmente, na solidariedade passiva, quando o aliud tiver valor superior oo da divida a extinguir, devendo o direito de regresso ser norteado pelo valor proporcional da divida ou, na hipétese de o ‘caliud» ter valor inferior, nao dever tltrapassar, para evitar enriquecimentos, 0 montan\e da divida (assim, ANTUNES Vantta, 1997: 178, 2000: 773, nt. 2, e RaMos Alves, 2017: 531-532). 199. 198-208), mas também nao se identifica » 2017: 232 e ss. eo relevo da prévia ), nem 6, naturalmente, um 'stando excluida nalgumas JOSE BRANDAO PROENGA (membro do CEID-CRCH) Artigo 838.” Vicios da coisa ou do direito dacio em cumprimento goza de garantia pelos vicios do, nos termos prescritos para a compra e venda; mas ,paragio dos danos sofridos. Ocredor a quem for feita da coisa ou do direito transmitido, pode optar pela prestagao primitiva ¢ ro Sumitio da anotagio: Antecedentes, Trabalhos Pre! Bibliografia (anotac30 2) Comentério ao preceito (anotas: paratoris (anotaga0 1) 03) ‘Antecedentes: O preceito ndo tem correspondéncia no CC67. Trabalhos preparatorios: a Im funcao do cumprimento e dagao em ‘Anteprojeto, Serna, A. VA, «Dacio © 1255 1 Comentirio a0 Cédigo Civil ae : at *e2.* Revisées Ministeriais, Baste BM], n.° 39, 1953, Pela Céddigo Civil de 1966, VI, 1973, J. F, Ropricues, Das brig iti _ Gioil, Ministério da Justica, Lisboa, 1966, p. 244, 178; Projeto, in Projecto de Cod a 0 837." e LIMA, F. PIRES DE / VARELA, J. DE Matos Ba Vanda ant 28 artigo 8372 ¢ UNM TP a colab. de HENmgue ANTUNES, Céiigo Civil Anoladd, TT Jo97 (com reimp.), P- 121. Mesqurta, Coimbra Editorar “Ain io o acordo de dacao em cumprimento ¢ L Independentemente de Gas sora ca eficdcia extintiva desse acordo est de 0 deve Te dade dispositiva “to devedor e da inexisténcia de «vicios dependente da tion, Por outras palavras, e salvo estipulagdo em contrério da coisa 04 do Gol e 735), 0 devedor, mesmo apés a entrega da prestacdo, (Ramos ALVES, 2017 ela titularidade e pelos defeitos do bem dado in solutum continua a responder pela titul : os 1197 CCI ¢ 357 {conferindo idéntica tutela, zd. 0 § 365 BGB e os artigos © 357 ¢ 359 (com) © legislador, a0 assimilar a dacio a um negécio oneroso, de alienacio Cacrenes Vania, 1997: 179, PIRES DE LIMA / ANTUNES VARELA, 1997: 121, m2, © RAMOS ALVES, 2017: 379 e 698-700), e por forca do disposto no artigo 939°, ormas da compra e venda de bens alheios, de bens (artigos 892." ss,, 905." e ss., 913° es. e 920.) O corpo da norma concede, no entanto, a0 credor umaalternativa, aparentemente Gacrbiondria, consistente na invocacao desse regime de garantia da compra e venda ou na exigéncia de cumprimento da obrigacao primitiva cumulada com uma indemniza¢ao. TL Recaindo a dagio na cessao de um crédito, a tinica garantia prestada é a constante don: 1 do artigo 587°, isto é, a existencia e a exigibilidade, o que leva a excluir do objeto da dacao 0s créditos naturais (para uma visdo algo diferente, Ramos ‘Atves, 2017; 560). E poderd a presente norma ser aplicada ao «aliud» extintivo de uma divida natural? Sendo duvidoso que esse «aliud» possa ser considerado como prestacao civil, convolando a divida natural, tal aplicagio nao parece possivel, atendendo a espontaneidade que presidiu ao cumprimento da divida natural origindria (para o problema, RIBEIRO DE Faris, 1988: 150, e RAMOS ALVES, 2017: 518-519). Na verdade, se a prestacdo substituta tem defeitos, o que o credor poderd pretender é apenas que o devedor cumpra a divida natural primitiva. ‘A remissio legislativa também nao se adapta a prestagdo de facto que substitui a divida primitiva dationis causa (para a aplicacao do regime da empreitada e da segunda parte do artigo 838.”, vd. Ramos ALVES, 2017: 758-759). IIL Ao oplar pela garantia conferida pelas normas da compra e venda, credor, caso a prestagao nao possua as caracteristicas normais ou as qualidades consideradas no acordo de cessao (vicios materiais ou juridicos), ir, em princfpio, pedir ao devedor que, nos termos do artigo 914, repare ou substitua a prestacao. Caso 0 possa fazer, nao se afasta, para vicios juridicos (v.g., imvel hipotecado), que 0 credor Fecorra ao disposto no artigo 907.°, procurando que o devedor expurgue esse Snus. Se sobre o imével recai uma preferéncia legal ndo parece vidvel outro caminho que nao seja o da anulagio, por erro ou dolo, cumulada com uma indemnizagio (artigos 909°, 908; ¢ 909.) Para a solucao da redusao do «prego», com o exemplo da existéncia cle um credor pignoratici, od. RaMios Atvts, 2017: 725-726. © escolher a prestacao origindria, que 0 acordo de dacao, aparentemente, extinguira, 0 credor esta’ a considerd-lo nao cumprido, esté a ddl feit atendendo a defei Si iprido, esté a dd-lo sem efeito, d ituosidade (lato sensu) do «aliud». Ao resolver (ANTUNES VARELA, 1997: 180, e RAMOS ALves, 2017: 728-73: Revues ed 1, 733 e 758) o acordo ou ao pretender 4 1997: 180, fala de erence ica oe a obrigacao originaria (ANTUNES VARELA’ iad», embora MENEZES CorDEIRO, 2017: cumprimento», remete para a aplicagao das n onerados e de coisas defeituosas 1256

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