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A pRATICAS INTEGRATIVAS * pLEMENTARES GRUPAIS E £\~ gsSIBILIDADES DE DIALOGO suMoM AEDUCAGAO POPULAR “Na verdade, dizer a palavra é transformar o mundo..." (Paulo Freire). go popular como proposta de mediagao do processo ed * pritica emancipadora ca a du cp aebateem™ tomo da educagao | Popular tem inicio em toda a América evjnel da década de 50 eprincipios dos anos 60. Em ambito bras remete-05> inevitavelmente, a0 educador Paulo Freire, por toda a sua ia com 0 trabalho de mediago pedagdgica com as classes populares ey contexto ¢ outras partes do mundo. Suas primeiras experiéncias por eo a alfabetizagio de _jovens ¢ adultos comecam nos estados da Paraiba, si ee Rio Grande do Norte, ampliadss, mas tarde, para todo o Brasil, sp inerrompies pelo golpe militar de 1964 retomadas nos anos 1990, ro retorno deste educador do exilio, Em termos de sistematizagao tedrica e pratica, a produgdo de Paulo rire coincide com 0 momento de aprofundamento em torno do conceito de Feta presentes naquele periodo, em diversos campos do saber, como a tacagio,aflosofia e a psicologia, Desse modo, dentre os indmeros valores ecaracteristicas que refletem seu pensamento, destacamos dois aspectos: imeiramente, a sua militdncia politica e existencial em tomo das principais formas de opressao, sobretudo, pela énfase na relagdo opressor-oprimido e pelasuacompreensio de classe social, com forte influéncia marxista; segundo, pele afimmagio de que a educago nao se restringe aos processos pedagdgicos, wis é fundamentalmente politica. Dai por que a discussio acerca da educa- do popular nao pode prescindir do entendimento sobre qual concep¢ao de educagio sustenta as praticas educativas em milltiplos cenirios nos quais esse txercicio se faz presente. Se considerarmos que uma das matrizes freirianas ¢ a evidente rela- so entre educagdo e politica, sua compreensio é de que a educagao é um 40 politico, uma pratica libertadora de conscientizagao ¢ transformacao, na viyitanzauy vill vail rovanner 78 qual o conhe se contrapoe uma postura do! conhecimer nada sabem. deve tomar como nhecimento € co! cor de articulagao educagio no (Brandio, 201 como pratica Pp entdo, na constru alternativo e trans! Quando falamo: rir a uma dimensio g' 5 olégica (interpretag: dimensdo politica e uma dimensio pr direcionadas para a dessa dimensao -pedagdgico no das, dado que as movimento, pois psicolog pensamos que @ P} faz parte de um ru frente 4 realidad transforma¢ao so ar situada no campo di compreendemos a patti é um termo frequent vistas a entender as trans: Brandao (2012), esquemat (a) (b) ia, direito pop! jo emanc! adora. Essa cop go sob os moldes bancéri Neep, , a perspectiva D I mestificadora em que as pessoas S40 consideradas dep. Son, ntos € 0 saber Se torna uma doagio dos que se julgam sabios ‘sito " Na verdade, uma praca cducativa que se Prope a ser Tee ponto de partida as relagoes dialogicas, em defesa de ora nstruido junto pessoas, num processo colabora Weg econfronto de saberes. Para tanto, © interessante consi ca contexto cotidiano, NO jnterior de sua morada, que é a cue 7, 2005). Mediante © ponto de vista da edue, tur a, a educacao popular se fn fe la 2; Freire, 196 olitico-pedagogica libertador: por seu cariter crite,’ 0, gio de paradigmas ¢1 formadot. s em paradigi .cimento passa ma fung! de uma educag ancipadores, QueTeEMOS Nos ref, go critica da realidade), a y, ie amento & OP: iternativos diante da realidade loras de agdes individuais ¢ coletivas a transformagao da realidade). No entanto, a compreens,, ‘educadora deve set buscada, ainda, fora do espago politic. aio popular tem se fundado nas tltimas deca. praticas emancipadoras nao sao privilégio exclusivo deste se situam, também, em campos como a filosofia, teologia, ilar, entre outros (Carrillo, 013). Em tiltima anise, vpeipal questo a ser considerada & que a educagio popular ‘Aticas que adotam um pensamento critico ‘amenta prioritaria para a po de teorias e pr m a educagdo como ferr cial, Para além do entendimento de uma educagao popu- lo pensamento critico, necessitamos clarificar como a ir de seu carater historico, visto que educagao popular temente utilizado por diversos segmentos sociais. Com formagoes da educagao popular, ao longo dos tempos, tiza alguns sentidos: mas emi (posicion atica (orientad le e tomal comunidades popula- itiva anterior & diviséo eito a reproducao social de saberes © do da transferéncia de saberes entre grupos se a sabedoria ou a cultura popular; scolar, associado aos movimentos do ensino brasileiro, momento em 10 processo geral do saber das o primeiro, com ducagao da comunidade primi res, como uma € social do saber. Diz resp capital cultural, por meio ou pessoas. Ou seja, refere- como democratizagao do saber es civis e lutas pela democratizagao viygianzauy vvill vanovanlner EGRATIVAS E COMPLEMENTAR, ES GR 28901 jaLoGO COM AEDUCAGAO Popy qn UPAIS oe an, 0 ae 7 79 oe que foram discutidas as relagdes entre cagdo das classes populares, Tray, “4s Sociedade gi edu » Popul Tata-se de le civilea fomo de uma educagdo universa}; ‘ma mobilizacio em fomo “trabalho de libertacao através dg educagai @ se apresenta COMO OFBanizagio de aciax ate Popular” opulares através da educagao como j iticas com a aa instru jo © politizagao capaz de produzir novos safe de consi TES. A ed opular, portanto, quando NOS processos de lute enfrenta a distribuigao desigual dos conhecimenty © trans} a claboracao de novos saberes das Classes populares on S. No qual S Classes cientiza- lucagao & formacio tribui para a sociedade desigual em que estamos j IMersos e na manifesta como ferramenta de transf Al a educagdo ee ‘OrMAGO, o Ultimo sentido da la f maf eee ie ie liberagto, esta presente até os dias de item contribuido tos processos de lta e organizasdo dos sai ike etva de estimular a constusio de espagos ej geen oe Pome um trabalho de Ed Pedagégica na educagio com as cance, populares coletivos Socials, eve incorporarestratégias que possibilitem a formagio de pensamentos e subjetividades criticas e emancipadoras, Nesse gio, Palo Freire (1992, 2005) e Carrillo (2013) apontam alguns ete rosa serem considerados: a curiosidade epistémica ¢ atitude problema- fuadora, que implica um exercfcio de questionamento sobre a realidade e esquemas de interpretagao desta mesma realidade; colocar-se criticamente diante do mundo, pois antes de conhecermos nds somos curiosos. Mas sé acuriosidade nao € suficiente para o pensamento e subjetividades criticas, Pensar deve partir de uma atitude critica frente ao contexto para reconhecer «s*situagdes-limite”, que nada mais sto do que os obstéculos historicos de determinadas situag6es concretas, provocados pelos préprios homens, e, a0 mesmo tempo, superados por estes através de atos-limite, isto é, atitudes de superagdo que visam alterar a realidade. E importante levarmos em conside- raglo que pensar criticamente implica formas de (re) conhecer e valorar os fatores condicionantes que impedem as mudangas; pensar deve considerar asies de transformagaio, uma vez que a apreensio critica da realidade é mais que uma operagao cognitiva. Nossa tarefa ¢ a da niio adaptagao ao mundo, ¢sim de transformagio. Para modificd-lo, necessitamos de um projeto de ‘mundo possivel, denominado por Freire (1992) de ‘inédito viavel” reflex i dade, de tal maneira que pensar criticamente exige-nos uma aes §naturalizagio do nosso proprio olhar sobre as coisas. Exige conver ee Abjeto de reflexio e autocritica; e, por fim, 0 ser critico busca uma coer ‘ia nie pensar e atuar, logo 0 pensamento € subjetividade criticos Torteadores das praticas transformadoras (praxis). viygianzauy vvill vanovanner 80 a educagio popular surg: jmos até 0 momento, @ educs i a ao SMB ny Como discutim aco pedagogi associada aradati pe “thea Me o uma aga sotizagiio. Entretanto, gradativamente ge 5 any eal a : . allio de alfabetiza politico, social e eu a ensivel aos contextos P tural, ey brasileiro com especial, 20 tabs " 3 oor os ccm divers 5 coletivos, como os moviment lng bastante heterogen nanizagoes da sociedade civil, servigos dg Mo ar io va multiplicidade de atores vinculados ~ Thy grupos poptl outros, ¢ fem en grup social sendrios ¢ grupos contemplados pelas agdes da ee Todas & pofutamente justficaveis, tendo em Vista. a sua yoggy ts abs resistencia ds situagoes de injustiga, por seu wae Jutas e movimentos populares € por se incorpora, ‘ bk ue contribui para a realizagao de leituras ora Cas popular sto o questionamento & articulagdo com as a pratica q F setores como uma pl ess s protagonistas . e reflexivas frente a realidade. Desse modo, os protags S QUE conti i C ai ular siio as categorias sociais ¢ 2 i Caen caucittiteridade (Cartillo, 2013), Ps eens ‘os contextos orientados pela dimensao educativa, dialigicg, emancipadora da educagao popular, 0 setor da satide, espaco de Praticas soca, privilegiado desta tese, tem se constituido como um campo fértil para tm elagdo de mais proximidade com as classes populares, a0 mesmo tempo qe rompe com o modo autoritario normatizador de produgio de saiide, 5.2 A educagio popular como instrumento de reorientacio dy atenciio A satide nas praticas integrativas e complementares grupais A educagao em satide é um campo de praticas organizado a partir ée uma concepcao ampliada de satide e abrange a participacéo da comunidad: no contexto do cotidiano, sem que as pessoas necessariamente estejam en. risco ou doentes, na perspectiva de criar vinculos entre a agdo médica eas formas pensar e fazer salide em conjunto com a populacio. Desde a implantaco das primeiras experiéncias, identificamos vitis Perspectivas ¢ estratégias que fundamentam as praticas de educagao em sai Sn eee fi Sutras mais reducionistas, que, certamente, colocit m duvida 0 verdadeiro alcance de acdes sept cipativas. As agdes de ed \GOes que se pretendem integrativas ¢P militar em 1964, e até ea em satide tiveram inicio na época do govern das elites politicas a final da década 70, eram basicamente de interes Tormas ¢ comportamen ee com ages que objetivavam a impositiot no inicio dos anos 1960, hey TAS adequados & populagio. Notts toriamente, condigdes pany roi govemo militar que forjou, com Para a emergéncia de agdes em educagio em S" viygianzauy vvill vanovanlner ppATICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENT fig SUSE 0 DIALOGO COMA EDUCAGAG RES GRUPAIs ‘OPULAR Da efervescéncia dos anos | i ariculgbes da educag popula com Spine ene evéncias das Comunidad 1 satide, Podemos citar como exemplo as exp! inidades Eclesiais de Base [CEB’s] que incluiam em seus programas, temas sobre satide, muitos deles com o fim de estimul das potencialidades locais nos processos de adoecimento e cura orm Se na saiide popular, em especial pela recomendagio do uso das plantas medicinas A partir dos anos 1970, alguns profissionais inquietos eom o distancia. mento entre os servigos de satide ¢ a comunidade, entre o saber popular e 0 cientifico, comegaram a se envolver nas lutas da sociedade civil como forma de contribuir nos processos de fortalecimento dos grupos. Assim, desenvolviam experiéncias de forma articulada com ages culturais em satide e orientadas pelos principios da educacao popular, de modo que com a abertura politica no final da ditadura militar, muitos profissionais e movimentos populares apresentavam avangos nas reivindicagdes em satide. No inicio da década de 1980, com a ampliagio dos servigos de atengo primaria a satide, foram criadas condig6es institucionais que permitiam a fixa~ ¢ao de profissionais nos mesmos locais de moradia da populagao, momento em que comegam a surgir experiéncias pontuais, na diregao de superagao do carater mercantil, biologicista e alienador da pratica médica dominante, embora esparsas e pontuais (Vasconcelos, 2001, 2013). Diante da emergéncia e ampliagao gradativa deste movimento, a educa¢o popular foi uma concep¢do tedrica e metodoldgica para a consolidagao destas praticas: a educagdio popular tem sido utilizada como uma estratégia de supe- le fosso cultural existente entre os servicos de satide, as organizagdes nio-governamentais, o saber médico e mesmo as entidades representativas dos movimentos sociais, de um lado e, de outro lado, a dinamica de adoecimento e de cura do mundo popular (p. 30). ragéo do grand s de satide significa um despren- Aadogao desta concepgao para as praticas : saberes gestados na academia € dimento do poder dos profissionais com seus : onde o conhecimento popular tem menor valor, para uma atitude educadora que suscita processos participativos. Para tanto, o didlogo se impée como IYRANLaUY VVIII VAlIuTa er ¢ numa relagao que s° pretende igualitiria, 4 o re presente na educa¢o popular, definign M4 ntura da educagao, que nao é uma sim Por de trabalho, mas “[--] a como 0 fim e 9 seni son »(n, 25). : f entizadora” (P- : uma educagaio conse! ciativas de educa¢ao popular foram e sao, fa ‘om duivida, as ini : F ah es importantes para @ inauguragio de va cultura de mais ns ane com as pessoas € a transformagao da relacdo autoritaria da eg, em satide, Nessa diregao, agdes como as de PIC’s Grupais foram intodua nos servigos como forma de superar a hegemonia do biologicismo ereore® arantindo uma pluralidade terapéutica ng a % a globalidade das ag6es, 8 ie oa . pessoas tém auténomo poder de participar das decisdes que dizem espeito a, seu processo satide-doenca. Tais praticas apresentam seu cardter Contra-h ménico ao diversificarem as referéncias de saber ¢ as técnicas auténomas heterdnomas de cuidado de si e dos outros, constituindo-se em Possibilidag. de cuidado para grande parte das situagdes comuns de adoecimento, tipieg da APS (Tesser, 2010). A incorporacao e implementagao das PIC’s Grupais no SUS tém se dado, preferencialmente, no ambito da promogao e da prevencio, com énfase S cuidado continuado, humanizado e integral, em especial na educacio em satide, que é uma estratégia transversal a diversas outras agées dos servi da atengdo basica. Contudo, é preciso redimensionar as Praticas educativas tradicionais, sobretudo, aquelas que adotam posturas bancarias e silenci . sabedoria dos usuarios. Nesse sentido, apostamos na educagiio popular com uma concepeao politica, tedrica e metodolégica que pode contibuir pale Coa para a reorientacao das PIC’s Grupais, numa perspectiva dialé- , participativa e emancipador: inte, i vivencias emits ipadora, que devem Integrar os diversos saberes. jerminant um desafio semp' 01) como uma avel condigaio det do didlogo € Brandao (20! metodologia GAO dos g, ae das PIC’ Grupais com a educati? at says mento do viene tls anterior Pote*Cialidades dos grupos. Co" bad "es, @ escuta acolhedora, desenvol™ <3£0 do ser humano como meio ambit TOCesso gay; , ) catide-doenea, promoc: 0 globe! & viyghtanicauy evil wale wall ner pRATICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES G| No SUSE 0 DIALOGO COMA EDUCAGKO POPULAR 8 uidado nemo Hae Sto 08 prine(pios ordenadores das PIC's Gri ais. Com tal con iguragao, estas priticas pretendem superar o biologicismo dos doutores, caracterizado por um olhar objetivista que reduz as pessoas & doenga ¢ centra todo o saber sobre 0S processos de adoecimento ¢ cura nos profissionais. Dai resulta uma imensa desvalorizagao dos saberes e experiéncias da populagdo. Nessa perspectiva, como as PIC’s Grupais pretendem uma efe- tiva reorganizacao das priticas stenciais em satide, implica tornd-las mais proximas ¢ integradas aos saberes ¢ & cultura da populagio, Como ponto de partida, a compreensiio da concep¢ao cultura popular torna-se central ¢ “deve ser pensada como conhecimento acumulado, sistematizado, interpretativo € explicativo, uma teoria imediata” (Martins, 1989, p. 111) que se manifesta através dos simbolos e significados que as pessoas constroem sobre as coisas € o mundo, referenciados pelas préprias raizes culturais, pelos saberes populares eas diferentes tradigdes em todas as suas dimensdes (Brandao, 2014). Diante disso, necessitamos entender, primeiro, que 0s discursos das pessoas sao decorrentes do modo de vida ¢ do lugar onde elas vivem ¢ da relagdo que estas mantém com os grupos sociais; segundo, que os saberes da populacao sao produzidos a partir de suas experiéncias concretas, portanto suas Vivéncias sao distintas daquelas vividas pelos profissionais que estao referenciados por outras formas de vida e inseridos em outra cultura. A esse respeito, Vasconcelos (2001) nos adverte que, no trabalho pedagégico com ‘os grupos, “um aspecto fundamental é partir do saber anterior das classes populares, pois no trabalho, na vida social e na luta pela sobrevivéncia € pela transformagio da realidade, as pessoas vao adquirindo um entendimento sobre a sua insergao na sociedade. Este conhecimento fragmentado e pouco elaborado é a matéria-prima da educagao popular” (p. 15). ‘Um segundo caminho de diélogo das PIC’s Grupais com a educagdo popu- lar 0 reconhecimento dos espagos educativos em satide como potencialidade para a participago social. Destacamos, inclusive, que estimular agdes refe~ rentes ao controle/participa¢ao social, com vista a promover 0 envolvimento responsavel e continuado dos usuarios, gestores e trabalhadores nas diferentes instdncias de efetivagao das politicas de satide constitui um dos principais objetivos da Politica de PIC’s Grupais. Com essa perspectiva, profissionais de satide incorporaram a educagao popular como forma de estabelecer relagdes mais participativas com a populagdo. A discussao da participagao social como uma possibilidade das PIC’s Grupais, dialogada com a educagao popular, remonta-nos ao tema da satide como direito impulsionado pelo processo da reforma sanitaria desde o final da década de1970 até os anos 1980, direito este assegurado pela Constituiga0 Brasileira de 1988, a partir da legislagdo que estruturou 0 SUS por meio das vanovanNer viyitanzauy vy 84 7 : formali Jeis 8.080190 e 8142/90. Desde ento, Form de satide, correlacionando-0 com NS conga e com mecanismos de participago © controle SOC politica de satide. De maneira m™ campo da satide é exere! DUS UM CONC It, 4 : ‘my trabalho, lai con tzoy nO UM pring cj cipagio social e demoey, {hos municipal, estaday cy 2 trabalhadores em sari Feder sate, CS 0 direito 4 par ais direta, on: do através dos ¢ stor e rcipagto de usuarios: B com a participagae ¢ 7 he ues forjado pelas Forgas € organi democriticas e populares sy iticos sfo, muitas VezeS: APES Formas € maniptlndos pels an igo, : odo que sua efetivagao representa UM processe Poly le conquista numa i ianga entre See Profsson’ organizagoes populares € © audios comprometidos (Vasconcelos, 2993)" Desse modo, devemos reconhecer que, dentre as muitas conquista, SUS, sem diivida, a inclusa articipagdio popular por meio de um Ss jnstitucionalizado com le fortalecer as praticas ¢ a constityj Hs politicos é uma d cas dominantes, de m § importante aliane: 0 objetivo de ‘ iGo, a sujeitos las mais expressivas: le compartilhamento do poder nos processos que constroem e decide, formas de enfrentamento 208 determinantes ¢ condicionantes da sag, dos atores que atuam neste campo, rt he bem como a presenga do conjunto implica, ao mesmo tempo, RO aprofundamento de process0os ¢ mecanisn que ampliem a participacao social nas politicas publicas e na constitugiy de espagos nos quais as diferengas sio explicitadas, debatidas e negocia das no sentido da construgdo de proposigdes coletivas que incluam as demandas da sociedade € arranjos institucionais burocraticos necessirios para operacionalizar as respostas (Pedrosa, 2008, p. 310). erspectiva da democracia e da participacto social em satide implica compartilhamento de poderes, construgao coletiva de saberes solidarios entre gestores, trabalhadores e usuarios. No entanto, esse exercicio apenas via conselhos de ainda é muito limitado ¢ pouco participa- tivo, e, por que nao dizer, muitas vezes excludente em virtude de nao abranger amplos grupos da sociedade como representantes de minorias: indios, ciganos negros etc. Ademais, numa sociedade em que os interesses individuais prevale- cem sobre os coletivos, nem sempre as decisdes tomadas pelos representantes nos conselhos de satide refletem deliberagdes do grupo representado, uma vee que a cultura de ouvir seus pares nem sempre é uma praxe. i aoe ee os nao deve ser coneretizada, 4 hs Se A endascas tanen om cunt dae sade ereta vivida pelos servig mbm em contexts de Prvp reali ios, que deve colocar no horizonte 0 protagonism® A efetivagaio do SUS, na Pp: apenas, 4 partit viyitanzauy vy vanocainer qATiCAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTAR’ aig € 0 DIALOGO COMA EDUCAGAO POPULAR 85 sujeitos ontologicamente capazes de compreender a sie do, e i . sobre 0 meso com autonomia ¢ consciéncia, pois a const = ane gompromisso historico ”, implicando o engajamento de hom: eer “m o papel de sujeitos que fazem e refazem o mundo” (Freire 1980) assum ‘Nesse aspecto, como as PIC’s Grupais sao experiéncies ei cat sti resets no cosiian d0s SEvios, ,consequentement 7 ea as dinmicas devida da populago,possue uma am we cpacidade ‘otencializadora para estimular uma cultura de organizagao coletiva me ropria comunidade, a exemplo dos grupos de apoio miituo entre familiares, ‘onins de giscusstio sobre politicas de satide etc. E uma questo de garantir a participa- gio social por meio da valorizagao de espagos comunitarios informais, com ointuito de fortalecer os poderes locais e pensar desenhos ‘organizativos que estimulem experiéncias de cogestio para a construgdo de um SUS solidario ue inclua os diversos atores nos processos decisérios. Aconstituigao de coletivos que garantam uma efetiva participagao social da comunidade exige uma maior aproximagao dos profissionais e gestores com os usuarios, numa relagao, de fato, dialogada. Nessa interpretacdo, se orientadas pelos principios da educagao popular e da integralidade, as PIC’s Grupais podem extrapolar uma de suas dimensdes que é a visao ampliada das dimens6es subjetivas do processo satide e doenca, para construir praticas que contemplem e articulem o cuidado com as dimens6es politicas, econdmicas € ¢ é no cotidiano das praticas que as sociais e promovam uma cidadania ativa. S pessoas esto submetidas ao autoritarismo € 20 poder biomédico tradicional, IE preciso levar a democratizagao da assisténcia a microcapilaridade da operacionalizagao dos servigos de satide, Sem a participagdo ativa dos usuarios € seus movimentos na discussio de cada conduta ali implemen- tada, os novos servigos expandidos nao conseguirdo se tornar um. espa¢o de redefinigao da vida social e individual em diregao a uma saude integral (Vasconcelos, 2013, p- 121). Agarantia de uma participago comunitaria com este carater nfo é algo dado de graga. Ao contrario, exige muito esforgo e aprimoramento de ages que estimulem uma atitude participative da populago, simultineo ao enfren- tamento das resisténcias de forgas conservadoras dos setores de satide. Com isso, precisamos considerar que a participagao social em satide exige um. investimento em formagao para esta atuagio, com agdes de informagio comunicagdio que resultem em mobilizagio so Para este fim, a educagao permanente em satide, orientada pela educagio popular ¢ na condigaio de pra- tica pedagdgica que mobiliza processos educativos, analiticos ¢ formativos, viygnaiza y uy ve¥Ill ValliuTa ier _ _ ‘cipacso .... a ~~ . qualificaga0 48 PATICIPAERO Sociay Hs estratégia OF icas © dos SerVig0S de saiide “Bey iS is PIC’, 0 das Mr entencermos que 2s PIC's Gy, Pais inte utl cotidiano dos servigos de Satide, ot muitOS desafios a enfrentar num eens, m ihjgncias sanitarias oe! 8 ony ns ignificativa: entanto, ial va, sobretnde pela icipativa, 10 30 po ana Cette en ee Caacig mplementacdo ue valorizam 0 lOg0, os interg, roblematizadoras que podem Contrib big, p po da satide. "Date lg Ce. Is 55 Say ‘stig ive, ug a partic imacao e dialogo das pyc», inho de aj roximagao € ue IC’s 6 mo cain ae éareorientagao da educagay ..VPais ie propo! ‘ om ar pee numa perspectiva de Participacig ae Be Oterceiro ¢ ailtin com a educagio popu como agio educativa nos auténtica da comunidade. Aeducagaio em satid cias europeias dos séculos ie no Brasil surge com inspiracdo em experis XVIII e XIX, cuja finalidade era compreenge influéncia das condigdes de vida sobre a 7 bare Ede interyip so. * elas, por meio de discursos e praticas normatt T. ri iicasee ideologiamistco-religiosa predominante na época. Tal pratica se apres como uma das formas de dominagao explicita e coercitiva das POliticas & Estado pautadas pela concepgao de que as pessoas deveriam substituir Dey pela racionalidade técnico-cientifica. Essa concepeao transfere para g ni : individual a determinagdo satide-doenga, embasada por uma concepeio qu pressupde que os problemas de satide da populacao estariam relacionadess sua ignordncia de normas de higiene e pelas mudaneas de atitudes Cor ; tents indi seram slucinados (Smeke & Oliveira, 2001 me __Desde os anos de 1960 e 1970, as praticas impositivas de ; salide norteadas pelas ideias higienistas continuam, Porém. medicina comunitaria e pelos movimentos de ed icacio pop mudangas comecam a apontar, dentre el; mae deagbespotapétin ea ont ‘las 0 questionamento de conhecimentos Sobre os proces as docmesticadora Sos satide-doenca, Nesse 40 posit: momento, surgen G20 : esse , Surg cacao em satide osvivista € reducionista que sustentan $ ideais, desvincuiadoe aS impositivas, prescritivasé¢ 108 Obj ‘ a reali * iene Preconceituosag Diels passivos das; €alidade e distantes dos sujeitos i intervengées, na maioria das vezi. 8, coercitj s (Pedrosa, 2007). Logo, é uma ed Unhan i educacao en rientados pels pular, algumas Sobre 05 efeitos s de transmi ew om saiide mar ho © punitiva T que Tesponsabji OF estratégi . sabj Bias d, 7 : Stiscos a sai liza as 85088 Delo sen ominagzo e pela ditadura deu SUcesso ou ft dug? racasso na redus: 1vanovalNer viyianzauy vv SAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES ORUPAIB prAtic PRS E 0 DIALOGO COMA EDUCAGAO POPULAR No sus wn Nesse cent ee cule as agdes dominantes de educagio em sadde, as PIC’s Grupais devem contribuir para a efetiva construgiio da integra eda promogilo da satide de forma mais ampla, que, certamente, implica a «ado de metodoogis partipativas nos servigns de sate, para quais ge destacam aquelas referenciadas pela educagto popular, Para tal, necessita- pros de una renovacto (edrico-metodoldgica que agregue a dialogicidade as nossas praticas como tm valor que deve reorientar a relagdo profissional de saude ¢ usuirios, NUMA relagio de horizontalidade que diz respeito 4 dimen- sio da relagiio com o saber, Outro aspecto a ser considerado é a percepgaio anipla do processo satide/doenga/intervengao entendidos no contexto de seus geterminantes socio-histéricos aliado ao reconhecimento ¢ potencialidades individuais e coletivas, que leva a um terceiro clemento que deve ser privi- legiado nas ages de PIC’s Grupais: a construgdo da autonomia dos grupos e sujeitos. As pessoas tém um potencial para se assumirem como sujeitos na produgiio de saber, e, por isso mesmo, capacidade de construir suas préprias representagdes de mundo e de pensar estratégias para resolver os problemas, pois aprendem a compreender-se como sujeitos da histéria. Nesse sentido, a autonomia é fundamental para a construgdo de uma sociedade democratica, com condi¢des de participacao politica que garantam o direito das pessoas escolherem o modelo de sociedade que elas desejam (Freire, 1996). Nessa mesma interpretagio, podemos tomar ainda o entendimento de Gramsci (1978), ao afirmar que todo ser humano tem capacidade de formular sua propria “concepgdio de mundo”, quer seja pela atitude de conformismo com os referencias estabelecidos como normas no cotidiano, que ser seja pela produgdo de atitudes criticas que contribuem para a nao aceitagdo passiva da realidade que esté posta, Para o autor, “a compreensio critica de si mesmo é obtida através de uma luta de “hegemonias” politicas, de diregdes contrastan- tes” (p. 21). Assim, a emancipagao se realiza tanto nas questdes mais amplas da sociedade quanto nos pequenos grupos, a partir do momento em que as pessoas comegam a refletir sobre 0 proprio mundo, com possibilidades de instauragdo de movimentos contra-hegeménicos. Os grupos de PIC’s podem ser um espago de embates de varias ideias ¢ concepgdes de mundo que ten- dem a promover o surgimento de varios outros saberes e priticas de satide (Machado er al., 2004). ‘A implementagaio de PIC’s Grupais em satide, na perspectiva das meto- dologias participativas, rompe com as formas hierdrquicas ¢ autoritarias de praticar a educagaio em satide, que visam a domesticagiio das pessoas € a simples reprodugdo, como também se opdem As estratégias “populistas” que utilizam o discurso da educago popular ¢ fazem com que as pessoas tenham a sensagdio de que so parte do processo de construgdo, mas a prd- tica continua autoritria. O oposto destas duas perspectivas ¢ a metodologia viyianzauy vv vanwovanNer ee racterizad pela parti PaO e ib . ico coletiva ey ‘pica dialogic® «yo de construgao Soli ~ialetica di a go colaborativ auténomo, pe , rocess ne dialdgico talidade, num Pr dor, reflexive. todologicas que as PIC’s 1, tartar provera TCs a eee ae deat eM ay Dente asd octs808 patcpivs em sade desea, Thy io de ° Sling. romogaio Ge aticipativo: se pensamos em realizar algun, ta Hr reafidade di PeSSOBS © BTUPES coy hy yonhecer * ‘ ; F ‘ mamas atividades. Significa partir das neo My acto. planet eavaliar de modo participativo, cop, wi da populagao, NV, " dos diversos atores, num exercicio de 8A0-Teflexag ‘ vim cultura (Paulo Freire): estratégia que pode jy, (a)_planejamen & preciso realizaremos al irculos de cultur ee % (b) eo instrumento de tomada de consciéncia € como Positif e releitura coletiva da realidade social. Com pessoas disper de circulo, discutimos algum tema gerador que motive a neces de uma aio transformadora; wien (c)_ teatro do oprimido (Augusto Boal): utilizado como forma dee cipagao popular, atraves da pritica de Jogos, exercicios ¢ ‘Geni teatrais procuramos estimular a discussdo ¢ a Problematizagss questées do quotidiano, com o objetivo de fornecer uma mai refiexdo das relagdes de poder, através da exploracio de his (d)_ grupos de ajuda miitua: com dinamicas coordenadas POF Usuitio s, completamente auténomas, com énfase na troca de experinias vida entre pessoas com problemas semelhantes. Essas priticas Cost mam discutir estratégias de como lidar com determinadas situa, cies © soflimentos, na perspectiva da promogio do apoio emocional psicolégico entre os participantes numa relagio entre iguais, e (e) re de apoio social e suporte mituo: ontrastam com oe cn Ss tn ae ncn uses cin a ms a base principal para 0 i a Comunidade e funcionam como lesenvolvimenti externas aos servigos de satide: (grup ae as 10 de atividades conjuntas (8) tenda do co, viygianzauy vvill vanovahner ATICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES GRUPAIS. eS ‘SUS E 0 DIALOGO COM A EDUCAGAO POPULAR 89 meméria afetiva para os participantes como forma de valorizagao de elementos culturais e possibilidade de produgao de identidade nos espagos de satide; (h) terapia comunitaria (Adalberto Barreto): troca de aprendizagens com énfase na (re) construgao de significados dos problemas psicosso- ciais com 0 intuito de suscitar a competéncia terapéutica do proprio grupo. Tem como eixos tedricos a educagio popular, antropologia cultural, abordagem sistémica, teoria da comunicago e resiliéncia € 0 processo grupal é estruturado a partir das seguintes etapas: acolhimento, escolha do tema, problematizagao e encerramento. As PIC’s Grupais, dialogadas com a educago popular podem contribuir para a qualificag4o de modos de cuidados mais humanizados, compartilhados e integrais em satide, por meio de ages dialogadas, criativas e participativas que contribuam para a autonomia das pessoas em suas vivéncias de satide edoenga. E um convite a ago e ao aprendizado conjunto, numa cultura de participa¢ao que deve acolher e legitimar a integracdo dos saberes comuni- tarios ao lado do saber técnico-cientifico, com 0 intuito de potencializar a participacao popular. Digitalizado com CamScanner Praticas INTEGRATIVAS e complementares grupais no SUS € 0 didlogo com a educac&o popular Maria Valquiria Nogueira do Nascimento Isabel Maria Farias Fernandes de Oliveira ~~ nguahenas vu Varnrovannler

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