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=" (62_ARQUIVOS, FONTES E NOVAS TECNOLOGIAS oe dual e municipal no periodo republicano, Porto Alegre. 452p. ‘Tese (Dout,) Faculdade de Edueagao, PUC-RS. (2000). Escola Complementar: praticas ¢ Institulgdes. Projeto de Pesquisa. Sao Leopoldo: Unisinos. mimeo. Memoria, CULTURA E PODER NA SOCIEDADE DO EsQUECIMENTO O ExempLo po CenTRO DE MEMORIA DA UNICAMP Olga Rodrigues de Moraes Von Simson* ‘Memoria ¢ a capacidade humana de reter fatos ¢ experiéneias do passado e retransmiti-los as novas geragdes através de diferen- tes suportes empiricos (voz, misica, imagem, textos, etc.) Existe uma meméria individual que é aquela guardada por um individuo e se refere as suas proprias vivencias e experiéncias, mas que contém também aspectos da memoria do grupo social onde ele se formou, isto 6, onde esse individuo foi socializado. Ha também aquilo que denominamos meméria coletiva que € aquela formada pelos fatos ¢ aspectos julgados relevantes ¢ que sao guardados como meméria oficial da sociedade mais ampla. Ela geralmente se expressa naquilo que chamamos de lugares da meméria que s80 05 monumentos, hinos oficiais, quadros obras literdrias ¢ artisticas que expressam a versio consolida- da de um passado coletivo de uma dada sociedade. Como contrapartida, ou outro lado da moeda, existem as me mérias subterréneas ou marginais que correspondem a versoes sobre 0 passado dos grupos dominados de uma dada socieda- de, Estas memérias geralmente nao estéo monumentalizadas € + Faculdade de Educagao e Centro de Meméria da Unicawr. (64_aNQUIVOS, FONTES E NOVAS TECNOLOGIAS nem gravadas em suportes coneretos como textos, obras de arte € 86 se expressam quando conflitos sociais as evocam ou quan- do os pesquisadores que se utilizam do método biografico ou da histéria oral criam as condigdes para que elas emerjam e possam ser registradas, analisadas ¢ passem, entio, a fazer parte da me moria coletiva de uma dada sociedade. Elas geralmente se en- contram muito bem guardadas no amago de familias ou grupos sociais dominados nos quais sao cuidadosamente passados de geragdo a geracao. Na sociedade ocidental atual, o ritmo acelerado do trabalho urbano somado a facilidace e rapider dos meios de comunicacéo (criadas pelos constantes avangos tecnolégicos) colocam 0 ho- mem comum frente a uma quantidade avassaladora de informa- des. Tai ‘obrigagdo de consumir a informagao de forma acritica, sem maior cuidado seletivo, perdendo-se, portanto, uma das mais importan- tes funcécs da meméria humana ~ a capacidade seletiva ~ que ¢ © PODER de escother aquilo que deve ser preservado, como lem- branga importante e aqueles fatos e vivencias que podem e de- vem ser descartados. A perda do exercicio dese poder de sete odo nas sociedades atuais constitui o fator fundamental para a formacao do que os profissionais da informagao chamam de so- cledades do esquecimento (ver Bxrr0) E verdade, nds nao nos lembramos de tudo 0 que aconteceu ou que nos foi ensinado ao longo de nossa vida. Descartamos a maioria das experiéncias vivenciadas ¢ $6 retemos aquelas que posstiem significado, isto é, sao funcionais para nossa existen- cia futura. Yuri Lotman (ver Fennems), um semidlogo falecido na segunda metade dos anos 90 que viveu atras da Cortina de Fer ro (tendo por isso suas obras pouco conhecidas entre nés), ja dizia que cultura é meméria, pois @ a cultura de uma sociedade que fornece os filiros através dos quais os individuos que nela vivem possam exercer 0 seu poder de selecdo realizando as es- colhas que determinam aquilo que sera descartado ¢ aquilo que precisa ser guardado ou retido pela meméria porque, sendo ope- fatos criam para 0 homem contempordneo quase a racional, podera servir como experiencia valida ou informagao importante para decisées futuras. Nas sociedades da meméria, que existiram no passado ain- da subsistem em locais isolados da Africa e da América do Sul, por exemplo, € nas quais 0 volume de informagao ¢ considera- velmente muito mais restrito, a memoria é organizada e retida pelo conjunto de seus membros, os quais se incumbem de trans- miti-la as novas geragdes, cabendo aos mais velhos, devido a sua maior experiéncia c vivéncia, 0 importante papel social de guar diaes da meméria. Cabe a eles a funcao de transmitir as novas geracdes de seu grupo social os fatos ¢ vivencias que foram reti- dos como fundamentais para a sobrevivéncia do grupo, Esse papel social dos idosos foi sendo gradativamente per- dido ao longo da historia das sociedades ocidentais, mas muito mais intensamente, na contemporaneidade, quando cada vez mais se diversificam € se sofisticam os suportes para o registro € suporte da meméria (escrila, imprensa, fotografia, video, discos, CDs, DVDs, disquetes ete.), sendo que o enorme volume de in- formagoes fez surgir instituigdes especialmente voltadas ao tra- balho de selegao, coleta, organizacao, guarda e manutengao ade- quada e divulgacao da meméria de grupos sociais ou da soctedade em geral, nessas novas sociedades do esquecimento. Essas instituigdes realizam, portanto, hoje, de forma profis- sional, uma tarefa social anteriormente exercida pelos idosos. S40 elas os museus, arquivos, bibliotecas ¢ centros de meméria, que de alguma forma e segundo critérios previamente estabeleciclos re- alizam o trabalho de coletar, tratar, recuperar, organizar e colo- car a disposigao da sociedade a meméria de uma regido especifi- ca ou de um grupo social retida em suportes materiais diversos, Eixos definidos de pesquisa devem orientar esse trabalho para que ele possa ser bem realizado e sua fixacao em suportes tecnicamente escolhidos. Os eixos que orientam 0 trabalho vari- am de instituigao para instituicdo ¢ representam o amago do exercicio de poder, pois correspondem aos objetivos do grupo que acriou e dirige. Hoje, nessa virada de século que vivenciamos, acompanhan- do um movimento geral da sociedade ocidental, tem se explici tado uma forte necessidade de lembrar. Quando a outra face da moeda dos processos de mundializagao, quando se vive de ma- neira tao acelerada a ponto de sermos impedidos até de “sentir © tempo pasar”, como se diz popularmente projetos envolvendo a meméria, possibilita-se aos participantes habitar esse tempo ¢ vivé-lo plenamente, numa relacdo que pode ser criativa ¢ trans- formadora. Nesses projetos os idosos certamente tem novamen- te um papel social definido ¢ importante . Ecléa Bosi, em Meméria e Sociedade, tembranca de velhos (Bost, 1987), obra precursora no Brasil dos trabalhos cientificos que incorporam como fonte de dados para a pesquisa 0 ato de Jembrar, ja observava que "a memoria nao € sonho, mas traba- Iho". Podemos acrescentar que 0 ato de relembrar em conjunto, Isto é. 0 ato de compartithar a meméria, € um trabalho que cons- {ri s6lidas pontes de relacionamento entre os individuos ~ por- que alicercadas numa bagagem cultural comum - e, talvez por isso, conduza é acao. Portanto, a memoria compartilhada é tan- to forma de domar 0 tempo, vivendo-o plenamente, como empuxo que nos leva a acdo, constituindo uma estratégia muito valiosa nestes tempos em que tudo ¢ transformado em mercadoria, tudo possui valor de troca. Essa meméria compartithada, enquanto de- sejo latente do homem pos-moderno, que entretanto se realiza numa relagao nao inserida na logica de mercado, leva-nos a cons- truir redes de relacionamentos nas quais ¢ possivel focalizar em conjunto aspectos do passado, envolvendo participantes de dife- rentes geragdes de um mesmo grupo social. Nesse processo uti- lizam os “éculos do presente” para reconstruir vivéncias ¢ expe- jencias pretéritas 0 que nos propicia pensar em bases mais, sélidas ¢ realistas nossas futuras agées, Assim, podemos perceber que o trabalho com a meméria (no qual os velhos tém papel fundamental) nao nos aprisiona no pasado, mas nos conduz com muito maior seguranca para o en- frentamento dos problemas atuais. Ao permitir a reconstrucao LMBMO®tA, CULTURA E PODER NA SOCIEDADE DO ESQUECIMENTO 67 de aspectos desse passado recente, o trabalho com a meméria também possibilita uma transformagao da consciéncia das pes~ soas nele envolvidas direta ou indiretamente no que concerne @ propria documentacdo histérica (ampliando essa nogao que abarca agora os mais diversos suportes: textos, objets, imagens foto- graficas, muisicas, lugares, sabores, cheiros), compreendendo seu valor na vida local, maneiras de recupera-la e conserva-la. Esse mergulhar conjunto e compartithado no passaclo nos faz emergir mais conscientes quanto aos problemas contemporane- os da vida da comunidade estudada e geralmente nos conduz naturalmente a agdes conjuntas e politicamente conscientes vi- sando sua superagao. Mas os estudos sobre a meméria, trazem também uma ou- tra exigéncia. A semethanga da area da Gerontologia, eles exi- gem uma abordagem multidisciplinar. Para entendé-la 0 seu funcionamento ¢ preciso valer-se de subsidios de varias disci- plinas realizando uma integragao de conceitos elaborados em di- ferentes areas do conhecimento. Assim, como vimos, a meméria pode ser, ao mesmo tempo, subjetiva ou individual (porque se refere a experiéncias tinicas vivenciadas pelo individuo}, mas também social porque ¢ coleti va, pois se bascia na cultura de um agrupamento social ¢ em codigos que sao aprendidos nos processos de socializacdo que se dao no amago da sociedade. $6 a Sociologia nos permite desven- dar esses aspectos da meméria. Sabemos também que ela nunca se apresenta de maneira or- denada ou cronolégica, pois funciona através de associagSes vres entre as vivenclas ¢ fatos do passado, Necessitamos da Psi- cologia para compreender esse funcionamento da meméria. © processo de registro dos fatos vivenciados € selecionados como importantes ainda & pouco conhecido, senda abjeto de sé- rlas investigagdes. Sabemos que ele se baseia nas sinapses (Ii- gacdes eletro-quimicas) que conectam 0 vivido experienciado pelos sentidos com a area cerebral onde se dara o registro. SO as ciéncias biolégicas nos ajudam a compreender esse aspecto. (68_ARQUIVOS, FoNTES E NOVAS TECNOLOGIAS Viros também que, antes que o registro se processe, um im- portantissimo filiro seletioo atuara separando 0 que deve ser retido daquilo que sera descartado, filtro esse fornecido pelo cultura de uma dada sociedade. Sao signos da cultura, desvendados pela semidtica que nos permitem uma primeira penetragao em tal processo que encerra certamente um forte sentido de poder. Para entender como cultura € meméria, a meméria pela cultu- ra permite exercer um poder que transcende tanto da palitica como da filosofia, fechando assim a necessaria multidiseiplinaridade exigida pelo objeto. A instituigdo-meméria realiza a produgao racional e organiza- dda de uma meméria perdida, ao invés de se constituir como deposi- trio de uma meméria vivida, a qual s6 pode existir nos grupos s0- clais que apresentam intensa vivencia coletiva ¢ forte identidade cultural. Para compensar esse carater racional e organizado que o tra- balho com a meméria das instituigées-meméria precisa necessaria~ mente apresentar, carater esse que as impediria de captar a rique- za cultural dos fatos sociais, pois trabalha-se com objetos que os representam, lorna-se indispensavel nao nos voltarmos para sim- ples vestigios ou documentos isolados, mas elaborarmos conjuntos documentais que nos permitam captar a intencionalidade e 0 sim- Dolismo do corpo social ao registrar seu passado. 0 dessa forma se pode contribuir para a construgao da ide1 tidade de um corpo social, pois € fornecendo a ele conjuntos docu- mentais racional ¢ tecnicamente tratados e realizando uma boa di- ‘vulgagao desse material que tais instituigdes poderao bem realizar seu papel de guardias da meméria Hoje, pela utilizagao do método biografico na construgao des- ses ricos conjuntos documentais, 0 muitas as versdes captadas, a partir de diferentes atores sociais, 0 que nos permite relativizar posicdes, compreender 0 contexto politico cultural da periodo nuangar com varios tons de cinza um passado que ndo pode ser reconstruido somente em tons de branco e de negro. MEMORIA, CULTURA E FODER NA SOCIEDADE DO ESQUECIMIENTO 69 © Centro de Meméria € uma instiuti¢dio-meméria que realiza um trabalho ligado a histéria social de Campinas e regiao, ou seja, a regido que se desenvolveu no Estado de Sao Paulo a partir da importancia € relevancia desta cidade como grande polo econd- mico, social e cultural surgido no século XIX, a partir do sucesso da cultura cafeeira. O trabalho do Centro de Memoria envolve va- ros setores do conhecimento, como antrapologia, Sociologia, his- toria, geografia, arquitetura, educacao e cultura. O trabalho de pensar 0s objetivos ¢ as metodologias de pesquisa fica por conta de um grupo de professores e pesquisadores oriundos de todas essas disciplinas que se retinem em seminarios para trocar expe riencias, informacoes e bibliografia. Esse trabalho é complemen- tado também por uma coleta, tratamento € organizagao de docu- mentos historicos e da historia oral levada a efeito atraves de tecnicos e auxiliares de pesquisa envolvidos nos projetos. Um exemplo da importancia do Centro de Memoria para a reconstrugao da histéria da sociedade campineira é 0 do bairro de origem teuto-brasileira de Friburgo, situado no extremo sul do municipio e que existe desde 1871. Em meio a uma reforma da escola, foi encontrado um armario, infestado por cupins, que continha livro manuscritos em alemao gotico. © Centro de Me- méria foi contactado pelos dirigentes da Associagao Escolar ¢ descobriu que se tratava de decumentacao histérico-cultural muito valiosa. A partir da analise desses documentos, da cap- tacdo da histéria oral, ou seja, das historias de vicla dos mora- dores mais antigos, ¢ da analise de um conjunto de fotografias antigas, fornecidas pelos entrevistados, foi possivel reconstruir a meméria de um grupo que poucos habitantes de Campinas conheciam, mas que constitui 0 ultimo resquicio da imigragao alema do século XIX para a regido (Von Simson, 1988). Agora os moradores do bairro sabem sua origem, valorizam 0 passado € contam sua historia baseados na trabalho que o Centro de Me- méria realizou e possuem uma identidade definida que se expres- sa na criagao de grupos folcloricos alemaes e na realizagao de festas tipicas reunindo a comunidade friburguense. 70_ ARQUIVO, PONTES E NOVAS TECNOLOGIAS Para a realizacao deste trabalho, 0 Centro de Meméria con- {a.com equipamentos de alta tecnologia que permitem a recupe- ragao de documentos historicos antigos danificados, Computa- dores, microscopios. prensas ¢ camaras com temperatura ¢ umidade controladas fazem parte dos recursos que ajudam a contar a historia de Campinas e regiao. Toda essa infra-estru- tura foi conseguida através do apoio de instituigses de financia- mento de pesquisa como a Fares ¢ 0 CNPq, Os profissionais téc- nicos do Centro de Meméria so normalmente especialistas em suas areas, formados pela instituicdo. Eles trabalham com tra- tamento € recuperacao de imagens, de documentagao historica dos séculos XVII, XVIII e XIX e, fazem trabalhos de paleografia (leitura dos documentos antigos), € de recuperagao da memoria oral e imagética da populagao local Com apoio da sociedade, dos pesquisadores, dos parceiros das instituigoes de pesquisa, 0 Centro de Memoria da Unicamr vem, ORGANOGRAMA DO CENTRO DE MEMORIA 2000 ‘CONSELNO CIENTIFICO SUPERIOR DiREGAG|————~+ ‘SECRETARIA DIRECAQ] COORDENADORIA DE PESQUISA COORDENADORIA DE PUBLICACOES| AREA ADMINISTRATIVA DIVISAO DE PESQUISA | Arcade | Arcade | Arcade Bicicoe | nabiicates |mformatica DIVISAO TECNICO CIENTIFICA Tab et granea! ‘oteafongervatage! Muse! MEMORIA, CULTURA B PODER NA SOCIEDADE Do ESQUECIMENTO 71 desvendando as tramas da historia da cidade e regiao atraves de um trabatho sério baseado na metodologia cientifica e no compro- misso de fazer com que a populagao, seja ela de origem local ou. migrante, crie ou restabeleca lagos de pertencimento com a cida- de e se constitua numa sociedade composta por cidadaos cada vez mais politicamente conscientes e participativos. PROJETOS DE PESQUISA EM ANDAMENTO NO CENTRO DE MEMORIA - UNICAMP ~ 2000 Projeto: Bairro, Identidade e Meméria: 08 balrros negros de Campinas ~| /Auxilio Integrado ~ CNPq Equipe: Olga Rodrigues de Moraes von Simson (coordenadora), Maria Livia /de Souza Rangel Ricel, Irene Marla Barbosa, Redrigo Miranda, Fernanda Cristina Mira Resumo: Como objetivo de resgate sécto histérico-antropolégico da cidade de Campinas, pretendemos aprofundar a pesquisa sobre a questio negra ‘com a reconstituleao da memérla dos bairros formados espontaneamente, (Ponte Preta ¢ Vila Marieta) e 05 que foram projetados pelo poder piblico, (ila Rica e Vila Costa e Silva). Pretendemos pesquisar a formagao de iden- tkdade (de balrros negros) ¢ 0 possivel surgimento de movimentos socials e| €tnicos na cidade ¢ ao mesmo tempo envolvendo os educadores e alunos das| escolas pablicas, nesse processo. Nosso intuito é de promover o estudo do| melo ¢ estreitar os vineulos entre escola e comunidade, para alem de €o- nhecer também atuar concretamente nos bairros selecionados, Projeto: Araraquara, do rural ao urbano: um estude regional sobre fotogra fas. UFRRJ ~ Pés-Doutorado, CNPa/PRONEX. Equipe: Lulz Flavio de Carvalhe Costa Resumo: Estudo histérico de um nieleo urbane com eixo na economia agri ria [eafé) a partir da iconografia, particularmente da producio fotografica, Focallzamos a cidade de Araraquara- SP, dos anos 1860 aos anos 1950. Duas| diregees orientam 0 trabalho: preservagao do patrimanio cultural regional| fe uma historia regional que trata do desapareeimento de um povoado| rurallzado, por forga da economia agraria ¢ 0 surgimento de uma palsagem ‘urbana, espago de produgdo e de trocas materials ¢ culturais, com soctabi lidade entao desconhecida, 72_ARQUIVOS, FONTES E NOVAS TECNOLOGIAS (cont) MEMORIA, CULTURA E PODER NA SOCIEDADE DO ESQUEC (cont) Projeto: Criminalidade e Modernizagao, AuxilioIntegrado - CNPq, 08/1998 (07/2000 Equipe: Héctor Hernan Bruit {coordenador), Fernando Antonio Abrahio, ‘Marli Naomt Tamaru, Karen Andrade da Silva Resuumo: Estabelecer correlagées entre criminalidade e classe social, raga, acionalidade, sexo, nivel economico, entre 1880-1930. Identifiear, orde: rar ¢ classificar os documentos existentes no arquivo do Centra de Me- morta sob a denominagao de processo-crime. Periodo de 1800 a 1940. Tor: nar acessivel essa documentagao visando os estudantes de pos-graduacao, Projeto: Historia da Urbanizagao do Estado de Sa0 Paulo, CNPq e FAPESP Equipe: Margareth Brandin! Park (Coordenadora) JAssessoria na Equipe: Leila Mezan Algranti, Marcos Tognon, Ana Tereza JOleski Amatuzzi, Luts Henrique dos Santos Guércio, Eliana Regina [Camargo Correa, Diego Lopez Silva /Resumo: Entendida a urbanizagdo como um processo econémico, social, politico e cultural. pretendemas estudar a evolugao estrutural urbana de ‘Sio Paulo em cinco séculos de Historia, compreendendo a capitania, a pro- vvincia ¢ o Estado no que diz respeito ao litoral ¢ hinterlandia,Conhecer a| Interlorieagdo desse proceso compreendido tanto unitariamente pela se jqGencia hierarquizada de povoado, freguesia, vila ¢ cidade, enquanto du rou essa classificagito, bem como a formagio da rede urbana em suas di regdess € complexidade ¢ a vida urbana com o seu universo de trabalho, soclabilidade e lazer, de tensées € movimentos soclals, de intervencoes e| recomposigbes, de interapio com o espaco e 0 melo ambiente, eatio entre Jos nossos objetivos. Projeto: Bibliografia da Historia de Campinas, Fares. Equipe: Olga Rodrigues de Moraes von Simson (Coordenadora), Maria Lit- cla R. Ricel, Rosaclena Scarpelini, Marcelo Yukio Oki,Eduarde Spinola de Mello | Resumo: Levantamento exaustivo, sistematiea ¢ analitica de todo 0 conhe. ‘clmento produzido na érea de Ciéneias Humanas, Letras ¢ Artes, publica do ou nao, que direta ou indirelamente teve Campinas e a regia por ela polarizada como objeto de estud. Projeto: Jarinu tem memoria, Parceria Usieanr/Prefeltura Municipal de lJarin quipe: Margareth Brandini Parke Resumo: Este convénio prevé a instauragao € 0 desenvolvimento de ui politica de preservagao da memoria ¢ do patriménio histérico, artistic, arquiteténico, paisagistico e cultural da cidade de Jarinu. Tal politica de| resgate sécio-historico ¢ cultural estabelece como elxo principal a forma: [cio continuada dos professores da Rede Municipal e Estadual Projeto: Espaco urban e sauide: a trajetéria de uma entidade: Hospital Vera ‘Cruz. Parceria Unicamp/Fundagao Rocha Brite Equipe: Fernando Antonio Abrahao, Ema Blizabete R. Camillo Resumo: Pretende-se resgatar a historia dessa institulcao e sua importan ‘cia dentro da eidade do campo do saber médico. © projeto propaie-se tam- bem estimular a erlagao de um Centro de Documentagae dentro do hosp! tal para garantir a preservagio de sua meméria PROJETOS DE PESQUISA SEM FINANCIAMENTO IPROJETO. NIVEL FINANCIADORA 1, Imigracao estrangeira e Desenvolvimento Equipe lSocto-Cultural no Interior do Bstado de MIGREMO [sao Pauo (1850-1050) 2. Memoria de Pioneiros: Marilia, Individual ConvéniocMU/ IRepresentagdes sobre a fundagao da eidade. UNESP. Marilia I. A presenca alema em Campinas € Bquipe Jreqio: imagem e meméria étnica |4.Blaboragao de uma Bibliografla Equipe IComentada sobre Edueagio Nao-Formal — GEMEC. ls.Elaboragao de uma Coletanea de [Textos sobre Educagao Nao-Form: Legenda: Al = Auxill lntegrado IC = Inlay 74_AAQUIVOS, FONTS & NOVAS TECNOLDGIAS REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS Bost, Ecléa (1987). Meméria e Sociedade: Lembrancas de Velhos, 2. ed. ‘Sao Paulo. T.A.Queiroz/EDUSP. Brero, Mariza Elizardo. "Meméria ¢ Cultura", Caderno da Meméria da. Eletricidade, Centro de Memoria da Eletricidade no Brasil, Rio de Janeiro, n. 1, 24p., 1. Fennems, Jerusa Pires (1994-1995), “Cultura ¢ Meméria”. Revista da USP, n. 24, pp.116-117, dez./jan. fev. Von Simson, Olga (org.) (1988). Experimentos com Histéria de Vida (Italia- Brasil) Sao Paulo. (org,) (1997a). Os Desafios Contemporaneos da Histéria Oral. Campinas. CMU/Uncaw. (19970). 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Tecnologia edueacional I. Faria Filho, Luciano Mendes de. Il. Série 00.4848 DD-370.90072 indies para catilogo sstematico: 1. Edueagdo: Histria: Pesquisa: Impacto das novas teenologias 37090072 Iimpresso no Brasil -dezemro de 2000 ‘Copyright © 2000 by Eaitoea Autores Assocados Depa pl Boece Nacional oto Dect 15, 29d een de 190 Neshana pate peg pre pause neni cde ues modo up tag i, sharing morn de opin dain cuts pvt pet ead sen, O Cat “Dose on opi ineleca lg de ie stra ‘A 184i di ec Pe dee de mess ano Seaver por qe i eas ht doo pnp a ‘omic san trai exe do nro Sec epson con pa de Kags Mens acct pdr decpae racn ted ust anu la” {88 ARQUIVOS, FONTPS E NOVAS TPCNOLOGIAS nologias podem oferecer na preservagao ¢ socializagao da me- moria desta importante dimensao da experiéncia humana que 6 a educagao, Concluindo, gostariamos de deixar claro que, se de um lado estamos ansiosos para que 0 Museu da Escola in- tegre, 0 mais breve possivel a “sociedade das redes*. lembra- mos que, entretanto, 0 mais importante é a preservacao de seu acervo e sua disponibilizacao para o puiblico, Para isso, a exem- plo da experiéncia desenvolvida no Arquivo Geral das Indias. devemos seguir “todos os caminhos hoje possiveis, utilizando instrumentos tradicionais e, ao mesmo tempo, as sofisticadas ferramentas oferecidas pelas novas tecnologias, até que a me- moria ai preservada para ser acessada de maneira imediata, a partir de qualquer ponto da aldeia global” (Garcia, 1994, p.87) REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS Casreuis, Manuel (1999). A Sociedade em Rede. Trad. Roneide Venancio Major. Sao Paulo: Paz e Terra, p. 45 (A era da informagao: economia, sociedade e cultura; vol. 1). Dottan, Charles M, (1994), “O impacto das tecnologias de informacao so- bre principios e praticas de arquivos: algumas consideragbes”. Acer- bo, Rio de Janeito, vol. 7, n. 1-2, pp. 3-38, jan/dez. Ganctn, Pedro Gonzalez (1994). “Novas tecnologias no Arquivo Geral das Indias", Acervo, Rio de Janeiro, vol. 7, n. 1-2, pp. 75-90, jan. /dez Minas Gerais: Meméria, Patrimonio Documental ¢ Informacao Digital Programa, s. d., pp. 1-8 (mimeo). Paes, Marilena Leite (1994). “Os arquivos e os desafios de um mundo em mudanga’, Acervo, Rio de Janeiro, vol. 7, n. 1-2, pp. 65-74, jan./ der, Arquivos, PEsQuisa E AS Novas TECNOLOGIAS Eliane Dutra Amorim* A pesquisa historiea vive da experioneta e da boa administracao ‘arquivistica [Roomouss, 1979, p. 897] © Arquivo Piblico Mineiro fot criado em 11 de Julho de 1895 com a finalidade de receber e conservar os documentos referen- tes ao direito publico, a legislacao, & administracao, a historia € geografia, as manifestacdes do movimento cientifico, literario ¢ artistico do Estado. ‘Ao longo de 105 anos de existéncia, a instituicao constituiu ‘um acervo que remonta ao século XVIII e cobre os periodos co- lonial, imperial e parte do republicano, Este acervo guarda a ‘meméria institucional de Minas e do pais e contém grande quan lidade de informagées que podem ser utilizadas como preciosa fonte de pesquisa para construgao da historia nacional. No que se refere meméria da educagao em Minas, sao de particular importancia as informagoes encontradas nos fundos Instrugao Piblica (1818-1889), Presidéncia da Provincia (1824- + Diretora de Arquivos Permanentes ~ APM 90 _aRQUIVOS, FONTES F NOVAS TECNOLOGIAS 1889) ¢ Secretaria do Interior (1891-1933). Os atos oficiais de criagdo das primeiras escolas na provincia, correspondéncias trocadas entre professores, inspetores ¢ Presidente da Provin- cia, as atas de exames dos alunos, 0s relatorios do Diretor Geral da Instrugao Pablica, os documentos da escolas normais, do Gindsio Mineiro ¢ tantos outros, sao fontes essenciais para 0 pesquisador da histéria da educagao, Aos profissionais que trabalham com a memoria, 0 arqui- vo se oferece como um laboratorio onde sao encontradas as bases para sua pesquisa. Portanto, arquivos bem organizados contribuem para a pesquisa ¢ estimulam a produgao intelee- tual, Podemos afirmar que a produgao intelectual brasileira tem sido prejudicada pela desorganizagao dos 6rgaos de documen- tagao. Quantas pesquisas foram inviabilizadas porque os do- cumentos encontravam-se desordenados ¢ dispersos, Segun- do 0 historiador José Honério Rodrigues: Bibliotecarios ¢ arquivistas valorizam as fontes historleas quando transformam uma fonte potencial numa fonte efetiva, {sto é, quando pelos inventarios ¢ indices as tornam conheet- das no seu contetido € significagao. © simples inventario, ¢ ainda 0s indices, representam em si mesmos a descoberta de novas categorias de fontes, Elas trazem luz novas idéias ¢ eriam estruturas de informagao que respondem as interroga- es levantadas pelos historiadores [Ropricues, 1979, p. 9021. Portanto, quando arquivista termina sua tarefa (identifi cago, arranjo ¢ descrigao), ele permite que 0 documento cum- pra sua finalidade, ajudando a completar a cadeia necessaria A criagao cientifica A utilizagao das novas tecnologias possibilitara aos arqui- vos, bibliotecas © museus oferecerem ao pesquisador, de for- ma mais agile eficiente, os documentos para subsidiar a cons- trucdo da historia em seus miltiplos aspectos. "A pesquisa em todas as suas vertentes esta se beneficiando das vantagens _ARQUIVOS, PESQUISA & AS NOVAS TECNOLDGiAS 91 oferecidas pelas novas tecnologias” (Garcia, 1994, p. 81), des- se modo, nos encontros, seminarios € congressos realizados no mundo inteiro nos iiltimos anos, tem-se discutido continua mente a necessidade de utilizar a informatica como ferramen- ta de trabalho do arquivista. Tornou-se inegavel a importan- cia que essas novas tecnologias adquiriram em virtude de sua comprovada eficacia na otimizagao das agdes referentes a pre- servagao © acesso, No campo da informagao, as novas tecnologias: [..J sao instrumentos poderosos que tornam o trabalho mais rapido, tal como o fizeram o telefone, a maquina de escrever elétrica ea maquina fotocopiadora [...| Os sistemas de recu peragao da informacao nos ajudam a fazer em segundos e mi nutos © que antes poderia exigir horas ¢ até mesmo dias [DouaR, 1994, pp. 6-71 No que se refere a conservagao dos documentos, os ban- cos de imagem auxiliam a preservagao do suporte original, pos- sibilitando o acesso através de outros meios que nao o manu- seio direto € constante dos originais. Uma das vantagens das novas teenologias ¢ relatada por Pedro Gonzales Garcia, responsavel pela informatizagao do Arquivo Geral da Indias. A instituigao, criada em 1785, pelo Rei Carlos Ill, com a finalidade de reunir os documentos relativos colonizagao espanhola na América, até bem pouco tempo nao havia cumprido seu objetivo, ja que numerosos documentos incluidos na decisio do Rei nao seguiram para o arquivo. Apos longos anos, a transferéncia fisica ja ndo se justificava devido a varios motivos, como a vontade dos outros depésitos de per- manecerem com a custédia dos documentos e a falta de espa- ¢0 fisico para guarda ¢ consulta no Arquivo Geral. As novas tecnologias permitiram que, apds dois séculos, 0 descjo de Carlos III fosse realizado. Com 0s recursos oferecidos pela in- formatica, os documentos que se encontravam em outras ins- {92 _ARQUIVOS, FONTHS F NOVAS THCNOLOGIAS eee tituigdes foram digitalizados ¢ estao a disposigdo do pesquisa- dor nas salas de leitura do Arquivo Geral da Indias, em 2500 CDs ocupando um pequeno espaco. Hoje 0 arquivo realmente pode ser chamado de geral, embora os documentos originais tenham permanecido fisicamente em outras instituigdes. Por tanto, permitir que o pesquisador de um tema especifico en- formagoes de que necesita reunida, em um mes- mo local, é uma das grandes vantagens que a informatica nos contre as oferece. Muitas podem ser as aplicacées das novas tecnolo} etapas de processamento dos documentos, mas é na recupe- racdo da informagao € preservagao que sua presenga ¢ mais marcante, vindo de encontro as modernas técnicas de trata- mento da informagao que determinam que preservacao ¢ accesso sejam pensadas de forma univoca. Tada acao de preservacao, aplicada a um documento, deve ter como objetivo coloca-lo a disposi¢ao para consulta. Por muitos anos, as medidas de pre- servagao de documentos se resumiam na guarda em local lim- po, livre de umidade e traneado. Diante disso, preservacao & acesso eram consideradas atividades excludentes ¢ em perma- nente conflito. No mundo digital, 0 conceito de preservacao & ampliado, incluindo a desericao do item a ser preservado ¢ con- templando as agdes referentes ao acesso. Nao se justifica res- taurar, acondicionar de forma apropriada, microfilmar e digi- talizar um documento sem tornar possivel a sua localizagao através de instrumentos de busca. A informatica se oferece nesse aspecto como ferramenta fundamental que deve ser utilizada para otimizar as agbes de preservacdo ¢ acesso, Mas ¢ importante ressaltar que os recur: sos das novas tecnologias deve, necessariamente, ser incor- porados como mais uma etapa do trabalho arquivistico, pois nao substituem os métodos ja consagrados de organizacao ¢ preservacao de documentos. Desse modo, é necessario identi ficar, arranjar, descrever, acondicionar de forma adequada e microfilmar os documentos antes de informatiza-los ¢/ou [ARQUIVOS, PESQUISA E AS NOVAS TECNOLOGIAS 99 digitalizé-los. As instituigdes responsaveis pela guarda € pre- servagao de acervos devem lembrar que, quaisquer que sejam os beneficios imediatos oferecidos pelas novas tecnologias, a preservacao, a longo prazo, deve ser encarada como 0 maior objetivo: Qualquer abordagem que entenda as novas tecnologias como sendo substitutas das antigas, ignora a realidade cente naria que demonstra que novas tecnologias de comunicagao apenas expandem e diversificam oportunidades, eriando um ambiente mais complexo. |..] por exemplo 0 radio apés 0 apa recimento da televisao [Coxwar, 1997, p.13}. © microfilme, a partir da década de 1970, fot escolhido para preservagao dos documentos de arquivo em virtude de sua capacidade de compactagao, durabilidade, custo previsivel & por utilizar uma tecnologia simples que ndo sofreu alteragées significativas desde a sua criagéo. Os arquivistas e bibliotecarios, como responsiveis pela guarda e preservacio do patriménio documental, avaliam a expectativa de vida dos documentos frente aos meios de arma- zenamento de informagao. Diversas medidas sao adotadas para conter a degradacao dos documentos em virtude da agao de agentes externos (manuscio, umidade, poluicao) e internos (constituicao do material), objetivando preservar a informagao para uso futuro. Mas a expectativa de vida do suporte docu- mental, desde a Idade Antiga, vem diminuindo sensivelmente, enquanto a capacidade de armazenamento cresce vertiginosa- mente (veja grafico 1) As vantagens que a microfilmagem apresenta para preser- vagao sao incontestaveis, mas no que se refere ao acesso sao encontrados problemas como: ‘+ 0 microfilme s6 pode ser lido em locais que possuam um equipamento especific: (94 _ARQUIVOS, FONTES E NOVAS TBCNOLOGIAS Grafico 1 10.000.000 100.000 Periodo Suporte Durabilidade Nr Anos Caracteres 6,416 ct Tade Antiga—‘Tabletes argila 10,000 a4 Wade antiga Papiro 5.000 sa dade Média Huminuras 1.000 vat dade Moderna — Impressos/ 1.000 25 Biblia Gutembere/ Papel trapo 1850 Papel deido/Pasta quimica 100 100 1870 Papel Jornal/ 50 174 Pasta meeancia 1930 Microie 300 10.100 1950 Microfiehas 100 36.400 1970 Disquetes 15 106.200 ‘Anos 90, 550,000.00 +a leitura € morosa e ha dificuldade para se “folhear” 0 documento + as copias tém qualidade inferior ao original, Diante disso, as reclamagées dos usuarios que utilizam os microfilmes sao freqientes. Mas considerando que sem a microfilmagem de preservagao grande parte do nosso patrimd- nio documental estaria completamente perdido, os inconvenien- tes de utilizar 0 microfilme sao, de certa forma, despreziveis. A criacao de um sistema hibrido, com a utilizago das no- vas tecnologias associadas aos métodos de organizacao e pre- servacao Ja consagrados, atende de maneira singular 4s neces- sidades de preservagao ¢ acesso. A microfilmagem, como meio de armazenamento, garante a preservacao com qualidade ar- quivistica e a versao digital, como forma otimizada de acesso. Desse modo, a microfilmagem deixa de ser a tiltima etapa no processo de preservagao e torna-se um passo intermediario para criagao dos bancos de imagens. No que se refere ao acesso, as vantagens proporcionadas pelo uso da informatica em relagao ao microfilme so bastan- te significativas: + Equipamento de leitura (computador) ~ 0 acervo pode ser acessado de diversos lugares através da rede. O pesqui- sador nao precisara deslocar-se fisicamente até o local onde os documentos estao guardados, pois 0 acesso aos documentos podera ser feito das residéncias, univers dades ct + C6pias de alta qualidade ~ através da edigao de imagens, € possivel remover manchas, fundos escuros ¢ outras al- teragdes, podendo a copia ser mais legivel que 0 docu- mento original + Auxilia na preservagao evitando 0 manuselo direto & constante do original: + Os sofisticados sistemas de indexagao facilitam a recu- 196 _aNQUIVOS, FONTES E NOVAS TECNOLOGIAS ct peracao dos documentos, tornando a pesquisa mais agil eficiente. A maior desvantagem dos recursos oferecidos pelas novas tecnologias é a rapidex de seu desenvolvimento resultando na obsolescéncia tecnolégica dos equipamentos. As mudangas de hardware e software podem inviabilizar em pouco tempo a lei- tura dos documentos digitais. Assim, 0 6rgao de documentagao que optar pelas solucoes oferecidas pela informatica precisa avaliar a eficacia e solidez dos sistemas de armazenamento oferecidos pelo mercado (ex- pectativa de vida, compatibilidade com sistemas ja existentes ctc.), auxiliar usuarios e técnicos no uso das novas tecnologias, demonstrando como podem atender as suas necessidades e, principalmente, garantir 0 investimento através de estratégias de migragao, a longo prazo, das imagens e informagées. Mesmo diante dos grandes desafios apresentados pela uti- lizagao das novas tecnologias, os arquivos que neste momento ignorarem a informatica, como ferramenta para melhoria da preservacdo € acesso, correm 0 risco de perder 0 “bonde da his: toria”, Desse modo, 0 Arquivo Pablico Mineiro, a partir de 1999, incluiu em seu plano diretor um programa de informatizacao do acervo € ja possui dois projetos em andamento: Preserva cao da Memoria Fotogréfica de Minas: digitalizacao de imagens do acervo do Arquivo Piblico Mineiro © Elaboragdo e Informati- zagao do Guia de Fundos. projeto de digitalizacao de imagens claborado pela As- soctagao Cultural do Arquivo Publico Mineiro fot aprovado pe: las lels federal ¢ estadual de incentivo a cultura ¢ tem coi patrocinadores a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mine- ragao (CBMM) e a Usiminas, e como parceiros a Companhia de Processamento de Dados de Minas Gerais (Provence) ¢ a UFMG, através do Nucleo de Processamento Digital de Imagem do Departamento de Ciéncia da Computacao. Os principais obje- tivos do projeto sao: ARQUIVOS, FESQUISA E AS NOVAS TECNOLOGAS 97 + Auxiliar a preservacao dos documentos fotograficos sob a custédia do Arquivo Pablico Mineiro possibilitando o acesso através de outros melos que nao 6 manuseia di- reto € constante dos originais; + Digitalizar 14,000 documentos fotograficos sob a guar- da do APM ¢ criar um sistema de informagao para pro- porctonar ao pablico em geral acesso eficaz as imagens digitalizadas ¢ as informacoes contidas nas fotos, bem como a reprodugao das mesmas; * Instalar, no APM, um ambiente operacional em rede, fle- xivel e extensivel, capaz de permitir 0 uso concorrente do sistema de informagao e a continuidade do processo de digitalizagao de novas fotos, em decorréncia de novos re- cothimentos. A opcao por aplicar, primeiramente, as novas tecnologias no tratamento do acervo fotogratico é justificada porque apro- ximadamente 70% do acervo encontra-se identificado ¢ acon- dicionado de forma adequada e possui negativos de 2* geracdo. Vale ressaltar que 0 negativo é tdo importante para a fotogra- fia como 0 microfilme é para o documento. Mesmo possuindo a imagem digital, € necessario gerar 0 negativo. Justifica-se também pela importancia dos documentos como fonte de in- formacao para resgatar a trajetéria da evolugao técnica e da popularizagao do registro fotogrilico, bem como os costumes, © cotidiano as cidades mineiras nos séculos XIX e XX. © segundo projeto preve a elaboracao ¢ informatizagao de uum guia de fundos do APM e tem como objetivo divulgar e tor- nar conhecido 0 acervo. © guia é um instrumento de pesquisa que fornece informagies sobre todos os conjuntos decumentais custodiados por uma instituigae, como nome, datas-limite, histérico, conteiido, forma de organizacao, quantificacdo e ins trumentos de busca existentes, O guia tera uma versao impres- Sa, mas a versao informatizada sera mais completa, pois além das informagoes gerais conterd na integra todos os instrumen-

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