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quer conceito como uma representagéo contida numa multidio infinita de representagdes diferentes possiveis (como sua caracteristica comum), por conseguinte, subsumindo-as;_porém, nenhum conccito, enquanto tal, pode ser pensado como se encerrasse em si uma infinidade de representagSes, Todavia & assim que 0 espago & pensado (pois todas as partes do espago existe simultaneamente no espago infinite). Portanto, a representagdo originaria de espago ¢ intuigao a priori ¢ nao conceito.] | [§3 EXPOSICAO TRANSCENDENTAL DO CONCEITO DE ESPAGO Entendo por exposicto transcendental a explicagao de um conceito considerado como um principio, a partir do qual se pode entender a possibilidade de outros conhecimentos sintéticos a priori, Para este desfgnio requere-se: 1. — que do conceito dado decorram realmente conhecimentos dessa natureza. 2. — que esses conhecimentos apenas sejam possiveis pressupondo-se um dado ‘modo da explicagao desse conceito, ‘A geometria & uma ciéncia que determina sinteticamente, ¢ contudo a priori, as propriedades do espaco. Que deverd ser, portanto, a representagdo do espago para que esse seu conhecimento seja possivel? © espaco tem de ser originariamente uma intuigo, porque de um simples conceito nao se podem extrair proposigdes que ultrapassem 0 conceito, 0 que acontece, porém, na geometria (Introdugao, V). Mas essa intuigo deve-se encontrar em nds a priori, isto 6, anteriormente a toda a nossa percepga0 de qualquer objeto, sendo portanto intuigdo pura e ndo empiriea. Com efeito, as proposigdes geométricas sdo todas, ‘A alinea 4,, em A, encontra-se assim redigida: 5. O espago é representado como uma grandeza infinita, Um conceito geral de espago (que ¢ comum tanto ao pé como ao cévado) nao pode determinar nada com respeito a grandeza. Se 0 progresso da intuigdo ndo fosse sem limites, nenhum conceito de relago conteria em si um principio da sua infinidade. apoditicas, isto é, implicam a consciéneia da sua necessidade como por exemplo: o espago tem somente trés dimensdes, ndo podem ser, portanto, juizos empiricos ou de experiéncia, nem derivados desses juizos (Inirodugo, ID). Mas como poder haver no espirito uma intuigdo extema que preceda os préprios objetos © que permita determinar a priori o conceito destes? E evidente que sé na medida em que se situa simplesmente no sujeito, como forma do sentido externo em geral, ou seja, enquanto propriedade formal do sujeito de ser afetado por objetos ¢, assim, obter uma representagao imediata dos objetos, ou seja, uma intuigao. Sendo assim, s6 a nossa explicagdo permite compreender a possibilidade da geometria como conhecimento sintético a priori. Qualquer outro modo de explicago que o nao permita, embora aparentemente semelhante & nossa, pode distinguir-se deste, por estas earacteristicas, com a maior seguranga,] Consegiiéncias dos conceitos precedentes a. 0 espago nio representa qualquer propriedade das coisas em si, nem essas coisas nas suas relagdes reciprocas; quer dizer, no renhuma determinagdo das coisas inerente aos proprios objetos € que permanega, mesmo abstraindo de todas as condigdes subjetivas da intuigo, Pois nenhumas determinagdes, quer absolutas, quer relativas, podem ser intuidas antes da existéncia das coisas a que convém, ou seja, a priori b. 0 espago no é mais do que a forma de todos os fendmenos dos sentidos extemos, isto é a condigdo subjetiva da sensibilidade, ‘imica que permite a intuigio extema. Como a receptividade do sujeito, mediante a qual este ¢ afetado por objetos, precede necessariamente todas as intuigdes desses objetos, compreende-se como a forma de todos os fendmenos possa ser dada no espirito antes de todas as percepgdes reais, por conseguinte a priori, ¢, como ela, enquanto intuigo pura na qual todos os objetos tém que ser determinados, possa conter, anteriormente @ toda a experiéncia, os principios das suas relagdes. $6 assim, do ponto de vista do homem, podemos falar do cespago, de seres extensos, etc. Se abandonarmos porém a condigao subjetiva, sem a qual ndo podemos receber intuigdo exterior, ou seja, a possibilidade de sermos afetados pelos objetos, a A2rpasrepresentago do espago nada significa. | Este predicado sé atribuido as coisas na medida em que nos aparecem, ou seja, sf0 objeto da sensibilidade. A forma constante dessa receptividade, a que chamamos sensibilidade, & uma condigdo necesséria de todas as relagdes nas quais os objetos so intuidos como exteriores a nés e, quando abstraimos desses objetos, é uma intuigdo pura que leva 0 nome de espago. Como nio podemos fazer das condi particulares da sensibilidade as condigdes da possibilidade das coisas, mas somente dos seus fenémenos, bem podemos dizer que 0 espago abrange todas as coisas que nos possam aparecer exteriormente, mas no todas as coisas em si mesmas, sejam ou ndo intuidas e qualquer que seja 0 sujeito que as intua, Efetivamente, nada podemos ajuizar acerca das intuigdes de outros seres pensantes, nem saber se elas esto dependentes das condigdes que limitam a nossa intuigdo e so para nés universalmente validas. Se acrescentarmos a0 conceito do sujeito a limitagio de um juizo, este juizo vale entao incondicionalmente,, A proporgdo seguinte: ‘todas 1s coisas estio justapostas no espaco’é vilida ' com esta restrigdo: se forem consideradas como objetos da nossa intuigdo sensivel. Se acrescento esta condig@o a0 conceito e digo que todas as coisas, enquanto fendmenos extemnos, esto justapostas no espago , @ regra assume validade universal ¢ sem limitagdo.) | As nossas explicagies censinam-nos, pois, | a realidade do espago (isto é, a sua validade objetiva) em relagio a tudo 0 que nos possa ser apresentado exteriormente como objeto, mas ao mesmo tempo a idealidade do espago em relagdo as coisas, quando consideradas em si mesmas pela razao, isto & quando se nio atenda a constituigao da nossa sensibilidade. Afirmamos, pois, a realidade empirica do espago (no que se refere a toda a experigneia exterior 1 4, aorescenta: apenas. possivel) e ', ndo obstante, a sua idealidade transcendental, ox seja, que o espaco nada é, se abandonarmos a condigio de possibilidade de toda a experiéncia e 0 considerarmos com algo que sirva de fndamento das coisas em si. Por outro lado, excetuando 0 espago, nao ha nenhuma outra representagdo subjetiva © referida a algo de exterior, que possa dominar-se objetiva a priori. (Efetivamente, de nenhuma delas se pode derivar, como da intuigo de espaco, proposigdes sintéticas a priori (§ 3). Sendo assim, para falar com precisdo, nao Thes cabe idealidade alguma, embora concordem com a representagdo do espago por unicamente dependerem da constituigio subjetiva da sensibilidade, por exemplo, da vista, do ouvido, ou do tato, através das sensagées das cores, dos sons e do calor que, sendo apenas sensagdes endo intuigGes, no permitem 0 conhecimento de nenhum objeto, muito menos a priori.|® | Esta observagio apenas tem em vista impedir que ocorra a pas alguém explicar a afirmada idealidade do espago, mediante "A. acrescenta: wo mesmo tempo. 2 im vez da passagem entre [ A. apresentava 0 seguint texto por isso que esta condigdo subjetiva de todos os fendmenos externas no pode ser comparada a nenhuma outra. © sabor agradivel de um vinho no pertence as propriedades objetivas desse vinho, portanto de um objeto, mesmo considerado como fendmeno, mas @ natureza especial do sentido do sujeito que © saboreia. As cores nio sio propriedades dos corpos, 3 intuigdo dos quais se reportam, mas simplesmente modificagSes do sentido da vista que & afetado pela Tuz de uma certa mancira, © espago, pelo contrrio, como condigdo de objetos exteriores, pertence necessariamente a0 fendmeno ou a intuigio do fendmeno, O sabor € as cores nfo so, de modo algum, condigbes I necessiias 29 pelas quais unicamente as coisas podem ser para nds objetos dos sentido. Tstio ligedos ao fenémeno apenas como efeitos da nossa organizagio particular que acidentalmente se juntam. Por isso, tamibsm nio sio represen- {ages a priori, mas fundameatazn-se na sensagio eo gosto agradavel mesmo ‘num sentimento (de prazer e de desprazer) como efeito de sensagio. Téo-pouco pode alguém tera prior’ a representagdo de uma cor ou de um sabor qualquer; porim, © espapo refere-se, unicamente, & forma pure da intaigdo, ndo inclui, pois, em si, nenhuma sensagao (nade de emplrico); todos os modos de XeterminagSes do espago podem e devern mesmo ser representados a prior, se deles se hio de formar conceitos de figuras e de suas relagSes, Sé 0 espaso, Portanto, pode fazer com que as casas sejam, para nos, objetos exteriors, exemplos sobejamente insuficientes, visto que as cores, o paladar, elc., sto justificadamente considerados, no como qualidade das coisas, mas apenas como modificagdes do nosso sujeito e que podem até ser diferentes, consoante a diversidade dos individuos. Com efeito, neste caso, aquilo que primitivamente era apenas um fenémeno, por exemplo uma rosa, valeria para o entendimento ‘430 empirieo como coisa em si, podendo, contudo, no que respeita a cor, parecer diferente aos diversos olhos. Em contrapartida, 0 conceito transcendental dos fenémenos no espago é uma adverténcia critica de que nada, em suma, do que é intuido no espago é uma coisa em si, de que o espago nio é uma forma das coisas, forma que lhes seria propria, de certa maneira, em si, mas que nenhum objeto em si mesmo nos é conhecido © que os chamados abjetos exteriores so apenas simples representagdes da nossa sensibilidade, cuja forma é o espago, mas cujo verdadeiro correlato, isto &, a coisa em si, nao & nem pode ser conhecida por seu intermédio; de resto, jamais se pergunta por ela na experiéncia pas Segunda Seccao DO TEMPO (s4 EXPOSIGAO METAFISICA DO CONCEITO DE TEMPO] 1. © tempo nao & um eonceito empirico que derive de uma cexperiéneia qualquer. Porque nem a simultancidade nem a sucesséo surgiriam na percepedo se a representagdo do tempo no fosse 0 seu fundamento a priori. S6 pressupondo-a podemos representar-nos que uma coisa existe num s6 e mesmo tempo (simultaneamente), ou «em tempos diferentes (sucessivamente). A312.” © tempo & uma representagdo necesséria que constitui 0 fundamento de todas as intuigdes. Nao se pode suprimir o proprio tempo em relagio aos fendmenos em geral, embora se possam perfeitamente abstrair os fendmenos do tempo. O tempo &, pois, dado a priori. Somente nele é possivel toda a

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