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Análise Crítica Das Características de Efluentes Industriais Do Setor
Análise Crítica Das Características de Efluentes Industriais Do Setor
Artigo
http://rvq.sbq.org.br
* Universidade Federal de Itajubá, Instituto de Recursos Naturais, CP 50, CEP 37500-903 Itajubá-MG, Brasil.
andrepiranga@yahoo.com.br; aguiar@unifei.edu.br
DOI: 10.21577/1984-6835.20200073
*andrepiranga@yahoo.com.br; aguiar@unifei.edu.br
1. Introdução
2. Metodologia
3. Resultados e Discussão
3.1. Características de efluentes têxteis brasileiros
3.2. Processos empregados para o tratamento de efluentes têxteis no Brasil
4. Conclusão
1. Introdução em seguida para o acabamento. Na sequência, são
iniciados os processos de beneficiamento via úmida,
que compreendem as etapas de mercerização,
Segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil alcalinização, purga, alvejamento químico e
e de Confecção (ABIT), a cadeia produtiva do setor tingimento.2,3 De forma geral, grandes quantidades
têxtil no Brasil abrange desde a produção de fibras à de água são requeridas no processamento via
confecção de vestuário, incluindo fiação, tecelagem, úmida, gerando grandes volumes de efluentes
malharia e acabamento. Este setor possui grande de composição bem variada.2 Um fluxograma
relevância na conjuntura socioeconômica do país, do processo produtivo para tecidos de algodão
compreendendo mais de 33 mil empresas situadas é apresentado na Figura 1, detalhando as etapas
em todos os estados brasileiros e responsável por de beneficiamento e os resíduos provavelmente
cerca de 1,5 milhão de empregos diretos. Em 2016, presentes nas águas residuárias geradas em cada
o faturamento anual foi de R$ 129 bilhões, o que uma delas. Os tipos de resíduos são diversificados,
representou 5,8% do faturamento da indústria de assim como suas concentrações.4
transformação brasileira.1 Grande parte dos poluentes encontrados em
A cadeia de produção de uma indústria têxtil efluentes têxteis são produtos químicos que, ao
se inicia com o manuseio das fibras a seco, sendo serem descartados sem tratamento em corpos
transformadas em fios ou tecido nos teares. As hídricos, alteram as propriedades físico-químicas do
fibras utilizadas podem ser de origem natural meio.4 Em função da alta concentração de matéria
(lã, juta, algodão) ou sintética (náilon, poliéster). Após orgânica nesses efluentes, bactérias heterotróficas
a fiação, o processo segue para a tecelagem plana e poderão se multiplicar rapidamente nos corpos
Figura 1. Processo de beneficiamento na indústria têxtil e os prováveis poluentes presentes nas águas
residuárias geradas em cada etapa. Fonte: Adaptado de Holkar et al4
Rev. Virtual Quim. |Vol 12| |No. 4| |913-929| 915
Ramos, M. D. N. et al.
Ramos, M. D. N. et al.
Tabela 1. Caracterização físico-química de efluentes brutos de indústrias têxteis
Empresa ou ramo/ DBO5 DQO DQO/ Cor aparente ST SDT SST N-NH3 SO42- Cl- Condutividade
Turbidez pH Referência
Localização (mg O2.L-1) (mg O2.L-1) DBO5 (mg.L-1 PtCo) (mg.L-1) (mg.L ) (mg.L ) (mg.L ) (mg.L-1)
-1 -1 -1
(mg.L-1) (mS.cm-1)
Garcia et al
- 430 - - - 7,5 - - - 28,35 nd - 4,06
(2009a; 2013)8,9
Manufatura de - 382,72 - - - 7,78 - - - 5,88 nd - -
roupas - 302,84 - - - 7,38 - - - 3,36 nd - -
(Noroeste do PR) Garcia et al
- 314,16 - - - 7,42 - - - 5,36 nd - -
(2009b)10
- 490,88 - - - 7,58 - - - 5,88 nd - -
- 280,1 - - - 7,52 - - - 5,05 nd - -
Mounteer et al
Indústria têxtil* 298 900 3 - 2302 ADMI 8,4 - - - - - - -
(2009)11
1052 4121 3,9 - - - - - - - - - -
1620 10488 6,5 - - - - - - - - - -
2371 10043 4,2 - - - - - - - - - -
2692 10408 3,9 - - - - - - - - - -
Indústria de tecidos
1459 4259 2,9 - - - - - - - - - - Oliveira e Leão
sintéticos
2316 5709 2,5 - - - - - - - - - - (2009)12
(Belo Horizonte, MG)
1255 5129 4,1 - - - - - - - - - -
699 6728 9,6 - - - - - - - - - -
1384 5998 4,3 - - - - - - - - - -
1052 4121 3,9 - - - - - - - - - -
Alves et al
Fábrica Têxtil* - 482 - - - 9 - 1600 - - - 250 1,41
(2010)13
Toalha São Carlos S.A.
212 600 2,8 - - - - - - - - - - Franco (2010)14
(São Carlos, SP)
- 3498 - 497 FTU 1517 10,3 13882 - - - - - 22,89
Fábrica de redes Ribeiro et al
- 5882,4 - 352 FTU 1256 9,5 15148 - - - - - 23,18
(Jaguaruana, CE) (2010)15
- 4385 - 430 FTU 2350 10,3 11795 - - - - - 17,1
Indústria têxtil Alvim et al
564 2302 4,2 - - - - - - - - - -
(Sul de MG) (2011)16
Indústria têxtil Melo et al
22 1127 51,2 - - 11,8 5158 - - - - - -
(Barbacena, MG) (2011)17
917
Continua...
Ferrari-Lima et
Indústria têxtil (PR) - 6195 - 441 NTU - 7,1 - - - - - - -
al (2017)27
Manufatura têxtil Lisboa et al
54,1 3192,5 59 0,2 NTU 448 5,1 - - - - - - -
(Toritama, PE) (2017)28
Indústria de redes Martins et al
- 810 - 121 NTU - 7 - - 174 - 661 5555,8 12,9
(Jaguaruana, CE) (2017)29
Indústria de jeans Pizato et al
328 659 2 37 NTU - 5,2 1187 862 474 2,2 51,7 362 0,81
(Sudoeste do PR) (2017)30
Indústria têxtil (Porto Favero et al
- 2073 - 606 NTU 422,3 10,3 - - - - - - -
Alegre, RS) (2018)31
Ramos, M. D. N. et al.
Pizatto e
Indústria têxtil* (RS) 1164,7 9602 8,2 - - - - - - 6,8 - - - Andrade
(2018)32
Indústria têxtil Santos et al
350 1395 4 183 FAU 3280 9,7 - 3120 - - - 2850,1 -
(Sul do Brasil) (2018)33
NTU - Unidade Nefelométrica de Turbidez; FAU - Unidade de Atenuação de Formazina; FTU – Unidade de Turbidez Formazina; ADMI - American Dye Manufacturer Institute; uT – Unidade
de turbidez; Hz – Unidade de cor Hazen. nd - não detectad. *Autores não especificaram a empresa ou o ramo
Ramos, M. D. N. et al.
Tabela 2. Caracterização físico-química de efluentes brutos de lavanderias industriais têxteis
Empresa ou ramo/ DBO5 DQO DQO/ Cor Aparente ST SDT SST N-NH3 SO42- Cl- Condutividade
Turbidez pH Referência
Localização (mg O2.L-1) (mg O2.L-1) DBO5 (mg.L-1 PtCo) (mg.L-1) (mg.L-1) (mg.L-1) (mg.L-1) (mg.L-1) (mg.L-1) (mS.cm-1)
Indústria têxtil (RN) - 984 - - 7508 Hz 8,2 - - - - - - 5,9 Solano (2011)20
Distrito industrial
Guimarães et al
(Santa Bárbara 1746 5338 3,1 - 1056 ADMI 7,2 - - - - - - -
(2012)21
d’Oeste, SP)
Indústria têxtil Miranda et al
167 354 2,1 - - 6,4 - - - - - - -
(Caruaru, PE) (2013)22
Fábrica de
tingimento de - 2250 - - - 10,7 3410 - - - - - - Silva et al (2016)23
algodão*
Indústria têxtil* Amaral et al
- 692 - - 604 - - - - - 334,1 - 4,8
(Caruaru, PE) (2017)24
Tear Têxtil Ind. e Com. Couto et al
- 1771 - - 7129 - 4870 - - 10,2 178,7 544,4 3,28
Ltda. (Paraopeba, MG) (2017)25
Fábrica de
Domingues et al
tingimento - 798,1 - - - - - - - 1,5 653,6 - 2,65
(2017)26
(Noroeste do PR)
Ferrari-Lima et al
Indústria têxtil (PR) - 6195 - 441 NTU - 7,1 - - - - - - -
(2017)27
Manufatura têxtil Lisboa et al
54,1 3192,5 59 0,2 NTU 448 5,1 - - - - - - -
(Toritama, PE) (2017)28
Indústria de redes Martins et al
- 810 - 121 NTU - 7 - - 174 - 661 5555,8 12,9
(Jaguaruana, CE) (2017)29
Indústria de jeans Pizato et al
328 659 2 37 NTU - 5,2 1187 862 474 2,2 51,7 362 0,81
(Sudoeste do PR) (2017)30
Indústria têxtil Favero et al
- 2073 - 606 NTU 422,3 10,3 - - - - - - -
(Porto Alegre, RS) (2018)31
Pizatto e Andrade
Indústria têxtil* (RS) 1164,7 9602 8,2 - - - - - - 6,8 - - -
(2018)32
Indústria têxtil Santos et al
350 1395 4 183 FAU 3280 9,7 - 3120 - - - 2850,1 -
(Sul do Brasil) (2018)33
Continua...
919
Continuação...
Lavanderia Dinâmica 235 1142,4 4,9 683 FAU 1948 7,1 - - - - - - - Ribeiro e Tavares
(Maringá, PR) 379 543 1,4 258 FAU 1536 6,6 - - - - - - (2016)51
Lavanderia
93,6 581,1 6,2 50 NTU > 2500 Hz 6,2 - - - - - 48,36 3,72 Silva (2016)52
Industrial* (PE)
Lavanderia industrial 134,9 Souza et al
- 407,9 - 303 - 4297,7 3737,8 559,85 - - - 2,65
(Campo Mourão, PR) NTU (2016a)53
Lavanderia de jeans Souza et al
170 558,5 3,3 113 NTU - 7 - - - 2,4 42,1 287,5 -
(Noroeste de PR) (2016b)54
Lavanderia industrial 47,2
- 214,2 - 384 6,7 - - - - - - - Assunção (2018)55
(Campo Mourão, PR) NTU
Ramos, M. D. N. et al.
Lavanderia industrial
325 849 2,6 247 uT - 8,8 - - - - - - - Silva et al (2018)56
(Maringá, PR)
NTU - Unidade Nefelométrica de Turbidez; FAU - Unidade de Atenuação de Formazina; ADMI - American Dye Manufacturer. Institute; uT – Unidade de turbidez; Hz – Unidade de cor Hazen.
*Autores não especificaram a empresa ou o ramo
de corantes às fibras.19,29 Dados referentes aos ânions apresentaram geralmente caráter mais básico que
cloreto e sulfato foram detectados em 14 amostras, os de lavanderias industriais. Como uma possível
apresentando variabilidade de valores entre elas. A justificativa, as lavanderias apresentam em seus
determinação de metais foi bem menos relatada, processos somente as etapas de beneficiamento
mas a concentração deles em alguns trabalhos29,33,47 dos produtos têxteis (tingimento, desengomagem,
atendeu à legislação federal para descarte,7 exceto a alvejamento, etc.) e não as etapas de produção. A
de ferro e cromo32 e manganês52 em certos efluentes faixa necessária de pH para o beneficiamento da
de lavanderia têxtil. indústria têxtil é variável de acordo com o tipo de
O teor de sólidos dissolvidos totais (SDT) é um fibra e o corante utilizado.33,58 Quando se compara
importante parâmetro a ser analisado no efluente tais dados de pH com a legislação federal, que
têxtil, o qual é atribuído aos sais comum (NaCl) exige valores entre 5,0 e 9,0 para descarte,7
e de Glauber (Na2SO4·10H2O). Tal relevância dá- percebeu-se que 9 amostras estão acima do
se porque a quantidade de sal presente nessa limite superior. Sendo assim, faz-se necessária
água residuária afeta o equilíbrio osmótico a correção do pH, tanto para eventual descarte,
dos organismos aquáticos, além de interferir quanto previamente às etapas de coagulação-
na qualidade da água para irrigação.6 Porém, floculação (quando baseada em sulfato de
percebeu-se que o teor de SDT é pouco analisado, alumínio) e/ou aos processos biológicos. Ambos
12,5% das amostras, sendo a determinação de ST os tipos de tratamento necessitam de valores de
um pouco mais frequente, 18%. A fração de sólidos pH próximos a 7 ou inferiores, dependendo dos
suspensos totais (SST) pode interagir e formar contaminantes presentes no efluente.5,59
agregados com outras substâncias (espuma Quanto à temperatura, apenas duas amostras de
oleosa, como óleo, graxa, argila, silte e materiais efluente de indústrias tiveram tal dado reportado.
arenosos). Esses agregados interferem no Para efluentes de lavanderias, reportou-se a
mecanismo de transferência de oxigênio no corpo temperatura para nove amostras de efluente. Do
hídrico, prejudicando a fotossíntese dos seres total de 11 amostras, apenas uma apresentou valor
autotróficos e absorvendo mais energia solar, o acima de 40 oC (dados não mostrados), máximo
que acarreta em aquecimento das águas.6 Todos permitido para descarte de efluentes de acordo
os três parâmetros para sólidos apresentaram com a legislação federal vigente.7
dados distintos entre as amostras, sendo o teor de Outra característica relevante a ser avaliada
SST sempre menor, entre 7 e 40% do teor de ST, em efluentes têxteis é a toxicidade. Alguns dos
considerando apenas 6 amostras em que pode- trabalhos consultados avaliaram essa propriedade
se verificar a quantificação de ambos SST e SDT. e percebeu-se que a água residuária proveniente
Apesar de não constar da resolução do Conama,7 dos setores têxteis brasileiros afeta diferentes
o teor de SST é legislado por alguns estados cujos organismos-testes. Ao avaliar a toxicidade aguda
valores limites são distintos, a depender da vazão com Daphnia similis, Mounteer et al observaram que
média ou carga orgânica diárias.57 a concentração que imobiliza 50% do organismo-
Em relação aos dados de turbidez, percebeu-se teste (EC50) foi igual a 18,2%.11 Para sementes de
também uma grande variação, principalmente para alface (Lactuca sativa) EC50 foi de 49,5%.14 Garcia
efluentes de indústrias. Os SST são provavelmente et al não constataram toxicidade para esse mesmo
responsáveis por tornar efluentes têxteis turvos. organismo-alvo (inibição maior que 50%) em um
Outro ponto que merece destaque é que a turbidez, efluente sem diluição.8 Ao testar Artemia salina L.
assim como a cor aparente (atribuída em parte aos sobre o mesmo efluente do estudo anterior, a taxa
corantes), é reportado sob diferentes unidades, de mortalidade foi de 5% para proporções abaixo
devido às metodologias analíticas adotadas em de 60% de efluente, enquanto para proporções
cada estudo, dificultando uma análise comparativa. maiores, a mortalidade foi próxima de 100%.9
Ambos os parâmetros não são exigidos pelo Utilizando o organismo-teste Allium cepa, não foi
Conama para descarte,7 mas são rotineiramente observada ação citotóxica, ao passo que a divisão
usados para avaliar a eficiência de tratamentos celular ocorreu de forma desordenada, levando ao
propostos para esses efluentes.2,4 aumento da taxa de anormalidades cromossômicas.
Outro parâmetro comumente analisado Este resultado caracteriza genotoxicidade para o
pelas pesquisas e que influencia no tratamento efluente analisado.16 Melo et al verificaram alta
de efluentes é o pH. Os efluentes de indústrias toxicidade aguda de um efluente têxtil para a alga
que usam mais insumos e, consequentemente, 3.2. Processos empregados para o tratamento
geram efluentes mais concentrados. As faixas de de efluentes têxteis no Brasil
valores de pH foram similares. Apesar de haver
dados de temperatura suficientes somente para Uma breve descrição dos fundamentos envolvidos
efluentes de lavanderias têxteis, percebe-se que nos tratamentos mais comumente utilizados por ETEs
os valores não estão muito acima da temperatura de indústrias de beneficiamento têxtil e lavanderias
ambiente. industriais consta na Tabela 4, enquanto a Tabela
Essas faixas de valores foram também 5 relata as sequências de tratamento por algumas
comparadas com algumas relatadas na literatura. indústrias do setor têxtil no Brasil.
Primeiramente, foram confrontados os dados A melhor maneira de se escolher quais as etapas
de efluentes de indústrias brasileiras com os da de tratamento a serem adotadas é baseada nos
Turquia65 e da Índia.66 A concentração de matéria dados de caracterização dos efluentes. Os valores
orgânica para efluentes turcos é inferior, além de razão DQO/DBO5 observados são considerados
de apresentar considerada biodegradabilidade altos, superiores a 3,5, logo os tratamentos
(razão DQO/DBO5 < 2,5). Efluentes indianos físico-químicos seriam mais indicados.5 Tem-
apresentam maior DBO5, menor teor de ST, se que seis, das oito ETEs descritas, utilizam o
enquanto a faixa de DQO é semelhante à processo de coagulação-floculação logo após o
brasileira. Sugere-se que as diferenças existentes pré-tratamento, geralmente peneiramento e/ou
entre as faixas propostas por esses outros desarenação. Outra coincidência foi a utilização
dois estudos e as encontradas no presente da etapa de equalização por seis ETEs, indicando
trabalho devem-se aos diferentes processos de que os efluentes gerados apresentam de fato
produção empregados nas indústrias de cada concentração, composição e possivelmente
país, os tipos de fibra e corante, ao número vazão bastante variadas numa mesma empresa.
de amostras utilizadas nos cálculos, dentre O processo de lodos ativados (tanque de aeração
outros. Ao comparar com dados de diversos seguido de sedimentação do lodo biológico com
países compilados em artigos de revisão reciclo parcial do lodo) foi constatado em três ETEs
bibliográfica,58,67 percebeu-se que os efluentes mostradas na Tabela 5; em uma delas não há uso
de indústrias brasileiras têm faixas de valores de de coagulação-floculação, enquanto nas outras há
DQO e pH similares àquelas de outros países em o uso de lodos ativados após, ou antes, da etapa de
geral, enquanto a faixa de DBO5 é inferior. coagulação-floculação. Esse último arranjo mostra
Tabela 3. Faixas de parâmetros e médias para os dados de efluentes têxteis brasileiros e estrangeiros
Faixa dos parâmetros encontrados para efluentes têxteis brasileiros
Parâmetros Indústrias Lavanderias
Faixa Média Faixa Média
pH 5,1 - 11,8 - 5,0 - 12,5 -
DBO5 (mg O2.L-1) 22 - 2692 1004,1 ± 812,5 12 – 387 185,9 ±137,0
DQO (mg O2.L-1) 280,1 - 10488 3222,6 ± 3088,8 150 – 1636 527,8 ± 369,8
DQO/DBO5 2 - 59 8,9 1,4 – 12,5 4,7
Turbidez (NTU) 0,2 - 1600 467,5 ± 604,4 47,2 – 686,9 178,0 ± 182,5
ST (mg.L-1) 1187 -15148 7921,4 ± 5558,9 179 - 4297,7 2167,0 ±1661,6
Temperatura (oC) - - 19,6 - 35 26,0 ± 5,0
Faixa dos parâmetros encontrados para efluentes estrangeiros
Parâmetros
Tufekci et al (2007)65 Ashfaq e Khatoon (2014)66 Hussein (2013)67 Ghaly et al (2014)58
pH - 7,0 - 9,0 5,5 – 10,5 6,0 - 10,0
DBO5 (mg O2.L-1) 280 – 1140 80 - 6000 100 – 4000 80 - 6000
DQO (mg O2.L-1) 614 - 1960 150 - 12000 150 – 10000 150 - 12000
DQO/DBO5 1,6 - 2,6 - - -
ST (mg.L-1) - 15 - 8000 - -
Temperatura (oC) - - 33 - 45 35 - 45
Tabela 5. Processos empregados por indústrias brasileiras no tratamento de seus efluentes têxteis
Descrição Localidade Capacidade (m3/h) Etapas do tratamento Referências
Coteminas Blumenau - SC 350 PN-TE-TA-D-CF-D-FP*- Coteminas SA (2009)68
LS*-AI*
Riccieri Confecções Ltda Morro da Fumaça - SC - D-PN-D-TE-CF-D-LS*-AI* Niero (2011)36
Mar Indústria Têxtil Ltda Içara - SC 36 CA-PN-TE-CF-D-I*-LEA Silva (2011)19
Lavanderia Industrial Campos dos Goytacazes 25 CA-TE-CF-D-FP*-F Souza et al (2013)42
- RJ
Lavanderia Expressa Passo Fundo - RS - GR-TE-CF -D-LS* Buss et al (2015)69
Lavanderia Industrial Cianorte - PR 70 PN-CA-TE-CF-D-TA-D- Castilhos (2015)48
AD*-FP*-AI*
Lavanderia Industrial Teresina - PI 24 CF-D-LS* Rocha et al (2016)70
Lavanderia Industrial Maringá - PR - PN-D-TA-D-LS*-AI* Silva et al (2018)56
GR - Gradeamento; PN - Peneiramento; CA - Caixa de areia; TE - Tanque de equalização; D- Decantador; TA – Tanque de
aeração; AD - Adensador; FP- Filtro prensa; CF- Coagulação - floculação; LS - Leito de secagem; AI – Aterro industrial; F – Fil-
tração convencional; I – Incineração; LEA - lagoa de estabilização aerada. *Operações destinadas aos lodos. O nome de algu-
mas empresas não foi divulgado pelas fontes
4. Conclusão 2
Siddique, K.; Rizwan, M.; Shahid, M. J.; Ali, S.; Ahmad,
R.; Rizvi, H. Em Enhancing Cleanup of Environmental
Ao analisar as características físico-químicas de Pollutants. Anjum, N. A.; Gill, S. S.; Tuteja, N., eds.;
efluentes têxteis (de indústrias e lavanderias indus- Springer: Switzerland, 2017, 183. [CrossRef]
triais) obtidos de diferentes fontes da literatura, con-
3
Yassen, D. A.; Scholz, M. Textile dye wastewater
statou-se sua heterogeneidade. A maioria dos eflu- characteristics and constituents of synthetic
entes investigados é composta por matéria orgânica effluents: a critical review. International Journal of
refratária, sugerindo que vias físico-químicas de trat- Environmental Science and Technology 2019, 16,
amento são, em geral, mais indicadas. A correlação 1193. [CrossRef]
linear entre os dados de DQO e DBO5 para os dois
4
Holkar, C. R.; Jadhav, A. J.; Pinjari, D. V.; Mahamuni,
setores de efluentes têxteis (industrial e lavanderias) N. M.; Pandit, A. B. A critical review on textile
foi precária (R² < 0,8), não sendo, portanto, possível wastewater treatments: Possible approaches.
que um modelo linear seja usado para predição de Journal of Environmental Management 2016, 182,
um destes parâmetros a partir do outro. Com relação 351. [CrossRef]
ao pH, verificou-se, na maioria dos casos, que sua cor-
5
Von Sperling, M.; Introdução à qualidade das
reção é necessária para permitir tratamentos desses águas e ao tratamento de esgotos, 4a. ed., UFMG:
efluentes, além de descarte. Embora a legislação fed- Belo Horizonte, 2014.
eral não estabeleça valores limites de concentração
6
Kumar, S. P.; Saravanan, A. Em Sustainable Fibres
de matéria orgânica para efluentes industriais, dados and Textiles; Muthu, S. S., ed.; Elsevier, 2017, 323.
de DBO5 e DQO estavam acima de valores estipula- [CrossRef]
dos em legislações estaduais vigentes para descarte.
7
Brasil.; Ministério do Meio Ambiente. Conselho
A complexidade associada à caracterização desses Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). Resolução
efluentes impulsionam o estudo e o desenvolvimen- nº 430, 2011.
to de novas tecnologias que viabilizem processos de
8
Garcia, J. C.; Simionato, J. I.; Almeida, V. C.;
tratamento mais eficientes. Os métodos convencio- Palácio, S. M.; Rossi, F. L.; Schneider, M. V.; Souza,
nais de tratamento abordados neste trabalho são uti- N. E. Evolutive followup of the photocatalytic
lizados para remoção de matéria orgânica de forma degradation of real textile effluents in TiO2 and
geral. O processo de coagulação-floculação tem sido TiO2/H2O2 systems and their toxic effects on
a principal etapa na remoção de poluentes nesses Lactuca sativa seedlings. Journal of the Brazilian
efluentes, enquanto os tratamentos biológicos são Chemical Society 2009a, 20, 1589. [CrossRef]
adotados para melhorar a eficiência de algumas
9
Garcia, J. C.; Souza, T. K. F. F.; Palácio, S. M.;
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