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A Paz Ignorada Ou Desconhecida
A Paz Ignorada Ou Desconhecida
E a paz de Cristo como arbitro nos nossos corações tem que ser o
conluio de Deus com todas as nossas vontades, apelos, venetas e
delírios; do contrário, que paz pode haver?
Jesus disse: “Deixo-vos a paz; a minha paz vos dou”; e disse que
se tratava de uma paz que o mundo não conhecia e nem poderia
conhecer.
Ora, Paulo disse que essa Paz de Deus em nós, e que excede o
entendimento, e que arbitra o bem em nossos corações, convive
com todas as contradições da existência e não foge do viver
jamais. Assim, diz ele, essa paz existe em meio à rejeição, ao
aperto financeiro, ao desprezo, às opiniões que nos degradem, às
angustias por fora e às lutas por dentro; e até mesmo quando
somos considerados espetáculo de morte a homens e principados
e potestades.
Sim, é paz que mesmo nada tendo, pois possui tudo; e que mesmo
carregando no corpo o morrer, vive para Deus em suprema alegria
de ser!
Ora, esta paz pode não ter casa própria, mas tem morada na casa
do Pai; pode não saber do pão de amanhã, mas agradece o de
hoje; pode não ter nome a ser reconhecido, mas sabe que tem um
novo nome, o qual ninguém conhece; pode ter muito, pois não
confiará em quantidade; pode não ter nada, pois não temerá a
escassez; pode nada poder, pois sabe Quem pode por nós; pode
nada possuir, pois já é rico de tudo o que somente se pode
carregar no coração!
Sim, esta paz pode sepultar filhos, pois sabe que não os perdeu;
pode viajar da sepultura ao casamento, posto que no primeiro
celebre as bodas eternas, e no segundo caso a bela alegria da
relatividade humana; pode chorar sem tristezas mortais; pode
sofrer com doces dores celestiais; pode ser acusado, e ainda assim
dormir com anjos; pode ser visto como lixo e escoria, porém,
apesar disto, se saber coroado em gloria com apóstolos e profetas.
Tal paz não sente pena de Jó, mas em sua fé se regozija; não
lamenta por João Batista, pois sabe que ele foi um dos poucos que
nunca perdeu a cabeça; não acha estranho que frequentemente os
dias mais felizes sejam os mais destituídos de poder; não inveja
nada; não ambiciona; não julga que seja de fora que nos possa vir
o nosso bem; não é dono de nada, posto que já seja herdeiro de
toda a Terra, e de muitos outros mundos, camadas e dimensões!
Tal paz não morre, pois aquele que por ela é possuído já é
herdeiro da vida eterna; não sente fome, pois come o pão dos
significados; não sente sede, posto que dele jorre uma fonte que
salte para a eternidade; não julga nenhuma tragédia final, pois
sabe que a verdadeira vida e felicidade não estão disponíveis aos
sentidos mortais.
Afinal, esta paz não é deste mundo; e este mundo não a pode
conhecer e nem mesmo conceber. Ora, como disse Pedro: “Foi
por esta razão que o Evangelho foi pregado a mortos, para que,
mesmo mortos na carne, vivam para Deus”.
Aquele, porém, que quer ter seu galardão neste mundo, este,
então, tome boas doses de ansiolítico e aguente o tranco; pois, a
paz de Cristo jamais será uma possibilidade para o cidadão
escravizado aos mortais galardões e falsas importâncias deste
planetinha de cardos, abrolhos, angustias e recompensas de
fumaça, fogo, sangue e fumo de agonia.
Nele, em Quem creio, por isto digo o que provo para mim como
possibilidade, caminho, verdade e vida,
Caio
9 de janeiro de 2012
Copacabana