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|ANO Xi: N° 1: 2005 : RS 800 PROJETO Puritans Sola scriptura, sola gratia, sola fide, soli Deo gloria, solus Christus OS PURITANOS Gs Hinos \\ do Povo \ de Deus Resgatando Nossa Heranca Reformada “Vinde, cantemos alegremente ao Senbor, cantemos com jibilo a rocha da nossa salvagéo. Apresentemo-nos diante dele com agoes de gracas, e celebremo-lo com salmos de lowvor” (Slos:r2) (02. A Mentira jamais Procede da Verdade Duro é Este Discurso 18 ‘Os Hinos do Povo de Deus 03 19 Salmo | 04 Confissdo de Fé de Westminster LLowor Sem Misiea 24 Envergonhado das Tendas de Sem? 05 25 Uma Pala aos Pastores Sem Animo (08 Catecismo de Heidelberg ‘Catecismo Maior de Westminster 26 ‘A MMisica Aceitvel a Deus 09 27 © Mediador do Pacto da Graga 14. Segunda Confissio Helvetica Redescobrindo a Pregagio. 32 Da providéncia de Deus 14 33. Aficio Cristi —“A Correcio do Senhor” 15. Preficio de Calvino para o Satério (© Modernisma @ a Inrrincla Biblica 34 Princpios de Liturga 17 35 Trazendo o Evangelho aos Filhos da Alianga 17. Cio Pibico Para Nossas Criangas 38 0 U8 PURITANO . . REVISTA 0S A Mentira Jamais Procede da Verdade PURITANOS Manoel Canuto ‘aw Xe Nee 1-205, Ta nee cana one ‘40 ha neutralidade. 0 que nao for a verdade € pérfido, o que nao for verdadeiro | Minos! cnt cin cemen é mentiroso e falso. Jesus esclarece isso muito bem cuando diz que Ele a ver- | Mn Eras tink ois dade e que sem Ele ninguém chega ao Pai, Disse mais, que nao ha salvagaoem | Salen tosses Tins nenhum outro a néo ser nor Ele. Ele ¢ exclusivo, 0 cistianismo & a verdade e todas | Aisi hts ns cig as outras religides nao so verdadeiras e, por serem falsas, conduzem milhées para | ne tereen : fei ia can 0 inferno. Os falsos mestres S40 mentirosos. Nao € correta a idéia de que os profetas | eile cam do Novo Testamento recebiam revelagbes divinas e essas, por passarem pela mente | Amma humana imperfeita, poderiam ser anunciada de forma imperfeita sem, contudo, ser | Fane nesses ada como ensino falso. Isso é falacioso. Os profetas do Novo Testamento ia con: no dam pant recebiam revelagdes (I Co 14:30) e eram inspiradas. Eles falavam a verdade pura | Somu\scsny Sees para a igreja com o propésito de edifica-la, Entonaiere ee anaitare 0 falso ensino ¢ oposigao & Palavra de Deus e os crentes que se postampassivamente | Parulutin se mostram tolerantes para com 0 erro quando @ Biblia nos exorta & intolevdncia a | 2ueceRSMRMts | falsidade. Que comunhdo hé entre luz e trevas? Tenho com freatiéncia sido exortado 4 ndo me preocupar com “pequenos erros"’ € pensar positivamente sobre as necessi- ddades "prementes” da Igreja. Mas, ese a necessidade premente da Igreia for exatamente a falha ne diagnéstico ¢ tratamento do erro? E 0 que significa pequencs erros? Nao podemos nos surpreender de que muitos hoje séo tolerantes para com posigdes que Ihes so opostas, mas no so tolerantes ao Cristianismo biblico. Por qué? Porque o cristianismo verdadeiro aponta o erro e se coloca numa posi¢do de incompatibilidade com o pensamento do pés-modernisma que defende uma verdade ndo abso- luta € que pode ser redefinida e adaptada para cada énoca, cada geracdo. Muitos procuram uma postura poli- ticamente correta. Isso acontece desde a época de Paulo, porque os lideres procuravam pasigées de destaave, prestigio, benesses e colocavam a verdade em segundo plano. A gratificagao carnal era 0 que importava. Nao estamos vendo 0 mesmo hoje? 0 ensino nao tem sido distorcido? Os mestres estéo manejando bem a Palavra da verdade ou apresentam “falatorios initels e profanos"? Nao é sem raz4o que alguns afirmam que Génesis é mito. bom lembrar que Paulo ndo se importou de citar os nomes daqueles gue labutavam no erro que destruia a Igreja. Paulo nao d& muita importéncia a si mesmo quando ameagado e ferido pessoalmente. Mas acusava 0 erro e denunciava aqueles que falavam de forma blasfema contra Deus e contra a Igreja de Cristo. Ele citou Himineu e Fileto dizendo que a linguagem deles era comparada a uma doenca gangrenosa, cancerosa e que pervertiam a f€ dos crentes. ‘A verdade tem de ser pregada, anunciada e os erros condenados. Nao devemas temer aqueles que nos chamam de arrogantes, altivos, beligerantes. Essa luta nao é por nossa verdade, mas pela verdade revelada, por amor a Deus e a Sua Igreja. A verdade nao € privilégio de apenas uma igreja local, ou de um grupo de irmnéos. John MacArthur cisse certa ver: ‘Mas igrejas tém se tornado tao efeminadas € fracas nestes tempos que os mais evangélicas parecem, pensar que tal postura de militfncia contra o erro é inconveniente e demasiado severa. Os cristaos tém vietualmente se rendido na batalha pela verdade. Como resultado, a comunidade evanaélica se tornou um lugar onde as pessoas poder advogar virtualmente qualauer coisa ou promover qualquer dovitina, € a tinica coisa que ninguém pode dizer € que alguém esta errado”. Paulo disse que deveriamos confrontar ou repreender as pessoas que se opdem a verdade. Nao nS como fazer acordos com aqueles que nao so biblicos e politicos; aqueles que ultrapassam a doutrina de Cristo e nao per- manecem nela, porque nao tém a Deus (2 Jo 1:9-11). ‘Temos de ser verdadeiros por que a mentira nao procede da verdade (1 Jo 2:21) e aquilo que contradiz a verdade é falso. [Deus nos livre dos falsos lideres, das falsas igrejas € da falsidade do nosso propria caragéo para termos uma igreja pura e sem macula. Boa leitura! 2 Revista Os Puritanos, Os Hinos do Povo de Deus F, Van Deursen de valor inestimével na comunicacéo do Senhor com Seu povo. Nao poderiamos calcular a nimero de filhos de Deus que expressaram ao Senhar suas nevessidades com as palavras de Davi e os outros salmis. tas. Quantas vezes o Senhor todo-poderoso e misericordioso escutou as stiplicas do Seu povo e os momentos em que a [greja louvou a Deus com os Salmos no Antigo e Novo Testamentos e se alegrou nele com aquela alegria ‘que procede do Espirito Santo?! A Jareja canta louvores ao Senhor nos Salmos de diversas maneiras. Algumas vezes clama desde 0 abismo do pecado e da miséria € se alegra pela graca e salvacao recebidas de Sua poderosa mao. Outras vezes pede justica e vinganca contra os inimigas que a oprimem; mastra seu 4020 e jubilo pelo doce reinado de seu Deus, cuja gléria culminou em Cristo. Nao ha livro no qual se encontre tanta riqueza espiritual como nos Salmos; no ha livro que reflita téo integralmente os diversos estados de animo do homem: angistia, dor, tristeza, alegria, louvor, béncao. Este € 0 livro pelo qual o Espirito Santo, que inspirou os homens de Deus, mostrau como Seu povo devia dirigir-se a Ele em ago de gragas € em oragées. € 0 livro no qual o mesmo Deus ensina o Seu povo a cantar de ‘modo que sua boca esteja cheia de louvores. Agostinha de Hipona experimentou a cAntico dos Salmos como um dos melhores meios de consolo e estimu- Jo Jodo Calvino, 0 reformador de Genebra, também o julgava como um dos fatores de maior impartancia na Vida dos crentes, para despertar os coragées a uma aragdo continua e ardente.? Efetivamente, as igrejas da Reforma, com 0 Saltério que apareceu no século XVI sob a influéncia de Calvi- ‘no, clamou fervorasa ¢ eficazmente ao Senhor e apresentou sua angiistia quando tantos de seus membros eram jogados aos carceres, levados a fogueira e perseguitos até a morte por sua f6. Aquelas congregacdes pediram 220 Senhor justiga contra os persequidores da lgreja, como a viva da parabola do Juiz Iniquo (Le 18:1-8), 0s méirtires espanhéis de Valadoli ¢ Sevilha, ern 1559 € 1560, se dirigiam até o lugar dos “Autos da Fé” cantando Salmos.* Entre eles 0 Salmo 109, para com ele por nas maos de Deus, o Juiz Supremo, a injustiga para 0 dia do juizo. Nao se encheram de vinganga, mas fizeram como 0 Salvador: “...p0is ele, — nos diz 0 apdstole Pedra — quando ultrajado, nao revidava com ultraje; quando maltratado, ndo fazia ameacas, mas entregava-se aquele que julga retamente” (| Pe 2:23). Nao sabemos se 0s Salmos cantados pelos martires de Valadoli ¢ Servilha, estavam metrificados. & possive! que jd conhecessern alguns da colecdo de Genebra, pois Jodo Calvino ja havia editado sua primeira colegao em Estrasburgo em 1539 e difundido posteriormente em Genebra, Porém, no se sabe exatamente se naquela épo- ca 05 Salmos cantados na Espanha foram desta colecao. A primeira colego de Joao Calvino, compitada em Estrasburgo, compreendia 19 Salmos, 0 canto de Si- meao, 0s Dez Mandamentos e 0 Credo Apostélico, todos metrificadas. Tinha o seguinte titulo: Acuns Pseaul- mes Et Cantiques IMys Em Chant — A Strasburg, 1539, Aquele livrete terminava com estas palavras: “Canta- rei Salmos e canticos ao (nico Deus, enquanto viva. A Deus seja dada toca honra e gldria" Ja em 1536, Jodo Calvino havia demonstrado seu desejo de que se cantassem os Salmos nas reunies pibli- cas da congregagao, Nos “Artigos sobre a orientagdo do culto pliblico”, que foram estabelecidos em Genebra em 16 de Janeiro de 1537, lemos: 0 Povo de Deus desde os tempos mais remotos teve particular amor para com os Salmos. Foram sempre “0 segundo ponto se refere aos Salmos. Desejamos que se cantem na igreja, segundo 0 exemplo da Igre- ja primitiva e 0 mesmo testemunho do apéstolo Paulo, que nos diz, ser nosso dever cantar com a boca € 0 coragdo nas reunides congregacionais. Nao nos daremos conta do proveito e edificacao que se supde até que 0 tenhamos experimentado. Pois, falando a verdad, nos cultos que temos agora, as oracdes dos fiéis resultam tAo frias que deveriam produzir em nés rubor e vergonha. Os Salmos nos impulsionarao a elevar nossos coragées a Deus e despertarao poderasamente nosso fervor para invocé-lo e glorificar Seu name com todo louvor. Nos daremos conta de quanto bem e consolo tém privadd a loreja do Papa e seus sequidores ao dedicar os Salmas, que s40 cAnticos espirituais, a um mero sussurro entre eles, de forma nao inteligivel”. Revista Os Puritanes 3 Quando mais tarde Joao Calvino ampliow aquela primeira colegdo de Salmos, considerou convenien adicionar certo nimero de cAnticos ja existentes; v0. ém se manteve fiel a seu principio: “Primeiro os Salmos", Calvino reconheceu ter chegado a conclusao de que nenhum céntico pode comparar-se aos Sal Bruguier se expressou da seguinte maneira: SHA duas classes de c&nticos espirituais: os ins- pirados pelo Espirito Sante, como sao os de Davi e outros profetas, ¢ os que sao comoostos ‘or pessoas piedosas, como séo os hinos de Hilario, Prudéncio e AmbrOsio. Eu nao quero condenar em absoluto 0 uso dos dltimos, mas estimo como muito melhor que nos atenhamos 05 primeiros, sobretudo na iareja’® Com isso, 05 cAnticos criaram grande confusdo nas lavejas. Muitos queriam introduzir seus préprios can: ticos e seu propria estilo, dando-Ihes a primazia em detrimento dos demais. Assim, se originou uma situa 40 que obrigou ao Concitio de Nicéia, no século 1V, condenar este abuso e a decretar que se cantassem & se lessem na lgreja somente os escritos candnicos dos profetas e dos apéstolos (entre eles se incluiam, por: tanto, 05 Salmos) Nao se pense que, por haver sido cumpridas em Cristo as promessas, a Igreja do Novo Testamento nao tenha de servir-se das palavras dos profetas ¢o Antigo Testamento, Pelo contedrio, a [areja de Cristo sentira sumo prazer em usar estas palavras, pois nada menos que o Espirito Santo fala maravilhosamente de Cristo nelas. Assim, a Igreja, no Salmo 23 0 trata cone 0 Bom Pastor; no Salme 2, come o Filho que corrige os povos; 0 Salmo 8, como o Filho do Homem que esta assentado & destra de Deus; 0 Salmo 72 € 0 98, como 0 Juiz que vird para julgar, etc. Calvino cantou o primeiro Salmo de sua colegao junto com os cristaos exilados da Franga que, perse- dos por sua fé, se viam obrigados a se refugiar em Estrasburgo, na pequena igreja de Saint Nicolas Aux. Ondes & beira do Reno: “Deus & nosso refiigio e forta- Jeza, Socorro bem presente nas tribulagées..." (S| 46) ‘Traduzido e adaptad de “Los Himnos Del Pueblo de Dias” — Pré- Van Deursen (FELIRE! ita ju esto descobrindo a valor para a Lareia em cantar 0s Salmos ino rados, Tem sido uma experiéncia Impar para todes nés cantarmos 05 Salmos om Conferéncias Reformadas ne Brasil e esperamos cue seia daqui em dante a experiénela de Bras a feltos de Deus cantando Seus atos maravi 10s crstios lnosose transmit-os s geracoes fut 2 Agostinho, “Confissdes” 4 Jodo Calvin, "As Inslitutas da Reliado Crista”, 111, XX 4.4. A, Liorente, “Histolee Getique de L’ Inquisition Espagne", vol. 11, pag, 260 5 "Corpus Reform mv” KXXVII] a, Opera Oma XA pas, 12, {6 Citade por F. Bove, Misoire du Psautler des éalises reforms, et Paris 1972, nota 2, pig, 209, Newchat Confissao de Fé de Westminster — Capitulo XXI/V DO CULTO RELIGIOSO E DO DOMINGO A leitura das Escrituras com o temor diviho, a s& pregagao da palavra e a cons- ciente atengdo a ela em obediéncia a Deus, com inteligéncia, f€ e reveréncia; 0 cantar salmos com gragas no coracao, bem como a devida administragao e digna recepgdo dos sacramentos instituidos por Crristo — sao partes do ordinario culto de Deus, além dos juramentos religiosos; votos, jejuns solenes e ages de gracas em ocasides especiais, tudo 0 que, em seus varios tempos e ocasides proprias, deve ser usado de um modo santo € religioso, Ref, ALIS:21; Ap.1:3; L613; Ne.10:29; E65:4-5; 1.212; m9: mat; T9.1:22; AL0:33; Hb.a'z; C1326; EF519; Ta.:13, ALIG.25; MLZOI9; ALZA2; Revista Os Puritanos Envergonhado das Tendas de Sem? Dr. J. G. Vos e tratam com os Salmos de urna forma que suas diferencas dos hinos de composigao meramente humana sdo minimizadas. Esta atitude errada para com os Salmos, se ndo detida por uma apreciagao inteligen- te do seu real cardter e valor, conduzira, no final das contas (como ja 0 fez em diversas denominagdes), 20 abandono do Saltério come o livro de louver, E esperado que o presente artigo possa ser usado pelo Espirito Santo para ajudar alguns que ndo gostam dos Saimos, ou aqueles que 0s usam meramente por causa de costu- me ou tradigao, a amarem os Salmos e verem os mesmos coma parte e parcela do sistema biblico de religide. A guns que ainda cantam as Salmos tentam, nao obstante, evitar as caracteristicas distintivas dos Salmos ~Alargue Deus a Jafé, © habite Jafé nas tendas de Sem; ¢ seja-the Canaa por servo’ — Genesis 9:27 O erudite aleméo Delitzsch observou que todos somos jafetitas habitanda nas tendas de Sem. A profecia expressa por Noé foi que Deus alargaria Jafé e Jafé habitaria nas tendas de Sem. No idioma hebraico, habitar ras tendas de alouém significa ser herdelro da riqueza e propriedade daquela pessoa. ‘A profecia de Noé diz respeito as linhas amplas do desenvolvimento futuro dos varios ramos da raga huma- na. Deus alargaria Jafé. Jafé foi o ancestral dos povos indio-Europeu, a0 qual nés pertencemos. E um fato hiistdrica que nos Gltimos 2.500 anos os povos indio- Eurapeus tém sido dominantes nos assuntos mundiais, no somente no progresso material e cientifico, mas também no controle politico da maior parte do mundo civiliza- do, Este dominio é desafiado hoje por outros povos do mundo, mas ele no tem sido ainda sobrepujado. Contu- do, nao & este aspecto da profecia de Noé que particularmente estamos interessados neste presente artigo. Nés estamos agora interessados com a predigao de que os jafetitas deveriam habitar nas tendas de Sem. E particularmente no assunto da religiéo que 0 povo cristéo da Europa e América habitam nas tendas de Sem, Nossa religido é uma heranga dos descendentes de Sem. Ela chegou até nbs, na providéncia de Deus, a partir de origens semiticas. ‘Algumas pessoas nao gostam desta idéia, Na Alemanha Nazista, antes da Segunda Guerra Mundial, howe uma violenta revolta contra ela. Os assim chamados “Cristaos Alerndes” tentaram limpar 0 Cristianismo e a Igreja das influéncias e tradicdes judaicas. Alguns alemdes foram mais fonge do que isto, e ousadamente retor- nnaram & adoracdo idélatra da natureza dos seus ancestral pagdos — os antigos deuses alemes da tempestade, da floresta e da montanha. Mas os antigos deuses nao Ihes ajudaram, e a Alemanha Nazista caiv numa deplo- ravel derrota. E ainda verdade que os cristdos da Europa e da América habltam nas tendas de Sem. A nossa heranca reli giosa chegou até nés a partir dos filhos de Israel, os filhos de Sem. Nosso préprio Cristo era um judeu. Nossa Biblia foi escrita quase inteiramente por israelitas. Nossas formas de pensamentos religiosos, vocabulario, sa- ‘cramentos, adoracaa, governo de igreja, tudo chegou até nés, humanamente falando, a partir dos judeus. E importante reconhecer que isto no foi um acidente; foi o propésito pretendido por Deus. Deus pretendew que a religido verdadeira e salvadora do Cristianismo fosse dada através de um canal semitico, israelita. Ele propés que Jafé habitasse nas tendas de Sem. Nossa religido nao é indigena em nossa raga. Nés, cristdos de raga {ndio-Européia, temos uma religiao que velo de uma origem diferente, Nés nunca poderemos voltar aos deuses antigos de nossos ancestrais. Nés contiecemos a verdade; a verdadeica luz amanheceu sobre nds. € a luz de Deus, mas ela chegou até nés através do canal de Israel Visto que isto tem sido o plano e propésita de Deus, nao deveriamos desprezé-lo, nem nos rebelarmas contra ele. Poderfamos preferir que 0 Salvador do mundo tivesse sido um grego ou um romano, da mesma raca que niés. Mas Deus ndo propds fazer assim. 0 provérbio diz que mendigos nao podem escolher, e nossa posicao diante de Deus é de mendigos. Somos gratos a Deus por ter Cristo como nosso Salvador, e visto que agradou ao soberano Deus trazer Seu Filho ao mundo através da semente de Abraao, podemos somente agradecer e fouvé- Lo por isso. 0 que tudo isto implica? Certamente implica, em todo caso, que nao devemos tentar escapar ou evitar aque- las caracteristicas da religiao que traz 0 rétulo de Sem. Nao devermos nos onor ao que traz a marca de arigem israelita. Agir assim é rebelar contra a sabedoria e bondade de Deus. Deus escatheu que os filhos de Jafé, no assunto da religido, deveriam habitar nas tendas de sem. Deveriamos responder: "Sim, 6 Pai, parque assim foi do teu agrado”. 5 Revista Os Puritanos Dr, J. V. Vos Ha muitos hoje que estao cansa- dos de cantarem os Salmos da Biblia na adoragao a Deus. Ha varias ra- 20es, sem dlivida. Alguns estao cansa- dos de cantar os Salmos porque eles nao estao dispostos a carregar a cruz de serem diferentes das igrejas gran- des e populares. As outras igrejas cantam hinos populares, e os Salmos mesmos. parece ser nao somente diferentes, mas estranhos € fora de moda. ‘Alguns se opdern aos Salmos poraue eles nao gos- tam do sabor judaico e das cores dos Salmos — os nnomes de pessoas ¢ lugares, as referencias & historia dos filhos de Israel, 0 sabor hebraico da linguagem, Estas objegdes aos Salmos tém uma coisa em co- ‘mum. Nao importa qual seja a objecao, ela se levanta de uma falta de veal simpatia e apreciagao da religiao da Biblia. Aqueles que se opdem aos Saimos ndo que- rem habitar nas tendas de Sem. Eles nao gostam da forma, padrao e estrutura da religida que Deus dev ao mundo; eles preferem algo novo e diferente, feito por eles mesmas. Assim, eles “amontoam para si mestres, tendo comichao nos ouvidos" e “desviam seus ouvidos da verdade para as fabulas” (2 Timéteo 4:3,4). Consideraremos agora algumas tendéncias erra- das comuns no uso dos Salmos. 1. Rejeigéo dos Nomes Adequados nos Salmos. Sido ocorre 38 vezes no Saltério; Israel 62 vezes; Efrain 5 vezes; Melquisedeque uma Gnica vez. Ha nt: eros outros: Orebe e Zeebe, Zebé, Zalmuna, Jacé, Livano, Cades, Jodao, Hermom, Mizar, Tiro, Siquém, Sucote, Giteade, Moabe, Edom, Egito, Etidpia, Tarsis, Sab, Seba e assim por diante. ‘A objecaa levantada € que estes personagens ¢ lu- ‘gares antigos nao tém relagéo conosco hoje. Eles sao apenas um mante de histéria empoeirada de dois ov ‘trds mil anos através. Por que deveriamos cantar so- bore Zebé e Zalmuna? Isto soa como se tivéssemos que cantar sobre Hokus e Pokus, ou sobre Dasher, Pran- cer, Donder e Blitzen’. Dessa forma segue a objecao. Mas espere. Apesar de tudo, Zebé e Zaimuna nao t8m nada a ver conosco hoje? Se estivermos ligados a reli- gido biblica, perceberemos que ha muita coisa. Nossa religiéo néo caiu para nds do céu, diretamente de Deus. Ele nos deu-a através da historia — da historia de Israel. A historia de Israel foi uma histéria de re- dengao pelo poder onipotente de Deus: ela foi uma histbria de derrota de inimigos poderosos pelo poder ‘onipotente de Deus. Os inimigos eram reais: eles eram manifestagdes contemporaneas do reino de Satands. Eles eram terrivelmente reais. Mas eles foram esmna- ‘gados pelo maravithoso poder do Deus onipotente, 0 Deus do pacto, Jeova, 0 Deus de Israel. Esta foi a im- portancia de Zeba e Zaimuna, 6 ‘Aqueles que se opdem aos ‘Salmos nao querem habitar tras tendas de Sem. Eles nao gostam da forma, pa drao e estrutura da religiao ‘que Deus deu ao mundo; eles preferem alyo novo |e diferente, feito por eles Nossa religiao hoje, se for o Cris- tianismo Biblico, € uma religido de ppoderosas inimigos sabrepujados pelo sobrenatural poder onipotente de Deus. Devernos sempre pensar, quan do lemos ou cantamos sobre Zeba e Zalmuna, de como a salvagéo nao é por nossa forga, nem por nosso poder, mas pelo poder onipotente, pela gra- a Sobrenatural, de Deus. 0 mal nao ¢ abstrato, mas concreto; ele é identi- ficado com pessoas em particular. Para destruir 0 imal, as pessoas devem tratar com 0 poderaso poder de Deus € com o Seu justo julgamento. Issac Watts disse que ele fazia Davi falar como um cristao. Ele desnaturalizou os Salmos, e 0s sofisticou. Watts fa- thou completamente em apreciar a real beleza € gléria do Saltério. Desde 0 tempo de Watts, algumas denominagées que cantam os Saimos tém evitado os, nomes adequados do Saltério, e tém tentado tirar muitos deles, Sido é mudado para “a igreja’, e Je- rusalém da mesma forma: muitos dos outros names 340 omitidos ou de alguma forma encobertos. Isto nos da um Saltério desnaturalizado. Nao é de se es- tranhar que o préxima passo & abrir mao dos Saimos na adoragaa. Eles ja ttm abandonado 0 real vigor, beleza e poder dos Salmos omitindo os nomes ade- quads, Sido € Jerusalém sao as tendas de Sem, ¢ & plano de Deus para nds habitarmos nelas. Oporemos-nos a isto? Aqueles que tentam eliminar os nomes adequa: dos do Saltério demonstra uma caréncia de consci éncia vital da conexao organica do Evangelho com 0 Antigo Testamento. Eles falham em perceber que 0 real significado destes nomes adequados, como Sia0, ‘esta intimamente relacionado com a doutrina Biblica da salvagao pela livre graga. Estes nomes adequados, € 05 Salmas com eles, devern ser usados na adaracao a Deus até 0 fim da mundo. Eles sao 08 registros de Deus, 0 monumento de Deus, A grande obra de reden- G0 desenvolvida na historia do passado. Estes nomes adequados ndo so a vergonha e a fraqueza dos Sal- mos; eles sA0 a honra e a gléria dos Salmos. 2 Rejeigao dos Salmos "Imprecatérios”. Dos 150 Saimos no Saitério, sels deles sao comu mente chamados de Salmos “imprecatérios"” — 0 55, 59, 69, 79, 109 ¢ 137. Muitos outros contém elemen- tos “imprecatérios”, a saber, oragdes divinamente inspiradas para a destruigao de certos homens impios, inimigos de Deus 0 Saltério & constantemente censurado por causa 460s Salmos “imprecatérios’ € dito que estes Salmos aspira um espirito selvagem, que eles sao alienados do “espirito de Jesus”, que eles nao sao compativeis com a devosao cristae assim por aiante. Revista 0s Puri Estas objegdes brotam parcialmente de um mal- entendimento dos préprios Salmos. Os opositores consideram-nos como meras composigées hurmanas. Eles véem reles simplesmente a ira privada de Davi contra seus inimigos pessoais, Mas este nao é 0 caré- ter destes Salmos. Eles foram divinamente inspira os e foram direcionades contra inimigos implacd- vels de Deus e do reino de Deus. Eles sao até citados no Novo Testamento (Salmas 69:25 ¢ 109:8, citado em Atos 1:20). Nem sao os Saimos "imprecatérios” realmente contrarios ao “espirito de Jesus" au 0 “espirito” do Novo Testamento, Tudo que é encontra do neles pode ser compatibilizado com as declara ¢6es do Novo Testamento, e nada é mais terrivel do Que as palaveas de Jesus Cristo contra aqueles per- manentemente identificados com 0 reino de Sata- nas. ‘As objegBes também sao levantadas parcialmente 4 partir de um idealismo falso na religiao, que consi dera o Cristianismo como meramente um assunto de ideais. 0 Cristianismo nao é meramente um assunto de ideais; ele nem mesmo & meramente salvagao; Cristia nismo € redengao divina de um reino objetive do mal — da terra do Eaito, da casa da escravidaa, do reino de Satanas. 0 Cristianismo envolve o julgamento divine sobre 0 pecado e os pecadores, t4o verdadeiramente como envolve redengao divina para o povo de Deus. A falsa nogo de que Deus nao é nada senao amor & responsa- vel por rruita da oposigao a estes Salmos. 0 presente escritor lembra-se de ouvir uma joven muher, uma membro de uma lareja que canta salmos, disse do Salmo 137: “Eu simplesmente ODEIG esse Salmo!” A explicagao mais caridosa desta atitude para com a Santa Palavea de Deus é que esta jovem mulher real mente nao entendeu nem 0 Salmo 137, nem o real carater da religiao Biblica como uma redengzo divina de um reino objetivo do mal. Ela, sem divida, tinha sido alimentada por um falso idealismo religioso, que pensava de Deus como apenas amor, e deixa Sua jus- tia inteiramente fora de cena, Tal visao é uma visao unilateral de Deus. " Conside- *a, pois, a bondade e a severidade de Deus” (Romanos. 11:22) — nao somente a bondade de Deus, mas tam- bém a severidade de Deus. Os Salmos 6&0 uma descri- 40 completa, néo apenas de um lado. Eles retratam no somente o amor e a salvagao de Deus, mas Sua justiga e retribuigéo derramada sobre 0s homens im- pios. 0 reino de Cristo néo avanca sem o reino de Sa- tans sendo destruldo. 3. Enfase somente no elemento subjetivo. Ha uma tendéncia constante de usar somente ‘aquelas porgdes dos Salmos que tratam com salvag&o subjetiva — uma experiéncia religiosa cristé — tais como a consciéncia do amor de Deus, do perdao, do Revista Os Puritanos cuidado de Deus. & tendéncia € considerar estas expe- rigncias da vida crist como divorciadas do funda- mento sabre 0 qual Deus as construiu, a saber, uma redengao historica de um reino objetivo do mal. Tome, por exemplo, o Salmo 116, que incomparavel cAntico de graciosa redencao ao sabrenatural, um céntica que emocionara 0 coragdo e a alma de qualquer cristao que ame a religio biblica. Este Salmo 118 forma o climax do Hallel? que nosso Salvadar e Seus discfpu- los cantaram ands a instituigao da Ceia do Senor, antes deles deixarem 0 cendculo para irem ao Jardim de Getsémani Aqui esta a experiéncia crista subjetiva da salva- do, a maravilha da salvagao pela graga divina: Oh louvai ao Senhor, porque Ele é bom; Sua graga dura para sempre. Digam agora as tribos de Israel, Sua benignidade dura para sempre. Na minha angtstia invoquei ao Senhor, Jeova me respondeu; Ele me pés num lugar espacoso, Um lugar de liberdade. 0 poderoso Senhor esta comigo, Nao temerei; Por nada que 0 homem possa fazer Nao recearei. Jubiloso cantico de salvagao € ouvido Onde os justos habitam; ‘A destra do paderoso Senhor Faz proezas, Nao morrerei, mas viverei e contarei 0 poder de Jeova para salvar; 0 Senhor me castigou com severidade, Mas nao me entregou a sepultura. Mas esta exultagao em salvagao pessoal é baseada no fundamento objetivo da redeng4o divina historica do mal, 0 mesmo Salmo que exulta na salvagdo sub- jetiva, também se gloria no fundamento da redengao objetiva e historica: A pedra que foi posta como pedra angular, Os edificadores rejeltaram; Foi o Senhor que fez isto, E € marauithoso 0s nossos olhos. 0 Senhor € Deus, e Ele sobre nés Fez resplandecer a luz; Oh atai as pontas do altar Com cordas, 0 sacrificio. Envergonhado das Tendas de Sem? Al esta, 0 jubiloso cAntico de salvacdo ¢ ouvido, & verdade; mas somente porque houve Um que foi des- prezado e rejeitado dos homens, que foi feito a pedra angular por Deus, @ atado como um sacrificio as pon: ‘tas do altar. Toda vez que cantassemos estas solenes € sagradas palavras, deveriamos pensar em como nosso bendito Senhor foi pregada a cruz do Calvario para nossa redencdo. Atrds de nossa experiéncia pessoal do amor de Deus, do perdao de Deus, da cuidado de Deus, da res- posta de Deus & oracdo; atrds de nossa alegria, nossa paz de mente e de nossa esperanca — atrés de todas estas coisas hd uma obra histérica de redencao, sem a qual nossa experiéncia crista de hoje no poderla exis- tir. A obra hist6rica de redencao foi deservolvida pelo poderoso poder de Deus na histérica humana, de Gé- resis a Apocalipse, da criagao a consumacdo, mas especialmente na vida, morte, ressurreigao e ascensao de nosso Senhor Jesus Cristo. Esta é a sblida nedra de granito sobre a qual nossa experiéncia de salvacdo pessoal descansa. Tal é a estrutura do Cristianismo real e biblico. Esta é rigida e forte como oranito, a verdadeira rocha dos séculos, 0 fundamento da obra poderosa de Deus de redengdo histérica do mal. Na Biblia a experiéncia subjetiva presente do cris ‘do esté unida organicamente com a obra historica de redencao, 0 que Deus univ, no separe o homem. Se- parar estas duas € basicamente errado, € a tendéncia de assim o fazer, que é observavel em quase todas as, igrejas que cantam Salmos, é uma indicagao de até onde estamos sendo infiuenciados, inconscientemente, ppelo moderno idealismo religioso liberal A tendéncia dos livros de hinos mademos ¢ larca mente direcionada A superénfase da experiéncia sub- jetiva as custas do fundamento objetivo. Até mesmo aquelas igrejas que nao usam os hinos, frequentemen- te mostram a mesma tendéncia pela maneira de esco- Iher e selecionar entre os Salmos. Um Salmo serd anunciado para cantar, ¢ duas ou trés estrofes tratam cam o fundamenta objetivo sevéo omitidas, enquanta as estrofes restantes, tratando com a experiéncia sub jetiva, serdo cantadas. Assim, em nossa tolice, somos como um homem que aprecia comer macas, mas des preza as macieiras e considera-as de pouco ou nenhum valor. Admitidamente, néo podemos comer as raizes, cascas e ramos da macieira; mas sero elas, portanto, negligenciadas e tratadas como de nenhuma impor: tancia? Separaremos o que Deus uniu? Nao revelaria mos através disso uma fraqueza moral, uma faiha sé- ria em captar o real carater e estrutura ¢a religiao bibiica? Aaquelas caracteristicas que s4o desagradaveis a0 espirito moderno s4o a forca e aldria real do Saltério, Elas séo essenciais para 0 seu carater e énfase verda- deiramante biblicos. ‘Aqueles que amam somente um aspecto dos Sal- mas, enquanto encontra outros aspectos alienados de sua vida religiosa, ou mesmo desagradavels e ofensi vos, ja esto envolvidos num processo que, se no re- vertido, conduziré no decorrer do tempo a uma com pleta rejeigao do Saltério como manual de louvor, Mas isto nao é tudo, Este mesmo processo, se ndo de- tido, conduzira na decorrer do tempo a um completo abandono da religido biblica da redengaa de um reino objetivo do mal, a um tipo de religido alienada, a um tipo de religiao que é divorciada de fatos histéricos que meramente subjetiva e idealista. Conduzira a tum tipo de religiao que, ao invés de dizer “Eu creio no Senhor Jesus Cristo”, dir: “Eu creio na bondade, verdade e beleza”. E neste idealismo subjetivo nao ha salvagao, Os Salmos so balanceados, eles sdo livres de toda @nfase unilateral. Eles tém suportado o texto do tem- po. Apeguemo-nos a eles, amemo-tos, gloriemo-nos nneles, cantemo-los de todo coragao, € nunca, nunca pegamos desculpas por causa deles ou nos envergo- rnhemos deles. Eles sao nossa heranga, uma parte das ‘tendas de Sem que Deus planejou e preparou para nés habitarmos, para Sua gléria e para 0 nosso préprio bem, Traducio; Felipe Sabine de Arasijo Neto Culabé-6, 13 de novernbra de 2004 "NT: Nome das quatro renas do Papai Noe ‘NT: 02 Salmos 113 a 118 sie chamads pelos judeus de Salmos We Halll, por serem salmes de low. Catecismo de Heidelberg — Domingo 10 P. 27. 0 que é a providéncia de Deus? R. Ea forga Todo-Poderoso € presente, com que Deus, pela sua mo, sustenta ¢ governa 0 céu, a terra e todas as criaturas™: Assim, ervas e piantas, chuva e seca’, anos frutiferos e infrutiferos, comida ¢ bebida, saide e doenca, riqueza e pobreza e todas as coisas” ndo nos sobrevém por acaso, ‘mas de sua mao paternal. i Vos © §] 94:9,10; Is 29:15,16; Jr 23:23,2 81 Jr 5:24; At 14:17. Pv 22:2; Jo 9:3." Py 16:33; Mt 10:29. ; Mt 17:27; At 17:25-28. Hb 1: 8 Revista 0s Purtanos A Musica Aceitavel a Deus Dr. W. Robert Godfrey A misica, que devemas cantar? Quem deve cantar? Quais meldias devernos cantar? Quais instrumen: tos devem acompanhar o cantico da igreia — se algum? Via de regra parece que exércitos que se prepa- raram nos ados diversificados da questo tém lutado debaixo da bandeira da preferéncia. 0 que gastamos e que nos toca? Preferéncias tém levado a tendéncia de colocar pessoas mais velhas contra as mais javens e as lexperientes contra as inexperientes. Mas, qudo seriamente temas pensado teolégica e biblicamente sobre a musica? Em que quantidade as nos- as conviccdes e praticas so moldadas pelo Novo Testamento? Neste artigo, examinaremos alguns dos ensina- mentos-chave da Biblia sobre musica e cAntico, e tentaremos relaciond-los com a hist6ria da reflexdo reforma: da e assuntos contempordneos. N a querra da adoracao dos anos recentes, batalhas as mais sordidas tém surgido com impeto em relagao MUSICA NA BiBLIA ‘A misica nao é um elemento proeminente no Nove Testamento. Bandas corais nao acompanhavam a pre gagao de Jesus. Nao ha evidéncia de instrumentos musicais nas sinagogas descritas no Novo Testamento. Mi sica na igreja parece estar ausente nos Atos dos apéstolos — embora Paulo tenha cantado na prisdo € louvores tenham sido apresentados nas igrejas. A inica refer€ncia, ndo ambigua, de musica nas igrejas é em I Cor. 14: 26 — embora Cl. 2:16 (e.g., Ef. 5:19) passa muito bem refeetir as atividades de adoraco piiblica. Nenhum instrumento € mencionado em relagao com o culto das igrejas do Novo Testamento. ‘A misica parece de alguma forma mais proeminente no culta celestial descrito no livro de Apocalipse. Esta proeminéncia adicionada reffete provavelmente a correspondéncia entre o tempo celestial e a msica do templo terreno do Antiga Testamento. No templo veterotestamentdrio, instrumentos musicais e corals acompanhavam especialmente a oferta de sacrificios (II Cr. 29:25-36). Mesmo assim, na adoracao celestial como descrito no livro de Apocalipse, otinico instrumento musical citado é a harpa (e.g., Ap. 5.8.) —e a harpa é provavelmente colacada como um simbolo de fouvor aa invés de uma referéncia literal de harpas no céu (ver Ap. 14:2), Se 0 culto da igreja do Novo testamento & um madelo para a igreja de hoje, sério re-exame de praticas contemporaneas se faz necessério. A misica — tao periférica no Novo Testamento — tornou-se central e cru- cial em noss0s dias. Corais, solos e misica especial ocupam um tempo considerdvel no culto. Debates logo pegam fogo" na que diz respeito ao estilo de miisica entre os campedes desde 0 classico ao contemporanes. Para muitos membros das igrejas parece que a missica tem se tornado um navo sacramento. Um cantico Intenso e prolongad é visto coma um meio em que Deus vem abencoar 0 adorador e em que 0 cantor busca experiéncias transcendentais com Deus. Esta experiéncia é to importante que muitos julgam uma igreja com base no cardter € qualidade de sua misica. Em muitas igrejas a quantidade de tempo gasto em oragao, leltura da Biblia e pregagao sao reduzidos para que mais tempo possa ser dado & mdsica. Cristéos reformados em particular tem buscado seguir o ensinamento da Escritura na adoracao. Eles acredi- tam que apenas as orientagoes au exemplos da Biblia poder guiar nossa adoragao. Esta convicgao flul das pa- layras da prépria Biblia (e.g, Cl 2:23 e Mt. 15:6). Teologicamente, a paixao reformada pelo culto fiele biblico fiui de avisos fortes na Escritura contra a idolatria, Idolatria é tanto o culto a um falso deus quanto o culta falso 20 verdadeira Deus. Idolatria € uma violagac do primeira ou do segundo dos Dez Mandamentos. 0 comoromisso reformado com o culto biblico deve ser aplicado & masica como a todos 0s outros aspectos do culto. Embora a musica pareca ser um elemento relativamente secundario no Novo Testamento, é ainda um dos elementos. Jesus cantou com seus discipulos na Ultima Ceia € a lgreja de Corinto claramente cantou (como a Igreja de Colossos muito provavelmente cantou). Cantar é um elemento que tem sua propriedade, um ato dis- tintivo na adoragao. Pade funcionar de um jeita similar aos autros elementos. Pode compartilhar fungoes com © ensino e a pregacao, por exemplo, mas mesmo assim permanece como um elemento distinto (Do mesmo modo, a leitura ca Biblia, pregagao e a béngao podem todos usar as mesmas palavras da Biblia € todos tém em parte tuma funcao de ensinamento, embora permanegam elementos distintos de adoragaa). Como um elemento distin- to, precisa ser entendido em termos de sua funcao singular no culto sendo dirigido pelas Escrituras. Que tipo de cantico deve ser um elemento do culto Cristo? As palavras usadas para céntico no Novo Tes- tamento (salmos”, “hings € “eanticos”) ndo so termos tEcnicos, mas simplesmente parecem referir-se a Revista Os Puritanos 9 W. Robert Godfrey riisicas. (No grego do Antigo Testamento, estas trés palavras sao usadas para referir-se aos Salmos Cand. niicos.) Por exemplo, é dito que Jesus contou um hino (Mt. 26:30) em que certamente um dos salmos cand: nicos foi utilizado. Em contra partida, 0 salmo citado em | Cor. 14:26 provavelmente nao um salmo cané nico (alguns acham que se tratava de um cantico reve- facional — NE). Veja também as referéncias de cn ticos em Ren, 15:9, [ Cor. 14:15 e Tg. 5:13. 0 tipo de cAntico usado no Novo Testamento nao pode ser con firmado pelas palavras disponiveis, Outras indicacbes sao necessdrias para saber 0 que deve ser cantado. Muitos argumentam que 05 cristdos estao livres para compor e cantar qualquer misica que seja orto- doxa em seu contetdo. 0 argumento permeia 0 racio- Cinio de que cantar lowvores ao Senhor é semelhante & oragdo. Visto que estamos livres para formular nossas oragoes, estamos livres para compor misicas. Mas no € auto-evidente que a misica deva ser semelhante a oragao. Talvez deva ser similar a leitura das Escri- turas." 0 elemento ciltico da leitura da Escritura é limitado @ leitura da Palavra inspirada, canénica, Tal Jimitagao pode nao parecer ser necessariamente seve- ra, logicamente, Muitos escritos ortodoxos e edifican- tes produzides por cristéos podem talvez ser lidos no culto, Porém, a maioria concordaria que deveriamos ter como um ato de culto a leitura das palavras inspi- radas de Deus (veja 1 Tm. 4:13). Como reflexdo, pelo menos na adoragao veterotes- tamentaria, cantar parece mais com a leitura da Es: Critura do que coma oragéo, porque enquanto 0 Velho Testamento nao tem um livro de oragéo, ele tem um livro de canticos. Deus, por uma razdo que possa nos frustrar, providencia cdnticos inspirados para o culto, ‘mas néo oragées. Verdadeiras razdes podem ser leva: das em conta para a necessidade de misicas inspira: das, A misica uma atividade do povo de Deus que os une em uma atividade de resposta altamente emocio- nal a Deus. A emogdo elevada da mésica e seu poten: cial para abusos talvez possam ser uma razdo para que Deus tenha inspirado as palavras para aquela resposta do povo de Deus. Também, a oragaa ¢ prega- G40 no culto pablico nas igrejas reformadas sao ele- mentos executados por lideres ordenados. A igreja separou lideres que s4o vocacionados, examinados, chamados ¢ ordenados para a obra. Os cAnticos que sao “livres’’ raramente possuem estes padres de cui- dado € superviséo. Claramente 0s Salmos candnicos foram designados para cantar, 0 que Jesus € seus discipulos fizeram na lltima ceia. Certamente, a chamada de Paulo para cantar “saimos, hinas e cAnticos espirituais’” abrange © convite para cantar Salmos canénicos. No minimo, portanta, devemos cancluir dos exerplos e ensinamen- tos da Escritura que cantar os Salmas candnicos de- ver ser uma parte significativa do céntico da Igreja. 10 Demonstragées do Valor em Cantar os Salmos Deixe-me listar alguns dos argumentos mais fortes para se cantar os Salmos: *+ 0s Salmos sao inspirados, e tém sua aplicagao no serem cantados, € so certamente artadoxos ‘no contetdo, Cantar Salmos @ ordenado por Deus; & certo que Lhe é agradavel e um exce- lente meio de guardar Sua Palavra em nossos coragdes. Pelo menos os Salmos precisam ser um elemento central do cdntico da igreja e eve ser um modelo para tudo que é cantado. Eles sao 0 padrao inspirado de louvor. + Os Salmos sao cénticos equitibrades. Eles equilibram a declaracao da verdade de Deus € Sua obra com nossa resposta emocional. 0 equilibrio entre verdade e respasta do coragao 6 velicado e dificil. Nossos canticos podem ser (U muito informativos e doutrinarios ou muito subjetivos e antropocéntricos. + 05 Salmos nos providenciam cénticos que tem © alcance completo das resposias emacionais apropriadas para com a obra de Deus e nossa situagao. Em algumas épocas da Igrela, hinos pareciam primariamente cheios de arrependi- mento. Em nossa época, eles parecem prima- riamente cheios de alegria. Os Salmos equili- tram a confusdo humana, frustragao, afligao, tristeza e raiva com alegria, louvor, béngao e agdes de graga. + Os Salmos nos relembram que vivemos em um mundo de confito. Eles imprimem em nés um mundo biblico de pensamento em que fh uma antitese j presente entre o justo e 0 impio, 0 santo € 0 iniquo. (Apenas dois Salmes, acredi- to, ndo fazem esta opasicao explicitamente). Quao infreqientemente esta antitese € encon- trada em muitos hinos. + Os Saimos nos relembram que somos 0 verda- deiro Israel de Deus. Nés herdamos a historia, aS promessas @ a condigao de Israel do Velho Testament @ devernos nos identificar com aquele Israel (cf, Ef. 2-3, Rm. 9-11, Hb. 21 12, 1Pe. 1-2, Ta. 1:1, GI. 6:16). Especialmente quando nas encontramos num mundo paliteista crescente, 0 foco monotefsta dos Salmos é va- lioso para a lareja. * 0s Salmos sao cristocénitricos, Jesus testificou que 0s Salmos foram escritos sobre Ele (Le. 24:44-45), Martinho Lutero chamou o Salmo Revista Os Puritanos de “uma pequena Biblia” e 0 achou chelo de Cristo. Um ditado antigo da Igreja deciara: Sempre in ore psalmus, sempre in corde Chris- tus" ("sempre um salmo na boca, sempre Cris- to no coragao"), Os Salmos contém profecias explicitas de Cristo (e.g. Salmos 22 € 110). Eles sd cheios de tipos que iluminam a pessoa © obra de Cristo. Eles descortinam sua obra redentiva em varias perspectivas. A lgreja deve evitar a tendéncia do liberalismo e dispensacio- raalismo, de ambos, ¢ perder de vista Cristo nos Salmps além de perder a continuidade de Israel do VT no Novo Testamento, .J080 Calvino reconhecia 0 valor de se cantar os Salmos. Ele instituiu grandes reformas litargicas na greja de Genebra depois da refiexaa cuidadosa no cardter e pape! da misica na lgreja, (Em Genebra, a lareja cantava os Saimas em unissono sem qualquer acampanhamento musical). A maioria das lgrejas re- formadas na Europa segulu a pratica de Genebra e 0 Antico de Saimos tornov-se uma das marcas aistinti- vas das igrejas Reformadas. ‘Alouns Calvinistas foram além de Calvino, argu- mentando que os Saimos eram os dnicas cénticos permitidos no culto divino. Esta posigao era argumen- tada com um particular vigor na Escécia, onde os Presbiterianos enfrentaram repetidas presses gover- namentais para abandonarem suas formas distintivas de culto. Os escoceses responderam que deveriam obe- decer a Deus ao invés do homem e aplicaram este principio na defesa da salmodia exclusiva. Sérios de- bates nesta questao tomaram lugar entre os Calvinis- tas nos séeulos XVIII e XIX quando algumas larejas, Reformadas introduziram o uso de hinos no cult. Objecdes contra Maior Uso da Salmodia Pode ser util considerar seis objegdes comuns con- tra o maior (ou possivelmente até exclusivo) uso dos Salmos, e ofevecer respostas justas a elas. Obiecdo 1: “As imprecagdes dos Salmos (i.e., aquelas frases chamando Deus para julgar seus inimi- 905) reflete uma posi¢do ética sub-crista” Esta objegao faiha em entender a natureza das Imprecacoes biblicas. As imprecagdes nao sao a ora- ‘¢80 pessoal do cristo contra inimigos pessoais, mas sdo as aragdes de Cristo e da lareja contra os inimigos de Deus. Eles, realmente, nao sao diferentes das ora- .coes da Igreja para o retorno de Cristo que trara tanto béngao quanto julgamento, Objeg&o 2: “0 Novo Testamento autoriza 0 uso de hinos naa-inspirados: Cl. 3:16 (Ef. 5:19), 1 Co, 14:26 « hinos fragmentados citados no Novo Testamento’” Revista Os Puritanos Esta objegao nao é tao clara quanto parece. A) Nem Cl. 3:16 nem Ef. 5:19 referem-se sem ambigdidade ao culto pibico ou uso livre de cAnticos nao-inspirados nesta adoracdo. As palavras nestes versos para cdntico podem todas referissem aos Sal- mos canénicos — ver NE*. B) 1 Co. 24:26, acredito, realmente refere-se a outros cAnticos além dos Salmos canénicos. Mas, es- tes outros cnticos sao muito provavelmente canticos inspirados pelo Espirito por meio ca lideranga dotada pelo Espirito na igreja primitiva. (0 salmo, doutrina, revelagao, linguas e interpretagao das linguas neste texto tudo me parece inspirado dlvinamente).’ Aque- les cdnticos ispirados, porém, ndo foram preservados como uma parte da Escritura para o uso da lareja Universal C) Fragmentos de poemas na realidade parecer ser reteréncias de autores hiblicos em partes na Novo Testamento. Estes fragmentos nao podem, com qual- quer certeza, serem vistos como c&nticas, muitos me- nos cAnticos usads no culo pulico Obiecdo 3; “Os Salmos parecem estranhos quanto a sua forma pottica € 9 fluir de pensamenta”, Esta observacdo € verdadeira até certo ponto, ‘Aqueles familiarizados com hinos estao acostumados com um fluir de pensamento ¢ forma poética que $80 comuns ao mundo ocidental. Em tal roundo, os Sal- mos realmente parecem estranhos. Mas, visto que os ‘Salmos sao inspirados por Deus, devemos desprender mais esforgos para apreciar c poraué deles terem a forma que possuem € 0 que podemos aprender deles, (Devenos resistir a tendéneia comum, com vespeito as, misicas da igreja, e apenas gostar do que é familiar porque é familiar! Esta tenoéncia é encontrada entre ‘05 devotos a todos os tipos de miisica da igreja). Cer. tamente, a prOpria estranheza dos Salmos pode reve. lar a nossa necessidade deles. Talvez John Updike te- nha capturade este raciocinio quando escreveu sobre ™as pontas dos dedos sensibilizados pela lixa de um credo abrasivo""* ‘Objegio 4: Cantar os salmos metrificados néo & 0 mesmo que cantar os verdadeiros Salmos canéni- cos" ‘Uma toa verséo metrifcada dos Salmes néo ape- nas dé uma tradugdo bem prbxima dos Salmos, mas também busca traguzir poesia hebraica em uma for: ma poética ocidental. Comunicar algo em forma poé- tica juntamente com a tracugao verbal € um ponto forte dos salmos metrifcados. Objecdo 5: “Nos nao temos melodias inspiradas para cantar 03 Salmos"” Verdade, nao temos melodias inspiradas. Deus deixou livre seu povo para compar melodias de varias 11 eus 3 gs 8 < 3 Ss A W. Robert Godfrey culturas e bases histéricas para ajudar no céntico dos Salmos. Dols critérios deveriam salvaguardar adequa- damente a [greja em escrever e escolher suas melo dias: primeiro, as meladias devem ser apropriadas ao contetido dos Salmos, e segundo, elas devem ser faceis de cantar pela congregagao. Objecio 6: “Os Salmos nao sao suficientemente Cristocéntricos”. A elaboragdo desta objegdo sugere que em cada estaaio da histéria da redengao no Velho Testamento e.g,, estabelecime nto da economia Mosaica, a cele: bragdo do reinado Davidico e o exitio), novos canticos foram adicionados no canan, € mais provavel, entéo, no mais importante desenvolvimento da histéria da redengao — a real revelagio do Salvador — que no- vos cAnticos acompanhariam a Nova Alianga em Cris- to. A objegdo argumenta que devemos obviamente celebrar 0 nome e abra do Salvador mos termos mais explicitos possiveis. Esta objegao é certamente a mais significativa e pesada,contra qualquer salmodia exclu- siva (ou quase na totalidade exclusiva). V4rias respos- tas poder ser oferecidas. A) Esta objecao, como dita, € abstrata e especula- tiva, uma falta na refiexdo teol6gica Reformada. Ape- as a Escritura pode nos falar quais c&nticos sio precisos para celebrarem a Nova Alianga. Muitos elementos no culto da Igreja serdo explicitamente da Nova Alianga: algumas leituras da Biblia, algumas béncdos, sermdes, oragoes, Sacramentos. Mas, devem todos ser? 0 culto como um todo deve ser explicita- mente da Nova Alianga, mas todo elemento deve ser? Apenas a propria Escritura pode responder esta ques- to. B) Os Salmos nao so uma exposigao completa € explicita e uma celebragao da Antiga Alianga. Muitos aspectos da historia de Israel, lei e sacrificios nao s8o ‘mencionados nos Salmos. Instituigdes chaves como 0 Sabado cerimonial e os oficios proféticos so quase ‘que totalmente ausentes. Ninguém poderia realmente reconstruir a economia mostica pela evidéncia apenas nos Salmos, Claramente, os Salmos nao buscaram comportar 0 carater inteiro da Antiga Alianca, C) Os canticos inspiradas da Nova Alianca, tal como aqueles que esto no livro de Apocalinse, no sdo mais Cristocéntricos explicitamente do que os Salmos, 0 nome de Jesus nao ¢ usado e Ele é chamado de Cordeiro (Ap. 5 € 19), 0 Cristo (Ap. 11), Deus e Rei (Ap. 15). Tudo isto so titulos encontrados no Antigo Testamento. A distingdo entre velho cAntico da cria- G0 eo novo cAntico da redengao, encontrados no livro de Apocalipse (caps. 4 € 5), € um distintivo tomado do Saltério (SI, 40:3, 96:1, 98:1, 149:1). 0 Saltério & rico em novas cangdes da redengio. D) 0s titulos e tipos usados sobre Cristo no Antigo Testamento de forma genérica e no Saitério particu. 12 larmente, ndo 0 esconde, mas na realidade 0 revela, explicando quem Ele é e o que Ele fez. (Titulos e tipos tais como: Senhor, Pastor, Rei, Sacerdote, templo, etc). Sem o rico pano de fundo da religida do Antigo Testamento, nao entenderiamos a pessoa e obra de Cristo téo completos quanto conhecemos. Na verdade, estes titulos e tipos nda so completamente compreen- siveis até a vinda de Jesus. Neste sentido, o Saltério pertence mais a Nova Alianga do que a Velha. Tam bémy neste sentido, 0 Saltério & mais util para a lare ja do Novo Testamento do que era para 0 povo da Antiga Alianga. Opinides provavelmente continuarao a divergirem sobre a persuasdo dos argumentos para o uso exclusi- vvo dos Salmos para o cantico no culto péblico. Eu es- pero que estas reflexdes sobre valor dos Salmos, contudo, encorajem todos os Cristéos para 0 maior so dos Salmaos. Minha prépria experiéncia tem sido que quanto mais eu 0s canto, mais os amo e mais sinto a plenitude da expressda religiosa deles em louvor a Deus. Na guerra da miisica que assedia a lareja hoje, (os Salmos so pouco considerados ou apreciados. Cer- tamente € irdnico que aqueles que amiam a Biblia pa regam freqientemente desinteressados em canta-los ——e aprendé-los daquela maneira. Nés certamente precisamos dos Salmos para o nosso bem-estar espiri- tual) 1. Robert Godtrey (Ph.D, Stanford, um membre do. conselho ca Alliance of Confessing Evangelicals, & presidente e professor Ge Hstérla da igreia no Westminster Theological Seminary na cali, " Veio os artigos do Sherman Isbell sobre o entice dos Salmos na ‘The Presbyterian Reformed Magazine, comegando no verbo, edigao e 1993, Nota do Editor — Extraldo de Exclusive Psalmody, Bran a Schwertley, pp 19-25 — Duas passagens crus no debate sobre a exclusiidad do cinco de Salmos, fo Ef.5:19 Cl 3:16, Essas passagens so importantes, porque sto usadas por ambos o5lados, ‘0s que defendem 0 uso exclusiva dos Salmas e 05 que defendem 0 uo 6 nos do inspirados na adoragio, Paulo escreve E ndo vos embriagueis com vinho, na qual ha dissolugio, mas enchel.vas do Espirito, falando entre v6s com salmos, entoando & lowande de coragio a0 Senor com hinos e clintleasespritusis™” (ef 518-19) “Habite, rcameste, em wés a palavra de Crist; instruicves ¢ acon salhal-vos mutuamente em toca a sabedavia, louvando a Deus, com. salimos, & hines,e cdnticos esprituais, com gratidao, em vosso coragao” (13:18. ‘Aes de corsderarnos @ questo de como essas passagensesta0 relacionadas com a adoragto pili, vamos consierar primeira a questo “o que Paulo quis dizer com as expresstes, Samos Minos € [ntcos Esplrtuais?” Estas questées so muito importantes para os Gefensores da hinéda nio-inspiada (aqueles que dizem ser adeptos Principio Reguladar que apontam para esas passagens como prova de que ds hinos no-insprados so permitdos por Deus para Revista Os Puritanos serem uitiizades audoragdo pblica. Quando examinaros passa gens como Ef. $:19 e Cl. 3:16, no podenos cometer 9 erro comum de tomar o significado modemo de ura palavra, cern “hin” hoje, splicando-o aguele em que Paulo escreveu a dois mil anes atts ‘Quanto uma pessoa ouve a palavra “hina, ela imediatamente pera nos hinos extrabiblica, 0 hinos nBoinspirados encontaxoe nos bbancos Jas lores de hoje. A Geica forma de st determinar 0 real significa do que Paule quis dizer com as palavras, “salmos hinos, ‘eclnticos apiituais & determina como esses texros foram usados pelos cristaes de lingua grega no primeira scala, (Quando interretames a termineiogia usada por Paulo em suns elstolas, nA necesidade de observarmas algumas regs de inter pretagio rimeieo, © pensamento religioso que deminava a mente ea cosmoviséo do Apéstolo, era a mesma do Velho Testamento e de Jesus Cristo, ndo a do paganism arego. Portanto, quando Paulo lscute doutrina ou aoracie, a primeito lugar onde devemos bus car auxilio para o entendimento dos termasreisioss, €no Velho Testamento. € comum encontramos expresses ou termos hebraicos expresso em arego cong, ‘Segundo, teras que ter em mente, que as lareias cue Paulo fendou na Asia, consstia de deus convertides,getiosproslitos do Velho Testamento (tementes a Deus) e gentios pags. E5505 larelas pssu- Jam a versao grega do Velho Testamento chamada de Sentuacinta, ‘Quando Pavio exoresou ideias do Velho Testamento, para uma au Zncia de getios de fala greg, ele uso aterinologa eigiosa sada pela Septuagint Se os termos hinos mnie cinticesesirituals (ects prewatibors, tivessem sido deindos dentro d2 Now Tes lament, ro haverianecessidade de procuranros sgnificados para es na Septuaginta. Mas, uma vee que esses termes so raramente usados no Novo Testamenta € no podem ser defnidas dentro do contexto imaato a parte do corbecimento do Velho Testament, ‘sera, no minions irresponsivel exegeticamente, Ignorar come esas palaveas eram usadas na versie Septuaginta 6 Velho Testament ‘Quando examinamos a Sepwuasinta, verifeamos que os termes salmos (psalms), his (iymnos) © céntcos (odee, reteremse claramente a0 livre dos Salmos do Antigo Testamento e nfo a an- tigos e modernos hinos ou edticas no inpirados, Bushell escreve Palos.) ocorre BT vezes na Septuagint, deses, 78 aparecem nos salmos mesmo, sendo que 67 so titlos de salmos. Da mesma forma, o titulo da versio arega do saltéia(.)fymnos..) ocorre 17 vezes na Septuaainta, 23 das quas estao nos Salmo, sendo que 6 so titulos. Em | Samuel, |e Il Crénicase Neemias ha cerca de 16 exemplas nas quais os Salmas sio chamados “hinos"«hymma ou “cSnticos" (oda) para o cantico dels a palavra ulizada sg flfica “cantar louver” Uhymneo, Aymedeo, bynnesis) NT. 0aee (0 o¢orre urras 80 vezes na Septuaainta, 45 das uals nos Salmos, {36 nos ttuos dos Salmos (Michael Busell, The Songs of Zlon, pp. 185-86). Em doze tlulos nds eneantramas ambos, “salmos” € “cin ticos em dois outros. “salmas" “hinos", 0 salmo 76 € desig- nado como “salmo, hinge cAntica” tna versio portuguesa ARA no aparece apalavra hing, WT.) No final dos primiros etentae dois salimos, nis lemos: "Findamse os hinos (ARA: oragies) de Davi Filho de Jess" (S1.72:20), Nao hA razdo alguma para pensarmas que 0 Apéstolo Paulo estava se referindo a “salmos" como coisa clfeente de “hinose cAnticos", pos todos os trs termos se referer Revista Os Puritanos a salmos no préprio livre de Saimas (6. Williamson, The Singing of Praise in the Worship of God, p61. Igncrar como a aueléncia de Paulo, na epoca, teria entencio ests termos, bem como a forma como sio defines pela Biblia, e aplicar-ihes signiicados made. os, norbiblics, sera uma pritica exegtica ueficient. Uma das objeyées mais comuns contra a idéia de que Paulo em EF5:19 © Cal 3:16, est falando do livra dos Salmos, € que se via absurdo ele dizer, Yeantando saloos, salmos e salmos”. Essa ‘bjegdo falha 20 considerarmas 0 fato que um método comum de se expressar na_antiga literatura judaica, era a forma triddica de expressio para designar uma ldfis, ge ou objetos. & Biola contém multos exemplos ds forma tiddiea de express, a saber x 24:7 — “iriqdidade, tranegressho eo pecado"; Devt $:31 e 6:1 = "mandaments,estatutose julzos”; Mt 22:37 — “de toda 0 teu oragio, de toda tua ana e de todo teu entendimento” (Me.12:30; Le10127, At 2:22 —“nilagres, prodigiosesinais”; Ef 5:19 e Col 2:16 ~ "salmos, hinos ¢ cintieos espirituais™. “A triplice distin, ‘80 usada por Paulo, seria prontamenteentendida por aqueles que [a estavam fariliarizads com seus Saltérios Hebraices 60 Velho Testamento e a Septuaointa, onde os titulas dos salmos sto stn uidos come salmas, hinos e entices. Esta interpretagie faz ustiga A analogia da Escrtura, Ist, a Eseritura seu melhor interprete” UW. Kedaie, Why Psalms Only, 7. |A interpretagao od que "salos, hinos e eAnticos espirtuais” se referem ao lure insprade de Salmos, tambéin recebe apoio da gra- mAticae do context imediato e onde se encontram estas passagens, Em Colossenses 3:26, somes excrtados: "Que & palavra de Cristo habite em vis ricamente..” nesta passagem a palavra de Cristo € claramente singrime da Palavra de Deus, “Er 1 Pe 2:11 é dito que “o espirito de Cristo” estava nas profetas do Velho Testamente e através dele testifcava de antersio des Sfrimentos de Cristo eda ‘ldria que os sequiriam, Se, come é ate, © Esprte de Cristo testi cou dessas coisas através dos profetas, eno Cristo fol o verdadero autor das Eserituras, Proeminente entre estas profecias reerentes Cristo esto lvrode Salmos;consequentemente, Cristo & 6 autor dos Salmos” (M.C, Ramsey, Purity of Worship (Presbyterian Chur. ch of Eastern Australia: Church Principles Committe, 19681, p. 20), Depois de Paulo exortar a Igreia de Colossos a que a palavra de Cristo abitericamentenees,imedlatamente ies anantao liro de Salos;olvro que compreende "de maneira mais sucinta e bela tudo que se contém em toda a Biblia" (Martin Luther, "Preface to the Psalter, 11526) 1545” Luther's Works (tr. GM. Jacobs Philadelphia: Muhlenbere Press, 1960) Vol. XXXV, p. 254) um livro muita superior a qualquer livre devecional humane, sobre o (qual Calvino declarau ser, “uma anatomia de todas as partes da ‘alma’ John Calvin, Commentary onthe Book of Psalms (tr. James ‘Anderson Eslnburgh: Calvin Transation Scclety, 1845), Vol. 1, pp. xcxwvienaie), um tivo que & Sum compéndlo de toda divindade” ‘Basi, ctado in Michael Bushell, The Songs of Zion, p. 28). Voce cha que as Escrturas, a palavra de Cristo, est habitande em nbs, ‘quando cantames ngs de composigbes nio-inspiradas em nossos culos? Se temas que cantar e meditarna palavra de Cristo, temas ‘qe cantar a5 palavras que Cristo escreveu pelo Seu Espirito — 0 live de Salmos. ‘A gramética também apéia 2 afirmagio de que Paulo estavafalan do do iro de Salmos. Na Biblia em inaiés, o adjetiva “espritual” 13 avel a Deus < s S 3 oa a 3 6 io ‘aplica-se somente & palavra cdnticos (cinticos espiiuals), Na Tingua grega, ne entanto, quando um activo imediatamente segue dois outros substantvos, isto se aplica a todos os outros substan tives precedentes. ohn Murray escreve, “Porque a palayra pneu matikos — espvitual — (Deveros ter muitecuidado para no dar 2 palavra "espirtual” dessas passagens o moderno sigrifcado de “relisioso”. A palavra Vegpritual aqui ge efere aslquma coea que procede do Espirito de Devs, e portant, inspira” ou Vsoprada por Deus". 8. B. Warfield escreve 0 sequinte bre pneumatixos “das vinte € cinca veres em que 2 pslawa acerre no Novo Testa mento, em nenhuma dessas referdnciae ela dezce tanto a ponta de referee ao espirito human; eem vint e quatro delasdevva-se de fneuma, © Espirito Sarto, 0 uso neotestamentav da palawrs €or ‘significado de pertencer a, ou de ser ordensda pelo Espirita Santa é uniforme, com a exclusiva excegto de Efésios 6:12 one, a que parece, ela se refere a intelighreias superiores, mas sobre-humaras Em cada um ds casos, sua tadugao spropriads&: concedids pelo Espirito, ou cenduzda pelo Espirito, ov determinacas pels Espitta!” (The Presbyterian Review, Vol. 2, 6. 561 Ciuly 1880) qucted in Michael Bushell, The Soras of Zion, pp. 90-91), qualifca adais ‘io salmoiehimnoi? A resposta mais razodvel a esta questo é que a palavea preumaitoi, qualfca todos os tr8sdatvos, € que 0 seu ‘8rero (eminino,€ devido a atracdo av oBnero do substantive que std mais proximo, Uma outra possbilidade dstnt, feta particu- larmente plavsive pela omisao da copulativa em Colossenses 3:26, que “cAnticos espirtuais”, 580 aBneras e“salmos” e Yhinas” sao espécles Esta, por exemola, #2 visto de Meyer. Em qualquer des- 35 afiemagees, salmes, hnos entices, saa todos “Esprituais” & Dortanto, todos inspirados pelo Espirito Sano. A relagao dso com © assunto erm questao &perfeltamente visve. Minos noinspirados esta conseqdenterente exculdos" (John Murray, "Seng in Public Worship ers Worship in the Presence of God, (ed. Frank J. Smith ‘and Davie C. Lachman, Greemili Seminary Press, 1992), p. 188 Se algsém quiseraraumertar que espritual no se aplica a salmes hinos,entd precisa resoorder duas quests petinenes Primelca, porque Paulo insistra nas inspragdes das cfetios, © a2 ‘mesmo tengo eemitehiros néo:ispirados? Podemos assequrar tran ailamente que Paulo no era iracional Segunda, aditindo como fato, que salnas se referom a chatios dh vinamecte inspeados, seria aobiblico nde apicar a "esprituais"” 0 mesmo sentido, E depots, desde que Jf acmitimos que salros, Ninos © cinticosexprtuais se referem ao Iiro divinamente ingpirado das Salmos,& apenas natural aplicarespirtual, como send Inspirados, a tacos ts termos. Desde quo lve de Salmosécomposte de sales, ines ¢ cntios espvitusis ou divinamente insprades, obedecemes a Deus somente quando © adocames utizando sali eilica; Ninos nepal satifanem o criteria da adoragao autora, [Uma outa questao que precisa ser considerads, tendo em vista ‘essa5 passagens, & MEssas passagens se referem ao culo, ou a0s ajurtamentes iformais dos erentes? Ua ver que Paulo est dis utd a mitun eaifeacso dos crentes através do lowvor inspirad, seria inconsistnte de sua parte, permitir eAnticos nao inspieados ro cults oy m qualquer autraajuntamento. "0 que &mprépri ou prdprio nara sor cantado em um caso, deve ser imorépria ou pr prio para ser cantado em outro, Adoragio€ ainda adoracio, eiam ‘quais forem as crcunstnias, no impartande o nimero de pessoas ‘ervolvidas” (Michael Bushell, The Songs of Zion, pp. 83-84). Se salrns, hin e cAmicos esprituais soos limites do material de ‘clnticas para o wor de Deus, nos atos menos formais de adoracao, ‘quanto mais les sera0 limites no ato mais formal de adoragio" Murray e W. Young, “Minority Report.” Minutes of the Orthodox Presayterian Church (4th General Assembly, 1947) . 61, confor re citado em Michael Bushell, The Songs of Zion, p. Ver may artige, “Leadership in Worship, The Qulloak, Dee 2992, para 0 argurento, John Upalke, A Month of Surdays (New York: Alfred A, Kropf, 1975), 136, Segunda Confissao Helvética — Da providéncia de Deus Todas as coisas sA0 governadas pela providéncia de Deus. Cremos que tudo o que hé ne céu e na terra, ¢ em ‘todas as criaturas, & preservado e governada pela providéncia deste Deus sAbio, eterno e onipotente. Davi o ‘estifica (Sl. 123:4 ss; 139:3 55). Sdo Paulo também testifica e declara: “iWele vivemias, e nas movemas, € existimas” (At. 17, 28), € "dele e por meio dele e para ele so tedas as cousas" (Rm. 11:36). Portanto Santo Agostinho, muito acerladamente e segundo a Escritura, declarou em seu livro De Agone Christi, cap. 8: "0 Senhor disse: ‘Mio se vendem dois pardais por um asse? e nenhum deles cai em terra sem 0 consentimento de vosso Par (Mt. 10:29). Assim falanda, ele quis mostrar que aquilo que os homens consideram de valor insignificante é governado pela onipoténcia de Deus. Porquanto aquele que é a verdace diz que as aves do céu fo alimentadas por ele eos Irios do campo sao vestidos por ele; e diz também, que os cabelos de nossa cabega esto contados (Mt. 6.26 ss). Condenames, partanto, os epicureus que negam a providéncia de Deus e todos quantos blasfemem dizen- do que Deus esté ocupada com os céus e nem nos vé, nem vé nossos interesses, nem cuida de nés. Davi, 0 rel-profeta, também os condenou, quando disse: " Senior, até quando exultardo os perversos? Dizem: 0 Se- hnhor nao vé: nem disso faz caso 0 Deus de Jacob. Atendel, 6 estdpidos dentre o povo; e vés insensatos, quan do sereis prudentes? O que fez 0 ouvido, acaso nao ouvird? e 0 que formou os olhos, seré que nao enxerga?” (SL. 94, 3.7-9), 14 nos Prefacio de Calvino para o Saltério Joao Calvino ve e sustente a comunhao da lareja em sua localidade, freqlentando as assembiéias que acontecem tanto aos Domingos como em outros dias para honrar e servir a Deus: assim também era conveniente & razodvel que todas soubessem e ouvissem 0 que se deve dizer e fazer no templo a fim de receber fruto e edifica- ao, U ma das coisas mais requerida na Cristandade e uma das mais necessavias, & que cada um dos fis obser- ENTENDIMENTO E ESSENCIAL Pois nosso Senhor nao instituiu a ordem que deveras obedecer quando nos reunimos em Seu Nome, somen- te para entreter o mundo quando este olna e observa, antes, ele deseja que o culto seja util para todo 0 seu povo; como Sao Paulo testemunhou, ordenando que tudo que for feito na Igreja seja direcionado & edificagao comum de todos; isto 0 servo ndo teria ordenado, ndo fosse esta a intengao do Mestre. Mas isto ndo pode ser feito, a ‘menos que sejamos instruidos a usar a inteligéncia em tudo que foi ardenado para o nosso proveito. Porque dizer que somos capazes de ter consaaragao, tanto nas oracdes e cerimbnias, sem entender nenhuma destas coisas, € uma grande tolice, no entanto, muito tem sido dito comumente. Mas Isto nao que dizer que esta boa afeicdo para com Deus, deva ser algo morto ou embrutecido, ao contrario, ela € resultado de um mover vivo procedente do Espirito Santo, quando o coracdo & devidamente tocado eo entendimento ilurninado. E se de fato, alquém pudesse ser edificado por coisas que alguém vé, sem entender o que etas significam S40 Paulo no proibiria t80 rigorosamente 0 falar em Iinguas estranfas: e nao usaria todo o seu arrazoado de que nao ha edificacao a menos que haja doutrina, Portanto, se realmente querernos honrar as santas ordenangas de nosso Senhor que usamos na lareja, a primeira coisa que devernos é saber o que elas contém e o que elas sicnificam © querem dizer e para que fim foram institufdas, para que o uso delas seja itil e salutar e conseqdentemente corretamente administrados. ELEMENTOS NO CULTO ‘Agora ha trés breves coisas que nosso Senhor ordenou sejam observadas nas nossas assemibiéias espirituals: que sdo: a pregagao de Sua Palavra, oracdes, piblicas e solenes, e a aciministragdo dos sacramentos. Vou me abster de falar dos sermdes desta vez, porque ndo hd nenhuma questao a respeito deles. Tocando nas que restam, 1nds temos como ordenangas expressas do Espirito Santo que as oragies sejam feitas em uma Tinguagem comu mente conhecida do povo; e 0 Apéstolo disse que as pessoas ndo devem responder Amém aquelas oracdes que forem feitas em lingua estranha. Isto porque, as oragbes sdo feitas em nome de todos, que naturalmente 380 participantes dela, Por isso é um grande descaramento por parte daqueles que introduziram a lingua Latina na igrela, onde geraimente ndo é entendida. E nao hé nem sutileza nem casufsmo que possam desculpd-los, poraue esta pratica é perversa ¢ desagrada a Deus. Aléi disso, ndo hé nenhuma razao para presumir que Deus esteja de acordo com aqueles que estdo indo diretamente contra a Sua vontade, e assim falam a despeito Dele, Por isso, nada o afeta mais que ir de encontro a sua proibigao e gabar-se disto como se fosse algo santo e louvdvel. SACRAMENTO ASSOCIADO A DOUTRINA Quanto aos Sacramentos, se observar-mos a sua natureza, vamos reconhecer que é um costume perverso celebra-los de tal maneira que as pessoas ndo somente as vejam, mas compreendam os mistérios que eles con: tm, Porque se eles sao a Palavra visivel, (como Agostinho os chama), é necessario, nao somente que haja meramente um espetéculo externo, mas também que a doutrina seja associada com eles para empresta-los in- teligéncia, € também, nosso Senhor ao institui-los demonstrou isso: porque Ele diz que sao testemunhas da alianga que fez conosco, € a qual confirmou através de Sua morte. E necessério, portanto, dar-thes seus pré- prios significados para que possamos saber e entender o que Ele disse: de outra sorte teria sido em vao que nosso Senhor abrisse sua boca para falar, se ndo houvesse ouvidos ao seu redor para ouvir. Assim nao hd ne- cessidade de uma longa disputa a vespeito disso. € quando a matéria é examinada com o senso comum, nao ha rninguém que nao confesse que é completamente antiquado, entreter as pessoas com simbolos sem significado algum para eles. Assim podems facilmente conciuir que estes profanam os Sacramentos de Jesus Cristo, ad- ministrando-os de tal forma que as pessoas nem mesmo entendem as palavras que sdo ditas a respeito deles. E Revista Os Puritanos 15 io & 2 1s S | ‘mos di de fato, pode-se ver a superstigao que femergem de tal prética. Porque € co- gragao, por exemplo da agua do Ba- tismo, ou do po € do vinho da Santa Ceia do Senhor, é tal como um encan- tamento, em outras palavras, quando alguém respirou ou pronunciou com a boca as palavras, criaturas insensi- | através dele. veis a sentimentos, sentem o poder, embora os homens nao entendam nada. Mas a verda~ deira consagragao € aquela se faz através da palavra da (6, quando é declarada e recebida, coma St. Agos- tinho disse: aquela que é expressamente contida nas palavras de Jesus Cristo. Parque Ele ndo diz a0 p30 que € seu corpo, antes Ele dirige sua palawra ao ajun tamento dos fitis, dizendo: tomai, come, e assim por diante. Se quisermos celebrar corretamente este Sa- cramento, 6 necessério apropriar-se da doutrina, por meio da qual 0 significado nos é declarado. Eu sei que pode parecer muito entranho para quem no esta acostumado a isto, como acontece com todas as coisas novas; mas é muito razoavel se nds como discipulos de Jesus Cristo preferirmos sua instituigdo em lugar do nosso costume. E aquilo que Ele instituiu desde o prin- cipio nao deve parecer novo para nés. E se isto ainda nao foi capaz de penetrar no enten- dimento de aiguém, é necessdrio que oremos a Deus, para que se for do Seu agrado, ilumine o ignorante para fazé-lo entender quéo mais sabio € que todos os homens desta terra pudessem aprender a nao se fixa- rem nos seus préprios sentidos, nem sequer em nenhu- ma sabedoria louca dos seus lideres que est&o cegos. No entanto, para o uso emnossas igreias, pareceu bem anés tornar public, como uma colegao, estas oracbes @ Sacramentos para que nao s6 as pessoas desta Igre- ja, mas também todos aqueles que desejarem, salam, de que forma os fieis devem comparecer e se portar ‘quando se reunirem em nome de Cristo. DOIs TIPOS DE ORAGAG 'Nés temnos entao reunido em um sumario, a forma de celebrar os Sacramentos e santificar o casamento, igualmente as oragGes € louvores que usamos. Falare- mos mais tarde sobre 0s Sacramentos. Quanto as oragées puiblicas, hé dois tipos. Aquelas somente com palavras, ¢ outras cantadas. isto ndo é alguma coisa inventada ha pouco tempo atrés. Pols desde o inicio da Igreja tem sido assim, conforme o testemunho da his- téria. E 0 proprio apéstolo Paulo fala, nao apenas da oragdo de palavras, mas também da que é cantada. hha verdade nés sabemos, por experiéncia, que cantar tem grande forga, vigor de maver e inflamar os cora- es dos homens para envolvé-tos em adoracao @ Deus ‘com mais veeméncia e ardente zelo. Sempre se deve ter cuidado, para que as misicas nao sejam nem frivo- 16 Portanto, quando procurar- jentemente, aqui mmamente considerado que 2 consa- |e all nao iremas encontrar canticos melhores, por mais | apropriados de sejam os seus propésitos, do que os Salmos de Davi, que 0 Espi- ‘ito Santo falou e preparou las nem triviais, mas que tenham peso e majestade, (como dizia St Agostinho), e também hé uma gran: de diferenca de misicas que alauém faz para entreter os homens & mesa ou em suas casas, os Salmos que cantamos na Igreja, nia presenga de Deus ¢ de Seus anjos, Mas se alguém quiser julgar corretamente a forma que apresentamos aqui, esperamos ‘que a encontre santa e pura, direcionada & edificagao dda qual ja temos falado. EXPRESSAO ATRAVES DO CANTO E ainda que a prética do canto possa se estender mais amplamente; ela &, mesmo nos lares ¢ nos cam- os, um incentive para nés, de certo modo, um 6raao e louvor a Deus, para elevar nossos coracées a Ele, € consolar-nos pela meditagao de Sua virtude, bondade, sabedoria e justiga: isto 6, tudo aquilo que € mais do que alguém possa dizer. Em primeiro lugar, nao é sem causa que 0 Espirito Santo nos exorta cuidadasamen. te através das Escrituras a nos regozijar em Deus ¢ que toda a nossa alegria seja subjugada ao seu verda- deiro propésito, porque, Ele sabe © quanto somos in- clinados a nos alegrar com futilidades. Como entao, nossa natureza nos forga e Indu a buscarmos todos os meios de alegrias tolas e viciosas, assim, ao contrérlo, nosso Senhor, para nos desviar o espirito das tenta- Goes da carne © do mundo, nos apresenta todos os meios possiveis para nos ocupar naquela alegria esp ritual que tanto Ele nos recomenda. AIMPORTANCIA DA MUSICA ‘Agora, entre outras coisas que sdo préprias para entreter e recrear-o homeme Ihe dar prazer, a mésica @ tanto a primeira como a principal; e & necessério pensar que este & um dom de Deusa nés delegado para tal fm. Além do mais, por causa disso, temos que ser mais cuidadosos em n&o abusar dele, com temor de desgragd-lo e contamind-lo, convertendo em nossa condenacéo, aquilo que foi dedicado para 0 nosso pro veito € uso. Se nao houvesse outra consideracao, se- no esta, ja seria suficiente para nos levar a ter mode- aca no uso da misica, e fazé-la servir a todas as coisas honestas. & que ela nao nos d8 ocasiao para dar lugar 2 todo tipo de dissolugéo, ou nos fazermos como ‘efeminados em deleites desordenados, ¢ néo se torne instrumento de lascivia ou qualquer impudicicia, 0 PODER DA MUSICA E ainda ha mais: existe raramente no mundo qual- ‘quer coisa que seja mais capaz de viear e carromper os homens do seu caminho e da sua moral, como Pla- ‘80 prudentemente considerou. E como de fato, sabe- mos por experiencia, que ela tem um poder sagrado € Revista Os Puritanos ‘quase incrivel de mover coracdes de uma forma ou de outra. Porianto, temos que ser por isso mesmo, mais diligente em reguld-la de tal forma que nunca seja usada por nés de alguma forma perniciosa. Por esta azo 05 antigos doutores da igreja frequentemente exortavam a esse resneito, de que as pessoas do seu tempo, eram viciadas em cangdes desonesta e vergo- nihosas, que no sem causa, se referiam a elas cha: mando-as de venenos mortals e saténicos por corrom- per 0 mundo. Além do mais, ja que falamos de masica, eu a compreendo em duas partes: 0 que chamamos letra, ou assunto; e segundo, a misica, ou melodia. € verdadeiro que toda mé palavra (como dizia St. Pau- 10), corrompe os bons costumes, mas quando a melo- dia é colocada nela, traspassa 0 coragao muito mais fortemente, e penetra nele, de uma maneira como através de um funil se derrara o vinho num vaso; as- sim também o veneno € a corrupcao é destilado até as profundezas do coracao pela melodia POQUE ESCOLHER OS SALMOS 0 que entéo devernos fazer agora? E preciso haver cangbes néo somente honestas, nas também santas, ‘que como aquilfibes nos incite a orar e a louvar a Deus a meditar nas suas obras para amar, honrar e glori- ficd-Lo, Além do mais, aquilo que St. Agostinho disse € verdadero, que ninguém € capaz de cantar algo dig- ‘n0 de Deus, exceto aquilo que recebenos Dele. Portan to, quando procurarmos diligentemente, aqui e ali, no iremos encontrar canticos melhores, por mais apro- priados que sejam 0s seus propésitos, do que os Salinas de Davi, que o Espirito Santo falou e preparou através dele. E, além disso, Criséstomo exorta, tanto 0s ho- mens, como as mulheres € criangas a se acostumarem 2 canté-los, afim de que esta seja o tiga de meditacao que 0s faga associados & compannia dos anjos. PORQUE E REQUERIDO CANTAR COM ENTEN- DIMENTO Como de resto, € necessario relembrar 0 que St Paulo disse, que os canticos espirituais nao podem ser cantados exceto com 0 coragao. Mas 0 coracao requer 2 inteligéncia. € sobre isso (diz St. Agostinha), encon- tra-se a diferenga entre o cantar dos homens ¢ 0 can- tar dos passaros. Pois um pintarroxo, um rouxinol, um pardal pode cantar bem, mas serd semn entendi- mento. Mas 9 dom dinico dado ao hamem é cantar sabendo 0 que esté cantando, Apds a inteligéncia, deve seguir 0 coracdo e a afeicdo, uma coisa impossi- vel de acontecer exceto se tivermos o hino imnresso fem nossa meméria, afim de nunca cessarmos de can tar, Por essa razao, este aresente livro, tanto mais pelas razdes e outras que de resto foram ditas, deve ser singular recomendacao a cada um que deseja ale- rar-se honestamente e de acordo com Deus, para a sua pr6pria prosperidade e proveito dos seus visinhos; por tudo isso é mister que seia recomendado por mim: esperando que isto reivingique seu valor e louvor. Nas que © mundo seja bem advertido, que em lugar de cangbes em parte vas e frivolas, em parte estipidas e tolas, e conseqdentemente més e danosas, como sao utilizadas no momento, seja acostumado, daqul para frente, a cantar estes hinos divinos e celestia's junta mente com 0 bom rei Davi. Tratando-se da melodia, parece ser a melhor e a mais moderada forma adota- da para carregar apropriadamente o peso da majesta- de do assunto, ¢ tanto para ser cantado na Igreja, de corde com tudo que tem sido dito From Geneva, this loth of June, 1543 Genebra, 10 de jurho de 1543, Extvaido da Blue Banner Articles Principios de Liturgia — Cap.III Culto Publico Art, 7 —0 culto piiblico é um ato religioso, através do'qual o povo de Deus adora o Senhor, en- trando em comunkao com Ele, fazendo-Ihe confissao de pecados e buscando, pela mediago de Jesus Cristo, 0 perddo, a santificacao da vida € o crescimento espiritual. E acasido oportuna para proclama- 40 da mensagem redentora do Evangelho de Cristo e para doutrinagao € conaragamento dos crenttes. Art. 8 — 0 culto piblico consta ordinariamente de leitura da Palavra de Deus, pregagdo, cfnticos sagrados, oragdes e ofertas, A ministragao dos sacramentos, quando realizada no culto publica, faz parte dele Pardgrato Unico — Nao se realizardo cultos em meméria de pessoas falecidas. ‘Manual Presbiteriana| ray Le Revista Os Puritanos 0 para o Saltério cio de Calvi Prefal Duro é Este Discurso... desergao neste caso foi por causa da doutrina... A verdade era dura demais para eles, nado podiam agilenta-la. “Duro é este discurso; quenvo pode ouvir?” Um discipulo verdadeiro senta-se aos pés do seu Mestre e cré no que Ihe é dito, mesmo quando nao con- segue compreender o sentido, ou nao vé as razoes pelas quais 0 seu Mestre o diz; mas estes homens nao tinham 0 espirito essencial de discipulo, e, conseqtientemente, quando 0 seu Instrutor comegou a desvendar as partes mais recénditas do rol da verdade, eles nado quiseram ouvir a Sua leitura delas. Eles estariam dispostos a crer quanto pudessem entender, porém quando nao puderam compre- ender, giraram nos calcanhares e se foram da escola do Grande Mestre. Além disso, 0 Senhor Jesus Cristo tinha ensinado a doutrina da soberania de Deus e da necessidade do Espirito de Deus para que os homens sejam levados a Ele, “porque bem sabia Jesus, desde o principio, quem eram os que ndo criam, e quem era o que o havia de trair. E dizia: por isso eu vos disse que ninguém pode vir a mim, se por meu Pai nado lhe for concedido". Aqui o nosso Senhor proferiu um bocado da velha e antiquada doutrina.da livre graga, doutrina da qual hoje em dia 0 povo nao gosta. Chamam-na “Calvinismo”, & a colocam de lado, entre os velhos dogmas recebidos, dos quais esta época iluminada nada sabe. Que direitos eles tém de atribuir ao re- formador de Genebra uma doutrina velha como os montes eu nao sei. Mas 9 nosso Senhor nunca hesitou em arremessar essa verdade no.rosto de Seus inimigos. Disse-lhes Ele: “ Vds ndo credes porque nao sois das minhas ovelhas, como jé vo-lo tenho dito”; “Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou nao o trouxer’. Aqui Ele lhes diz claramente que nao poderao vir a Ele, a nao ser que o Pai lhes dé a gracga para virem. Essa doutrina humilhante eles nado puderam aceitar, e por isso foram embora. (Charles Haddon Spurgean, pregando em 05 de fevereire de 1882, sobre a passagem de Joao 6:66, "Desde entdo muitos dos seus disciples tornaram para tds, «jd na andavam com ele , Sermons, 28, 121-2). 6 Revista Os Puritanos Salmo I Paulo Brasil sua felicidade. A grande énfase é: se vacé & feliz, independente do que faz, isto é 0 que importa. Se vocé: pratica algum ato contra a Lei de Deus, independente se é a favor au contra esta Lei, o criva da verdade 6 se voc' & feliz. A conclusdo é: se for feliz, logo estarei no caminho certo, porque o que importa a felicidace. Obviamente ndo encontramos nas Sagradas Escrituras nenhuma afirmacao que diga que Deus nos chamou para sermos felizes. Mas a felicidade esté ligada diretamente & obra do Espirito Santo em nos conduzir & sub- rmissdo da vontade de Deus. A verdadeira felicidade ¢ exatamente submeter-se & vontade do Sentior; & negar-se a si mesmo; 6 tomar a cruz e seguir a Cristo; € ndo fazer aquilo que nos agrada, mas aquilo que agrada a Deus; ‘no pada biblica, a verdadeira Felicidade a santidade, poraue encontramos na Biblia a afirmagao de que Deus mas escoiheu, nele, antes da fundacda do mundo, para sermos santos irrepreensiveis perante ele” (Efésios 1 4), Foros eleitos para sermos santos. Deus disse: “Sede santos como eu sou santo", A santidade é exatamente 0 sinGnimo da felicidade na perspectiva biblica. santidade a anulagao da minha prépria vontade e a assimila- go da vontade divina, & nao satisfazer os meus desejos pecaminosos, carnais, mas satisfazer a vontade de Deus. € interessante notarmos que este salmo comeca falando da felicidade em uma perspectiva negativa: “Bem aventurado o homem...". felicidade aqui esta restrita (no primeiro momento do saimo) a uma realidade nega- tiva. [sto é, “feliz (bem aventurado) & o homem que rido anda segunda 0 canseiho dos implos, nao se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores' (v. 1). 0 que o salmista esté dizendo com toda clareza é que a verdadeira felicidad esta em nao satisfazer, em ndo andar e no estar de acordo com a vida ‘dos impios, mas fazer aquita que é contrério as suas praticas mundanas, De forma impressionante este Salmo foi colocado aqui para ser aquele que encabeca todos os outros 149 salmes. Nao ha como provarmos de forma explicita isso, mas quem compilou os salmas, iluminado e inspirado pelo Espirito Santo, colocou este como o primeiro deles porque resume exatamente toda a crise apresentada nos saimos. Primeivo, percebemos que muitos salmos que foram escritos, 0 foram na perspectiva da anaiistia da justo em relacdo & prosperidade dos impos. 0 salmo 73 retrata esta “crise” quanda o salmista diz: “Quanto a mim, porém, ‘quase me resvalaram os pés; nouco faltou para que se desviassem os meus pass0s...20 ver a prosperidade dos perversos" (S| 73:2-3), Nos salmas vemos a angéstia do justo em fazer a vontade de Deus, em andar segundo 0 caminho de Deus, porém, anesar disso nao tem prosperidade nesta vida, nao tem o que os impios tém. Mas, por ‘do praticar 0 que os perversos praticam, obviamente este justo anseia por uma prosperidade maior, superior. © Salmo 1 vai dizer que aquele que é justo (v. 3) serd bem sucedido em tudo que fizer, “Tuda quanto ele faz sera bem sucedido”. Este conceito de prosperidade que € colocado aqui na idéia de uma arvore cheia de frutos que ‘nunca murcha; na esté inserida em uma perspectiva humana, terrena; iss0 porque nas outros salmos veremos a angustia do préprio saimista ao dizer: “Os impios que néo temem e nem amam ao Senhor, prosperam, ganham, vencem, enquanto eu, Senhor, que procure fazer a tua vontade, estou passando par todo este sofrimento’’ Este salmo foi colocado aqui no inicio porque ele resume a ansiedade e a angiistia daqueles que temem a Deus @ fazem a vontade do Senhor, mas estdo diante daqueles que néo temem a Deus e prosperam, néo temem a Deus mas tém sade, tém vida abundante e aparentemente esto muito bem, enquanto que os justos esto padecenda, 0 salmista diz com toda clareza que aquele que teme ao Senhar prosnerara, serd bem sucedido, enquanto aque: Je que ndo tere a Deus nao prosperard. 0 salmista coloca Isto em relagao aos aspectas da vida nto momento presente, O conceito de prosperidade aqui é outro até que o salmista chega no final do salmo e resume tudo di- zendo que haverd um dia de juizo em que aqueles que prevaleceram nesta vida, que ganharam, que satisfizeram a carne e aparentemente foram felizes; que andaram segundo a carne e os prazeres mundanos, que fizeram a vontade do coragao e da mente, serdo julgados e perecerdo. Nos seus caminhos perecerdo, mas quanto aos que temem ao Senhor, 0 texto diz que os “conhece": “O Senhor conhece o caminho dos justos..."(v. 6). 0 Senhor escotheu este caminho para os justos, 0 seu modo de viver; 0 Senhor escolheu Seu povo para Sie a Ele pertencem pactualmente. Perceba que o Salmo a partir daqui se resume exatamente naquilo que vai ser desenvolvido em todos os Salmos e a énfase principal desta prosperidade apresentada ("ser bem sucedido") esta na obediéncia a Lei do 19 A“ da vida neste milénio € nessa época de pés-modernidade em que vivernos é 0 homem em busca de Revista Os Puritanos Salmo | Senhor. Est4 em uma religiao que nao é forjada, rea- lizada ou praticada nos desejos do coragao do homer, mas numa religido que é forjada e praticada na abedi- Encia & Lei de Deus; em uma religiao que naa procede do coragao, mas numa religigo que procede da revela- ‘4a escrita da Palavra de Deus; numa religido que nao procede dos desejos da care, mas procede do desejo do Deus Santo e verdadeiro que escreveu a Sua Pala- ra com 0 propésito de que Seu povo caminhasse em obedincia a esta Palavra Santa. Esta felicidade, esta prosperidade e esta eternida- de estdo diretamente ligadas & obediéncia a Palavra de Deus e 8 Sua Lei. © salmo, de modo claro ¢ objetivo, resume tudo aquilo que vai ser tratado em todos os demrais salmos a crise do ter, do possuir, do enriquecer nesta vida sendo impio; a crise de poder entender que aqueles que amam a Lei de Deus nem sempre prosperardo sequndo 0 padroes deste mundo, mas sempre prosperarao 0s ‘que viverem segundo os padroes que Deus estabeleceu. Este salmo revela também 0 que vai acontecer no Ultimo dia. 0 Salmo termina de forma clara revelanda 0 dia do jufzo, o ultimo dia, quando o Senhor julgard a todos, Vemnos isso no livro de Malaquias quando os homens dizem a Deus: “ Senhor, de que nos interessa fazer a Tua vontade, porque aqueles que ndo Te te- ‘mem estdo prosperando e os que se levantam contra Ti estdo Sendo vitoriosos nesta vida; de que me adiantou Senhor?". Deus, ent&o, responde dizendo: "Eu fare’ um memorial naquele dia e mais uma vez vocés sabe- rao a diferenca entre aqueles que me amam eos que ‘no me amam; entre os que me temem e os que nao me tement (Mi 3:13-18). Haverd um dia em que Deus faré esta demonstracdo de forma clara; um dia quando 0 Senhor revelar os que so seus, os que Ihe obedecem e as que nao obedecem os que O temem € (0s que ndo temem ao Senhor. A prosperidade desta vida, 0 ter nesta vida, em hipStese alguma é parametra para anunciar a béncao de Deus. Este nao é 0 parmetro Olhando para este salmo, em uma perspectiva ge- ral, encontramos todas estas verdades. Mas devemos adentrar ao saimo olhtando cada parte dele com 0 pro- pésito de compreender estas verdades, A) A verdadeira felicidade produzira verdadeira prosperidade. A falsa felicidade produzird falsa prosperidade. 1) “Bem aventurado © homem que ndo anda no conselho dos impios, ndo se detém no camino dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedo- ves (v. 1). Este primeiro versicula nos apresenta trés idéias. Vemos trés verbos que sao centrais. (a) “Nao anda’; (b) “Nao se deté ou nao para’. Literalmente © autor esta dizendo: “do para no caminho dos peca- dores"; (c) “Nao se assenta'". Estés trés verbos, de 20 modo progressive, nos mostram exatamente 0 proces- so degenerativo daqueles que andam segundo 0 curso deste mundo, segundo os valores da mundo. Aqueles que (1) dao owvidos aos conselhos dos impios em pou- co tempo irdo (2) parar no caminho dos pecadores; € (3) em pouco tempo iro se assentar na roda dos es- camecedares. 0 processo desenerativo vai se manites- tar em cada ato e em cada momento da vida. Vernos isso quando 0 salmista diz: “No anda...ndo se de téin.., no se assenta...”. Assim 0 salmista mostra claramente que estes trés verbos revelam o proceso degenerative dacueles que dao ouvidos aos conselhos dos inpios, daqueles que nao amam a Deus. Lembre: se que 0 texto fala do conselho dos impios; da vontade do coracao do homem; da carne; das pensamentos daqueles que nao amam ao Senhor; daqueles que 430 conselhios para a morte. Logo a seguir, 0s que param para auvir estes conselhos, em pouco tempo, vao pa: rar no caminho destes pecadores; em pouco tempo estardo assentados no mesmo lugar em que eles esto assentados e fazendo 0 que eles fazem: escarnecendo © se opondo contra Deus, contra tudo que se relaciona com a vontade do Senfior. Tudo porgue comecaram a andar segundo 0 coragéo corrompido. 2)0 salmista comeca dizendg que a felicidade esté ligada ao nao fazer estas coisas — “Bem aventurado ‘o homer que ndo...” (v. 1). E 0 versiculo que vai se contrapor a esta verdade podemos encontrar na ad- versativa do v, 2: “Antes, 0 seu prazer esta na lei do Senhor e na sua lei medita de dia e de noite’. Vernos que este versiculo vai se contrapor a tudo que foi dito antes: “Andar no conselho dos impios...se deter, parar ‘no caminho dos pecadores...; se assentar no meio dos escarnecedores”. Esta ndo deve ser nossa pratica, mas devernos ouvir, diz a Palavra de Deus, que nosso prazer esté na Lei do Senhor e que temos de meditar nesta Lei dia e noite, 0 prazer do crente esta em obe- decer as Escrituras Sagradas e nunca dar ouvidos as praticas de homens impios que vivem praticando o que 6 contrério a vontade de Deus. Em nossa vida, estamos sujeitos a seguir caminhos © owvir canselhos de pessoas que nos dizem o que é 0 melhor ov 0 que é pior. Mas se nao forem conselhos, pautados na Palavra de Deus sempre nos levarao a destruigdo. 0 salmista diz que eles perecerdo! ‘Aqueles que andam segundo 0 caminho dos impios precisam entender o nome do Senhor Jesus Cristo re- velado no Velho Testamento: “Maravilhoso, Conse- Ineiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Principe da Paz” ((s, 9:6). “Maravithoso Conselheiro”. & Palavra de Deus que nos revela Jesus Cristo, este Conseliveiro Maravilhoso,'pela obra do Espirito Santo, nos condu Ziré 20 entendimento de que aqueles que sao felizes sf0 ‘exatamente 95 que se anulam, que mortificam 0 desejo do seu préprio coragao, da sua carne, para obedecer Unicamente 20 Senhor e andar segundo Sua Lei Revista Os Puritanos

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