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ORIENTACOES GERAI Este capitulo foi elaborado visan- do atender a habilidade EFOGHIO7 da BNCC: — Identifcar aspectos e forrnas de re- gistro das sociedades antigas na Africa, ino Oriente Médio e nas Américas, dis- tinguindo alguns significados presentes na cultura material e na tradicdo oral dessas sociedades. 0 objetivo aqui foi comecar pela localizacao do Egito, jé que, por di- vversos motivos, ele quase nunca é associado a Africa, embora esteja situado no nordeste do continente africano. Localizadas entre dois de- sertos, as terras do Egito tornavam- -se férteis gracas ao aproveitamento ‘que os agricultores faziam das Squas do Nilo, rio extenso que nasce no Lago Vitéria e deségua no mar Me- diterréneo. No passo seguinte suge- rimos estimular 0 aluno a reconhecer ‘espécies nativas da fauna egipcia. Para isso, elencamos 0 hipopotamo (1); 0 pato (2) e 0 crocodilo (3) Texto de apoio O fascinio que o Fgito exerce sobre a humanidade, com suas pirémides, deuses, fara6s, mimias e hier6glifos, nao é um fendmeno recente. ‘Afinal, o que hé no Egito que expli- que tamanho fascinio, capaz de re- sistir—e,na realidade, crescer ainda ‘mais — ao longo de tantos séculos? ‘O que faz uma civilizagio téo antiga ‘como essa continuar ditando modas «seis milénios depois, prosseguir in- fluenciando aspectos tdo diversos da 66 EGITO E KUSH Fonte: DUBY, Georges. Alas historique ‘mond Part Larus, 20077 Npopétame. eos ee i que continente fica E © Egito? Sabia que o principal rio egincio, _ © Nilo, 60 segundo to maior do mundo? Faca uma pesquisa rapida e procure Croce saber onde ele nasce e onde deségua. Vocé sabia que os —_N ‘animais mostrados nesta pagina s3o espécies nativas da fauna egipcia? Voce js assistiu a filmes! reportagens sobre o Egito? Quellas)? Tem vontade de viajar para 14? O que voce ‘mais gostaria de conhecer nesse pais, que recebe milhares de turistas todos os anos? 66 vida Contemporénea, seja na arqui- “egiptologia’, o ramo da ciéncia que tetura, nas artes, no espiritualismo, trata de tudo aquilo relacionado ao na ciéncia e na filosofia? |.) antigo Egito. Antes de mais nada, é preciso [..] compreender que esse interesse pelo No Brasil, a origem da egiptologia Egito se apresenta por meio de trés_ e da egiptomania, apesar de antiga, diferentes formas: 1) pela “egiptofi- é de facil resgate. [.] os primeiros lia’, que é 0 gosto pelo exotismo e protagonistas desse habito cultural pela posse de objetos relativos ao foram ilustres personagens de nossa Egito antigo; 2) pela “egiptomania’, hist6ria, os monarcas portugueses, que é areinterpretagioe oretisode que deixaram amplos registros de ‘tragos da cultura do antigo Egito, de sua paixao e interesse pelo Egito. Da uma forma que Ihe atribua novos atuacio de D. Pedro I, por exemplo, significados; e, fnalmente, 3) pela resta-nos um magnifico acervo de Na Africa, antes dos europeus, existiram varias formas de organizacao politica Apresentamos, a seguir, algumas delas: Aldeia: organizava-se em torno de um lider que julgava, distribuia terras .e comandava os guerreiros em caso de contflito. O lider era responsavel pelo bem de todos. O chefe da aldeia era ajudado por um Conselho. As pessoas se ‘orientavam pelos esprit da natureza ou antepassados mortos, idades-Estado: eram cidades cercadas que possulam governo proprio, um centro comercial e uma area rural. Possuiam mercados, comerciantes, artesios, agricultores e pastores. Reino: pode ser definido como uma reuniao de varias seins aldeias e cidades na qual vivia um lider com autoridade sobre | unidade todos 05 outros. Nas capitals do reino havia concentragso de politica overnade riqueza, poder, gente, oferta de alimentos e servigos. Quando por um rei © lider de uma cidade ou reino expandia os limites territoriais e conquistava terras e povos, estava formado um império. Império: na Antiguidade, era geralmente um conjunto de cidades ou regiées subordinadas ao governante da cidade mais poderosa sua aera ‘dete nis lade de std vostdos moda de seus doe guareas peeeonie dor ropresemame pode police oreligosa y i i i i H Vamos estudar a seguir 08 reinos do Egito © 0 Reino de Kush. Texto de apoio (continuacao) pecas egipcias, adquiridas por ele em 1824, Trés décadas depois, D, Pedro II fortaleceu o vinculo iniciado pelo ppai entre o antigo Egito e o Brasil, a0 tomar-se, em 1871, um notério estu- dioso da cultura egipcia e, pode-se assim dizer, o precursor do turismo brasileiro aquele pats De lé para cf, o interesse pela civi- lizacdo egfpcia, no Brasil, 86 tem cres- ‘ido. O surgimento, nas universidades brasileiras, de diversos programas de p6s-graduacéo com especializacio em Egito antigo promoveu conside- ravel avango no campo da egiptologia no pats. [..] £ inegavel que se desenvolveu, no Brasil, um forte imaginério social so- bre o Egito antigo. Isso se evidencia em diversas préticas de reutilizagio de elementos egipcios, que um obser- vador mais atento e mais treinado logo identificara. ..] BAKOS, Margaret. Egiptomania:o ito no Brasil So Fauo: Pais Eitri, 2008 $12. 67 ENCAMINHAMENTO + Chamar a atencao para 0 fato de os habitantes das margens do Rio Nilo te- rem aprendido a canalizar e direcionar 5 éguas desse rio. « Esclarecer que, com base na obser- Cotidiano no Antigo Egito (s antigos egipcios criaram uma civlizagao fascinante em meio ao deserto. Desde 5000 a, os habitantes das aldelas préximas ao Rio Nilo cultivavam cereals, como 0 trigo, 0 centeio a cevada, legumes, frutas,linho,algodao e papiro. 50 56 fo possivel porque souberam aproveitar as cheias do Rio Nilo. vacio da natuteza, 0s eipcios criaram tum calendario que dividia 0 ano em tr estacSes de quatro meses: periodo das cheias, da semeadura e da colheita, Texto de apoio Ll O rio Nilo era to importante para ‘© Fgito como o Faraé. Ele se forma do Nilo Azul e Branco e tem como prin- cipal caracterfstica uma inundagao anual, que fertiliza o deserto afri- ano, faganha que o transformava, ‘aos olhos dos egfpcios, em um deus benéfico, a via fluvial Assim, o primeiro dia do ano coin- cidia com o primeiro dia do més da inundacao. 0 ano oficial agricola ‘comecava no dia do nascer helfaco de Sothis e durava 365 dias, porque 198 egipcios tinham observado que o ‘mesmo se repetia apis esse periodo; acrescentaram, portanto, cinco dias suplementares ao ano de 360 dias, para totalizar o mtimero de 365 dias. tl ‘Tiés divisées, com a duragio de quatro meses cada, marcavam 0 ca- Iendario de trabalho egipcio: akhet, ‘inundagao; peret, emergéncia da ter- ra, momento da semeadura e colhei- ‘a; shemu, seca. No final de maio, observava-se 0 ‘mais baixo nivel do rio, Durante o més de junho, o Nilo, entre 0 Cairo e Aswan, ‘comecava a subir. As éguas atingiam ‘© Egito mais ou menos em agosto e Tevavam a inundacéo ao seu mais alto nivel. Atéo final de setembro, as 4guas ccontinuavam a crescer, permanecen- do depois estacionérias por duas ou ‘és semanas, Em outubro, apés ligeiro crescimento, as 4guas comegavam @ baixar e, em maio, estavam novamen- te no seu baixo nivel. [..] re) Até anos recentes, quando a en- chente comecou a ser controlada, © nivel de crescimento durante a inundagao parece ter sido aproxi- ‘madamente o mesmo que foi na An- 68 ‘umedece ators 2 Apart de novemio, os Ssquasbatam,ovioveta cobetapruma ie comado ‘esimus,quefavrece 2 praia apc #3. Ateraterzaa pelo ime ements 4 Evrae uo, core 2 época dcaineta tiguidade. Os registros dos nilometros mostravam que uma enchente de seis metros néo era suficiente e que a de nove metros causava muito dano. ideal era de sete a oito metros, que significava um grande alagamento. ‘Quando as 4guas voltavam ao seu Ieito —no outono -, a terra ficava co- berta com um solo fértil adicional, O ritmo da vida egipcia era rigoro- samente repetido: de fim de julho a ‘meados de novembro, quando o vale estava inundado, nao se faziam tra- balhos agricolas, era o periodo para a corveia, dedicado & construgio das edificagdes monumentais e &s expe- digGes ao Sul; era a époce ideal para ‘transportar materiais de construgéo e cargas muito pesadas, como esté- ‘tuas monumentais, diretamente das jazidas para os templos e cemitérios ‘Até 1600 a.C,, 0 Nilo foi a principal rota de transportes, porque os egip- cios nao conheciam 0 vefculo com Todas nem os cavalos. O transporte naval era téo usado que as expres- ses comuns “ir para o Norte” e “ir para o Sul" tinham representacdes de Para alguns histriadores,o Ejto¢ um presente do lo Nilo 18 para outros, foi gragas &agéo humana que o Fgito ens, Com qua das duas vss voc concord? Texto de apoio (continuacao) bbarcos como hieroglifos determinati- ‘vos: ir para o norte —bote sem vela —ir ppara o sul—bote com vela. Isso porque © Nilo corria da foz, nosso sul, para © delta, nosso norte. Na concepcao egipcia, norte situava-se na foz dorrio eosul, no delta. De meados de novembro a mea- dos de marco, era preciso construir sementeiras e manter as culturas horticolas; de meados de marco a meados de julho, ceifar e preparar a cchegada de nova cheia, Semeadores e Papi: planta native do Esto ‘sada para Fazer cords fsteirase uma expécie de papel de boa qualidade ‘mus! restos de plantas lavradores operavam ou em conjunto, ‘ou.a0 contrério da rotina atualmente: primeiro semeavam para, em segui- da, lavrar, cobrindo a semente com a terra e ndo tracando sulcos. O arado era rudimentar e servia apenas para arranhar 0 solo. Como empregavam vvacas pequenas nesse trabalho e nfo bois, fica provado que o esforco ‘gido ndo era muito grande. Quando as espigas amarelavam, reaparecia escriba real para conferir a expecta- tiva de colheita e estabelecer a parte que caberia ao Farad. Aceifa ea debulha representavam ‘um trabalho de tempo integral, duran- te semanas, Os homens cortavam as cespigas com uma foice de cabo curto e as mulheres recolhiam as espigas, que eram lancadas sobre ur terreiro, em ‘cujo solo batido entravam bois e ho- ‘mens, Enquanto os primeiros pisotea- vvamn os cereais, os homens revolviarn as espigas com os ancinhos, separando apalha do alimento, Hoje se reconhece o ritmo de for- ‘mago da enchente, que se dé devido ‘a0 transbordamento dos varios tribu- térios do sul. Na mitologia, acredita- vva-se que a inundaglo originava nas ‘cavernas subterraneas situadas na regido da primeira catarata, perto de Aswan. Os deuses da regiao Khnum, ‘Anukis e Satis, tinham especial im- portancia, porque podiam interferir na enchente ‘Uma inscrig&o esculpida durante o periodo Ptolomaico, na ilha de Siheil, recordava uma “fore” que suposta- mente ocorreu no Egito durante reinado de um tei identificado, por alguns historiadores, como Djoser da Terceira Dinastia (2600 a.C). Em ‘um sonho, Khnum anunciou para o rei que o fracasso da inundacao devia-se a terem sido negligenciados os deuses da regido das cataratas. (O Rei, por decreto, restabeleceu os territ6rios e as oferendas aos deuses, assegurando que a enchente atingiria onivel desejado. A espécie humana curvava-se, nesse perfodo hist6rico, Ainatureza, cujo trato devia obedecer aos rituais: temia mutilar um deus se nao cortasse da maneira usuéria uma pedra, ou enterrasse uma se- mente, ou debulhasse, ou cortasse cespigas, de forma no convencional. BAKOS Margret. Fatos e mitos do Antigo gio, Prt Alege: EAPUCRS, 2014 p. 61-65, 69 ENCAMINHAMENTO + Comentar que 0 Alto Egito e 0 Bai- x0 Egito permaneceram separados até por volta de 3100 a.C * Esdlarecer que 0s periodos intermedis- rios eram caracterizados pela descen- tralizacio (entraquecimento do poder dos farads) e decorriam geralmente da desorganizacao do Estado, de revoltas contra impostos abusivos e de lutas in- termas entre os nomarcas. IMAGENS EM MOVIMENTO ‘+ ONASCIMENTO de um império: Pla- neta Egito. Duragéo: 43 min. Disponivel em: . Acesso em: 15 ago. 2018. Documentario sobre a historia do O Império egipcio Nomos:equivalente a provincia; dea cujos Febitantes adoravam ‘mesma deus © Seguiam os mesmos fitos Os nomareas (administradores fos nomes) tinham Stonomia (maior 08 ‘menor) conforme 0 poder do faraéreinant, Nas aldeias, as disputas por terras férteis e poder levaram a aliancas e querras entre os chefes. (Os vencedores passaram a governar um territério maior e com mais pessoas, os nomos. Os adminis- tradores dos nomos eram os nomarcas. As disputas lentre os nomarcas deram origem a dois grandes reinos: 0 Alto Egito, localizado no sul, e 0 Baixo Egito, localizado no norte, Por volta do ano 3100 a.c., 0 rei Menés, do Alto Egito, con- uistou 0 Balko Egito, unificando os dois reinos. Menés tomou-se ‘entdo o primeiro faraé (nome que se dava ao rei entre os egipcios) € 0 fundador da primeira dinastia (sucessdo de reis per: tencentes a uma mesma familia). Nascia, asim, 0 Império egipcio, com capital na cidade de Tinis, depois substituida antigo Egito. Texto de apoio Narmer Soberano egipcio, chamado Menés ppelos gregos. Segundo alguns autores, ‘onome de "Menés" parece ser um tulo ligado a ideia de unificagao, e nao um antropénimo, Para outros, ‘Narmer seria apenas o nome sagra- do ou inicistico de Menés no culto a0 deus Hérus. Tido como primeiro fara6 efetivamente humano do Egito, ‘uma vez que os anteriores sao, pela tradicéo, considerados semideuses, [Junificou 0s reinos do Alto Egito do delta do Nilo, iniciando a primei- 1a dinastia faraGnica, Entdo, fundou ‘Ménfis, levantou os grandes diques que protegiam a cidade contra as 70 Estdua co fara6 Khare com _acabega envota nas asa5| dodevs letobs de Gina ‘nig impéri, Dasa. Museu Epc Cave Epa Fonte da lustvaio: FUNARL, Raquel dos Santos. 0 Fate ‘ds forage sacerdotes or Ment, atual Cairo. Ei li ‘Nessa lata, a eequeré vemos ofaraé a corea do Sabo Egon cenvo,com aces ose Etec, 8 datacom aco represetande aunieschodo Ata como Baba Ege. Period: pao A histéria politica do Império egipcio pode ser dividida em trés periodos, entre os quais existiram os “periodos intermediarios", quando © Egito,viveu momentos de crise, com 0 enfraquecimento do poder do f 3100ac anc. tate 20 cheias do Nilo e introduziu o culto de Sobeq, 0 deus crocodilo, e 0 boi do Apis no Faium, M, Bernal estabe- lece intrigante correlacdo entre esse fara6, chamado Min por Her6doto e introdutor do culto do boi Apis no Egito, e 0 talvez lendério rei Minos, soberano cretense de Cnossos, senhor de vasto império maritime, filho de Zeus e Europa, o qual, segundo um mito, teria dominado 0 monstro mi- notauro, trancando-o num labirinto. Lembra ainda Bernal que o labirinto era uma tradicéo egipcia, Em abono a 15 @ invasdes externas. Veja a linha do tempo. 2ig0ac_200ac. essa afirmagio, veja-se que Herédoto descreveu com esse nome o palicio de Amenemat Il, proximo ao Faium, formado por uma infinidade de cima- ras idénticas, Segundo Anta Diop, a partir de exame de uma escultura que o representa, reproduzia no primeiro tomo de sua obra Nations négres et culture, Narmer “ndo era, seguramen- te, ariano, indo-europeu nem semita, ‘mas indiscutivelmente negro”. LOPES Nei. Dicionatio da antiguidade afti- ‘cana, Rode Jano: Clacio Basle, 2011 208 Antigo Império (cerca de 2680 a 2180 a,c): periodo de certa estabilidade politica e de progresso econémico. Médio Império (cerca de 2040 a 1780 a.C.): periodo em que os egipcios expandiram seu territério em direcao 0 sul e intensificaram seu comércio com a Nubia, regido habitada por ovos negros e rica em minerais, entre (05 quais 0 ouro. Apesar da prosperi dade material, 0 Egito se enfraqueceu por causa de disputas pelo poder entre (08 préprios egipcios. Enta0, 0s hicsos, povo originario da Asia Central, atra vessaram o deserto e invadiram o Egito, 16 permanecendo por 170 anos. expulsso Texto de apoio © Novo Império Aatividade militar seria marcante ‘em todo 0 Novo Império, considera- do o apogeu da civilizacdo egipcia. £ desse perfodo da Histéria do Egito ‘Antigo que temos o maior ntimero de ‘monumentos e, consequentemente, de informacées, A invasao dos hicsos nao s6 des- pertou a necessidade de defesa das fronteiras como também criou um espirito guerreiro nunca antes visto, € ‘Busted una muterjaver, possvelmente mana de Akhenaten Ego «133636, Novo Império (cerca de 1580 2 1070 a.C): esse periodo inicia-se com a dos hicsos. Os fara6s do Novo Império organizaram um poderoso exér- cito com cavalaria e carros de combate €@, depois de conquistar o Reino de Kush, ‘ocuparam a Siria, a Fenicia e a Palestina, estendendo seus dominios até o ro Eufrates, na Mesopotamia, Pura teresentandoamessé i [e-11861353 aC] eneonrads er sera tums, lebas Ege 10709 65500 5250C etamedinne “oo at 0 faraés passaram a dirigir imimeras campanhas militares, ‘Tothmés Il (1479-1425 a.C) & con- siderado um dos maiores faraés, pois comandou guerras que resultaram na criagéo de um Império Egipcio na Stria-Palestina, Essa era uma regido ‘com importante atividade comerci formada por cidades politicamen- te independentes, mas obrigadas a pagar tributo ao fara6, Uma vez nao ssendo enviado o pagamento, a cidade era punida através de uma incurséo militar, que resultava em saques € ENCAMINHAMENTO * Enfatizar que, durante o Antigo Im- perio, o territério egipcio esteve dividi- do em 42 nomos, administrados por omarcas que deviam obediéncia aos fara6s reinantes. Dica de leitura + SCHNEIDER, Mauricio Elvis. O Egito ‘Antigo. 2. ed, Sao Paulo: Saraiva, 2004 O lvtoO Egito Antigo aborda temas como politica, economia, sociedade e religiSo no Egito Antigo destruigdo. A presenca egfpcia era marcada por alguns poucos oficiais emfnimas forgas militares. [..] t Omnilitarismo do Novo Império ob- viamente fez crescer a importancia do exército — envolvido diretamente na politica imperial -, bern como da classe sacerdotal, beneficiada com ‘o grande aftuxo de riquezas ao pais. ‘As campanhas militares eram de- dicadas em especial ao deus Amon, de Tebas, e se faziam sob sua prote- ‘so. O clero de Amon tomou-se rico poderoso com as doacées oriundas das conquistas militares e tributos estrangeiros: terras, gado, servicais, barcos, metais preciosos etc. Esse fortalecimento deu ao clero forgas para assumir o poder politico: foi assim que se encerrou o Novo Im- pério, quando, em 1070 a.C., Herihor, 0 ‘sumo sacerdote de Amon, proclamou- -se faraé, inaugurando a 21" dinastia €03* Perfodo Intermediério [.]. SCHNEIDER, Mauricio Ehis.O Egito Antigo. ‘do Paulo: Sariva, 2004p. 911 n ENCAMINHAMENTO Dialogando ‘A questéo visa trabalhar o conceito cde mobilidade social (praticamente ine- xistente no Egito antigo) ‘Ah. em egptolosia Margaret Bakas fala sobre o lugar socal da mulher no antigo Eaito. Texto de apoio Os egipcios antigos marcavam 0 seu tempo de vida a partir do inicio do reinado dos Farads. Quando era importante referir o momento de um acontecimento, eles invariavel mente situavam o fato no ano X do Farad Y. Por isso, a morte de um Faraé gerava PAnico no Egito: era o final da vida que deveria imediatamente recomecar, ‘com um novo Faraé.O periodo entre ritual de osirificagao de um Fara6, sua mumificagao e preparacdo para assumir as fungoes de governante do ‘mundo subterréneo,e a entronizacéo de um novo, para o papel de Horus, era de luto e aterrorizante. O conhec- do provérbio:“O rei morreu, viva 0 rei” bem pode ter sua origem, do anseio popular, nesse periodo histérico. [..] Os egipcios antigos eram indife- rentes a epis6dios estranhos aos seus mitos e, se eram forcados a admiti-los, apressavam-se a incorporé-los logo a seu repertorio lendério. O mundo egipcio viveu por muito tempo & mar- gem da histéria, porque seu pensa- ‘mento era mitico e atemporal. ‘As agbes do Faraé eram sempre as ideais, segundo a tradigo miti- ‘ca, nem 0 seu corpo podia mostrar alteragdes com as mudancas climé- ticas. Conforme palavras de um hino do Reino Médio, acreditava-se que 0 Faraé era um refrigério durante ‘© Chemu, estacao mais quente do ano, e um recanto aquecido pelo sol durante o Perit, a estac&o mais fri. (MONTET, 1989: p. 41) [..] Mumificava-se o rei morto para cconserv-lo, pois dele dependia 0 co- mando do mais importante aconte- ‘cimento ciclico do Egito—a enchente do Nilo. Acreditava-se que uma es- trela especial participava, juntamen- te com 0 Fara6 morto, desse fato: a estrela Sothis, cujo parentesco com 2 Sociedade e poder A sociedade egipcia mudou pouco ao longo de séculos, pols no antigo Egito as chances de ascensao social eram inimas. Quase sempre o individuo nascla e morria perten- cendo a0 mesmo grupo social No Egito antigo, alguém nascido uma fia pobre, por exemple, mesmo se esforgando, nunca hegara a ocupar tum alto cargo no (govern. No Bras de hoje @ assim também? O farao No Egito, desde o mais humilde camponés até o pode: +00 faraé acreditavam na existéncia de uma vida apés a morte. Por isso, varios faraés ordenaram a construcio de Jimensos timulos, as piramides. Para o fara6, mandar erguer uma piramide era uma forma de garantir sua “casa da eter: nidade”, local onde esperava continuar desfrutando dos, prazeres terrenos. jos, © fara6 era mais do que um ser de origem divina: era o proprio deus. Ele era 0 governante maximo, o comandante militar e 0 juiz supremo do Egito. Além disso, era considerado 0 dono de todas as terras egipcias; por isso, recebia impostos (pagos em produto), acumu- lando assim enorme riqueza, (Os faraés construiam para si tumulos magnificos, como, por exemplo, as piramides de Quéops, Quéfren e Miquerinos, edificadas por faraés do Antigo Império {que tinham esses nomes e eram parentes entre s. ustedere Famers Musou stiri, Landes, 2036 2 (Osiris era complexo, pois era simulta- neamente sua irma, sua mae e sua ‘filha. Sothis era importante sinaleira ppara o infcio das cheias. Exatamen- te na época em que o Nilo comeca- vaa ter suas aguas engrossadas na nascente, os egipcios observaram o fenémeno do reaparecimento da es- tela SIRIUS, chamada pelos egipcios de SOPDIT, desaparecida hé algum ‘tempo do firmamento. Quando ela ‘inalmente ressurgia por um instante zna margem leste, logo antes do nas- ccer do sol, tinha inicio o fendmeno da inundagio do Nilo, que se forma do Nilo Azul e Branco, tendo como principal caracteristica a inunda- ‘do anual, causada pelas chuvas na Africa central, misturando neve e chuvas das terras altas da Eti6pia, tornando-se, para os Egipcios, um deus benéfico. BAKOS Margaret. Homem e habitat no Antigo Esto. Phoinix, io de Jane. 95-96, 1995. Disponive em: . ‘cess em: 13 set. 2018 Os altos funciondrios e os sacerdotes Entre os altos funcionarios do governo egipcio, estavam o viair eo escriba ‘elvedatumba de goverador vit gio Ramose,c.1364.1347 at © viair era @ maior autoridade do pais depois do faraé; ele comandava a policia, a justiga e a arrecadagao de impostos em todo fo Império, Os escribas, por sua vez, também ocupa- ‘vam posicdo de destaque; eles trabalhavam para 0 Estado, para os templos religiosos e para 0 Exército. Para exercer a profissao de escriba, 2 pessoa precisava estudar desde 05 cinco anos em uma escola especial, onde aprendia célculo, leitura e escrita. De posse desses conhecimentos, os escribas controla- vvam toda a vida econémica do Egito: as éreas cultivadas, 05 rebanhos, o volume da colheita, 0s impostos arrecadados etc. 438 08 sacerdotes executavam os servi- 408 religiosos e administravam os templos, {que geralmente eram muito ricos, gracas 45 oferendas feitas pela populacao. um etordte 26'dinata 664-525 236} Musou do Louvre, Pare, Fraga scuuraem granitorepreretands [ Texto de apoio (0s escribas Os escribas eram responséveis pela ccriacdo dos simbolos, que Ihes atri- ula, sem diivida, o status de profis- sionais mais valorizados na sociedade egipcia. O escriba era indispensével para a anotacao de dados e de proce- .Acsso em 13 set 2018. 2B RESPOSTAS E COMENTARIOS 4) Resposta pessoal. Comentar que © texto é de um escriba que aconselha ofiho a seguir o seu oficio, De posse dessa informacdo, 0 aluno poder propor como titulo: “Conselhos de lum pai”, por exemplo. b) Aquele que se dedicar aos estudos, diz ele: nem precisara trabalhar no campo, nem pagar impostos; além disso, podera se livrar da vida peri- osa de soldado; teré quem o sina; e seré elogiado por todos. ©) No Brasil atual essas habilidades s50 cada vez mais importantes para atuar no mundo do trabalho e sobreviver com dignidade. Professor: refletir com os alunos sobre as dificuldades enfrentadas por analfabetos e anal- fabetos funcionais nos varios campos da vida social (trabalho, cuitura, lazer, entre outros). Texto de apoio Dada a importancia dos registros Teligiosos e administrativos, podemios dizer que toda a civilizagao egipcia dependia dos escribas. A escrita era ‘muito complexa e exigia um estudo longo e aprofundado. Os escribas aprendiam a lere a escrever em esco- Jas ligadas ao palécio do fara6 ou aos ‘templos, onde se copiavam livros e documentos. Aprendiam também os hhieréglifos e a tScnica de se fazerem ‘anotagoes em pedras, para realizar as inscrigées oficiais em monumentos. Figuras tipicas das cidades, os escri- bas também podiam ser encontrados nas aldeias, onde ensinavam seus réprios filhos e outras criancas.[..] ‘A profissio de escriba exigia um treino bastante érduo que se estendia por muitos anos, mas era atraente [por ser menos penosa que 0 trabalho no exército ou na agricultura. Os pou- cos egfpcios que chegavam a escriba ‘ocupavam posigées muito variadas na sociedade. Os melhores cargos eram aqueles diretamente ligados aos faraés: secretério do rei, escre- vente de cartas, Os escribas exerciam as mais variadas funcGes, tanto na corte quanto nos nomos e até mes- ‘monas aldeias. Normalmente, como 74 unui © texto a seguir foi extraido da obra Sétira dos oficios, um texto do Egito antigo que aborda a fala de diversas profissoes, inclusive a do escriba Lela-o com atengao. S@ escriba, Nao terds canseiras e ficarés preservado de outros tipos de trabalho. Nao terés de transportar a enxada, a picareta e 0 cesto. Nao ters de guiar 0 arado e serés poupado a todos os tipos de canseira escriba manda em todos, Quem trabalha escrevendo néo paga impos- tos, nio é obrigado a pagar, Lembra-te bem disto... 8 escriba para que ppossas estar livre da vida de soldado, para que possas chamar e alguém responda: “Estou aquil”, para que possas estar livre da vida de tormentos. ‘Todos procuram enaltecé-lo. Lembra-te bem disto. ‘TRECHO de Sra dos ofcos. In: SCHNEIDER, Mouro 0 git antiga. sera pincpl ds argos resiede Sagar. stl daports Fan de Mery Chitra spp, Aig imp, DnastiaV iso d Lowe Pari Fong ‘se passava 0 cargo de pai para filho, havia pouca oportunidade de um escriba de aldeia chegar a escriba de faraé, mas, como essa era uma profissdo que exigia muito estudo, era ppossfvel, em alguns casos, escribas de ‘rigem hurmilde atingirem postos da administracdo, gracas exclusivamen- te ao seu conhecimento. Para estudar o que quer que fosse, cera necessério tornar-se primeiro um escriba. O filho de um médico, por exemplo, devia aprender com seu pai a parte pratica da profissao, mas, 20. S30 Paulo: Saraiva, 2008 p20. (Qua histor et. 8) Dé um titulo ao texto. b) Que argumentos o autor do texto usa para convencer quem esté lendo? 9) O texto 6 um indicio de que ler e escrever ‘eram habilidades importantes no Egito antigo. E no Brasil de hoje, essas habili- dades continuam sendo importantes? para estudar os tratados sobre re- médios, indicagoes ¢ diagnésticos e sobre cirurgias, fraturas ou parto, era preciso, antes, dominar a complicada escrita egipcia, Pesquisas arqueolégi- cas localizaram alguns papiros que tratavam do nascimento de bebés. Além dos médicos, eram escribas também os sacerdotes, os arquite- tos e os supervisores de celeiros, de armazéns e de gado. FUNAR, Raquel dos Santos.O Egito dos fa- rads e sacerdotes, io Paulo: Atal, 2001 22,24 Artesdos, comerciantes e militares ‘Adobe: um tipo de tla preparado com args crus Secada a0 #0 05 artesaos egipcios (carpinteiros, ferreiros, joalheiros) feram conhecidos no mundo antigo. Com a madeira, faziam, brinquedos, méveis, barcos etc; com adobe, areia e pedra,, construiam casas e os palacios; com © ferro, confeccionavam armas, ins ‘trumentos de trabalho e carros de guerra; com 0 papiro, produziam © papel e uma variedade de cutros abjetos; com os metals, faziam joias e ornamentos. ‘ai de Amentatepi Vale dos ei, 18+cnastiac.156713208C}- Museu Ei, Cao Egto Nos periodos de maior pros- peridade, como, por exemplo, no Novo Império, o comércio interno e externo cresceu, possibilitando 0 ‘aumento da riqueza dos comer tes. Com as guerras de conquista durante © Novo Império, os mi tares do Egito antigo também conseguiram riqueza e prestigio: muitos deles lutavam em troca de terra ou de parte dos saques reali zados durante essas guerra. eprsentag de use san cauogem ateand Um Irimig¢ 1240 a Madeirs pinta encores no tezairo Totanetmen Moses Epi, CarosEgte 75 Texto de apoio Rotas de comércio [..] as antigas rotas de comércio africanas no vale do Nilo inclufam ‘um ramal que comegava na costa do Egito, estendia-se para o ceste através do Mediterraneo e, para 0 norte, ao longo do litoral oeste eu- ropeu até omar Baltico.[..] 0 arqueé- logo A. H. Sayce refere-se, em The Date of Stonehenge, livro de 1914, a ‘um ramal dessa rota, 0 qual ligava ‘ovale do Nilo a Europa ocidental, especialmente as Mlhas Briténicas € a Escandinévia, Daf os relatos conti- dos em antigas tradicdes dos povos nérdicos, referidas como Old Norge Sagas, dando conta da presenca de negros africanos na Escandinavia “a época dos viquingues" |. a Vi dinastia egipcia, africanos iam buscar mbar no mar Baltico. Depois do ano 1000 a<, [..] duas rotas prin- cipais cortavam o Saara: uma ligando © atual Marrocos ao oeste africano, do Atlantico a aproximadamente o atual Mali; outra unindo a atual Tu- ENCAMINHAMENTO * Comentar que se acredita que os egipcios foram os inventores do vidro, + Explicar que, com 0 couro, 0s arte- 8805 egipcios faziam calcados, escudos e-assentos. + Mencionar que os barcos eaipcios, cartegados de trigo, linho e papiro, salam do porto de Menfis (no delta do Nilo) e iam até a ilha de Creta, a Pales- tina, a Fenicia ea Sia + Esclarecer que, na Fenicia, os egipcios iam buscar o cedro, madeira preciosa ‘que usavam para fazer casas, caixdes mortuérios, navios, carruagens, escul- tras e brinquedos variados. + Chamar a atencdo para o fato de os fenicios exportarem para outros luga- res 0 papiro que adquitiam do Egito; assim, esse produto egipcio chegava a lugares ainda mais distantes. nisia e o ceste da Libia & regiao do Tago Chade, af incluida Nok, centro de ‘expansio das cidades iorubas, ligada ‘a Cartago por uma antiga rota do co- mércio. Ki-Zerbo refere uma ligagao do Alto Nilo ao rio Niger, através do Darfur. ..] entre 200 e 100 .C, tribos berberes organizaram um sistema de ‘caravanas unindo a regio do Chade ao Alto Nilo, bem como & regido de Nok e & parte mais ocidental do con- tinente_[. nas rotas que levaram a0 mar Vermelho e de lé a india, evita- va-se 0 deserto da Libia, utilizando- -se uma bifurcacdo que seguia, pela parte leste do Ennedi, em direcéo a0 Alto Egito, através de Assu. Por volta do século V d., os povos do deserto ‘comegaram a utilizar cavalos vindos do norte da Arébia. Esses animais facilitaram 0 comércio transaaria- no: mercadorias como sal, armas de fogo, contas de vidro, e até mesmo cavalos, eram transportadas para 0 sul, enquanto mercadores levavam marfim e especialmente escravos ara o norte. A apropriacdo dos ex- cedentes da agricultura e 0 controle sobre esse comércio deram origem a sociedades estratificadas, incluindo 0s trés histéricos reinos de Baguirmi, Kanem-Bornu e Uadai. ..] LOPES, Nei. Dicionario da antiguidade africana. Roe Janet: Ciiacio Bras, 2011p, 259-260. 75 ENCAMINHAMENTO + Ressaltar que 0s camponeses traba- thavam muitas horas por dia; e, além de realizarem todo tipo de servico nas propriedades dos fara6s, dos sacerdo- tes e dos altos funcionarios publicos, a qualquer momento, podiam ser con- vocados pelo Estado para trabalhar nas ‘obras péblicas, + Informar que os escravos eram ob- tidos, geralmente, nas guerras de con- Os camponeses e os escravos (Os camponeses, chamados no Egito antigo de felas, constituiam a maioria da populagso e tinham uma vida ‘muito dificil; nas propriedades agricolas eles faziam todo tipo de servico (arar, plantar, colher, abrir canais, construire consertar) e, em troca, recebiam apenas uma pequena parte do que plantavam. E ainda tinham de pagar um imposto ‘em produto (cereals), que era recolhido aos armazéns do faraé. Além disso, eram obrigados a trabalhar em obras do governo, como abertura de estradas, limpeza de canais auista, € transporte de pedras usadas na construcao de timulos, templos e palacios. Texto de apoio Em muitas imagens [.. aparecem. ‘camponeses ocupados nas terras, nas épocas de semeadura e colheita. Du- ante a cheia do Nilo, quando o cam- pose transformava num grande ala- ‘gado, do qual apenas as cidades nas colinas ficavam a salvo, havia algum ‘tempo para o descanso. A cada ano, a inundago depositava, no verdo, um {értilodo sobre os caripos & margem do Nilo; as pessoas entao bastava es- palhar as sementes, com a ajuda de ‘uma junta de bois. Os gros de trigo e cevada germinavam e amadureciam do inverno para a primavera. Além do trabalho de plantar e colher, havia 0 de manutengéo do sistema de irriga- ‘cdo. Eram permanentes a construgéo de diques, a abertura de canais para deixar a 4gua correr de urn nivel para ‘outro, assim como o uso do chaduf, ‘uma espécie de méquina para levar ‘a gua para a irrigacdo. Todo esse trabalho era organizado nas proprias aldeias ou nomos. Os camponeses vviviam em cabanas bastante simples, muitas vezes com seus animais.[..] ‘No Egito, havia também escravos, geralmente estrangeiros capturados durante as guerras, Os egfpcios guer- reavam para conquistar matérias- -primas e escravos; por essa razio, ram constantes os conflitos ao sul, em diregéo & Nabia, ea leste, em di- reco & Palestina, Jé havia escravos ‘no Antigo Reino e, em ntimero maior, no Médio Reino; entretanto, eles se 76 Os escravos eram, geralmente, prisioneiros de guerra € faziam 05 trabalhos mais pesados e perigosos em minas, pedréiras.e nas grandes obras piiblicas. 26 tomariam mao de obra de destaque apenas no Novo Reino, periodo em que o Egito dominou reas mais dis- tantes. Os escravos exerciam fungses muito variadas: podiam ser usados em trabalhos pesados, como nas mi- nas, mas podiam servir até mesmo ‘como assessores dos governantes ou ‘ocupar altos postos no exército. [.-] Vale lembrar ainda que os es- ‘cravos podiam possuir bens, casar-se deixar heranga. [ ‘Mas ndo era apenas sobre os ‘ombros de escravos de guerra e de ‘camponeses que se mantinha essa civilizagao; havia trabalhadores li- vies egipcios de todo tipo: pedrei- 10s, pintores, desenhistas, escribas, metakirgicos, escultores, artesdos di vversos, Muitos documentos egipcios sugerem que, na maioria das vezes, as profissbes eram passadas de pai para filho, por muitas geragées. Es- ses trabalhadores viviam em casas bastante modestas, em bairros ope- rérios, com poucas comodidades.[..] FUNARL Raquel dos Santos. Egito dos faraés ce sacerdotes So Fave: Atul, 2001p. 13415 A religiosidade egipcia A religiosidade era um trago fundamental da socieda- de egipc deuses. Entre os mais conhecidos, estavam: Amon-Ra, criador 0s egipcios eram politeistas, isto é, acreditavam em varios } do Universo e de todos os deuses; Osiris, deus da vida apés 3 morte; Isis, irma e esposa de Osiris; e Horus, 0 flho deles. Seus deuses eram representados com forma humana, como al, como Hérus (corpo de Osiris, com forma humana e homem e cabeca de faledo), ou somente com a forma animal, como Andbis. (0s egipcios acreditavam na existancia de uma vida apés a morte e que toda pessoa, a0 morrer, era julgada no Tribunal de Osiris. clara de madi pinteds representande a douse. les, duende materiace protetra da natweza 8 ma ds dvindades ais apulares do gi ange. con que vemos et pintads mt lumpapeedoLiwedesmartese reusta gamete decaapio de Umeserbadenome Hater Ge leva eam por Anis (us os mvt) aéanaangadajoriga Us, ‘seucaagio 6 clocadorum dos tse, nocuto, posta = panea ercadeedajusiga. Ocrayzo devia pedia Texto de apoio Livro dos Mortos |]0 Livro dos Mortos [ ‘ve o futuro da alma no mundo inter- mediério apés a morte, Este mundo era conhecido como Dwat pelos an- tigos egipcios, mundos inferiores ou ainda purgatério para os catélicos. (Os egipcios antigos acreditavam que existiam trés mundos: o mundo in- ferior, Ta; o mundo superior, Nut eo mundo intermediério Dwat. A alma viaja do reino de Ta (Terra) para 0 reino de Dwat (mundo inferior) e f- Lowe Pais Fran, Livro dos morts:conjunto de textos nos quais 0 morto fexpunha suas quaidades e ealvigao a0 deus Osiris, nalmente para os reinos espirituais de Nut (céu), seja para renascer ou para unir-se com as almas perfeitas que nao esto mais sujeitas as leis da reencamacéo. [.] Os antigos egipcios acreditavam. que Tehuty escreveu o Livro dos ‘Mortos hé 50 mil anos. As compo- sigdes dos capftulos de o Livro dos Mortos so apenas parte dos livros escritos por Tehuty, © Livro dos Mortos é composto de textos que devern ser lidos e legali- zados pelos vivos a fim de ajudar 05 ENCAMINHAMENTO + Evidenciar que a religi8o estava pre- sente tanto na vida publica quanto na vida privada dos antigos egipcios; e ‘erar comuns as oferendas a0s deuses para pedir ou agradecer. + Construir 0 conceito de politeismo. + Explicar que, desde muito tempo, 05 antigos egipcios cultuavam o Sol, cha- mado por eles de Ra. Quando a capi- tal do império foi transferida para a c- dade de Tebas, Ré foi identificado co- mo o deus tebano Amon, surgindo dat ‘Amon-Ra, que 0s egipcios passaram a ver como 0 “rei dos deuses” + Mencionar que, enquanto Amon-Ra €er@ 0 deus mais cultuado ofcialmente, Osiris, deus da vida apds a morte, era ‘© mais popular. * Informar que, no Tribunal de Ostis, se © coraco do morto tivesse peso igual ‘ou menor ao que o da pena, 0 individuo seria Salvo por Osiris e iia 20s Campos dda Paz, onde conviveria com outras al- mas iluminadas. Caso contrério, iia a uma espécie de purgatorio ou se tor- naria uma alma perdida vives e os mortos em suas jomadas pelos mundos inferiores. Destinam-se ‘a assegurar que poderiam encontrar ‘co caminho para os reinos espirituais e assim serem salvos das trevas de ‘Dwat e ainda para atingir o reino de Earu ou 0 jardim dos Juncos, onde a verdadeira paz envolve a alma. [...] 0 Livro dos Mortos é 0 tinico re- gistro vivo de um mistério duplo: 0 mistério da vida e o mistério da mor- te. £ considerado por muitos como a palavra de Deus pré-crista.[. O Livro dos Mortos é na realidade © livro egipcio da vida: vida atual, futura e vida eterna, Na ceriménia finebre, queimava-se uma cépia com o falecido a fim de dar 4 alma ferramentas que assegurassem seu futuro em outra vida, [..] SELEEM Ramses. O Livro dos Mortos do Antigo Egito. Sao Paulo: Madras, 2003. pieta 7 ENCAMINHAMENTO + Explicar que a transformacao do cor- po de um morto em miimia dependia ddas posses da pessoa; 0s mais pobres, geralmente, enterravam seus mortos na areia do deserto. 14 08 ricos, espe- cialmente 0s faraés, eram mumificados or técnicos especiaizados nesse ofico, * Informar que, além de objetos, eram deixados nos timulos textos que o mor to deveria usar para pedir sua absolv- 80.4 Osiris * Esclatecer que, posteriormente, esses textos deixados nos timulos foram reu- nidos em um conjunto dnico: 0 Livro dos Mortos. IMAGENS EM MOVIMENTO + OLIVRO dos Mortos. Duracao: 90 min, Disponivel em: . Acesso em: 2 ago. 2018. Documentario sobre o Livro dos Mortos, Texto de ap ‘A fungo mégica da arte egipcia Para os antigos egipcios, dar forma & matéria nao era um ato de puro deleite, o que nao significa, evidente- ‘mente, que eles deixassem de extrair muitas satisfagbes estéticas disso. ‘Mas os fundamentos do ato artistico ‘encontram-se fora das preocupagies estéticas em si mesmas: eles se si- ‘tuam na esfera das crengas relativas 0s mortos e aos deuses — portanto, ‘no mundo sobrenatural. Desenher, esculpir e pintar permite dar corpo as presencas invistveis nas quais 0 espirito humano acredita, criar obje- ‘os reais para 0s ritos que Thes con- ‘cemnem, fabricar suportes para todos ( gestos essenciais que asseguram a ligacao entre os humanos e o mundo dos deuses. Concebé-los €, portanto, ‘um ato importante e grave cuja eficé- cia, antes de tudo, é 0 que se busca, [10 desafio € considerével: trata-se de conceber a morada terrestre do no, de The assegurar abrigo e protecio, de manter a ordem dos deuses na Ter- 1a,de alcancar aquele equiltbrio divino que é garantia de permanéncia,[.] O aspecto magico das represent ‘96es é maior; o mesmo ritual de “ani- ‘macéo”é executado sobre as estétuas e sobre as miimias, Considera-se que cle & capaz de abrir a boca eos clhos", a fim de fazé-los viver. Algumas est8- 78 Em caso de absolvicao, a alma podia reocupar 0 Mumifeagioe ttamento por corpo a0 qual pertencera ‘Mas, para isso, diziam os egipcios, era necessario ‘raneformando:o que o corpo estivesse con- | ¢™ mimis, ‘Una funeréia: servado. Isso explica por | Zaixio de defunt que 0s egipcios desen- | Lépis azul trae de um volveram técnicas de | ‘a. de um mumificagéo. A mimia | arulmarino cera colocada num sarcé- | S820 pat ser fago; este era posto em uma ‘uma funeraria e conduzido até o tmulo. Lé, costumavam-se deixar varios objetos, como joias, amas, alimentos, que, pos- teriormente, segundo acreditavam os egipcios, teriam grande Uitilidade para 0 morto, A riqueza e a variedade dos abjetos dependiam das con- digdes de cada um. No timulo do faraé Tutancdmon, por exemplo, havia um aposento repleto de objetos de luxo,, muitos deles feitos de ouro: cadeiras, carros, armas, barcos, ~armarios, poltronas, bastdes, colares, estatuas, aparelhos de ‘mesa, objetos pessoais ete. Sua mobilia era composta por ‘rseiatecomoatho ser 943.922 30. Museu Exel. Cao, pio 28 tuaS foram miuradas para sempre nas capelas das tumbas, alguns relevos foram selados no interior das pare- des; portanto, a recriagio é a fungi primeira, endo a contemplacao pelos vvivos, Um grande niimero de estelas 0s mortos, no entanto, contém um “apelo aos vivos". Trata-se de uma rece na qual o morto representado nna estela se dirige aos passantes pre- sentes e Aqueles que virdo no futuro para Ihes suplicar que recitem uma ‘oragio a seu favor, a qual faré surgir ‘magicamente o alimento, bem como mais de 5 mil objetos. ‘A tumba de Tutancamon e 0 tesouro nela contido foram encontrades intactos, em novem- bro de 1922, pelo arquedlogo inglés Howard Carter. Ele nos conta que o dia mais emo- , Acesso em: 16 ago. 2018, Documentario sobre os reinos da Attica ‘NUBIA: um reino esquecido. Duracéo: 46 min. Disponivel em: . Acesso em: 16 ago. 2018 Documentario sobre a historia do reino da Nubia. capital mais para o sul, em Meroé. Em 170aC, a rainha Shanakdakhete passou a governar sem um rei, dando infcio a um interessante perfodo de matriarcado nessa civilizagio. Du- ante toda a histéria de Cuxe, no en- tanto, as mulheres ocuparam papel de destaque na realeza. FERNANDES ley. © que voce sabe sobre a Africa?: uma viagem pela histra do continentee dos afto-braileos. Flo de Janeiro: Nova Frontera, 2016p. 15. 81 Texto de apoio Os primeiros textos longos em Ifmgua meroita aparecem em duas estelas do rei Taniydamani, datadas ‘aproximadamente do final do século antes da Era Crista. O grau de incer- teza da cronologia mercita agrava-se particularmente no que se refere a ‘esse periodo, a ponto de [..] certos especialistas terem acreditado na existéncia de um Estado indepen- dente em Napata, o que parece bem pouco provavel. Duas rainhas tiveram entdo um. papel preponderante: Amanirenas Amanishaketo. Seus maridos per- ‘manecem esquecidos, e nao se sabe sequer o nome do de Amanishaketo. Otrono também foi ocupado durante alguns anos por um principe que se tomou rei, Akinidad, filho da rainha ‘Amanirenas e do rei Teritegas. Se- ria importante conhecer a ordem de sucesso das duas rainhas, ambas *Candace’~transcrigéo do titulo me- rofta Kdke, de acordo com a tradigio dos autores cléssicos tl Amanirenas ou Amanishaketo ‘manteve contato com Augusto num episédio famoso ~ uma das raras ‘ocasides em que Méroe aparece no ‘cenério da histéria universal. Depois 82 ‘candace titulo aque deriva ds palavra reroita Ke e fu significa Fhinhamée, Candace, a mulher na politica Ha indicios arqueolégicos de que as mulheres ocupavam osicGes de destaque no Reino de Kush. Elas podiam ser sacer- dotisas, administradoras de uma cidade e podiam, ainda, chefiar © governo, com o titulo de candace. ‘As imagens também confirmam o poder feminino em Kush No interior das pirdmides cuxitas, as candaces s30 mostradas como as principais portadoras de oferendas aos deuses; e nas pparedes dos templos s80 representadas como mulheres podero- sas. As candaces do Reino de Kush foram soberanas, superando fem importancia seus fihos ou maridos. Entre as candaces mais conhecidas esta Amanishaketo (42-12 aC), que, provavelmente, liderou a resisténcia cuxita 30 poderoso Império Romano, Quando 0 exército romano avancou sobre © nordeste da Africa e conquistou 2 cidade de Napata, os cuxitas resis ram aos romanos. Até que, em 21 a.C, 2 rainha africana consegulu negociar um ‘acordo de paz com os romanos: ofereceu a eles uma faixa de terra no norte de Kush e, em troca, manteve a soberania de seu reino, livrando-o de ter de pagar Impostos a Roma. Para alguns historiadores africanos, 2 participacao da mulher na politica eo controle do governo cuxita sobre 0 ouro, {as pedras preciosas e 0 ferro ajudam a explicar 2 prosperidade do Reino de Kush, bem como sua longa vida. Aekvo omque sev rants Amanishaket, eae bape dedocom 2aause Amoco, cue. do saque de Assua pelos meroitas (quando provavelmente foi roubada a estétua de Augusto, cuja cabeca foi descoberta enterrada sob a soleira da porta de um dos paldcios de Méroe), ‘oprefeito do Egito romano, Petrénio, preparou uma expedicéo punitiva e tomou Napata em -23. Em Primis (Oasr Ibrim), os roma- nos instalaram uma guarnicéo per- manente, que resistiu aos ataques dos meroftas. Em -21 ou -20, nego- ciou-se um tratado de paz em Sa- ‘mos, onde na época residia Augusto. ‘A guamicéo romana parece ter sido retirada; deixou-se de cobrar tribu- to aos meroitas e fixou-se em Hie- rasykaminos (Muharraqa) a fronteira entre os impérios Romano e Merotta, Talvez nunca se saiba se foi Amani- renas ou Amanishaketo a “Candace” de um olho s6 e “de aparéncia vis que, de acordo com Estrabao, Pinio e Dion Cassio, conduziu as negociagées ‘com os invasores romanos. [MOKATAR, Gamal (4). Historia geral da Africa, ti: Africa antiga, ‘Bras, DF: Unesco, 2010 . 285-286, Economia e sociedade Enquanto a capital foi Napata, a principal atividade econémica dos cuxitas era «2 pecuaria; eles criavam cabritos, cabras, cavalos e burros (usados, sobretudo, no transporte de produtos). A riqueza de uma pessoa era medida pelo tamanho do seu rebanho. Por volta de $80 a.C,, com a mudanca da capital para Méroe, onde {as chuvas eram mais regulares, houve um aumento da area de terra irrigada e uma ‘expansao da agricultura, As plantas mais cutivadas por eles inicialmente foram 0 trigo, a cevada € 0 sorgo. Rua Originsrio da Africa, provavelmente da Nubia, (© sorgo € um cereal rico em proteinas e carbor- dratos; & parecido com o milho, mas tem os grd0s menores. Atualmente, alguns tipos de sorgo s30 usados somente na alimentacéo de animais, como bois, carneiros e camelos. Outros tipos, como 0 0190 bicolor, s80 utilizados também na alimenta- ‘20 humana, 0 sorgo é empregado na fabricacao de barras de cereais, farina, alcool, entre outros. © Sudao, pais africano cujo territério corres- ponde aproximadamente ao da antiga Nubia, é hoje © quinto maior produtor mundial de sorgo. © Brasil, onde o sorgo foi introduzido para servir de racdo para o gado, também vem se destacando nna produgio desse cereal africano. Os estados brasileiros onde as plantagoes de sorgo esto em expansio s80: Cearé, Pernambuco, Golds, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, $80 Paulo Rio Grande do Sul Sogo om Fates de Minas (6). Proteins: material necesséri para os seres ‘vos oe formarem e se Carboidrato: composto gue fornaceenergia 0s eres vivos, Esta presente nos agcares e no amido, ‘como batata eno a7. 2) Qual é a origem do sorgo? Como é sua aparéncia? b) Para que serve 0 sorgo? 9) As plantacdes de sorgo estdo em expansio em varios estados brasleios; uals sio eles? Responda usando as siglas dos estado. Texto de apoio 0s cereais, os pies, as bolachas de trigo, os bolos Embora ainda se discuta qual foi © primeiro cereal cultivado no Egi- to, uma coisa é certa: encontrou-se cevada em s{tios pré-histéricos do delta datados de cerca de 4000 a.C., a qual se deve acrescentar o trigo e aespelta, As planicies do Nilo, pe- riodicamente inundadas, produziam ccereais em quantidade abundante e suficiente para o consumo nacional e para a exportacio. Otrigoe a cevada 83 constitufam a base da alimentacio eeram usados para a fabricagao do pio e da cerveja; opto de espelta era

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