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SAI ÀS SEGUNDAS DOSSIERSEFACTOS.COM FACEBOOK: DOSSIERS & FACTOS

50Mt

DIRECTOR: Serôdio Towo | Segunda-Feira, 02 de Maio Abril de 2022 | Edição nº: 462 | Ano: 10 | Tiragem: 7500 exemplares

APOIADO DENTRO E FORA

Nyusi
embala-se
para
3.° mandato
Pag 05 e 06
PARA MELHOR GESTÃO
Matola deve ser
Pag 03 e 04

dividida em duas
 2 EDITORIAL DOSSIERS & FACTOS 02 de Maio de 2022 SEGUNDA-FEIRA

Quando o fanatismo político se

sobrepõe ao humanismo
O fanatismo é um combustível
para o ódio e leva à destruição. As
organizações mais sanguinárias que
existem na face da terra exploram-
-no sem limites e é nele – mas tam-
bém noutros elementos – que assen-
ta o seu inegável sucesso. A título de
exemplo, podemos citar as organi-
zações terroristas, mas também al-
gumas seitas religiosas, que, explo-
rando este elemento, levam quem os
segue a cometer barbaridades.
O desporto, especialmente o fute-
bol, é um campo fértil para a violên-
cia, justamente porque o fanatismo
tolda o raciocínio dos adeptos mais
fervorosos, a ponto de verem nos
adversários verdadeiros inimigos.
Para os fanáticos, há apenas um lado
bom e tudo o resto torna-se alvo a
abater, sobretudo quando as coisas
não correm de feição aos emblemas
que apoiam.
O pior desta droga chamada fana-
tismo é o poder que tem de cegar até
os mais instruídos, e, teoricamente,
mais reflexivos dos homens, convi-
dando-os a tomarem atitudes abso-
lutamente inimagináveis. O exem-
plo mais recente, no plano interno,
foi o que se viu na última semana, na
cidade de Tete, província de mesmo
nome.
O director do Hospital Provincial
de Tete simplesmente recusou-se a
receber um kit de material cirúrgico
doado pelo Partido Renamo. Fê-lo
de forma descarada, na presença de
jornalistas de diversos órgãos de co-
municação social, entre eles a TV Mu-
niga, TV Sucesso, TV Miramar, STV,
rádios comunitárias Sieti e Mwudiya.
Foi necessária a intervenção do
ministro da Saúde para que os res-
ponsáveis daquela unidade sanitá-
ria aceitassem receber a doação, o
que é, no mínimo, curioso, porque
a segunda maior força política na-
cional informou atempadamente
da sua intenção de doar o material,
e não houve, nessa altura, qualquer
objecção por parte dos gestores do
hospital.
A situação sugere, pelo menos a
avaliar pela sucessão dos aconteci-
mentos, que os gestores do hospital
terão sido desencorajados por gente
“de cima” a receber tal material, ou,
no mínimo, eles próprio terão impos-
to uma autocensura, decidindo-se,
nos instantes finais, pela rejeição do
material.
Qualquer das duas hipóteses é gra-
ve e revela um nível de intolerância
política que roça a demência, para
dizer o mínimo. A Renamo, vale re-
ferir, decidiu-se pela oferta daquele
material depois de ter tomado co-
nhecimento da falta do mesmo na-
quele hospital, situação que, de res-
to, tem réplica em todo o território
nacional.
Qualquer cidadão com o mínimo de
responsabilidade sentir-se-ia alivia-
do pelo gesto de solidariedade da-
quela formação política, que, afinal,
concorre para a melhoria das condi-
ções de trabalho do pessoal de saúde
e, em última análise, para salvar vidas
humanas, fazendo jus ao lema do Mi-
nistério da Saúde.
O homem que comanda o hospital
pensa de forma diferente. Demons-
trou de forma clara e inequívoca que,
para si, os interesses políticos e pes-
soais estão acima da vida dos seus
compatriotas. Este é o nível mais alto
do fanatismo, pois coisifica a vida
humana, o que é contrário não só
ao juramento de Hipócrates que o
vincula enquanto médico, mas tam-
bém a qualquer norma de uma so-
ciedade que tenha algum senso de
humanismo.
O homem que preferiu “segurar” o
cargo a salvar vidas provou que não
tem condições para trabalhar num
sector tão nobre, e, se tivesse um mí-
nimo de vergonha, ter-se-ia demitido
prontamente. Não o fez e, aparente-
mente, nada lhe irá acontecer, o que
demonstra que, à luz das normas vi-
gentes em certas organizações, agiu
de forma correcta. É até provável que
seja premiado pela defesa acérrima
dos interesses políticos. A ver vamos.
Tudo isso é triste e demonstra que
ainda não estamos preparados para
uma verdadeira reconciliação na-
cional. Os acordos de paz que rubri-
camos são mesmo para o inglês ver.
Um mau sinal, emitido quando está
em curso o problemático processo
de Desarmamento, Desmobilização e
Reintegração (DDR) dos guerrilheiros
da perdiz.
serodiotouo@gmail.com

FICHA TÉCNICA
PROPRIEDADE DA
S.T. PROJECTOS E
COMUNICAÇÃO, LDA
DIRECÇÃO:
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ADMINISTRAÇÃO :
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 SEGUNDA-FEIRA 02 de Maio de 2022 DOSSIERS & FACTOS DESTAQUE 3
EXTENSA, POPULOSA E PROBLEMÁTICA

Matola precisa ser dividida

A
cidade da Matola é uma das que
mais cresce nos últimos anos em
Moçambique, com a chegada
massiva de cidadãos provenien-
tes de outros pontos do país, incluindo a
capital Maputo, agravando, assim, alguns
dos velhos problemas, nomeadamente o
assentamento informal, o deficiente sa-
neamento do meio, a fraca mobilidade,
entre outros. O Conselho Municipal da Ci-
dade da Matola começa a revelar-se “insu-
ficiente” para a dimensão e complexidade
dos problemas. A criação de novas estrutu-
ras de governação mais descentralizadas
pode ser a solução.
D&F Texto: Serôdio Towo

A passos largos para completar meio século (agora

tem 46 anos), Matola é uma cidade que se confronta
com problemas de vária ordem, alguns dos quais cróni-
cos, como é o caso da gestão de resíduos sólidos. À me-
dida que o tempo passa, a complexidade dos problemas
sobe de nível, na mesma proporção em que aumenta o
número de habitantes, e numa velocidade verdadeira-
mente alucinante.

Matola é onde todos querem estar

Numa entrevista exclusiva ao Dossiers & Factos, em
2020, alusiva ao 44.º aniversário da cidade da Matola,
o edil Calisto Cossa disse que a edilidade estava a ser
“pressionada” por jovens que buscam terrenos para a
construção, e assumiu estar a gostar desse movimento,
pois, no seu entender, isso mostra que Matola é um local
“apetecível” e “aprazível”.
Os números parecem dar razão ao autarca. Se em
1980 a cidade era habitada por 201 165 habitantes, em
Calisto Cossa, presidente do município da Matola
1997 tinha mais do que o dobro, concretamente 424 662
habitantes. Volvidos 10 anos, isto é, em 2007, já eram 671
556 os habitantes da urbe. O salto mais impressionante,
porém, foi dado nos 10 anos seguintes, com os números
a subirem para 1.032.197 habitantes.
O Dossiers & Factos fez este levantamento em relató-
rios dos recenseamentos gerais da população e habita-
ção realizados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE)
em cada 10 anos. No presente, e volvidos cinco anos
após a realização do último censo, é de prever que o nú-
mero já seja maior.
Mesmo num cenário em que os dados continuassem
iguais aos de 2017, já seria particularmente interessan-
te olhar para os mesmos (dados do INE) e constatar que
Matola é responsável por mais de 50% da população da
província de Maputo. Exceptuando a própria Matola, a
província é composta por sete distritos, nomeadamente
Boane (210367 pessoas), Magude (62297 pessoas), Ma-
nhiça (205053 pessoas), Marracuene (218788 pessoas),
Matutuine (43664 pessoas), Moamba (88583 pessoas) e
Namaacha (47129 pessoas).
Juntos, os sete distritos têm uma população esti-
mada em 875881 habitantes, bem abaixo dos cerca de
1.032.197 habitantes que se encontram a residir na ci-
dade da Matola.
Estima-se que em Moçambique cerca 66,6% da po-
pulação reside na área rural, contra apenas 33,4% na
área urbana. Curiosamente, a província de Maputo é a
única cuja população urbana (1.360.266) supera a popu-
lação rural (547812), e para isso contribui muito a cidade
da Matola, que é o maior centro urbano desta parcela
do país.

Matola é uma cidade que procura respirar

Segundo o mesmo relatório, o município da Mato-

Edifício do Conselho Municipal da Cidade da Matola
la tem 373 km² de extensão territorial, e é menor que
qualquer outro distrito da província de Maputo, sendo
que Namaacha tem 2 196 km²; Boane 815 km²; Matutui-
ne 5 387 km²; Magude 7 010 km²; Manhiça 2 380 km²; e
Moamba 4 628 km².
Os mais de um milhão de habitantes dentro de um
espaço de menos de 400 km² resultam numa densidade
populacional de 2 767,3 hab./km², uma das maiores do
país. Este cenário pressiona sobremaneira as autorida-
des municipais.
Ora vejamos, Matola tem um total de 42 bairros, di-
vididos em três postos administrativos, nomeadamente
 4 DESTAQUE DOSSIERS & FACTOS 02 de Maio de 2022 SEGUNDA-FEIRA

o posto administrativo da Matola-Sede,  com 13 bairros, resulta, por um lado, da natureza centralizadora do Es- cro municípios – ao nível da Matola. A cidade mais in-
designadamente Matola A, Matola B, Matola C, Matola D, tado, e, por outro, da circunstância de não terem sido re- dustrializada do país precisa ser dividida, pois está cada
Matola F, Matola G, Matola H, Matola J, Fomento, Liber- servados espaços para infra-estruturas dessa natureza. vez mais claro que o município, por insuficiência de con-
dade, Mussumbuluco, Malhampsene e Sikwama. dições, quer financeiras, quer administrativas, não pode
Posto Administrativo da Machava,  com 14 bairros, O desafio ambiental e a saúde pública responder cabalmente às exigências actuais.
designadamente Machava Sede, Infulene A, Trevo, Patri- A experiência das freguesias – unidades administrati-
ce Lumumba, São Dâmaso, Bunhiça, Tsalala, Km-15, Ma- O saneamento do meio mostra-se o maior dos pro- vas inferiores ao município – vigente em Portugal pode
tlemele, Nkobe, Matola-Gare, Singathela, Nwamatibjana blemas nos bairros periféricos da cidade da Matola. Mi- servir-nos de exemplo. Embora tenha pouco mais de
e Km-25 (Sidwava); lhares de casas estão em áreas propensas a inundações, 500 mil habitantes e 100,05 km² de extensão territorial,
Posto Administrativo de Infulene,  com 15 bairros, e o resultado é o que se vê cada vez que a chuva cai nes- a cidade de Lisboa, por exemplo, é subdividida em deze-
designadamente T-3, Zona Verde, Ndlavela, Infulene D, ta região do país. nas de freguesias, como são os casos de Aveiro, com 20
Acordos de Lusaka, Vale do Infulene, Khongolote, Intaca, Bairros como Liberdade, Fomento, Sikwama, Nkobe, 131 habitantes, e Marvila, com 35 463 habitantes.
Boquisso, Mali, Mukatine e Muhalaze. Bunhiça são alguns dos mais críticos neste capítulo. As freguesias são governadas por uma Junta de Fre-
É curioso que a maioria destes bairros, os chamados A situação ganha outros contornos porque em mui- guesia, órgão executivo eleito pelos membros da As-
de expansão, já estão superpovoados, com destaque tos dos bairros não há sistemas de drenagem fiáveis sembleia de Freguesia, que, por sua vez, é eleita pelos
para Ndlavela, Tsalala e Khongolote, que são os maiores para o escoamento das águas. Mas os poucos que exis- cidadãos.
em termos de habitantes. Nesta altura, apenas Mukati- tem são, muitas vezes, usados como lixeiras, numa cida- Numa dimensão mais grande, a Espanha, com 47,35
ne, Boquisso, Mali, Muhalaze (posto administrativo de de que produz cerca de 500 toneladas de lixo por dia. milhões de habitantes, adoptou o modelo das comuni-
Infulene); Nwamatibjana e Matlemele (posto adminis- dades autónomas, tendo actualmente 17.
trativo da Machava) continuam com espaço para aco- Descentralizar para melhor gerir Não se pode garantir que tais experiências tenham
lher novas infra-estruturas para habitação, bem como sucesso no contexto da Matola, mas podem servir de
empreendimentos comerciais, confirmou ao Dossiers & A Matola de há 40 anos e a de hoje são totalmente base para reflexão e inspirar outras ideias.
Factos o edil da Matola, na já referida entrevista. diferentes. Hoje, aumentaram não só os desafios, mas O certo é que o crescimento desigual desta cidade
também o nível de exigência e o escrutínio dos mu- leva a que cada posto administrativo tenha necessi-
Duas cidades numa só nícipes, pelo que se torna importante que as autori- dades específicas, e focar-se em todos em simultâneo,
dades se reinventem, de forma a estarem à altura das quando os recursos financeiros são escassos, é quase
A cidade da Matola tem várias faces, uma vez que os circunstâncias. uma missão impossível.
vários bairros enfrentam desafios diversos. De um lado, Num país tão extenso como Moçambique, o Estado, Nestes termos, a outorga de autonomia e poderes
temos a zona de cimento, categoria em que podem ser com seus parcos recursos, tem imensas dificuldades executivos aos três postos administrativos pode permi-
enquadrados alguns bairros do posto administrativo da para cumprir o seu papel em todo o território nacional. tir maior flexibilidade na resolução dos problemas mais
Matola-Sede e Machava. Este raciocínio alimentou a onda das descentralizações, candentes de cada território.
Os problemas básicos, na zona de cimento, parecem nomeadamente através da criação de municípios e, Isto é, o debate que é levantado pela autarquia e pe-
já estar ultrapassados. Salvo raras excepções, as vias de mais recentemente, de governos provinciais teorica- los amantes do partido no poder, no sentido de elevar
acesso são minimamente boas, os sistemas de drena- mente autónomos. Matola ao estatuto de município de nível “A” não nos
gem assim como de abastecimento de água e electrici- O mesmo pensamento deve, hoje, nortear a criação parece ser a solução, sendo que a divisão do município,
dade funcionam em pleno, pelo que terão agora outras de uma ou mais entidades – talvez uma espécie de mi- pelos factores acima referidos, pode ser o ideal.
preocupações, nomeadamente
aspectos ligados à qualidade de
Internet, canalização do gás de
cozinha, ou centros de diversão.
Há também bairros mais re-
centes e que, embora não este-
jam propriamente no centro da
cidade-cimento, apresentam um
bom nível de organização, e os-
tentam construções que sugerem
que também são habitadas por
gente da classe média-alta. São os
casos de Mussumbuluco e parte
da Matola-Gare (Tchumene 1 e 2).
No entanto, do outro lado da
moeda, a realidade é outra e mais
desafiadora para quem governa.
A crescente procura por espaços
para habitação levou a que mi-
lhares de cidadãos se antecipas-
sem às autoridades municipais e
chamassem para si a responsabi-
lidade de decidir onde, quando e
como construir.
O resultado não poderia ter
sido mais trágico. As construções
estão extremamente desordena-
das, de tal sorte que, em alguns
bairros, não há espaço nem para a
abertura de ruas que permitam a
entrada de ambulâncias ou carros
do Serviço Nacional de Salvação
Pública, quando necessário. Com
a mobilidade comprometida, os
problemas de transporte não são
nenhuma surpresa e não têm fim
à vista.
Outro problema não menos
importante é o facto de estes bair-
ros estarem desprovidos de vários
serviços púbicos (escolas, hospi-
tais, entidades que emitem vários
documentos essenciais), o que Este cenário já é marca da maioria dos bairros
 SEGUNDA-FEIRA 02 de Maio de 2022 DOSSIERS & FACTOS DESTAQUE 5

RUMO AO TERCEIRO MANDATO

Nyusi pode estar a arrumar peças

O
Presidente da República cum-
pre actualmente o terceiro ano
de governação referente ao seu
segundo mandato, que, do pon-
to de vista legal, é o último. No entanto,
já há muito é ventilada a suposta vontade
de avançar para mais um mandato, e, nos
últimos tempos, as movimentações de Fi-
lipe Nyusi, quer dentro do partido, quer
fora, sugerem que estará a posicionar as
peças no xadrez para o alcance desse de-
siderato.
D&F Texto: Dossiers & Factos

Fenómenos como terrorismo, eventos naturais

extremos e Covid-19 são apontados como tendo
condicionado o desempenho do executivo de Nyusi
desde o ano de 2015, e será com base neste argu-
mento que Filipe Nyusi estará atrás de uma “outra
oportunidade” para implementar os seus planos de
desenvolvimento.
Pelo menos foi nesses termos que a hipótese de
um terceiro mandato foi colocada pela conselheira
de Estado Felizarda Paulino, à margem da quarta ses-
são ordinária do Comité Central da Frelimo, realizada
em Maio de 2021, na cidade da Matola.
Nas semanas seguintes, o assunto deu azo a vários
debates na opinião pública, mas a dado passo passou
a ser uma matéria “esquecida”. Só que o Presidente
da República, que é também presidente do Partido Na sua visita a Uganda, Nyusi poderá ter garantido o apoio daquele país no combate ao terrorismo
Frelimo, pode não ter deitado a toalha ao chão, pelo vavelmente para o alcance desse desiderato. concordarem com o mesmo objectivo.
menos a avaliar pelas relações que vai consolidando. Lembre-se que, quer Faustino, quer Niquice não Do outro lado, havendo, de facto, este interesse de
tiveram oposição e foram eleitos praticamente por avançar para um provável terceiro mandato, Nyusi
Poder consolidado no partido aclamação, sendo expectável que o mesmo acon- pode encontrar dificuldades, por conta dos outros
teça na Organização da Juventude Moçambicana membros, que também sonham em chegar à presi-
Filipe Nyusi tem se desdobrado, no plano partidá- (OJM), o braço juvenil do partido no poder. dência do partido e do país, apesar do profundo si-
rio, no sentido de consolidar o seu poder, mantendo Há também indicações de que Nyusi tem garantia lêncio por parte destes.
pedras que, ao que se diz, são bastante de apoio dos primeiros-secretários provin- Outro obstáculo à vista pode ser a existência de
fiéis a si. ciais, com os quais renovou “votos alas, internamente, que se identificam com princípios
Por exemplo, a manuten- de confiança” há alguns me- deste ou daquele colosso no partido, havendo, deste
ção de Fernando Faustino ses, numa reunião bastan- modo, necessidade de harmonizar os interesses.
e Mariazinha Niquice te restrita havida em
na liderança da Asso- Nampula. A idade e fragilização de imagem
ciação dos Antigos Já no ano pas-
Combatentes da sado, o presiden- Há um cenário que também é apontado e que
Luta de Liber- te da Frelimo pode ajudar Filipe Nyusi, nomeadamente o provável
tação Nacional fez mexidas desgaste de imagem de alguns membros com poder
(ACLLN) e da ao nível das histórico no partido, bem como a idade já avançada
Organização brigadas destes, que já não lhes permite ter muita energia
da Mulher centrais do para tanta cavalgada política.
Moçambica- partido nas O outro factor que pode ajudar Nyusi é a badalada
na (OMM), prov ínc ias, “compra de consciências” de vários quadros do parti-
respec tiva- colocando do, a todos os níveis.
mente, bem como chefes
como a rees- aqueles que Experiências trazidas de fora para dentro
truturação e provavelmente
nomeação de lhe inspiram mais Movimentações feitas pelo nosso Presidente para
elementos tam- confiança. o exterior também sugerem algum preparo estra-
bém próximos a ele Entretanto, enten- tégico rumo ao terceiro mandato. Por exemplo, é
para diferentes cargos, didos na matéria apon- sabido que Filipe Nyusi é bastante próximo ao pre-
dentro do partido, assim tam como próximo grande sidente do Ruanda, Paul Kagame, até porque a facili-
como no Governo, são vistas desafio a missão de convencer dade com que conseguiu o apoio dos ruandeses no
como algumas das estratégias pro- os membros do comité central a
Paul Kagame, presidente ruandês Continua na pag 06
 6 DESTAQUE DOSSIERS & FACTOS 02 de Maio de 2022 SEGUNDA-FEIRA

Continuação da pag 06
combate ao terrorismo em Cabo Delgado prova isso
mesmo.
No poder há 22 anos, o líder ruandês promoveu
alterações constitucionais em 2015, permitindo-se a
possibilidade de cumprir mais dois mandatos, o que
quer dizer que poderá permanecer no “trono” até
2034.
Na última semana, Nyusi efectuou uma visita de
Estado ao Uganda, cujo líder, Yoweri Museveni, exi-
be sem pudor traços de um ditador implacável e que
trata o país como propriedade privada. No ano pas-
sado, quando já cumpria 35 anos no poder, Museveni
foi reeleito pra um sexto mandato, num pleito marca-
do pelo cerco montado por militares à residência do
principal líder da oposição, Bobi Wine.
Tal como Kagame, Museveni recorreu à emenda
constitucional para se “perpetuar” no poder.
 
Em busca de inspiração

Nyusi visitou Kampala apenas dois dias depois de

lá ter estado Paul Kagame, que, inclusive, participou
da festa do filho de Museveni. Esta coincidência é
vista com alguma desconfiança em alguns círculos
político-partidários da Frelimo.
Efectivamente, a aproximação do Chefe de Estado
moçambicano a líderes de perfil ditatorial, que não
se importam de moldar as leis à medida dos seus
interesses, faz emergir suspeitas de que Nyusi estará
em busca de estratégias junto a quem tem experiên-
cia para continuar a governar. Foi nesta reunião que foi levantada pela primeira vez a possibilidade do terceiro mandato

Nyusi recupera cooperação com

Uganda
O Presidente moçambicano visitou o Uganda na
última semana, com o objectivo de reforçar a coope-
ração, de amizade e solidariedade entre os dois países.
Filipe Nyusi aproveitou para agradecer o Uganda,
que, nas palavras do Chefe de Estafi moçambicano, já
está a apoiar Moçambique "logisticamente e de forma
muito profunda".
O que nós viemos fazer aqui é agradecer", afirmou
Nyusi em Kampala.
O analista político Gil Aníbal diz que a visita é uma
extensão da estratégia de Nyusi, de procura de merca-
do para vender as potencialidades nacionais.
"A visita faz parte da diplomacia económica em cur-
so, visando explorar todos os mercados para as poten-
cialidades nacionais, nomeadamente, os recursos na-
turais. Sabemos que O Uganda já manifestou interesse
em comprar carvão natural de Moçambique e, havendo
outros recursos que o país detêm, certamente que as
questões comerciais serão o foco" disse o analista.

Assuntos militares

Paralelamente a questões comerciais, analistas di-
zem que aspectos militares podem estar, ainda que
ocultos, no centro da visita.
"A ida do Presidente moçambicano ao Uganda, tem
muito a ver com questões militares, e não exactamente
comerciais" disse Mohamed Yassine, docente e analista
em relações internacionais e diplomacia.
Segundo o analista, trata-se de uma questão que
tem subjacente algumas nuances, tendo em conta que
as relações entre Uganda e o Ruanda, um dos princi-
Moçambique e Uganda voltam a aproximar-se depois de muitos anos
pais aliados do momento, no combate ao terrorismo uma força para a questão de luta contra o terrorismo"
em Cabo Delgado, não são propriamente saudáveis, daí vaticinou.
que Moçambique pode ter um papel conciliador pelo Recorde-se que em Junho de 2019 esteve em Ma-
meio. puto o primeiro ministro ugandês Ruhakana Rugan-
"Eu penso que o que Moçambique vai fazer, pri- da, que após uma audiência com Filipe Nyusi, deixou
meiro, é conciliar esses dois países, servir de ponte Maputo com porta aberta para reforço da cooperação,
para uma boa relação entre os dois países, e depois, apontando as áreas de ciência e tecnologia, formação
negociar, até que ponto o Uganda pode entrar como profissional e trocas comerciais. VOA
 SEGUNDA-FEIRA 02 de Maio de 2022
Muitas vezes nos perguntamos qual é o
custo da vida. Destas perguntas, fingimos
que definindo tal inquietação poderemos
ter a fórmula que controla o tempo e o es-
paço. Mas a vida nem sempre precisa ser
definida. Ela precisa ser sentida e respirada
em cada instante que acordamos e desco-
brimos que ainda estamos com o sangue
correndo nas veias.
No meio de tantas maravilhas e dores
que o mundo nos pode dar, cabe a nos esco-
lhermos se da vida tiraremos lágrimas ou
se da morte colheremos alegria. Isso cabe a
cada um. Mas nesse percurso que fores a to-
mar, há uma coisa que não te podes esque-
cer quando decidires investir na tua vida:
todos podemos ser o que quisermos ser.
Podemos ser o que a  a nossa imaginacão
permitir.
Quando perceberes isso, então não te
vais importar se és adulto ou criança, por-
que o tecido da vida não escolhe as pessoas
pelo tamanho, mas sim pelo desejo de cres-
cer e de ser feliz. Afinal todos somos gran-
des e ao memso tempo somos pequenos. Há
uma criança que sempre reside num adulto
que não quer envelhecer, e há um adulto
que reside na criança que não aceita ser co-
mandada pelos seus pais. Tudo isto tem a
ver com o aprendizado que nos é reservado
a cada dia das nossas vidas.
Lembro-me de Calderón de la barca
quando dizia que “a vida é um sonho e os
sonhos, sonhos são”. Ele parecia perceber
que há um poder em cada um de nós de
alterar o nosso caminho, que há sim opor-
tunidade de cada um encontrar-se naqui-
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ACTIVISIONISMO
Seja um bom actor no palco da tua vida
Sérgio dos Céus Nelson
lo que almeja, e mais do que isso cantar a
música da sua victória. Mas perceber a vida
como ela é requer compreender a essȇncia
das coisas, requer perceber que cada um
deve viver por aquilo que acredita, e acima
de tudo usar as suas atitudes para expressar
o que se quer da vida: aí se encontra a ele-
gância da beleza.
Tal elegância que se reveste na capaci-
dade de perceber que a vida afinal de con-
tas é um resultado do que cada um pede, a
vida é um cofre que somente nos da aquilo
que lá depositamos. Então não penses que
fazer a vida significa simplesmente trilhar
estes passos sozinho, porque muitas vezes
vai chegar o momento de deixarmos de ser-
mos nós mesmos para sermos outra pessoa,
para compreendermos que a liberdade é
muito mais que pedirmos a destruição das
armas nucleares. Pois a verdadeira liberda-
de vem do espírito e da alma. Ela vem da
capacidade de sonharmos alto e não nos li-
mitarmos no medo de merecer o nosso cá-
lice da Vitória.
Por vezes a vida é como colocar uma
máscara usada em uma peça de teatro. Por
detrás dela podemos ser o que almejamos
ser, pois  a vida é sempre uma representa-
ção. Tal representação que nos facilita dese-
jar, emocionar-se e amar (esta arte do sen-
tido ser vivo).
Nestes percursos, nada vai ver fácil. Vai
sim chegar um momento em que se tomar-
mos decisões erradas nos privaremos da fe-
licidade, do sucesso e do sonho. Por isso, há
em cada um o poder de ser guardião do seu
desejo, da sua meta e da sua maior ambição
OPINIÃO 7
em vida. Podes sem dúvidas deixar o seu
dinheiro a conta prazo no banco, mas não
há uma vida que se hipoteca. Encontramos
definições do que somos em cada passos
que damos e descobrimos muitas vezes que
a meta ainda está longe de ser alcançada
quando nos convencemos de que já ganha-
mos a batalha.
Há na vida sacrifícios que fazemos e nun-
ca teremos retorno, mas o maior retorno é
ser feliz porque realizaste o que lhe veio na
alma e fizeste o seu máximo para que tudo
de certo e que não fosses um perdedor.
Nem sempre serás o herói na vida, mas
quem disse que a vida precisa somente de
“heróis”. A vida precisa sim de gente que
não mede esforços para chegar lá e para
mostar que também podem ser heróis, afi-
nal nem todos heróis merecem tal distin-
ção, muitos até se perguntam porque assim
são chamados. Isto porque há um peso em
aceitar um cargo pelo qual não lutaste. En-
tão, se for para definires uma coisa na tua
vida, defina o teu percurso, o teu passo e
acima de tudo arquitete o seu futuro.
Mas como dizia Dom Quixote de la
Mancha, "o desejo exagerado só busca pra-
zeres e não qualidades", então não pense
que lutando sem dar espaço para as coisas
acontecerem vais acelerar o teu momento
de victória. A victória chega na hora certa,
assim como conseguimos o coração do (a)
nosso (a) amado (a) quando decidimos nos
soltar, sentir, nos libertar e nos apaixonar-
mos. A vida é tambem assim. É acordar em
cada dia e conquistar o que faz de ti diferen-
te e mais vocȇ.
 8 OPINIÃO
A perversão moçambicana e a falta de cultura moral:
as razões do elevado índice de aborto
O lado legal, moral, cultural e reli-
gioso, em meio aos malefícios do abor-
to, na nova sociedade moçambicana,
constitui um fenómeno recorrente e
transversalmente preocupante. Pode-
-se afirmar que a prática do aborto,
expontâneo ou intencional (aborto in-
duzido), sempre esteve presente na his-
tória da humanidade e tornou-se um
tema complexo e bastante estigmatiza-
do pela sociedade.
No âmbito do quadro legal, até 2014,
o aborto era proibido em Moçambique,
conforme ditava o Diploma Ministerial
n.º 60/2017, que deu origem ao Código
Penal aprovado pela Lei n.º 34/2014, de
31 de Dezembro, conjugado com o De-
creto Presidencial n.º 34/2015, de 23 de
Novembro.
Mais tarde, a lei veio permitir a inter-
rupção voluntária da gravidez em casos
de perigo de vida da mulher, perigo de
lesão grave e duradoura na saúde físi-
ca e psíquica da mulher, mal-formação
fetal ou quando a gravidez resultar de
uma violação sexual.
Este aspecto [o aborto] deve ser en-
tendido como uma escolha pessoal e
social que permite que o feto seja rele-
gável para o segundo plano para sal-
vaguardar interesses do ser humano
já nascido. O objectivo deste artigo é
fazer uma avaliação dos costumes con-
siderados hoje dissolutos. Algumas leis
servem para marginalizar ainda mais a
sociedade e tirar a moralidade dos há-
bitos e costumes locais.
A legislação, embora permita o alar-
gamento do prazo para a interrupção
em casos de mal-formação fetal e em
situações de “crime contra a liberdade e
auto-determinação sexual da mulher”,
não procura salvaguardar aspectos
morais e culturais. Todavia, a lei, no
seu art. 2, alinha f), abre brecha para
DOSSIERS & FACTOS
PRIMEIRO PONTO
Nobre Rassul
que a mulher que é portadora de HIV
possa fazer aborto, o que por si só cons-
titui estigmatização.
Diga-se, porém, que o facto de a lei
sobre o aborto abrir a possibilidade de
se realizarem interrupções de gravidez
foi a pedido das mulheres e organiza-
ções não governamentais, condiciona-
do por altos índices de aborto ilegal e
mortes devido à prática do aborto clan-
destino. Em resumo, com esta lei, a in-
terrupção da gravidez constitui o único
meio de eliminar o perigo de morte ou
de grave e irreversível lesão para o cor-
po ou para a saúde física ou psíquica da
mulher grávida.
Assim, a lei não explica a razão deste
quadro incluir as mulheres portadoras
de HIV. Com isso, pretendo mostrar
que certas coisas que parecem exigên-
cias e práticas de mudança sistémica
são, na verdade, as razões de incon-
gruências e da falta de moral social e
cultural no país.
A maneira como as redes sociais per-
cebem e interpretam o comportamento
sexual e reprodutivo, em particular, a
gravidez de jovens e adolescentes, de-
termina a forma de agir, pensar e o sen-
timento psicológico da jovem sobre a
sua gravidez. Assim, os valores morais
e culturais resultantes fazem com que a
adolescente tenha consciência da atitu-
de anémica que deve tomar para tirar
a gravidez que, presumivelmente, cons-
tituirá um problema no meio familiar,
escolar ou universitário, bem como na
sociedade onde vive a rapariga.
Este e outros factores fazem com que
os índices urbanos e rurais do aborto
em Moçambique tendam a crescer de
forma significativa nos últimos anos,
segundo diversos estudos. O que acon-
tece é que a forma de erradicar o proble-
ma está distante das soluções de desen-
02 de Maio de 2022 SEGUNDA-FEIRA
volvimento do país, tendo em conta a
dinâmica de educação moral e cultural
da nova sociedade e a falta de trabalho
profundo entre os ministérios que tute-
lam a Saúde e Educação, no contexto de
produção de programas de pesquisa e
sua aplicabilidade.
A condição social da rapariga ou do
jovem, embora possa ser a razão do
crescimento do índice do aborto, é ig-
norada pela lei não prevê este aspecto.
A real condição de vida do moçambica-
no sempre dificulta a vida das crianças,
mas tal não dá direito aos progenitores
para tirarem a vida ao filho.
É essencial reconhecer os factos aci-
ma porque, se quisermos reconhecer
uma sociedade livre e moralmente está-
vel, então, temos o dever moral de criar
e melhorar os procedimentos passíveis
de minimizar o sofrimento humano
inerente ao aborto ou à razão do aborto.
Há um exercício religioso de perso-
nalização trágica de quem comete o
aborto induzido, e os males ou pecados
provenientes deste acto, baseados na
crença religiosa de que a vida é sagrada
e não pode ser eliminada independen-
temente da condição, “feto o não”. Com
base nisso, a religião defende que um
feto tem direito à vida, independente-
mente da razão da gravidez ou das con-
dições da mulher. Isso nos lembra o gé-
nio americano que teve mal-formação,
mas se tornou no principal inventor de
fórmulas e tecnologias emergentes.
Finalizado, isso não resolve o proble-
ma de base. O que se deve melhorar e
aprimorar é o sistema de ensino e pro-
curar-se controlar as práticas do sexo
entre jovens, a criminalidade sexual
na sociedade moçambicana e vulgari-
zação dos sites pornográficos e outros
tipos de malefícios transmitidos pela
media.
 SEGUNDA-FEIRA 02 de Maio de 2022
MAYITABASSA!
No crónico problema do livro escolar, há no MINEDH
informações não concertadas
Por: NkassanaWaka-Tembe–nkassana@gmail.com.org
No nosso país, viraram moda os discur-
sos dissonantes. Por um lado, a porta-voz
da casa está sem papas na língua, conjugan-
do o “verbo de promessas”, quer no futu-
ro condicional, quer num presente que de
presente nada tem. Diz a porta-voz que os
livros já foram empacotados e estão a cami-
nho, prevendo-se que até data “x” estes es-
tejam nas mãos das crianças. Doutro lado,
sua boss, a ministra da Educação, quando
incomodada pela imprensa, mostra, clara-
mente, sinais de nervosismo e desespero, le-
vantando hipóteses de uma pedagogia qua-
se inexistente na história dos programas de
educação.
Esta representante, quando questionada
sobre o atraso, teve coragem de atirar a cul-
pa às empresas, ou seja, os que ganharam o
concurso internacional para o fornecimen-
to do livro são, para a nossa ministra, os
piores vilões neste processo.
“O governo já pagou tudo aos fornecedo-
res destes serviços, cabendo a estes colocar
o livro na República de Moçambique. Fo-
ram já pagos e, na base dos contractos fir-
mados, o Estado não pode ser responsabili-
zado pelo atraso do livro. Ademais, nossos
professores estão cabalmente preparados
para conduzir os processos de leccionamen-
to, usando meios alternativos, e mesmo sem
o livro, a actividade de leccionação não será
condicionada”. Este tem sido o posiciona-
mento da nossa mãe do sector da educação.
Se dentro da instituição a dissonância
ocorre a estes níveis, quem com isto sofre é
o professor, que, sem saber o que anda nas
mentes dos líderes, vai afirmando e subli-
nhando o facto de não existirem condições
mínimas para que o ensino de qualidade te-
nha espaço. Professores confirmam ser di-
fícil dar aulas e, principalmente, nas classes
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DOSSIERS & FACTOS
que do livro dependem. Crianças de classes
iniciais são as que mais sofrem com este
atraso secular do livro escolar. Se na esco-
la podem até espreitar no livro de colegas,
a situação torna-se pior quando é preciso
fazer o tal trabalho para casa, vulgo TPC.
Professores reclamaram, e seus alunos
também. Avaliando pelas peças de repor-
tagem de variados grupos de comunicação
social, alunos sublinham o martírio por
eles vivido. “Não tem sido fácil termos boas
notas, o que conferia um melhor aprovei-
tamento pedagógico, por falta deste mate-
rial”, dizem.
Estamos perante um pingue-pongue
envolvendo todos estes actores, mas, com
certeza, há uma grande culpa do Governo
do dia. Como é possível assumir compro-
missos chancelados por contratados para
prestação de serviços sem que haja termos
e condições que definem a responsabilida-
des das partes? O atraso do livro escolar é
reportado desde Dezembro de 2021 e, in-
felizmente, de lá para cá, foi preciso muita
pressão social para que o Governo se posi-
cionasse. Aliás, esta pressão pode ter como
causa, também, o facto de, dentro do sis-
tema de governação, haver, entre os políti-
cos, posições antagónicas no exercício da
governação.
Não faz sentido que tenhamos proble-
mas de tamanha dimensão e com causa
bem identificada.
Um dos antigos ministros da área, e, por
sinal, com todas as credenciais para abor-
dar a questão, não gaguejou e para o pú-
blico afirmou com A+B ter havido, no seio
do ministério, problemas sérios de plani-
ficação. - ” O que estamos a vivenciar é o
reflexo de falta de planificação e temos de
melhorar o sector”
OPINIÃO 9
Quando um ex-ministro consegue identi-
ficar problemas deste género, quer dizer que
a máquina do sector da educação não está
bem alinhada e cada um dança a música à
sua maneira e estilo. Ninguém veio a público
para explicar as dificuldades que o país en-
cara para a importação deste bem essencial
ao sistema, pedir desculpas por isto estar a
comprometer o sistema e a qualidade de en-
sino das nossas crianças, e, para nós, encar-
regados, que pagamos impostos.
Em jeito de sátira, uma das figuras reno-
madas da praça questionou o porquê de a
produção e importação do material de pro-
paganda eleitoral não ter este tipo de pro-
blemas. Para o ilustre, a quantidade de ma-
terial de propaganda eleitoral que se produz
e distribui até supera o número dos livros
de que precisamos para o ensino primário.
Este material é espalhado em quase todas as
esquinas do país, o que não se consegue com
o livro.
Enfim, o país precisa, e a todo o custo,
de encontrar formas de melhor servir este
povo. Precisamos de parar com este tipo de
palhaçada institucional e buscar formas efi-
cazes de resolver os problemas do sector da
educação.
Se eu fosse ministra, ao invés de lutar
para justificar, entrava de corpo e alma nos
problemas que enfermam o sector, procu-
rava encontrar as causas, e, acima de tudo,
responsabilizar todo aquele que directa ou
indirectamente faz do sector um espaço
para tirar dividendos e lucros em prejuízo
do aluno.
É esfarrapada, sim, a tentativa de atirar a
culpa para as empresas que ganharam o con-
curso. Vós sois o Governo e detêm todo o po-
der para responsabilizar a qualquer sujeito
que esteja à margem da lei.
*Rede Fixa e Móvel
10 OPINIÃO
HISTÓRIAS DE VIDA
Morreu o homem que descobriu a "primeira
filha do diabo"
Serôdio Towo-serodiotouo@gmail.com
Regressamos às publicações na
página das histórias de vida, que
por imperativos profissionais foi
interrompida por diversas edi-
ções. Neste regresso, vamos ho-
menagear alguém que, como se
costuma dizer, partiu para o além.
Trata-se de Mondlane, o homem
que descobriu a "primeira filha
do diabo".
 Noite adentro de sábado, dia 8
de Janeiro 2022, chamada de tele-
fone desperta – me. Doutro lado
da linha chega uma informação
dando conta da morte de Mon-
dlane, pai, irmão, avô, tio e amigo
de muita gente.
Na casa dos setenta e poucos
anos, calava-se a voz de um ho-
mem cheio de histórias para con-
tar, umas reais e outras que se
desconfia sejam inventadas, mas
todas cheias de um teor de humor
e educação à mistura. Doente ou
não, sempre estava disposto a
contar de forma cómica as "novi-
dades" sobre o que passou ao lon-
go dos tempos da sua mocidade e
não só.
Mas Mondlane não só conta-
va as vivências das pouco mais
de sete décadas que percorreu na
terra, como também tinha a capa-
cidade de improviso para dizer o
que lhe vinha à alma sobre deter-
minados assuntos.
Por exemplo, em pleno inverno
do ano de 2017, sentados à volta
da fogueira no pequeno povoa-
do de Magoene, distrito de Man-
DOSSIERS & FACTOS
dlakazi-Gaza, depois de beber
umas taças de champanhe que
tanto gostava, eis que dirige-se
a mim e aos restantes presentes,
entre homens e mulheres, para
classificar todas as mulheres do
mundo, como " primeiras filhas
do diabo".
Considerava a mim um masse-
ve,  ou seja, compadre. Epah, na-
quela noite, porque uma jovem
vizinha deles naquele povoado
discutiu com seu marido depois
de ela ter sido surpreendida em
suposta situação de amantismo
na zona, Mondlane, em defesa da
masculinidade, teceu os seguin-
tes comentários:
“Compadre, ‘lava vanu a va
pheli’ (traduzido para português
significa ‘esta gente não presta
para nada’)”. E acrescentou: "To-
das elas são as primeiras filhas do
diabo".
Mondlane, através da sua forma
tão cómica de se expressar, dei-
xou todos os presentes sem jeito,
com gargalhadas acima da média,
e assim ficou em nós a expressão
das “primeiras filhas do diabo".
As suas histórias, diga-se mar-
cantes, mesmo com a sua mor-
te não terminaram. É que Mon-
dlane, quando pressentiu que os
anos ou dias para partir para o
além se iam aproximando peri-
gosamente, à boa maneira da cul-
tura dos africanos, marcada por
muitas tradições, foi dizendo ao
seu filho, o mais velho de todos, o
02 de Maio de 2022 SEGUNDA-FEIRA
que gostaria que fosse feito quan-
do perdesse a vida.
Obviamente que este tipo de re-
comendações muita das vezes não
são públicas, daí que sempre sur-
preendem aos mirones quando é
chegada a vez. Foi assim então que
aconteceu com Mondlane. Ele es-
colheu não ser enterrado dentro
de um caixão. Exigiu que o seu
cadáver fosse embrulhado com
peles de quatro vacas. Aliás, para
melhor explicar, por três peles de
vacas e uma de boi, totalizando
quatro. Exigiu ainda que a carne
das quatro cabeças fosse confec-
cionada e servida aos presentes
nas cerimónias fúnebres. E assim
aconteceu. É importante referir
que também deixou claro que não
queria que seu corpo passasse por
uma morgue e de todos aqueles
mecanismos de conservação.
Parabéns ao destinatário da
mensagem, pois conseguiu cum-
prir. O finado descobridor das fi-
lhas do diabo assim foi enterrado,
transportado em espécie de maca
feita de paus - estacas frescas cor-
tadas em árvores do seu vasto
espaço.
É assim que se foi o homem que
descobriu as primeiras filhas de
diabo.
Devido a sua morte, o povoa-
do de Magoene ficou literalmente
parado, de tudo, para o acompa-
nhar à sua última "morada" com
estas e outras histórias que ficam
por contar.
SEGUNDA-FEIRA 02 de Maio de 2022 DOSSIERS & FACTOS
Anúncio publicitário 1 DE MAIO
Trabalhadores
domésticos exigem
dignidade
H
á, neste momen-
to, em todo o país,
14667 trabalhado-
res domésticos ins-
critos no Sindicato Nacional
dos Empregados Domésti-
cos. A classe fala de injusti-
ças laborais e aponta a falta
de aprovação de salário mí-
nimo como um dos princi-
pais desafios.
D&F Texto: Dossiers & Factos
Dois mil vinte e dois é o terceiro ano con-
secutivo sem desfile dos trabalhadores em
celebração do Dia Internacional do Traba-
lhador. Mas, este domingo, na Cidade de Ma-
puto, houve deposição de coroa de flores na
Praça dos Heróis, onde participou um núme-
ro significativo dos trabalhadores. Empunha-
vam-se, naquele local, vários dísticos, mas o
que estava com as empregadas domésticas
chamou atenção pela mensagem exibida:
“Exigimos o salário mínimo no sector domés-
tico”, um pedido que vem depois de os nove
sectores de actividades no país terem já tido
o reajuste.
Além disso, os empregados domésticos
querem que o Governo dê atenção a esta
classe laboral. “Situação do horário que não
é bem cumprido, respeito, férias e descanso
semanal. Mesmo hoje, há colegas que estão a
trabalhar e a nossa maior preocupação é, de
facto, a aprovação do salário mínimo”, men-
DESTAQUE 11
cionou alguns desafios Rosa Mbamba,
do Sindicato Nacional dos Empregados
Domésticos.
Nélia Cossa tem 39 anos de idade,
em sete dos quais trabalha na Cidade de
Maputo como doméstica. Ela é uma das
14 667 trabalhadoras inscritas no Sindi-
cato Nacional dos Empregados Domés-
ticos e fala do dia-a-dia. “No nosso sector
de trabalho, há patrões que não nos res-
peitam, falando mal, agindo mal contra
nós”, lamentou.
A Organização dos Trabalhadores
Moçambicanos, OTM Central Sindical na
Província e Cidade de Maputo, através
do seu secretário-executivo, Joaquim
Chicate, reconhece os problemas rela-
tados, mas, falando de modo geral, diz
que, mesmo com as dificuldades, é pre-
ciso festejar.
“Naturalmente, há sempre motivos
para festejar, mesmo onde há mortes
há sorrisos. Temos dificuldades e muitos
problemas a ultrapassar, passando por
questões económicas. Sabem que a nos-
sa economia esteve quase em recessão
e há sectores que foram bastante afecta-
dos pela COVID-19, guerra em Cabo Del-
gado, ciclones e questões ambientais”,
referiu.
Já o director dos Serviços de Justiça
e Trabalho na Cidade de Maputo, Cosmo
Nyusi, diz que as questões salariais serão
melhoradas.
“O Governo está a fazer de tudo para
melhorar o salário dos trabalhadores,
para que, no mínimo, possa equilibrar o
custo de vida de forma ideal com aqui-
lo que é o rendimento do trabalhador”,
prometeu. O País
 12 PLANO DE FUNDO DOSSIERS & FACTOS 02 de Maio de 2022 SEGUNDA-FEIRA

MUCHATE NÃO ESTÁ FELIZ COM O ESTÁGIO ACTUAL DO BASQUETEBOL

“Temos que levar as coisas à sério”

É
uma das vozes mais autorizadas a
falar do basquetebol nacional, não
tivesse sido, ao longo de vários
anos, capitão da selecção nacional
sénior-masculina. Deixou de ser interna-
cional em 2021, por iniciativa própria,
para “concretizar” algumas coisas a “nível
pessoal” e também porque entende ser
necessário “dar espaço aos outros atletas”.
Falamos de Custódio Muchate, que lamen-
ta o facto de o país estar, constantemente,
a dar “um passo à frente e dois atrás”. A
lenda do Ferroviário de Maputo concedeu-
-nos esta entrevista no ano passado, e hoje
recuperámo-la, no contexto da celebração
dos 10 anos do semanário Dossiers & Fac-
tos.

Texto: Arão Nualane

D&F
Fotos: Albino Mahumana

Encontrámos Custódio Muchate no pavi-

lhão do Ferroviário de Maputo em mais
um dia de treinos. Afinal, renunciou
à selecção e não aos locomoti-
vas, muito menos ao basque-
tebol. Sentados nas bancadas,
com o distanciamento social
escrupulosamente respeitado,
revelou-nos as razões que o
levaram a colocar um ponto fi-
nal a sua carreira na selecção.
Aproveitámos a oportu-
nidade para aflorar
vários aspectos
ligados ao bas-
quetebol,
uma moda-
lida-
de
com-
petitivida- Muchate em acção ao serviço do Ferroviário
de.
“É preciso dar espaço a outros atletas”
Dossiers & Factos (D&F) – Recente-
mente, Custódio Muchate renunciou à se-
lecção nacional de basquetebol. Conside-
rando que ainda está em boa forma física,
o que terá pesado para que tomasse esta
decisão?
Custódio Muchate (CM) – Sim, de facto
não há, entre os motivos que me levaram a
tomar essa decisão, algo que esteja relacio-
nado a algum problema físico. Mas, é uma
decisão que foi ponderada, só que desta vez
decidi dar como certa. Chega,
para mim, porque existem vá-
rias ou-
tras
numa outra condição, mas como atleta já não.
“Estamos aqui hoje e não quero deixar equí-
vocos ou mal-entendidos. Está tudo bem co-
migo e desejo a maior força e sorte à selecção
nacional, quer para o corpo técnico que está a
trabalhar com a equipa neste momento, quer
para os meus colegas”
D&F – Não acha que teria sido mais pru-
dente deixar a selecção depois da segunda
janela de qualificação ao Afrobasket 2021?
CM – Se calhar eu podia não ter feito a pri-
meira janela desta qualificação. No entanto,
acredito que para algumas pessoas soa mal que
eu esteja a sair antes de terminar aquilo que é a
segunda janela. Mas, decidi que iria deixar a se-
lecção depois da primeira janela, e é essa deci-
são que tomei. Estamos aqui hoje e não quero
deixar equívocos ou mal-entendidos. Está tudo
bem comigo e desejo a maior força e sorte à se-
lecção nacional, quer para o corpo técnico que
está a trabalhar com a equipa neste momento,
quero para os meus colegas.

Carreira segue nos locomotivas

D&F – É um dado adquirido que vai deixar

a selecção nacional, aliás, já a deixou. Que
coisas Custódio Muchate teremos nos próximos
para eu fazer a nível tempos?
de pessoal e tenho que concretizá-las. Também é CM – Vai ser um Custódio que poderá dar
preciso dar espaço aos outros atletas e, como o seu contributo de uma outra forma. Como
que, venho dizendo, não estou a deixar de dar o coordenador, dirigente. A verdade é que não
em Mo- meu contributo no seu todo. Posso contri- deixarei de apoiar a selecção, pois apenas me
çambique, carece buir para a selecção nacional de outra forma, retiro como atleta na selecção. Estou activo e
continuo a representar o meu clube, o Ferro-
 SEGUNDA-FEIRA 02 de Maio de 2022 DOSSIERS & FACTOS PLANO DE FUNDO 13
viário de Maputo. Na selecção, e para aquilo
que for solicitado, quer pela Federação Mo-
çambicana de Basquetebol, quer pelos atletas,
estarei disponível para ajudar.
D&F – Como é que as pessoas que o ro-
deiam reagiram a esta decisão?
CM – É uma decisão que pareceu fácil para
mim, mas não, porque, de facto, existem pes-
soas ao meu redor que ainda gostariam de ver
o meu contributo na selecção nacional, dentro
dos pavilhões. Receberam a mensagem e res-
peitam, principalmente, porque muitos já se
perceberam que existem vários motivos pelos
quais gostaria de dar o meu contributo à se-
lecção nacional, mas não como atleta. Foi uma
decisão que, em algum momento, foi um cho-
que, mas percebem e sabem que é algo de se
respeitar. Eles podem não concordar e respeito
isso. A decisão é minha e aqueles que são os
reais motivos pelos quais deixo de jogar pela
selecção nacional só eu os conheço.
D&F – Moçambique vai, em Fevereiro,
participar da segunda janela de qualificação
para o Afrobasket 2021. Depois do desaire
de Kigali, acha que temos reais chances de
assegurar o apuramento para a prova?
CM – Chances existem. Apesar de difícil,
eu digo que não é impossível. As diferenças
que nós tivemos em Kigali são bastante pesa-
das, principalmente, contra Angola e Quénia,
porém, nada é impossível porque são atletas
aguerridos. São pessoas que poderão fazer de Poste moçambicano pede mais jogos para os atletas
tudo. De certeza que os treinadores estão a tra- pode fazer o que Custódio fazia na selecção mas, ao nível da cidade Maputo, tivemos há dois
balhar, afim de poder mudar esta situação. Vai nacional. ou três anos a Liga Engen, que trouxe uma outra
ser difícil, por isso, a selecção vai ter que estar forma de ser e de estar dos atletas, deu uma outra
junta, empenhada, aguerrida defensivamente Discussão sobre mudanças tem barbas competitividade e rodagem para os atletas. Isso é
e ofensivamente. E ainda bem que temos ago- brancas muito importante, porque o basquetebol é uma
ra o campeonato que iniciou aqui em Maputo, modalidade muito intensa e requer muita compe-
por forma a dar rodagem a alguns jogadores. D&F – O Custódio é uma figura incontorná- titividade. Estares a treinar com uma carga sema-
Falo de Maputo porque a maioria dos joga- vel quando se fala do basquetebol nacional, e, nal de 16 horas e jogares uma vez por semana não
dores estão aqui. Penso que os jogadores que de certeza, tem uma opinião formada em re- vai trazer nenhum benefício. Portanto, a Liga En-
estão nas províncias, neste momento, também lação à modalidade. Nos últimos anos, existe gen, na cidade de Maputo, trouxe uma excelente
estejam a fazer alguma coisa para poderem re- uma corrente que defende a necessidade de se rodagem para os atletas que estavam a jogar aqui
presentar a selecção de forma condigna. Dese- fazer mudanças de vulto no basquetebol. Quer em Maputo e isso teve reflexo naquilo que foram
jo muita sorte, não será fácil. comentar? os resultados dos últimos anos nas equipas. Creio
D&F – Olhando para os jogadores CM – Essa é uma discussão que já que existem muitas coisas por se fazer para o bas-
que actuam na sua posição, há tem “barbas brancas”. Já vem se quetebol, das camadas de formação até aos se-
alguém em especial que discutindo há muito tem- niores. É muito trabalho que tem de ser feito, quer
considera estar em al- po sobre mudanças a nível de competição, de organização, querena
tura de fechar o lugar que tem havido, mas direcção. Temos que tomar as coisas à sério. Caso
que deixou vago na acabamos sempre não, iremos ficar parados no tempo, enquanto ou-
selecção? dando um pas- tras selecções evoluem.
CM – Nin- so e recuando
guém é insubs- dois. Veja que D&F - Sabe-se que os irmãos Novela
tituível, muito tivemos a si- vão deixar o Ferroviário de Maputo, de-
menos o Cus- tuação da pois de muitas conquistas na equipa.
tódio. Para di- Liga Voda-
Como encara essa saída?
zer que aque- com, que foi
CM – Desejar aos jovens muita sorte
les jogadores implemen-
para a nova jornada, é assim mesmo, a vida
que estão na tada e trou-
é feita de desafios e há que trilhar outros
selecção, não xe resultados
bons para a caminhos. Esta é uma oportunidade para
estão lá por-
que Custódio selecção na- eles sentirem o pulsar de outras coisas fora
os escolheu. Mas cional. Temos do Ferroviário de Maputo. A equipa dei-
porque o treinador agora a questão xa de ter grandes jogadores que eles são,
escolheu-os. Se o fu- do campeonato da mas são escolhas que são feitas na vida e
lano e o beltrano estão cidade de Maputo. há que respeitar isso. Desejo muita sorte a
lá, é porque são pessoas Sem querer tirar mérito eles, assim como ao David Canivete Jr, que
que poderão dar conta do ao que as outras associa- também já não faz parte do Ferroviário de
recado. Portanto, qualquer deles ções provinciais estejam a fazer, Maputo. Mas também, é uma oportunida-
Custódio Muchate pretende abraçar outras actividades no basqutebol de de outros jovens poderem singrar.
 14 INSS DOSSIERS & FACTOS 02 de Maio de 2022 SEGUNDA-FEIRA

INSS NAMAACHA

45 Técnicos capacitados em matérias de

aposentadoria
4
5 Técnicos afectos nas diferentes áreas
e unidades orgânicas do Instituto Na-
cional de Segurança Social (INSS),
iniciaram, nesta semana, a capaci-
tação em matéria de orientação para a apo-
sentação, na vila da Namaacha, província de
Maputo.
D&F Texto:Cortesia

Trata-se do segundo grupo de funcionários a ser

abrangido, sendo que a primeira acção formativa acon-
teceu na localidade da Ponta D´Ouro, distrito de Matu-
tuine, no mês passado.
Durante cinco dias, os participantes provenientes
da sede e das delegações do INSS da cidade e provín-
cia de Maputo analisaram os contornos que norteiam
o Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Esta-
do (EGFAE), aprovado pela Assembleia da República,
este ano, através da Lei nº4/2022, de 11 de Fevereiro,
sobretudo na componente das aposentadorias dos fun-
cionários e agentes de Estado, no âmbito da sua relação
laboral, onde se salienta a obrigatoriedade do domínio
desta matéria.
Na abertura do evento, o director da Administração
e Finanças do INSS, Jaime Nhavene, enalteceu o esforço
dos participantes e formadores que prontamente abra- Técnicos do INSS capacitados em matérias de aposentadoria
çaram este projecto formativo, de modo a dotarem os em geral. serem capacitados sobre matérias relativas aos aspectos
quadros gestores de recursos humanos da instituição, Nhavene disse ainda que o processo de capacitação jurídicos de aposentadoria, no âmbito da lei que vigora.
bem como os que entram para o processo de aposenta- que decorre em Namaacha é uma aposta que o INSS Por sua vez, o facilitador do curso, Marcelo Kantu,
doria, de conhecimentos, habilidades e atitudes que lhes faz, esperando ter um bom desempenho dos visados, afecto à AMODEFA, disse que os técnicos do INSS estão
permitam lidar com a devida competência em matéria ao mesmo tempo que apelou para, ao longo do curso, munidos de conhecimentos sobre a matéria, contudo, é
de aposentadoria, que não somente afecta a instituição, serem pro-activismos e construírem um espírito de de extrema importância que sejam preparados em aspec-
sobretudo os funcionários e suas famílias e a sociedade auto-superação, uma vez que terão a oportunidade de tos sociológicos da aposentadoria.

PROVÍNCIA DE TETE

INSS continua a aprimorar o atendimento

A
Ministra do Trabalho e Segurança
Social, Margarida Adamugi Tala-
pa, destacou a necessidade de os
funcionários do Instituto Nacio-
nal de Segurança Social (INSS) continuarem
a pautar pela integridade e aprimoramento
do atendimento aos utentes do Sistema de Se-
gurança Social.

D&F  Texto: Cortesia

A Ministra do Trabalho e Segurança Social fez o

pronunciamento durante a visita que realizou há dias
à delegação provincial do INSS de Tete, para se intei-
rar do grau de execução do Plano Económico e Social
para o ano de 2022. 
A titular da pasta de Trabalho e Segurança Social
enalteceu o desempenho da delegação provincial do
INSS durante o primeiro trimestre, tendo apelado
para que a instituição continue a envidar esforços
para o cumprimento das actividades previstas para o
presente ano no que respeita a inscrição de benefi- Talapa quer mais integridade no atendimento
ciários e Trabalhadores por Conta Própria, com en- contribuições. Trabalho, evento organizado pela Inspecção Geral do
foque para os abrangidos pelo Programa Sustenta e Em Tete, Talapa orientou ontem (28 de Abril), a V Trabalho sob o lema "Agir em Conjunto para Cons-
garantir que os mesmos paguem com regularidade as Conferência Nacional sobre Higiene e Segurança no truir uma Cultura de Segurança e Saúde Positiva".
 SEGUNDA-FEIRA 02 de Maio de 2022 DOSSIERS & FACTOS POLITICA 15
POR OSSUFO MOMADE

Liga Feminina desafiada a combater

uniões prematuras
O
líder do maior partido da
oposição em Moçambique,
Ossufo Momаde, mostra-se
preocupado com o aumento
de casos de uniões prematuras, seques-
tros e tráfico de crianças e mulheres.
Mas também, mostrou-se preocupado
com а intolerância política, fenómenos
que, nas suas palavras, verificam-se em
quase todo o território nacional. Mo-
made desafiou аs mulheres do seu par-
tido, em particular, а nova presidente
da Liga Feminina, а envolverem-se em
acções de combate a estes males.
D&F Texto: Аnаstácio Chirrute, em
Inhambane
Segundo Ossufo Momade, presidente do maior
partido da oposição em Moçambique, a mulher é, maior força política nacional. Por isso, Ossufo Mo-
por natureza, líder de opinião. Por isso, deve usar made quer um maior engajamento da mulher no
esta posição para despertar maior consciência so- combate ao fenómeno. - "A Liga Feminina pode ir
bre a cidadania em outras mulheres. buscar continuamente força nas nossas combaten-
Momade disse que a luta pela justiça social exi- tes, que são a nossa fonte inesgotável", exortou.
ge de toda a mulher a mudança de atitude. Enten- Ossufo Momade diz que o seu partido sempre
de, por isso, que esta classe social deve estar mais primou pela valorização das mulheres. Destacou o
organizada e unida para combater os casamentos seu “dom natural” de promotoras da paz, mediado-
prematuros, que matam o sonho das raparigas e ras e motivadoras por excelência, e pediu que se-
hipotecam o seu futuro. O tráfico de pessoas, so- jam mais interventivas.
bretudo crianças e mulheres, é outro fenómeno Em 2023, o país vai realizar as sextas eleições
que está a registar contornos cada vez mais alar- autárquicas; em 2024, as primeiras eleições dos
mantes em Moçambique, preocupando Momade. administradores; as segundas dos governadores
"A partir desta conferência, exorto as mulheres provinciais e as sétimas legislativas e presidenciais.
a serem defensoras dos direitos humanos e, em Para garantir que o processo seja justo, livre e trans-
especial, dos mais frágeis e desprotegidos, para parente, Ossufo Momade apela às mulheres do seu
que a vida e a integridade física dos cidadãos se- partido a trabalharem unidas, denunciando qual-
jam respeitados", apelou o líder partidário. quer irregularidade que possa manchar o processo.
Os sequestros e assassinatos, que, vezes sem "- Não podemos e nem devemos permitir que
conta têm a conivência dos agentes da lei e or- um grupo se intitule proprietário do Estado mo-
dem, são outros males que preocupam a segunda çambicano. Sejais as líderes do combate à fraude
nas próximas eleições
para permitir a go-
vernação da Renamo,
muito esperada pelos
moçambicanos", disse,
também acrescentou
que "os comporta-
mentos de ditadura e
anti-democracia obri-
gam-nos a identificar-
mos estratégias mais
robustas com vista
a garantir o normal
decurso do processo
eleitora".
Ossufo Momade fa-
lava durante a 3ª Con-
ferência Nacional da
Liga Feminina do seu
partido, realizada no
passado dia 28 de Abril
do ano em curso, na
cidade da Maxixe, pro-
víncia de Inhambane.
O acto culminou
com a eleição de Maria
Celeste Cachite, depu-
tada da Assembleia da
República pelo circulo
eleitoral de Sofala para
o cargo de presidente
da Liga Feminina da
Renamo. Chacite obte-
ve 102 votos e deixou
para trás outras quatro
concorrentes. Subs-
titui, no cargo, Maria
Inês Martins, que este-
ve na liderança duran-
te 16 anos.
 16 POLITICA
APLAUDIDA PELA FRELIMO E PELOS SEUS PARES
Beatriz Buchili não convenceu à
oposição
A
Procuradora-Geral da República,
Beatriz Buchili, esteve na semana
finda na Assembleia da República
para apresentar o informe anual
sobre o estado da legalidade no país. Uma
vez mais, a prestação da magistrada foi
chumbada pela aposição e aprovada pelo
partido no poder. Já na PGR, Buchili até
teve direito a bolo e um buquê de flores.
D&F Texto: Dosisers & Factos
Beatriz Buchili voltou a aproveitar a presen-
ça na magna casa para denunciar a existência
de magistrados, advogados e agentes do Servi-
ço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC)
envolvidos em acções criminais. -"Alguns que
deviam estar na linha da frente de combate
aliam-se aos criminosos e comprometem as in-
vestigações, o que desvirtua o espírito da sua
missão de proteger o cidadão, de garantir a or-
dem e segurança públicas", lamentou a Procu-
radora-Geral da República.
Nos últimos tempos, lembre-se, assistiu-se
ao aumento dos crimes de raptos nas prin-
cipais cidades moçambicanas, e, muitas ve-
zes, os agentes da polícia são referidos como
Beatriz Buchili, Procuradora-Geral da República
DOSSIERS & FACTOS
Parecia aniversário da
PGR, mas os discursos
laudatórios trataram de escla-
recer que Beatriz Buchili es-
tava a ser saudada pela pres-
tação que tivera na casa do
povo. Inédito!
executores.
Buchili debruçou-se também sobre o terro-
rismo, tendo dito que a PGR criou uma equipa
de investigadores que se está a ocupar desta
matéria. A magistrada não deixou de apresen-
02 de Maio de 2022 SEGUNDA-FEIRA
tar resultados do combate a este fenómeno.
Disse que, ao longo do ano 2021, 48 pessoas fo-
ram julgadas e condenadas a 24 anos de prisão.
"- O terrorismo está associado a outras for-
mas de crime organizado e complexos, como
o tráfico de droga, exploração ilegal de recur-
sos naturais e crime económico-financeiro. O
seu combate exige um conjunto de acções in-
tegradas, que incidam não só sobre o crime do
terrorismo em si, como também sobre as diver-
sas formas de financiamento e recrutamento",
lembrou.
Outro assunto candente abordado pela Pro-
curadora-Geral da República é melindroso caso
das dívidas ocultas, particularmente o dossier
de Manuel Chang, que é disputado por Moçam-
bique e Estados Unidos da América. Perante os
deputados do parlamento, Buchili vincou a po-
sição de Moçambique.
"- Reiteramos o nosso posicionamento de
que Moçambique é o único país com jurisdição
para exercer uma ação penal sobre o caso em
apreço e, consequentemente, todos os envol-
vidos devem ser responsabilizados perante as
autoridades moçambicanas", rematou.
O regresso triunfal à casa
Como tem sido apanágio, os partidos da opo-
sição criticaram a procuradora, contrariando a
posição do partido no poder. Mas, no regresso à
casa – Procuradoria-Geral da República - Buchi-
li foi recebida em festa, com direito a cânticos,
danças, buquê de flores e um bolo faraónico.
Parecia aniversário da PGR, mas os discursos
laudatórios trataram de esclarecer que Beatriz
Buchili estava a ser saudada pela prestação que
tivera na casa do povo. Inédito!
 SEGUNDA-FEIRA 02 de Maio de 2022 DOSSIERS & FACTOS ECONOMIA 17
DA BOLSA DE VALORES DE MOÇAMBIQUE

Financiamento à economia ultrapassa

USD 3.500 milhões no primeiro trimestre

A
Bolsa de Valores de Moçambique
(BVM) já financiou a economia
nacional em mais de USD 3.500
milhões, sendo que 20% do va-
lor foi direccionado aos empresários. Este
dado foi apresentado pelo presidente da
BVM, Salim Valá, durante a sua apresen-
tação no Economic Briefing, evento orga-
nizado pela Confederação das Associações
Económicas de Mçambique (CTA), na cida-
de da Beira.

D&F Texto: Quelto Janeiro

O financiamento da bolsa é mais barato

quando comparado com o da banca comer-
cial, o que talvez ajude a atrair as empresas. Em
contrapartida, estas devem reunir uma série de
requisitos para se tornarem elegíveis, nomea-
damente: contabilidade organizada e boa saú-
de financeira, mas, antes de mais, devem ser
sociedades anónimas.
Salim Valá destacou a evolução positiva nos
principais indicadores bolsistas no primeiro
trimestre de 2022, reconhecendo, no entanto,
que esperava mais. “O volume de negócio au-
mentou em 148%, o índice de liquidez também
aumentou em 115%, o financiamento à econo- Salim Valá – presidente da Bolsa de Valores de Moçambique
mia também em 24.6%”. se pode dizer, porém, do nível de capitalização do não há também reconhecemos que as coi-
Ao nível de realizações, disse ter havido uma bolsista, que sofreu uma redução significativa. sas não estão bem”, afirmou Valá, que quer ver
tendência positiva de grande parte dos indica- “A Bolsa de Valores é um mercado organi- o mercado bolsista a crescer, à semelhança do
dores, sendo que, na área de financiamento, foi zado, estruturado e transparente. Quando há que sucede, por exemplo, na África do Sul.
registado um aumento em 1%. O mesmo não aumento, transmitimos a informação e quan- “[Em Moçambique], temos uma capitalização
bolsista de cerca de 19%. Na África do Sul, a ca-
pitalização bolsista está acima de 300%, ou seja,

“Temos uma capitalização

a maior parte dos empresários sul-africanos,
quando precisam de dinheiro para projectos
de longo prazo, equipamentos, infra-estruturas,

bolsista de cerca de 19%. Na inovação, produtos, bens e serviços vão ao mer-

cado de capitais”, disse.

África do Sul, a capitalização bol- Prevalecem incertezas na economia

sista está acima de 300%, ou seja, Depois de anos de recessão, a economia mo-
çambicana começa a dar sinais de recuperação,
mas Salim Valá alerta para o facto de continuar
a maior parte dos empresários sul- a haver fragilidades, dado que os efeitos da Co-
vid-19 ainda se fazem sentir. Não obstante, o

-africanos, quando precisam de di- levantamento das medidas restritivas, abrindo

espaço para a retoma em pleno das actividades
económicas, “ainda teremos algumas sequelas
nheiro para projectos de longo pra- da pandemia e problemas de fragilidades estru-
turais”, disse.

zo, equipamentos, infra-estruturas, O presidente da BVM disse, igualmente, que

podem prevalecer incertezas na economia, de-
vido ao conflito entre Rússia e Ucrânia, que,
inovação, produtos, bens e serviços, de certa forma, afecta a economia de Moçam-
bique. - “Quanto mais tempo durar o conflito,

estes vão ao mercado de capitais”

provavelmente poderá fustigar a nossa econo-
mia”, alertou.
 18 MAPUTO PROVÍNCIA DOSSIERS & FACTOS 02 de Maio de 2022 SEGUNDA-FEIRA

NA PROVÍNCIA DE MAPUTO

OJM quer mobilizar 30 mil jovens até

2027
A
Organização da Juventude Mo-
çambicana (OJM), a nível da
província de Maputo, pretende
mobilizar pouco mais de 30 mil
jovens entre 2022-2027. A informação foi
avançada na semana finda, no quadro da
VIII Conferência Provincial daquela orga-
nização, que, dentre vários pontos, ficou
marcada pela eleição de novos membros
do secretariado da agremiação ao nível
da província, membros do Comité Central
e Provincial, assim como delegados do II
Congresso da Organização, a ter lugar no
próximo mês.
D&F Texto: Quelto Janeiro

Além de mobilizar, o plano quinquenal 2022-2027,

apresentado no primeiro dia da Conferência Provincial,
prevê a promoção da ascensão dos jovens que fazem
parte da organização Continuadores à OJM.
Na ocasião, o primeiro-secretário da Frelimo, a nível da
província de Maputo, Avelino Pinto Muchine, começou
por desafiar a OJM para continuar a sensibilizar os jovens
para a campanha de solidariedade para com as vítimas do
terrorismo em Cabo Delgado, bem como as vítimas das
calamidades.
De seguida, explicou que a missão da OJM radica na
educação dos jovens moçambicanos dentro dos princí-
OJM prepara-se para o congresso
Avelino Muchine quer uma OJM mais dinâmica
pios da ética, moral, amor, estudo, trabalho e patriotismo.
- "A Frelimo deposita uma forte confiança na nossa orga-
nização juvenil, pelo rico potencial que representa e pelo
futuro que significa", realçou.
Reforçou a importância de os jovens deixarem-se
guiar por partidos políticos e organizações da sociedade
civil que sejam idóneos, responsáveis e que actuem de
acordo com os ditames da lei e da democracia.
À nova direcção eleita na conferência, Muchine deixou
recomendações: "Terá muitos desafios, que passam por
contribuir na materialização do programa da Frelimo no
que diz respeito à resolução dos problemas da juventude,
por via da implantação das políticas públicas e da busca
de outras sinergias para o reforço da mobilização, priori-
zando o talento, a criatividade, e a inovação", disse.
O responsável disse esperar que a OJM seja a porta-
-voz das principais preocupações e aspirações dos jovens
moçambicanos no geral, de forma a que assumam as po-
sições correctas sobre os fenómenos que acontecem na
nossa sociedade.
Para Júlio Parruque, membro sénior do partido e si-
multaneamente governador da província de Maputo, os
desafios da juventude, nesta parcela do país, estão ligados
ao acesso ao emprego, habitação e transporte.
“ - Estamos a fazer um percurso para dar respostas.
Para a questão do emprego, estamos a capitalizar as orien-
tações do presidente Filipe Nyusi, de apostar na formação
profissional e no estágio pré-profissional”, assegurou.
Segundo o último Recenseamento Geral da Popu-
lação e Habitação, a população da província de Maputo
cresceu em 60%, resultante da alta taxa de natalidade e da
chegada de cidadãos de outras províncias. A maior parte
da população moçambicana e da província, em particular,
é jovem, o que aumenta as responsabilidades do partido
para com esta classe social.
Sendo assim, Parruque destacou a resposta que está
a ser dada ao problema da habitação, nomeadamente a
mobilização para faciltar o acesso aos terrenos pelos jo-
vens. - “Estamos a minimizar [o problema] através da pro-
dução de planos de urbanização", explicou Parruque.
SEGUNDA-FEIRA 02 de Maio de 2022 DOSSIERS & FACTOS ANÚNCIO PUBLICITÁRIO 19
 20 ECONOMIA DOSSIERS & FACTOS 02 de Maio de 2022 SEGUNDA-FEIRA

CCMI quer uma economia mais

robusta
O
Presidente do Conselho de
Administração (PCA) da
Câmara do Comércio de
Moçambique Investimen-
tos (CCMI), braço económico da Câ-
mara do Comércio de Moçambique
(CCM), Fileu Pave, defende acções em-
presariais que tenham uma robustez fi-
nanceira capaz de responder aos mega-
-projectos ao nível do país.
Texto: Arão Nualane
D&F
Fotos: Albino Mahumana

O PCA da CCMI, Fileu Pave, defendeu este

posicionamento recentemente, depois do
empossamento dos órgãos sociais da insti-
tuição que dirige. O responsável destacou
o papel da CCMI na superação dos diver-
sos desafios da economia nacional.
“- Como Câmara do Comércio de Mo-
çambique Investimentos, o braço econó-
mico da Câmara de Comércio de Moçam-
bique, vamos trabalhar em coordenação
com os outros accionistas e ver quais são
as dificuldades, mapearmo-las para que
possamos encontrar um parceiro certo e
ultrapassá-las”.
De acordo com o PCA, o CCMI conta
com vários parceiros nacionais e interna-
cionais, e o apoio à Pequenas e Médias Em-
Álvaro Massingue, presidente da CCM
Fileu Pave, presidente da CCMI
presas (PME) é uma das prioridades.
“- Sabemos que estamos num período
não muito bom para a economia nacional,
e a CCMI tem essa grande responsabilida-
de de apoiar na industrialização e certifica-
ção para que a nossa economia tenha uma
robustez financeira capaz de responder
aos mega-projectos”, disse Pave, reforçan-
do que a busca por parceiros há-de abran-
ger quase todas as áreas, desde o turismo
à agricultura, passando pelos serviços e
indústria.
Segundo Pave, a CCMI pretende pro-
mover uma sociedade que actue “vigoro-
samente na implementação de negócios
e projectos que produzam rendimentos e
mobilizem fundos de investimentos e par-
cerias lucrativas”.
Por sua vez, Álvaro Massingue, presi-
dente da CCM, manifestou o desejo de tor-
nar a CCMI numa referência em matéria de
promoção de investimentos e na garantia
do retorno.
“- Duarante o mandato, dediquem-se de
forma abnegada para a materialização dos
objectivos para os quais a CCMI foi conce-
bida. Esperamos que sejam guiados pela
transparência na vossa actuação, o que in-
clui a prestação permanente de contas e o
princípio de inclusão”, exortou.
 SEGUNDA-FEIRA 02 de Maio de 2022 DOSSIERS & FACTOS DESPORTO 21
CONSIDERA ALBERTO NHANCALE, TREINADOR DE TÉNIS

“É preciso investir em infra-

estruturas”
O
antigo praticante de ténis e actual-
mente treinador, Alberto Nhan-
cale, considera que urge investir
nas infra-estruturas do ténis, pois
a falta de campos tem condicionado o desen-
volvimento da modalidade no país.
Texto: Arão Nualane
D&F
Fotos: Albino Mahumana

O jornal Dossiers & factos “entabulou” uma conversa

animada com o antigo joagador de ténis e actualmente trei-
nador, Alberto Nhancale, que falou de tudo um pouco sobre
este desporto. Na percepção de Nhancale, a modalidade está
num momento bom, num estágio em que as selecções via-
jam mais para fazerem jogos internacionais. O treinador ar-
gumenta que, no passado, isso também acontecia, mas não
tanto como acontece actualmente.
Outro aspecto importante no desenvolvimento da mo-
dalidade é o facto de o país também acolher torneios de
grande envergadura, como é o caso dos “Torneios Futures”,
que contam para a pontuação a nível mundial.
“Isso mostra que o estágio da modalidade é positivo e
temos atletas que têm posições a nível mundial, saindo de
Moçambique”, sustentou, acrescentando que as competi-
ções a nível interno são tantas que permitem aos pratican-
tes disputarem 12 torneios, que contam para a pontuação
intramuros. Nhancale diz que é preciso passar o testemunho aos mais novos
Para este desportista, estes torneios ajudam porque per-
mitem constatar o que é bom ou mau em cada jogador. ture”, pois estes, pela pontuação que conferem, ajudam os tido muitos jogadores que têm estes torneios de pontuação
Num outro desenvolvimento, a fonte debruçou-se sobre atletas a chegarem aos grandes palcos. para poderem jogar no Grand Slam”.
o Grand Slam, que é o conjunto dos quatro maiores torneios   “Não são quaisquer atletas que jogam no Grand Slam,
da modalidade, designadamente o Open da Austrália, Open mas jogadores que já tem potencial a nível mundial. Come- Passagem de testemunho é uma realidade
dos Estados Unidos, Roland Garros e Wimbledon. Defende çam dos juniores e vão subindo para os seniores”, explicou,
a necessidade de o país ter mais altetas nos “Torneios Fu- para depois acrescentar que “neste momento, não temos Num outro momento, Nhancale referiu-se à formação,
enaltecendo o Clube de Ténis do Jardim Tunduro, em Ma-
puto, por ser um exemplo de passagem de testemunho aos
mais novos, ensinando a modalidade às crianças a partir dos
cinco ou seis anos de idade.
No entender de Nhancale, isso mostra que, de facto, se
está a fazer um trabalho de formação, sendo disso compro-
vativo o facto de, num passado recente, o país ter acolhido
os torneios de sub-12.
“Então, o ensinamento ou a transferência das habilida-
des tem sido muito bem feita, porque tentamos ensinar os
mais novos o que é jogar ténis”, disse. A fonte diz ter a cons-
ciência de que não é fácil conciliar o desporto com a escola,
mas garante que os técnicos têm orientado os atletas para
que não prejudiquem nenhuma das duas actividades.
Nhancale disse igualmente que a Federação Moçambi-
cana de Ténis e o Clube estão de mãos-dadas e têm feito um
trabalho nas escolas, seleccionando os melhores para que
sejam praticantes da modalidade.

Uma modalidade elitista?

Muito se tem falado do facto de o ténis ser consierado

Alberto Nhancale defende o melhoramento de campos de ténis
um desporto das elites. Nhancale assume que, de facto, o
material usado na modalidade é caro. Para equipar um atleta
diz serem necessários, no mínimo, 10 mil meticais.
Mas, para a nossa fonte, o maior problema está ligado às
infraestruturas para a prática da modalidade, que são escas-
sas no país, daí a necessidade de haver investimento.
“Só se joga ténis nos courts do Jardim Tunduro. Embo-
ra tenhamos campos privados, ninguém deixa jogar”. “En-
quanto não tivermos infra-estruturas, não podemos levar
campeonatos nacionais para as outras províncias”, disse.
22 ALVOS DOSSIERS & FACTOS 02 de Maio de 2022 SEGUNDA-FEIRA

A TERRA E OS HOMENS Fotos de Albino Mahumana

Singela Homenagem a todos Trabalhadores!

 SEGUNDA-FEIRA 02 de Maio de 2022 DOSSIERS & FACTOS CULTURA 23
RENALDO SIQUISSE QUER MAIS OUSADIA NAS ARTES

“Estamos muito estáticos, temos de

quebrar paradigmas”
R
enaldo Siquisse Nhare, conheci-
do na arena cultural por Siquisse,
nasceu em 1986, na terra da "boa
gente", província de Inhambane,
mais concretamente no distrito de Mas-
singa. Foi no mesmo distrito que passou
a sua infância, com total liberdade para
brincar e aprender.

D&F Texto de Albino Mahumana

Na altura, junto com seus amiguinhos, entretia-

-se em vários jogos infantis e brincadeiras como
zhoto, txôtxôtxô, polícia e ladrão, mudzobu com
castanhas de caju, futebol, entre outras. Mal sabia
que a sua vida estaria ligada às artes, apesar de
assumir que nasceu com “alma de artista”.
Se a lama já lá estava, bastou o empurrão de
uma colega de carteira para que “bicho” começas-
se a ser levado mais à sério. Sua colega de cartei-
ra mostrava desenhos feitos por Siquisse ao avô,
que, depois de os apreciar, constatou que o autor
dos mesmos tinha veia para artes visuais.
"A colega mostrou ao avô os desenhos que eu
fazia nos cadernos em sala de aulas, e ele se inte-
ressou em conhecer-me. Elogiou-me e disse que
tinha inclinação para artes visuais", revela o artista.
Em 2008, Renaldo Siquisse fez parte do Pro-
jecto Shot B, que tinha como objectivo reabilitar
Renaldo Siquisse, artista plástico
Renaldo Siquisse, artista plástico
o mural do Museu de Arte. Tudo isso aconteceu O artista, que se não fosse plástico seria músi-
numa fase embronária da co, lamenta alguma falta de ousadia no seio dos
sua carreira, inspirada tam- fazedores da arte. "Estamos estáticos, é necessário
bém pelas obras do eterno quebrar alguns paradigmas entre a antiga gera-
Malangatana, a quem teve ção e a geração emergente", disse.
oportunidade de conhecer.
“A visita de Malangata- A pandemia e a reinvenção
na a escola primária onde
estudei influenciou-me de A pandemia da Covid-19 estagnou vários pro-
certa forma, porque conhe- jectos, fazendo com que muitos sectores, princi-
cia seus trabalhos ilustra- palmente o da cultura, ficassem comprometidos
dos no livro de história do financeiramente.
antigo sistema". O artista plástico revela que teve que se rein-
“Estamos estáticos, é ne- ventar para fazer face à nova realidade, passan-
cessário quebrar alguns do a promover seus trabalhos nas plataformas
paradigmas” digitais.
"Para sobreviver como artista, tive que me rein-
Siquisse, que não fre- ventar, criando e trabalhando intensamente com
quentou nenhuma escola várias paletas, e promovendo meus trabalhos em
de artes, começou a dedi- plataformas digitais, assim como na media"
car-se “de corpo e alma” às Questionado sobre como é que os artistas
artes em 2010. No essencial, podem capitalizar a arte para ganharem dinhei-
faz assemblagem de mate- ro, Siquisse fala da necessidade de haver investi-
riais e pinturas abstractas, mento e profissionalismo. "Para ganhar dinheiro
tendo como fonte de inspi- com a arte, é importante investir na qualidade
ração a miscelânia das cul- dos materiais e no profissionalismo na produção
turas no meio urbano. artística", afirma.
"Tenho abordado temas Renaldo Siquisse já realizou uma exposição in-
que têm a ver com crítica dividual e participou na exposição colectiva "Ca-
social negativa e positiva, o minhos confinados na Kulunguana". Também tem
uso das tecnologias, assim participado em exposições permanentes no Nú-
como a poesia que a socie- cleo de Arte. No ano passado, recebeu a menção
dade exala na sua forma de honrosa no concurso Jovem Criativo, com a obra
ser e estar". “cidade em máscara”.

Tchumene 1 | Rua Carlos Tembe, Parcela Nº 696, Matola | Telf 869744238 |
Celular: 82 4753360 | Email: dossiereletronico@gmail.com
I
ANGOLA
NTERNACIONAL
Bispo de Cabinda nega crispação
entre a Igreja Católica e o executivo
B
ispo de Cabinda, Bel-
miro Chissengueti,
criticou o silêncio "co-
barde" de quem se cala
perante situações sociais de-
gradantes e negou a existência
de um ambiente de crispação
entre a Igreja Católica e o exe-
cutivo angolano.
Após a visita do presidente ango-
lano à província, o bispo de Cabinda,
Belmiro Chissengueti, desmentiu  a
Recorde-se que Angola está em guerra com a igreja universal
existência de reações negativas por
parte de membros do executivo às
suas mensagens, frisando que os
bispos defendem a pátria.
"- Esse dito ambiente de crispa-
ção entre a Igreja e o Estado (an-
golano) nós não o sentimos, esse é
um ambiente criado na mente de
internautas, pessoas que acreditam
que criticar determinada posição do
Governo é estar contra o Governo",
sublinhou, fazendo a distinção entre
o mundo das redes sociais, onde há
uma diversidade de posições, e o
mundo real.
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50Mt
"- Nós (os bispos católicos) que- " - Isso não me aquece nem me
remos o bem da Pátria, o maior bem arrefece, estou habituado a viver nes-
do país. Não queremos ser aqueles te ambiente de polémicas. O certo é
que cobardemente mantêm o silên- que digo o que penso, não sou ne-
cio diante de uma situação social ga- nhum bajulador que vive no mundo
lopantemente decadente", afirmou da imaginação, eu vivo do realismo”,
o eclesiástico, acrescentando que é vincou.
missão da Igreja chamar atenção para
aquilo que deve ser feito e prevenir Culto do chefe
males que podem ser erradicados.
"- Nunca houve nenhuma cris- Sobre a possível existência do
pação, nunca me foi negado um culto ao chefe, o bispo de Cabinda
encontro com o governador, antes admitiu que a existência de bajulado-
pelo contrário, temos um diálogo res não é benéfica para o desenvolvi-
permanente, a nível central tam- mento do país.
bém", garantiu Belmiro "- Há bajuladores, temos até al-
Chissengueti. guns com título académico superior
ao phD (doutorados) que, na ânsia de
"- Não sou nenhum conseguirem cargos políticos, benefí-
bajulador". cios económicos e vantagens, ainda
cultuam as pessoas a ponto de não
No entanto, "o fac- terem capacidade ou coragem de re-
to de não haver cris- conhecer as suas falhas e ajudarem a
pação, não quer dizer melhorar”, destacou.
que concordemos com "- Estes bajuladores, que fazem o
tudo o que é feito, cha- culto ao chefe, têm uma capacidade
mamos atenção daqui- de transumância incrível. Há pouco
lo que não está bem", tempo, eram por José Eduardo dos
notou o bispo, aludin- Santos, agora, por João Lourenço e
do também ao lema da não lhes custa nada mudar para um
presente governação, outro. É importante que quem dirige
que é corrigir o que o país não se deixe levar pelo culto
está mal e melhorar o de personalidade, e saiba, sobretudo
que está bem. ouvir aqueles que pensam diferente
Entre as correções e que, muitas vezes, trazem muito
a fazer, apontou exem- mais verdade do que os bajuladores”,
plos, como a corrup- aconselhou.
ção, a sobrefaturação, Ainda realçou que, enquanto o
as obras mal-feitas, os bajulador "só está à procura de uma
baixos salários. oportunidade para a sua vida”, os
Questionado sobre bispos querem "oportunidades para
a possibilidade de já todos”.
ter sido pressionado ou Por isso, considerou que o presi-
ter sido alvo de críticas, dente angolano "faz bem em encon-
respondeu, entre risos, trar-se com figuras dissonantes”, mais
que deve ser "o mais habilidosas para transmitir a realida-
criticado". de do país. DW