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Ensino

"'"
A CONTRIBUIÇAO DA PSICOLOGIA
"'"
NA FORMAÇAO PROFISSIONAL
Simone Miguez Cunha *
Denise Madruga Carrilho**

A modernidade nos impõe uma constante discussão sobre C011'to melhorar o


desempenho do profissional contemporâneo.
Este texto elucida a contrib uição da Psicologia Escolar na formação dos
Engenheiros Militares do Instituto Militar de Engenharia.
A prerrogativa do trabalho é de poder contribuir na formação profissional dos
alunos do IME de forma a ampliar o seu conhecimento e sua aufononúa.

As mudanças no cenário mundial impõem transformações no perfil do profissional


contemporâneo. A Seção Psicotécnica do Instituto Militar de Engenharia acredita, que
para se manter o renome do Instituto, devemos ter um olhar crítico sobre as atividades
acadêmicas e a prática educacional, investigando-as e avaliando-as no sentido de
procurar planejá-las em consonância com as tendências do mundo, mas, ao mesmo
tempo, respeitando o indivíduo na sua diversidade e singularidade, como ser dinâmico
e integrado.
Visando atender a essas necessidades, adotamos um modelo de atend4nento que
pretende promover o pleno desenvolvimento das habilidades e potencialidades do
aluno. O objetivo do trabalho psicopedagógico é ver o aluno em seu processo de
construção do conhecimento contribuindo para a sua instrumentalização e
estimulando-o a buscar o seu crescimento pessoal. Assim, acredita-se que o aluno
possa vir a atuar em suas realidades com maiores recursos internos e até, quem sabe,
provocando transformações que atendam melhor às necessidades do Exército brasileiro,
da Sociedade Científica, bem como favorecer as relações afetivas no ambiente de
trabalho, num convívio mais harmonioso.

* Psicóloga Escolar e Psicopedagoga.


** Psicóloga Escolar.

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ACONTRIBUIÇÃO DA PSICOLOGIA NA FORMAÇÃO PROFISSIONAL

Não muito raro, as dificuldades afetivas aprendizagem e o aluno reconhecer o "apren-


e emocionais interferem no processo de der" como positivo e estimulante, e conse-
aprendizagem do aluno, comprometendo o seu qüentemente produzir de acordo com as suas
desenvolvimento pessoal e profissional. potencialidades.
Mesmo reconhecendo que muitas dessas O psicólogo americano Howard Gardner
dificuldades são próprias da fase do desen- (1994) nos aponta que as habilidades
volvimento em que se encontram estes alunos, cognitivas são bem mais diferenciadas e mais
considera-se que alguns deles necessitam uma específicas do que se acreditava. Sua Teoria
atenção especial. O final da adolescência das Inteligências Múltiplas trouxe grande
caracteriza-se por um fechamento na cons- contribuição para a Educação e a Psicologia,
trução da identidade, proveniente de uma tendo em vista a amplitude do seu alcance,
busca para resolver crises oriundas de seu numa visão multidimensional que ultrapassa
íntimo ou produzidas pelas pressões do meio. o conceito de inteligência como sendo um
Todavia, encontram-se alunos em níveis potencial único. Ao considerar a inteligência
diferentes de amadurecimento, alguns já um potencial diversificado é possível ex-
tendo superado suas crises e outros, por suas plorá-la em várias combinações intelectuais
fragilidades, demonstrando mais dificuldades de modo que o aluno venha a atingir maior
para vencer essa passagem. Por meio de uma eficiência de desempenho durante o curso e
investigação avaliativa é possível construir posteriormente na vida profissional.
um diagnóstico psico-educacional que indica Embora o nosso processo educacional no
ou não a necessidade de uma intervenção. Por momento privilegie a inteligência lógico-
isso, intervir psicopedagogicamente é favo- matemática e espacial , acreditamos estar
recer o aproveitamento das potencialidades, somando ao conhecimento do aluno quando
afastando possíveis barreiras que estejam propiciamos um espaço que possibilita maior
dificultando a expressão do pensamento. entendimento das inteligências pessoais (Inter
É conhecido hoje que o afeto e a cognição e Intra).
são estruturantes do pensamento, pOltanto, não O desenvolvimento nessa esfera pode ser
há como privilegiar no sujeito a dimensão um diferenciador na qualidade das atividades
cognitiva em detrimento dos seus desejos, a serem realizadas pelos alunos .
necessidades, emoções, motivações, interes- Parece oportuno citar Vygotsky para
ses e impulsos. Ver o aluno no seu processo fortalecer e complementar esse ponto de vista
de crescimento de forma diferenciada, identi- de Gardner quanto à importância de se
ficando seus conflitos e seus impedimentos é proporcionar um novo contexto educacional.
proporcionar que seu desenvolvimento Vygotsky (in Rego, 1995) menciona que o
cognitivo e emocional rume por caminhos que bom ensino é aquele que se adianta ao
lhe permitam avanços e novas conquistas, desenvolvimento; dessa forma, ampliar o
ampliando sua autonomia. Sobretudo para acesso do aluno a várias áreas do conheci-
proporCIOnar um bom vínculo com a mento é contribuir efetivamente para o

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desenvolvimento da sua capacidade os quanto às formas mais adequadas para


intelectual. atuarem com os alunos que apresentam
Quando objetivamos ampliar a formação dificuldades e estimularem em sala de aula
do engenheiro ensejamos uma compreensão o pensamento divergente e criativo.
do indivíduo como um todo. Vislumbrar a sua Manter um canal de comunicação com os
futura atuação profissional é atentar para a alunos é também preocupação constante da
nossa prática educacional, para as diferenças Seção. Uma das ferramentas que viabilizam
e oportunizar caminhos que levem ao pleno essa comunicação é a pesquisa de opinião
desenvol vimento das potencialidades dos aplicada aos alunos. Seu maior objetivo é
alunos. identificar áreas de conflito e de insatisfação
É bem verdade que outros fatores também que estejam simplesmente mobilizando e,
influenciam o atingimento das metas mencio- muitas vezes, impedindo o pleno desenvolvi-
nadas , tais como: a metodologia de ensino mento dos alunos.
empregada e a conscientização do professor Considerar as necessidades, motivações
do seu papel educacional. e interesses dos alunos e adequá-los aos
A inserção da Psicologia numa escola de objetivos educacionais é proporcionar tanto
Engenharia Militar também possibilita um clima de motivação, que favorece a apren-
trabalhar diretamente e. indiretamente com dizagem, bem como possibilitar o aperfei-
essas questões ao fazer uma leitura diferen- çoamento do processo de ensino e melhorar
ciada do processo de ensino e aprendizagem. a dinâmica interpessoal entre os alunos e a
Ao relevar o enlaçamento das dimensões Instituição.
psicológicas do sujeito compreende-se A busca da qualidade é a tônica do mo-
melhor suas dificuldades no processo de mento. Portanto, se a escola de nível uni-
aprendizagem e o seu padrão comportamental. versitário não dispensar o devido cuidado às
Quando se considera o referencial psicoló- dimensões essenciais que afetam aspectos
gico da situação permite-se levar ao educador comportamentais talvez esteja fadada a não
uma compreensão melhor das dificuldades conseguir desenvolver plenamente as
dos alunos de modo a facilitar a relação potencialidades dos seus alunos.
professor/aluno e promover o desenvolvi- Nesta visão prospectiva entendemos que
mento. a Psicologia, representada pela atuação do
Para atender a esse objetivo, a Seção tenta Psicólogo Escolar, pode contribuir na for-
proporcionar um espaço para reflexão junto mação profissional de forma a facilitar que
a estes profissionais levando-os a repensarem esses indivíduos absorvam mais facilmente
suas práticas e a buscarem novas soluções as mudanças que um mundo globalizado
para os problemas vivenciados, orientando- imprime à sociedade.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
COLL, C., PALACIOS, J. , MARCHESI, A. Desenvolvimento Psicológico e Educação: Psicologia
da Educação. VaI 2, Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.
GAMA, M .C .S .S. "A Teoria das Inteligências Múltiplas e suas Implicações para a Educação." In:
Temas sobre Desenvolvimento. VaI 3, nQ 14, pp .4-9, 1993.
GARDNER, H. Estruturas da Mente: A teoria das Inteligências Múltiplas . Porto Alegre: Artes
Médicas Sul, 1994.

REGO , T. C. Vygotsky - Uma perspectiva Histórico-Cultural da Educação. Petrópolis: Ed. Vozes,


1995.
SILVA, M. C. A. e. Psicopedagogia: em busca de ul11afundamentação teórica. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 1998 .

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