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Revista Brasileira de Geociências 31(2):173-184, junho de 2001

O "SISTEMA PAJEÚ-PARAÍBA" E O "MACIÇO" SÃO JOSÉ DO CAMPESTRE


NO LESTE DA BORBOREMA

BENJAMIM BLEY DE BRITO NEVES1, MARIO DA COSTA CAMPOS NETO1,


WILLIAMS RANDALL VAN SCHMUS2 & EDILTON JOSÉ DOS SANTOS3
ABSTRACT THE "PAJEÚ-PARAÍBA SYSTEM" AND THE SÃO JOSÉ DO CAMPESTRE "MASSIF" IN EASTERN BORBOREMA The
best areas of exposures of the Pajeu-Paraiba Folding System (SPP) are in the western hinterland of Pernambuco, but the northern part of it -
the so-called Alto Pajeú Terrane (TAP) - reaches the coastal zone of Paraíba (east of the 36°00 ' W). This supracrustal terrane is positioned
between important regional shear zones that separate it from high grade gneiss domains. To the north, there is the Rio Grande do Norte Terrane
(RON)- separated by the Patos Lineament- and to the south there is the expositon of another important fraction of the basement of SPP, the Alto
Moxotó Terrane (TAM). Both RON and TAM are considered mega-fragments of a previous Paleoproterozoic supercontinent, while TAP is
assumed as a descendant segment of the Meso-Neoproterozoic erogenic belt, probably part of the supercontinent of that time (Rodinia). All these
terranes are now juxtaposed and they were deeply reworked by the development of the Brasiliano Cycle, during the amalgamation of the Western
Gondwana supercontinent.
The TAP is mostly composed of muscovite-biotite gneisses (a), garnet-biotite-schists (b), intruded by augen-gneisses of granitic and
syenogranitic composition (c) which are lithological assemblages of Eoneoproterozoic age (Cariris Velhos Cycle). They were diversely reworked
and penetrated by granitoids (d) of the Brasiliano Cycle (as well as RGN has been), specially plutonic rocks of the end of Neoproterozoic III.
These predominant rock-units (a, b, c) are positioned between major regional dextral shear zones, and their regional features are drawing an wide
fan-sinformal structure, due to the Brasiliano reworking.
Geochronological determinations -Rb-Sr, Sm-Nd and U-Pb methods- confirm the Paleoproterozoic age of the RGN and its reworking during
the Brasiliano, as well as the early Neoproterozoic age (Cariris Velhos Cycle) for the main rock units of TAP. Granitic plutonism and proces-
ses of shearing are common events of the Brasiliano Cycle for both, RGN and TAP (as well as for the basement of the TAM, to the south).

Key words: Borborema, Pajeu-Paraiba Belt, Alto Pajeú Terrane, Cariris Velhos Cycle, Brasiliano, Alto Moxotó Terrane

RESUMO O Sistema de Dobramentos Pajeú-Paraiba (SPP), que tem suas melhores representações nos sertões de Pernambuco, chega à zona
costeira na Paraíba (tangenciando fronteiras de estados vizinhos), consoante sua porção mais setentrional designada de Terreno Alto Pajeú (TAP).
Este terreno é limitado ao norte pelo Lineamento Patos, que o separa de um contexto distinto de embasamento que lhe é justaposto, o terreno
tectono-estratigráfico do Rio Grande do Norte (RGN). Ao sul, o TAP faz contato por zonas de cisalhamento de caráter regional com outra fração
do embasamento paleoproterozóico do SPP, o Terreno Alto Moxotó (TAM). O RGN (ao norte) e o TAM (ao sul) são considerados como mega-
fragmentos de um supercontinente paleoproterozóico, enquanto o TAP é assumido como parte/segmento de costura orogênica do Meso-
neoproterozóico, provavelmente do supercontinente desta época (Rodinia). Todos estes terrenos foram justapostos e retrabalhados pelo desen-
volvimento do Ciclo Brasiliano, nos eventos de estruturação do Gondwana Ocidental, ao longo do Neoproterozóico.
O TAP é constituído de gnaisses a muscovita e biotita placosos (a), biotita-granada xistos (b) cortados por augen-gnaisses graníticos e
sienograníticos (c) que são todas unidades eo-neoproterozóicas do Ciclo Cariris Velhos, retrabalhadas diversamente e penetradas por granitóides
(d) do Ciclo Brasiliano, no final do Neoproterozóico. Estas unidades maiores (a, b, c) se acham situadas entre zonas de cisalhamento de rejeito
direciona! dextral (na porção a leste do meridiano 36°00" aqui estudada), consubstanciando ampla estrutura em leque sinformal, imposta pelo
retrabalhamento brasiliano.
Determinações geocronológicas Rb-Sr, Sm-Nd e U-Pb efetuadas confirmam a idade paleoproterozóica do RGN (e do TAM) e seu
retrabalhamento no Brasiliano, e a idade eo-neoproterozóica (Ciclo Cariris Velhos) para o TAP, em suas diversas supracrustais e augen-gnaisses
neles intrusivos. O cisalhamento e a granitogênese do Brasiliano são eventos comuns e importantes tanto no RGN como no TAP (assim como
no embasamento mais ao sul, do TAP).

Palavras-chaves: Borborema, Sistema Pajeú-Paraíba, Terreno Alto Pajeú, Ciclo Cariris Velhos, Granitos brasilianos, Terreno Alto Moxotó

INTRODUÇÃO O Sistema de Dobramentos Pajeú-Paraíba (Brito (SUDENE, sistema DNPM-CPRM, RadamBrasil etc.). com as restri-
Neves 1983), que tem seu desenvolvimento e estudos clássicos nos ções usuais de escala, não podendo atender às muitas demandas do
sertões centrais de Pernambuco, apresenta continuidade para leste, conhecimento. Muitos problemas persistiram, pela sua complexidade
chegando à faixa costeira, na Paraíba, imediatamente a sul do linea- necessitando escalas maiores de mapeamento, devido à presença de
mento de Patos, com extensão na plataforma continental e deve coberturas terciárias, intensidade do intemperismo na medida que se
(presumivelmente) continuar na África. O presente estudo foi desen- caminha para a zona costeira etc. Por seu turno, as bacias costeiras
volvido principalmente nesta porção mais oriental do sistema de do- deste saliente oriental têm sido objeto de muitos estudos de diferentes
bramentos, que corresponde à parte central da região conhecida como fontes e escalas maiores, sobretudo das escolas de geologia (Natal,
"saliente oriental", designação que compreende a região a leste do Recife, Salvador) e da Petrobrás.
meridiano 36°00' W. A composição, estrutura e idade das rochas do Reconhecendo esta demanda, já na década de 70, o autor senior
embasamento Pré-cambriano foram o alvo principal estudado, na por- procurou conduzir um trabalho de suporte geocronológico neste sali-
ção mais central deste saliente oriental. Trata-se de região importante ente oriental (Brito Neves et al. 1978). Na década de 90, com o apoio
do ponto de vista geológico por diversas razões - e. g. influência/he- da FAPESP, foram conduzidos duas dissertações de mestrado na área
rança tectônica em bacias costeiras e outras terciárias, correlação com e subseqüentemente vários outros perfis geológico-estruturais foram
África - e também do ponto de vista sócio-econômico, por reunir gran- elaborados, com apoio geocronológico de vários métodos. Os resulta-
des núcleos populacionais (de Natal a Maceió). dos obtidos nesta sucessão de trabalhos estão aqui sintetizados e sub-
O embasamento pré-cambriano desta área tem sido foco de alguns metidos à comunidade, tendo sido equacionados alguns problemas e
trabalhos geológicos de reconhecimento nas últimas décadas ficado a consciência de que há muitos outros em aberto ainda.

1 - Instituto de Geociências, Universidade de S. Paulo - Rua do Lago, 562 - Cidade Universitária, 05508-900, S. Paulo-SP - bbleybn@usp.br, -camposnt@usp.br
2 - William Randall Van Schmus- Department of Geology, University of Kansas, Lindley Hall, Lawrence, USA, Campus West - rvschmus@eagle.cc.ukans.edu
3 - Edilton José dos Santos - CPRM, Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais, Recife, Rua das Pernambucanas, 297 - 52011-010, Recife-PE-
ediltonjs@aol.com
O "Sistema Pajeu-Paraíba" e o "Maciço" São José do Campestre no Leste da Borborema

TRABALHOS ANTERIORES Pela ordem cronológica, devem


ser mencionados os trabalhos de mapeamento geológico em escala de
reconhecimento de Barbosa et al.(1974), Caúla (1974), Albuquerque
e Ferreira (1978), Brito Neves e Albuquerque (1978), Albuquerque e
Brito Neves (1978), Costa (coord. 1980), Dantas et al.(1982) e Brito
Neves (1983). E ainda, no âmbito de reconhecimento devem ser cita-
dos a síntese geocronológica de Brito Neves et al.(l978) e os
doutoramentos de E. L. Dantas (1996, primando por informações
geocronológicas) e V. Amaro (1998, fundado em sensoriamento remo-
to).
Em escalas maiores, destacam-se o trabalho de Souto Mayor
(1966), no vale do Mamanguape, e as dissertações de mestrado de
Borges (1996) e Fernandes (1997) e os doutoramentos de McMurry
(1982) e Almeida (1996, vide Almeida et al. 1997). Devem ser ainda
mencionados na cota de trabalhos de detalhe e inéditos alguns relató-
rios de graduação (circulação restrita) de formandos das escolas de
geologia de Recife e Natal, e os muitos trabalhos sobre a cobertura
sedimentar, onde o pré-cambriano é tratado en passant. Jardim de Sá
et al.(1999) apresentaram síntese sobre os granitos da porção mais ao
norte da área de estudo, incluindo a essência de alguns desses relató-
rios de graduação.
Para o entender a importância da área e seu encaixe no contexto
regional da Província Borborema são mencionáveis, entre outros, os
textos e conceitos de Brito Neves et al.(1995), Santos et al. 1997 e
Santos e Medeiros (1999). Especialmente, esta última citação traz o
coroamento de uma série de trabalhos de Edilton J. Santos na década
de 90 sobre os "terrenos" da Borborema, onde foram sendo
gradativamente consolidados os conceitos de Terreno Alto Pajeú" (a
parte de supracrustais) e a sua continuidade até a zona costeira, e o do
"Maciço São José do Campestre" (a porção mais oriental do "Terreno
ou Domínio Rio Grande do Norte" (RGN), temas inerentes aos estu-
dos aqui desenvolvidos e apresentados.
ELEMENTOS TECTÔNICOS DO SALIENTE ORIENTAL A X2b Secções geológicas, com número da respectiva figura no texto.
somatória e essência dos trabalhos realizados na área em foco nas úl-
timas três décadas (vide referências bibliográficas) e os projetos de Figura 1 - Esboço geológico-geotectônico regional, extraído de Brito Neves
pesquisas acima mencionados, permitem reconhecer no saliente orien- et al. (2000). As seções geológicas estão discriminadas com os números das
tal uma série de "terrenos", bem próximos daqueles da conceituação de respectivas figuras neste texto. RP - Maciço Rio Piranhas, SED- Faixa
"terrenos tectonoestratigráficos" de Howell (1995), mas que guardam Seridó, JC - Maciço S. José do Campestre, LP - Lineamento Patos, TAP -
algumas peculiaridades a serem discriminadas, quando necessário. Terreno Alto Pajeú, TAM = Terreno Alto Moxotó, RC = Terreno Rio
Capibaribe, LPE = Lineamento Pernambuco, PEAL - Maciço Pernambuco-
Estes terrenos se encontram separados por importantes incisuras A lagoas. Obs . RP + embasamento SED + JC = RGN = parte cio Terreno/
dúcteis-rúpteis de caráter regional (apresentam-se também internamen- Domínio Rio Grande do Norte (RGN).
te segmentadas por outras discontinuidades importantes) que mostram
continuidade para a margem continental, e quase sempre atuação
policíclica. Muitas destas zonas de fraqueza litosférica foram retoma- (Fig. 2 a e 2b), que os pouparam das múltiplas e drásticas ações
das no Terciário, condicionando "altos" e "baixos" tectônicos, com erosivas fanerozóicas.
acumulação importante (ainda que rarefeitas) de sedimentos e
magmatismo básico consorciado (Brito Neves et al 1999). Lineamento Patos (LP) Esta clássica zona de cisalhamento
De norte para o sul, à guisa de síntese e de apresentação, são discri- aparece bem marcada na área, de Soledade a Mataraca (de oeste para
minados os seguintes elementos (Fig. 1): este/nordeste), chegando a atingir larguras acima de uma dezena de
quilômetros, consoante várias "feather faults" que se articulam ao lon-
Terreno Rio Grande do Norte (RGN) Esta unidade está situ- go de sua terminação mais oriental, onde estão alocados "schist belts"
ada imediatamente ao norte do Lineamento de Patos, e na realidade se e graníticas alcalinas do Neoproterozóico. Trata-se de um limite brusco
estende da porção central do Ceará até a zona costeira, na fronteira de terrenos (TAP para com RGN), consoante uma série importante de
Paraíba / Rio Grande do Norte, tendo como área de exposição mais dados estruturais, geológicos gerais e isotópicos ( Fig. 2 a, 2 b e Fig.
oriental o "Maciço" São José do Campestre" (JC), dentro da acepção 3). Para oeste, os traços deste lineamento se projetam por sob a Bacia
geomórfico-geotectônica (área de exposição do embasamento) mais do Parnaiba.
próxima da ideal. O RGN como um todo compreende um mega-frag-
Terreno Alto Pajeú (TAP) O ramo mais oriental do sistema de
mento da trama da colagem da parte média do Paleoproterozóico (por
dobramentos em epígrafe é caracterizado por uma faixa de
vezes chamada de "Transamazônica"), ou fração do Supercontinente supracrustais do eo-neoproterozóico, e aqui considerado como
Atlântica (de Rogers 1996), que inclui alguns núcleos do Arqueano partícipe fundamental da Orogenia Cariris Velhos (colagem
(Dantas 1996, Dantas et al 1998). Grenvilliana ?) e por conseguinte um fragmento do Supercontinente
Este RGN assim considerado (Dantas et al 1998) abrange/reúne no Rodínia, justificando a designação de Terreno Alto Pajeú de Santos e
seu todo o embasamento da Faixa Jaguaribeana (no Ceará), o "Maci- Medeiros (1999). Apesar do intenso retrabalhamento das supracrustais
ço do Rio Piranhas" (a oeste do Seridó), o embasamento da Faixa e plutônicas desta faixa (e de seu embasamento) pelos eventos do Ci-
Seridó e o "Maciço São José do Campestre (JC), o qual é apenas a área clo Brasiliano, a característica de um terreno que precede este ciclo foi
de exposição mais oriental do RGN (geograficamente dentro do sali- preservada e será enfocada. Este terreno se acha balizado ao norte (LP)
ente oriental). No JC ocorrem alguns esparsos remanescentes "schist e ao sul (como será visto) por linhas de falhas que o limitam de frações
belts" neoproterozóicos, sedimentares/vulcânicos, por injunções da colagem paleoproterozóica, respectivamente RGN+JC (para o nor-
tectônicas locais tais como depressões transtrativas e "slices" alóctones te) e TAM (para o sul), como pode ser visto na Fig. 1.

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Benjamim Bley de Brito Neves et al.

Figura 2a e 2b - Seções geológicas da porção norte-ocidental da área do presente estudo, enfocando a passagem de TAP para JC, cruzando-se o Lineamen-
to de Patos (LP). Representados os granitóides de Esperança (3, no TAP), Arara e sul de Algodão de Jandaira (3, em JC), supracrustais neoproterozóicas (2,
Grupo Seridó), embutidas em LP e ao norte e ao sul dos ortognaisses e migmatitos (1) de JC. Vide localização na Fig. 1.

Figura 3 - Seção geológica do sudoeste da área, cruzando do TAM (ortognaisses bandados laminados, ortognaisses trondhjemiíicos, 1) para o TAP, ao nor-
te do granitóide de Queimadas (3) ao granitóide de Lagoa de Roça. No TAP, estão secionados o Complexo Granítico de Campina Grande (3) e os xistos
milonilos (4) sub-horizontais que o limitam, e todo contexto de supracrustais, com "sheets" de ortognaisses graníticos do Cariris Velhos (2, mais ao norte).
Vide localização na Fig. 1.

Sistema de Zonas de Cisalhamento Galante-Serra Re- designação anterior de "Maciço Caldas Brandão", de Brito Neves
donda-Mari Trata-se da parte mais oriental de uma complexa rede (1983) - hoje obsoleta e que deve ser erradicada. Tratam-se de tipos
de cisalhamento que se inicia ao norte do município de Floresta (Z. C. variados de ortognaisses paleoproterozóicos de mais de uma geração,
"Afogados de Ingazeira"), no centro-oeste de Pernambuco, e que vem de filiação cálcio-alcalina, e migmatitos, fortemente tectonizados no
até a linha de costa, após diversas ramificações (feather faults) com Ciclo Brasiliano, e penetrados por alguns poucos granitóides deste
deslocamentos direcionais dextrais (e consorciados de transpressão) de ciclo. Provavelmente é um fragmento ("terreno") derivado do mesmo
vulto, principalmente no Neoproterozóico mais superior. contexto supercontinental do RGN, com suas peculiaridades
composicionais e tectônicas (as principais auferidas no Brasiliano),
Terreno Alto Moxotó (TAM) Este é constituído por fração do colocado ao sul do TAP.
embasamento paleoproterozóico, com núcleos e muitas evidências de
protólitos arqueanos, que aflora várias vezes de sudoeste (Floresta-PE) Lineamento do Congo/Cruzeiro do Nordeste (LC) Este
para leste (proximidades de João Pessoa-PB), ao longo do sistema de sistema de cisalhamento é originário como adventício do Lineamento
dobramentos (SPP), chegando à zona costeira, onde era conhecido sob Pernambuco, mais a oeste (nas imediações de Ibimirim-PE), se desen-
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O "Sistema Pajeu-Paraíba" e o "Maciço" São José do Campestre no Leste da Borborema

volve na direção WNW-ESE, separando o TAM (constituindo seu li- cipalmente) paleoproterozóicas, apesar da expressiva atuação
mite sul) do Terreno Rio Capibaribe (RC), de Santos e Medeiros (shearing, granitóides) do Brasiliano. Feições magmáticas e estruturais
(1999). do paleoproterozóico podem ser apenas localmente asseguradas, posto
Terrenos Rio Capibaribe (RC) Esta unidade é constituída por que a trama do Brasiliano, com forte componente direcional dextral, é
supracrustais xistosas e grauváquicas, com muitas intercalações sempre forte e dominante na área de análise (área adjacente ao norte do
calcissilicáticas e carbonáticas e fora preliminarmente considerada LP).
como ramo mais ao sul do Sistema Pajeú-Paraiba, podendo incluir As supracrustais são predominantemente compostas de metaturbi-
supracrustais mais novas, neoproterozóicas. Este terreno fica fora do ditos (com algumas inserções vulcânicas) transformados em biotita
foco de análise deste trabalho, cabendo só a rápida menção por neces- (muscovita) xistos, e ocorrem de forma esparsa (schist belts de Barrra
sidade descritiva. de Santa Rosa, Solânea etc.) associadas com depressões transtrativas
e a nappismo. Geralmente estas supracrustais são assinaladas como
Maciço/Terreno Pernambuco-Alagoas Esta unidade correlatas ao Grupo Seridó, da faixa topônima (e. g. Jardim de Sá et
gnáissico-migmatítica-granítica por excelência, com alguns núcleos al 1999), o que é viável (e cronologicamente um fato, como será vis-
paleoproterozóicos e mesmo arqueanos, separa os terrenos da zona to), mas sua distribuição vestigial no espaço de um "alto tectônico"
transversal daqueles do sistemas de dobramentos do domínio meridi- neoproterozóico ( o JC) é problema em aberto ainda.
onal da Borborema (Brito Neves et al. 2000), tendo sido já foco de As rochas graníticas são geralmente hololeucoráticas equigranu-
farto acervo bibliográfico. Esta unidade não será objeto de análise lares, com grande variedade de facies (McMurry 1982, Borges 1996,
nesta oportunidade. Jardim de Sá et al. 1999), a maioria deles revelando afinidades alcali-
nas e tipologia intra-placa (tipo "A"). Afora os muitos corpos já relata-
MACIÇO SÃO JOSÉ DO CAMPESTRE Esta fração mais ori- dos e estudados nesta região (Dona Inês, Monte das Cameleiras,
ental do RGN tem a presente posição geológica em função da tectônica Caxexa, Japi etc.) devem ser assinaladas ocorrências importantes ou-
direcional do final do Brasiliano - escape tectonics -, como elemento tras como a de Serraria (Bananeiras-Serraria-Belém) e Massabiele (ao
atuante (além-país) no desenvolvimento das faixas móveis deste ciclo norte de Esperança, granito alcalino) que escaparam de observações e
(como Seridó, Piancó etc.) e provavelmente também do ciclo imedia- mapeamentos anteriores. No batólito de Serraria, hornblenda-quartzo-
tamente anterior (Cariris Velhos, Brito Neves et al 1995). monzonitos porfiríticos e tonalitos são as rochas predominantes, com
O contexto do embasamento na área de análise (Barbosa et al. 1974, muitas evidências de mixing e mingling, sendo caracteristicamente um
Dantas 1997), situada imediatamente ao norte de TAP é constituída por plutão muito heterogêneo (presenças complexas e freqüentes de
vários tipos de ortognaisses, tonalíticos e granodioríticos, localmente autólitos e xenólitos) e que demanda investigações adicionais, em es-
migmatizados e atingido francamente pela ampla rede de deformação calas de detalhes.
cisalhante do LP e adventícias (featherfaults) ao norte-nordeste. Ca-
racterísticas interessantes desta trama paleoproterozóica - retrabalhada Dados Geocronológicos pelo Método Rb-Sr Serão refe-
intensamente no Brasiliano - são as presenças de núcleos arqueanos ridas aqui apenas determinações ainda inéditas e aquelas concernentes
(Dantas 1996, Dantas et al. 1998), protólitos isotópicos arqueanos, e à borda sul do JC, tendo em vista vários outros trabalhos já desenvol-
muitas vezes a preservação de razões isotópicas (sistema Rb-Sr prin- vidos (mencionados nas referências) nesta parte da área.

Figura 4 - Seção geológica SSE-NNW, Riachão do Bacamarte (no TAP) - Coelhos (no JC), cruzando todo o TAP e seus limites. Nos extremos estão os
ortognaisses e migmatitos (1) de TAM e JC, na parte mais central as estão as supracrustais metagrauváquicas (2) do Cariris Velhos com seus "sheets" de
ortognaisses (3). Supracrustais neoproterozóicas, mica-xistos diversos (4), ocorrem embutidas no LP, a norte do granitóide de Esperança (5), entre este e os
ortognaisses de Coelhos (l, no JC). Vide localização na Fig. 1.

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Figura 5 - Seção geológica paralela a leste a seção da Fig. 4, entre BR-230 e Pilões-PB. Destaca-se na passagem TAM (ortognaisses, migmatitos, xistos
anfibólicos, 1) para TAP (supracrustais Cariris Velhos, 2, com "sheets ortognaisses graníticos", 3) a transpressão na Zona de Cisalhamento Serra Redonda-
Mari (a sul de Mulungu). Pilões se encontra já ao norte do LP (milonitos ,4), no domínio de ortognaisses graníticos de JC (5), do Batólito de Serraria. Vide
Fig.1, localização.

foi também obtido pelo método U-Pb no granitóide de Caxexa, Z.


Souza, informação verbal) passa a servir de referência para o trato dos
demais granitóides da área, onde o número de determinações efetuadas
foi insuficiente. As amostras dos granitóides de Serraria, S. Bento e
Caxexa (Fig. 8, Anexo l b) se ajustam razoavelmente bem no mesmo
alinhamento de referência de 556 Ma, para uma gama de razões inici-
ais (Sr 87/Sr 86 entre 0,710 e 0,7125, o que seria esperável tendo em
vista características petrográficas (muitas evidências de misturas e
xenólitos de rochas mais antigas) e outras isotópicas (dados Sm-Nd, a
comentar).
Numa conclusão preliminar, fica claro que o terço superior do
Neoproterozóico III foi a fase importante de alocação de granitos (com
fusão de materiais do embasamento, a ser ratificado pelo dados Sm-
Nd) no JC, consorciado com as atividades extrusivas.

SUPRACRUSTAIS Os dados Rb-Sr para as supracrustais foram pou-


cos, dispersos (Anexo l c) e inconclusivos (com este método e os da-
Figura 6 - Diagrama isocrônico de referência para diversos ortognaisses e dos aqui tratados), podendo ser inferidas isócronas com valores do
migmatitos de JC ("terrenos Santa Cruz" e "Serrinha Pedro Velho", conso- Neoproterozóico sem maiores problemas (de conseguir uma retas de
ante as designações informais de Dantas 1996), coletados em distintos regressão razoáveis), mas com muitas incertezas analíticas (e geológi-
afloramento). Dados analíticos e coordenadas no Anexo Já, comentários crí-
ticos no texto. cas) de fato.
Devido ao fato acima, algumas destas amostras foram selecionadas
para determinação U-Pb (SHRIMP em zircões detríticos), que indica-
ram diversas fontes arqüeanas (ca. 4%), paleoproterozóicas (ca. 17%)
ROCHAS DO EMBASAMENTO Os dados geocronológicos estão no
e neoproterozóicas (ca.77%), estas com idades entre 980 Ma (oriundas
Anexo Ia e Fig. 6, na qual se obteve uma regressão linear de T =
de rochas do Cariris Velhos ?) e 680 Ma (fase orogênicas brasilianas
2190±98 Ma, com razão inicial (improvável) de 0,701 e MSWD natu-
precoces). Estes dados foram preliminarmente alvo de breve comuni-
ralmente muito elevado. Pelas circunstâncias de análise (isócrona de
cação apresentada por Van Schmus et al.(l999) e estão em fase de
referência, amostragem muito diversa, afloramentos distintos), trata-se
aprofundamento para posterior publicação.
de um resultado auspicioso, posto que semelhante àqueles obtidos pelo
método U-Pb em zircão nas áreas contíguas, ao norte (Dantas 1997, Determinações Geocronológicas pelo Método Sm-Nd
entre outros inéditos ainda). No nosso entender estas determinações Os dados para as rochas de alto grau de JC (Anexo 2, Fig. 9) se mos-
vêm ratificar a constatação de eventos importantes formadores de ro- traram bastante coerentes, com valores de idades (Tdm) de arqüeanas
chas (plutonismo e também metamorfismo de alto grau) no período a paleoproterozóicas (3,0 a 2,1 Ga), com indicações de forte derivação
Riaciano. crustal. Os valores de εNd ( hoje) são todos fortemente negativos, en-
quanto que os valores εNd para as rochas de alto grau para o tempo t
GRANITÓIDES Para o granitóide de Dona Inês preexistiam os da- = 2,0 Ga variam de pouco negativos a pouco positivos ( entre -4 e +
dos de McCurry (1982) e os de Borges (1996), em dissertações inédi- 2,2), com uma única exceção (SCB-Gn-SCZ, próximo a Santa Cruz-
tas, que foram conjuntamente recalculados (método Ludwig), obtendo-
RN). Estes dados são indicações de formação de rochas de alto grau no
se agora uma isócrona de T = 556±22 Ma (dados no Anexo l b, Fig. 7),
Paleoproterozóico, tanto juvenis como derivadas parcialmente de ou-
para uma razão inicial de 0,710, compatível para as litologias tratadas
tras de residência crustal prévia. Afirmação esta que vem para ratificar
(cerca de seis facies petrográficas distintas). Este valor de idade (que

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O "Sistema Pajeu-Paraíba" e o "Maciço" São José do Campestre no Leste da Borborema

Figura 7 - Diagrama isocronico para o granitóide (seis fades petrográficas Figura 8 - Diagrama isocronico de referência para os granitóides
distintas, de tonalito a sienogranito) de Dona Inês-PB, reunindo e "Brasilianos " tardios da parte sul de JC (Belém, Caxexa, S. Bento). A regres-
recalculando dados originais de McMurry 1982 e Borges 1996. Dados ana- são obtida f oi similar àquela da isócrona do granitóide de Dona Inês (Fig. 7),
líticos e coordenadas no Anexo 1 b. e que foi a utilizada devido o bom ajuste. Dados analíticos e coordenadas no
Anexo1 b.

Figura 9 - Diagrama de evolução de Ndpara as rochas de alto grau do ma- Figura 10 - Diagrama de evolução de Nd para as rochas granitóides do ma-
ciço São José do Campestre ciço São José do Campestre

assertivas similares anteriores de Dantas (1996) e Dantas et al.(l 998), (responsável pela designação popular de "Rachinha", explorável
consignadas em área bem maior de análise deste mesmo terreno. como material de construção, que é muito disseminada na área)
Com relação aos granitóides (Anexo 2, Fig. 10) todos os resultados com raras intercalações de xistos biotíticos (tufos?) que ocorrem em
obtidos apresentam εNd (para t= 600Ma) fortemente negativos (ca. - bancos decimétricos a métricos, do sul de Soledade (50 Km a oeste
20), de forma coerente, apontando a consistente contribuição de fon- de Campina Grande) a Alagoinha, e daí para Guarabira, na Paraíba.
tes antigas (arqueanas a paleoproterozóicas) na formação destas ro- Composicionalmente são gnaisses meta a peraluminosos, tipo
chas. colisionais (tipo "S") do Ciclo Cariris Velhos, e que se encontram
Os dados de apenas duas supracrustais (SCB-Mgv-Pir, SPP-Bx- dispostos em numa estrutura em leque ao longo de uma larga zona
Sol) foram obtidos. Os dados analíticos diferem das rochas de alto de transcorrência (norte de Campina Grande-Matinhas) e encaixan-
grau do embasamento e assumem uma posição acima do feixe princi- do o batólito de Esperança -Areia, cuja idade é ca. 580 Ma
pal de retas, com valores de εNd também negativos (menos que as do (Almeida et al. 1997)
embasamento) e valores de idade (Tdm) coerentes entre si, próximas Bitotia-plagioclásio gnaisses e granada-biotita xistos, muscovita-
del,5Ga. biotita xistos, localmente bandados e rítmicos, com algumas finas
Estes resultados servem para confrontar as porções ao norte (JC, intercalações anfibolíticas e de rochas ortoderivadas de composição
RGN) e ao sul (TAP, a ser mostrada mais a frente), do Lineamento de intermediária (metandesitos), muito típicas das imediações de
Patos, que se mostram completamente diferentes, principalmente no Alagoa Grande e Mulungu, e que estão encaixando os batólitos de
tocante às fontes dos granitóides, reiterando que este lineamento está Campina Grande e Serra Redonda (ca. 580 Ma, Almeida et
de fato demarcando dois terrenos distintos. Aliás, esta é uma al. 1997). Apesar dos valores de idade eo-neoproterozóicos (a serem
constatação complementar de uma série de outras (estruturais, comentados), a sobreposição de deformação sobretudo
geoeconômicas, geofísicas, isotópicas) de que o traço deste lineamento cisalhamento e metamorfismo com desenvolvimento local de
separa contextos litosféricos muito distintos. migmatização, do Ciclo Brasiliano é de observação freqüente.
Dentro dos domínios das rochas acima, aparecem com certa fre-
O TERRENO ALTO PAJEÚ (TAP) Na porção imediatamente
qüência sheets, bolsões e massas estratóides graníticas porfiríticas,
ao sul de LP se destacam de norte para o sul (vide cortes geológicos,
a muscovita e biotita (localmente são sieno-granitos) de dimensões
Fig. 3,4 e 5), entre o LP e a Zona de Cisalhamento de Galante-Serra
modestas, com relações intrusivas com as suas encaixantes. Tratam-
Redonda-Mari, as seguintes assembléias litológicas:
se dos granitóides do Ciclo Cariris Velhos (Brito Neves et al. 1995),
a. Muscovita-biotita granitos e granodioríticos placosos ( Sp=S2) que ocorrem sistematicamente e vêm sendo rastreados desde o
onde o Sp por vezes é um Sc, gerando desplacamento importante Piauí (Afeição) até a costa da Paraíba (norte de Mari), tanto cortan-

178 Revista Brasileira de Geociências, Volume 31, 2001


Benjamim Bley de Brito Neves et al.

do as supracrustais como eventualmente as exposições de fases minerais (perante os ciclos Cariris Velhos e Brasiliano) é tema
embasamento, que aflora mais ao sul (domínio do TAM). Uma for- sugestivo de pesquisa. Na seqüência da pesquisa na área se pretende
te foliação (de segunda geração, S2) está sempre presente nestes estudar o comportamento de titanitas e monazitas dos augen-gnaisses
ortognaisses, inclusive com texturas protomiloníticas localmente pelo método U/Pb a fim de se entender qualitativa e quantitativamente
desenvolvidas. A idade desta foliação é discutível, mas os dados a sobreposição do Brasiliano nas rochas do Evento Cariris Velhos e a
Rb-Sr e outras inferências de campo sugerem que se trata de uma real natureza deste.
foliação adquirida no Eo-Neoproterozóico, no ciclo Cariris Velhos.
Este é um tema para investigação pormenorizada, em andamento. ROCHAS GRANÍTICAS INTRUSIVAS Em primeiro lugar serão tra-
As rochas deste terreno, em conjunto, mostram foliações de segun- tadas as rochas graníticas peraluminosas (ricas em Rb) que ocorrem
da geração (Sp = S2) francamente redobradas e dispostas hoje na for- próximo ao longo do baixo curso do Rio Mamanguape. Os dados ana-
líticos (Anexo 3 a, Fig. 13 ) forneceram precário alinhamento isotópico
ma de amplo leque sinformal ENE-WSW, delimitado ao norte pela
(errócrona) T1 = 450±40 Ma (para n = 5), para uma razão inicial pró-
transcorrência dextral de Patos e delimitado ao sul por transcorrência
xima a 0,740 (anômala, muito elevada). A interpretação preliminar
sinistrai (Serra Redonda -Mari), a qual gerou transpressão por sobre o
possível é de idades mínimas para rochas derivadas de fusão crustal no
TAM (Fig.5 ). As informações estruturais indicam que este desenho de
Brasiliano (o que será endossado com os dados Sm-Nd), bastante
ampla sinformal (paralela ao norte de uma zona antiformal do TAM) modificadas por ações tectônicas tardias. A presença de muscovita em
foi resultado da ação de zonas de cisalhamento que balizam o TAP e, excesso pode ter sido responsável por uma abertura do sistema até o
portanto, devem ser de uma quarta geração de estruturas tectogênicas Paleozóico, ou pode ter havido modificações nas quantidades de Rb e
(trata-se de um D 4 aqui interpretada como gerada no Brasiliano) Sr, acima da nossa capacidade de análise, de forma que o resultado não
pode ser conclusivo.
Determinações Geocronológicas pelo método Rb-Sr No mesmo diagrama, foram colocados os dados das demais rochas
SUPRACRUSTAIS E MIGMATITOS Os dados analíticos destas uni- graníticas da faixa e foi possível o traçada da isócrona (T2) de referên-
dades litológicas (Anexos 3c e 3d) estão dispostos no diagrama da cia de 562±8 Ma. A isócrona de referência é qualitativamente boa, com
Fig. 11. É notório o quadro de dispersão das supracrustais, mesmo entre erro pequeno (de apenas l ,3 %, MSWD próximo da unidade), e com
aquelas coletadas em afloramentos contíguos. Certamente, o resultado um valor de idade próxima àquela dos granitos do JC acima discutidos.
se refere tanto à diversidade de fontes como aos eventos de Adicionalmente, Almeida et al.(1997) apresentaram um valor de ida-
homogeneização isotópica incompleta do sistema Rb-Sr ao longo do de U-Pb em zircão para o batólito de Campina Grande de 581 ± l ,6 Ma
Brasiliano. (intrusivo no TAP), o que é fator que reforça o significado da idade
Por seu turno, nas rochas migmatíticas, onde as ações de anatexia isocrônica agora obtida e a importância destas idades de plutonismo
e deformação foram naturalmente incisivas, obteve-se isócrona de re- granítico centradas no terço superior do Neoproterozóico III (580-
ferência de 574 Ma, com erro elevado (cerca de 15%), mas que se trata 540Ma).
de um dado coerente com aqueles obtidos para as graníticas da faixa
(tratadas a seguir). Determinações Geocronológicas pelo método Sm-Nd
Ainda que a homogeneização isotópica não foi alcançada integral- Em pequeno número, as determinações Sm-Nd no TAP (Anexo 4,
mente nas supracrustais biotíticas (que são mais factíveis), deve ser Fig. 14) apresentam coerência de valores e são auto-explicativas.
registrado que nenhuma indicação do Ciclo Cariris Velhos foi resgatá- Os gnaisses Cariris Velhos (tracejado fino) mostram um grupo bem
vel até o presente. A idade (mínima) destas supracrustais vai ser
definido de retas de evolução, com εNd] (hoje) próximos a (-.10), para
auferida indiretamente da determinação dos augen-gnaisses que as
valores de Tdm entre 1900 e 1400 Ma. Trata-se de resultado similar ao
recortam. Como será visto e proposto, são rochas do início do
que já fora obtido a oeste, em rochas deste contexto (consoante Brito
Neoproterozóico (Período Toniano).
Neves et al. 1995). Os valores de εNd são ligeiramente negativos
GNAISSES CARIRIS VELHOS Os augen-gnaisses graníticos e (entre zero e - 4), o que possibilita aludir certa contribuição de mate-
sieno-graníticos em conjunto com os gnaisses aluminosos placosos já riais juvenis na formação destes gnaisses.
mencionados (dados no Anexo 3b) configuraram isócrona de referên- Por sua vez, as rochas graníticas mostram comportamento flagran-
cia de 958±41 (Fig. 12), atribuída ao metamorfismo Cariris Velhos. temente diferente, com valores negativos para o eNd entre (-9,0) e
Para isto são evocadas diversas isócronas anteriores com valores simi- (-20,0), indicando origem por fusão crustal de rochas do embasamento
lares (Brito Neves et al. 1995), obtidas mais para oeste, no mesmo ter- (valores de Tdm entre 1800 e 3200 Ma, na maioria das vezes). Os
reno e adjacentes, e ainda as determinações U-Pb em zircão dados das supracrustais são poucos, mas muito próximos daqueles das
preexistentes (Kozuch et al.1997, outras determinações ainda rochas graníticas, consubstanciando diversidade de fontes mais antigas
inéditas) e aquelas serem comentadas. para ambos os casos.
Compete observar que o sistema Rb-Sr parece ter sido preservado Como as rochas do Cariris Velhos são consideradas ortognaisses,
nestas rochas (diferentemente do caso das supracrustais acima tratadas) configura-se contraste de fontes entre estas (com alguma contribuição
apesar do tectonismo cisalhante (do LP e outros consorciados) e da juvenil) e aquelas graníticas do Brasiliano (derivadas flagrantemente
granitogênese do Neoproterozóico, do Ciclo Brasiliano, e que são fatos de fusão crustal). Diante deste interessante contraste, a conclusão mais
de assunção unânime. simples para o momento é de que somente no Neoproterozóico (ca.
Numa das amostras dos gnaisses placosos (no caso, o S- tectonito 580-540 Ma) havia um substrato antigo exeqüível, Arqueano a
SPP-Gn-PA, onde Sp = Sm= S2, na Fazenda Pedro Agra, poucos qui- Paleoproterozóico para servir de fonte (parcial ou total) para a forma-
lômetros a oeste da área em estudo), as muscovitas ( relativamente ção dos granitóides brasilianos. Estas fontes não funcionaram/não es-
abundantes) foram separadas e forneceram uma idade de 589±5 Ma, tavam exeqüíveis quando da formação dos ortognaisses Cariris Velhos.
determinação convencional de excelente qualidade analítica. De forma Ou ainda, colocando de outra forma, o fecho do Cariris Velhos (Eo-
que, enquanto o sistema Rb-Sr rocha total preservou a idade Cariris Neoproterozóico) deve ter agido para coalescer massas continentais
Velhos (fato observado em várias isócronas de trabalhos anteriores), na antigas (colisão/aglutinação), dantes afastadas/dispersadas, ao longo
escala desse mineral isto não acontece, estando valores de idade na do sjeu desenvolvimento (tafrogênese e drifte).
gama do Ciclo Brasiliano. É possível que estas massas mais antigas (do Arqueano e
Por conta destes fatos, informalmente, pode-se falar que há duas Paleoproterozóico) coalescidas a partir do Toniano (Eo-
linhas de opinião em debate na Borborema. Há alguns pesquisadores Neoproterozóico) - a partir do Cariris Velhos - puderam servir de fon-
que defendem o Cariris Velhos como ciclo completo (geração de ro- te para a formação dos granitóides (neoproterozóicos) do Ciclo
chas e metamorfismo). Há outro grupo que defende o Cariris Velhos Brasiliano. Outras linhas de discussão são possíveis, mas é necessário
apenas como gerador de magmatismo, e que todo metamorfismo regi- aguardar dados geológicos e isotópicos adicionais.
onal observado seria do Brasiliano.
Determinações U-Pb em ortognaisses As determinações
Para dirimir este debate a análise do comportamento das diferentes

Revista Brasileira de Geociências, Volume 31, 2001 179


O "Sistema Pajeu-Paraíba" e o "Maciço" São José do Campestre no Leste da Borborema

Figura 14 - Diagrama de evolução do Nd para as rochas d TAP,


supracrustais biotíticas (traço grande, traço pequeno), graníticas da Colônia
Sta. Lúcia (traço e ponto), graníticas em geral (linhas inteiras), ortognaisses
Cariris Velhos (tracejado pequeno). Discussão no texto, dados no Anexo 4.
Figura 11 - Diagrama isocrônico para supracrustais e migmatitos do TAP,
demonstrando ampla dispersão de valores. A interpretação preliminar, con-
soante linhas de regressão de referência obtidas, indica rochas do
Neoproterozóico III (Brasiliano). Dados analíticos e coordenadas nas Tabe-
las 3c e 3d.

Figura 15 - Diagrama concórdia para os ortognaisses (protomiloníticos) do


"sheet" do sul Alagou Grande-PB, inserido em metagrauvacas bandadas (
'flyschóides "). Dados analíticos no Anexo 5, discussão no texto.

Figura 12 - Diagrama isocrônico de referência para augen-gnaisses


graníticos ("sheets") e ortognaisses bi-micáceos, típicos do Cariris Velhos.
U-Pb em zircão pelo método convencional (via úmida), com abrasão
Dados analíticos e coordenadas no Anexo 3b. Para rochas semelhantes ao prévia, na Universidade do Kansas, em Lawrence. Foram conduzidas
longo de toda zona transversal. (29 análises) foi possível obter uma linha de em três ocorrências distintas em rochas ortoderivadas, apresentando
regressão de 980 ± 8 Ma (não publicada), o que reitera o valor de idade 958 relações intrusivas com as supracrustais e sob condições de strain ele-
± 41 Ma acima esquematizado. vadas, cujos dados analíticos e localização estão no Anexo 5.
Para o augen-gnaisse protomilonítico do sul de Alagoa Grande (vá-
rios corpos com espessuras decamétricas inseridos em "xistos
flyschóides" e causando intensa movimentação na morfologia regio-
nal), foi obtido no intercepto superior idade de 952,5 ± 7,4 (Fig. 15)
para duas frações analisadas, forçando-se o intercepto inferior para a
origem (determinação gentilmente realizada por Marianne Kozuch, da
Universidade do Kansas). Reiteramos o fato de ser uma discórdia de
dois pontos, e sua validade relativa é assumida pela coerência com as
outras aqui discutidas ( e a coerência com os dados Rb-Sr).
Para os augen-gnaisses de textura grosseira do sul de Areia (são
várias folhas ortognáissicas de dezenas de metros, alternando com
xistos biotíticos), a muscovita e biotita, foi obtido um valor de idade de
942 ± 22 Ma (para n=6), com intercepto inferior caindo em 92Ma. (
Fig. 16).
Para o gnaisse granítico laminado do norte de Mari (pedreira DER,
55 Km W-NW de João Pessoa), o intercepto superior/idade obtido foi
de 925,5 ± 9,8 Ma (Fig. 17), para um intercepto inferior da ordem de
417 Ma, de significado discutível.
Este conjunto de determinações U/Pb é bastante harmônico, de
Figura 13 - Diagrama isocrônico de referência para granitóides intrusivos valiosa coerência entre si e com aqueles dados obtidos com os dados
nas supracrustais e migmatitos do TAP. Para maioria dos pontos (n= 10) se Rb-Sr (desta área e de toda porção mais a oeste do TAP, já observado
obteve o alinhamento TI = 562 Ma, de boa qualidade analítica. Para as em Brito Neves et al.(1995) e Kozuch et al.(1997). Deve ser reiterada
graníticas ricas em muscovita do Baixo Mamanguape foi obtida uma adicionalmente a coerência com os dados Sm-Nd. A conclusão é sin-
"errócrona" de 450 Ma, de significado duvidoso, expressa como T/. Dados e gela, sem ser simplista, na presente escala de abordagem, indicando a
coordenadas no Anexo 3a e discussão no texto.

180 Revista Brasileira de Geociências, Volume 31,2001


Benjamim Bley de Brito Neves et al.

Figura 16 - Diagrama concórdia para o "sheet" de ortognaisse granítico a


duas micas, inserido em metagrauvacas biotíticas, ao norte de Alagoa Grande
(sul de Areia-PB). Dados analíticos no Anexo 5. discussão no texto. Figura 17 - Diagrama concórdia para o ortognaisse granítico laminado (Pe-
dreira do DER, ao norte de Mari-PB), que ocorre intercalado com
metagrauvacas. Dados analíticos no Anexo 5, discussão no texto.
intrusão destas rochas e respectiva deformação/metamorfísmo subse-
qüente no início do período Toniano. Todas estas rochas apresentam
indicações concretas de contribuição juvenil (ou pequena parcela de produtos de um evento colisional, provavelmente antecedendo a con-
residência crustal prévia). Elas dão um valor de idade mínimo para as solidação de Rodínia, hipótese de trabalho ora assumida (como visto
supracrustais da faixa, e ao mesmo tempo mostram a diferença de com- em itens anteriores acima há hipóteses alternativas), mas que deman-
portamento entre as supracrustais vulcano-sedimentares (que tiveram da um amplo feixe de pesquisas adicionais, geológicas e geocrono-
sistema Rb-Sr fortemente perturbado no Brasiliano) e dos granitóides lógicas.
(que mostraram forte contribuição de crosta preexistente na sua forma-
ção), estes preservando registro geocronológico bem mais remoto, do Agradecimentos Este trabalho contou com financiamentos da
Neoproterozóico - período Toniano. FAPESP, National Science Foundation e CNPq (bolsas de produtivi-
Estes valores de idade estão sendo atribuídos aos eventos do Cariris dade acadêmica) e colaborações dos laboratórios de geologia isotópica
Velhos (Brito Neves et al. 1995), preliminarmente interpretados como das Universidades de São Paulo e do Kansas, em Lawrence. A CPRM

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Anexo 1a - Dados analíticos das determinações Rb/Sr de rochas do embasamento do "Maciço" São José Campestre Recebido em 20 de s^tembro°de*2000

Anexo 1 b - Dados analíticos das determinações Rb/Sr de granitóides do "Maciço" São José Campestre

182 Revista Brasileira de Geociências, Volume 31, 2001


Benjamim Bley de Brito Neves et al.

Anexo 1 c - Dados analíticos das determinações Rb/Sr de supracrustais do "Maciço" São José Campestre

Anexo 2 - Dados analíticos das determinações Sin/Nd no "Maciço " São José Campestre

Obs. Os eiros de idade Tdm são em geral inferiores a 2 %, salvo exceções. Os valores eNd (t) foram calculados para 2000 (rochas de embasamento) e 600 Ma (supracrustais e granitic as)

Anexo 3b - Dados analíticos das determinações Rb/Sr em gnaisses "Cariris Velhos"

Revista Brasileira de Geociências, Volume 31, 2001 183


O "Sistema Pajeu-Paraíba" e o "Maciço" São José do Campestre no Leste da Borborema

Revista Brasileira de Geociências, Volume 31, 2001


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