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96 Geracdo Termelétrica: Planejanento, Projeto e Operagdo onde: F = forea, N; A = area, m?; P= pres L = deslocamento, m; io, Pa; volume destocado, m’, Substituindo as equagées (3.16) e (3.17) na equagao B.15) vem: bW=p-dv G18) Finalmente, 0 trabalho realizado pelo processo desde 0 estado ‘I até 0 estado '2' pode ser determina- do pela integragio da equagio acima. Assim: eee Wr=]8W=|pav (3.19) lesen Similar ao trabalho, calor é também uma forma de energia em transigao. Enquanto o trabalho ‘epresenta uma forma macroseépica e organizada de tra feréncia de energia, o calor representa uma forma mictoseépiea e desorganizada de transferéncia de energia. Calor é defile como sendo 0 modo pelo qual a Gnergia € transferida através da fronteira de um sistema numa dada temperatura, a um outro sistema (ou vizinhanga) numa temperatura inferior, em virtude da diferenga de temperatura entre os dois sistemas, Sendo o calor 0 caminbo pelo qual a energia cruza a fronteira do sistema, enue um corpo nfo contém calor, Do ponto de vista matematico, o calor, assim como 0 trabalho, € uma fungao de linha é reconhecido como sendo uma diferencial inexata (sobre este. ‘conceito, consulte Jones e. Dugan, 1997), Portanto, a quantidade de calor transferido: quando um sistema sofre uma mudanga do estado | Para 0 estado 2 depende do caminho (ou trajetéria) que o sistema percorre durante a mudanga de estade, Assim: 2 Q.=J6Q 3.20) 1 onde Q,, € 0 calor transferido durante o processo entre 0 estado 1 e 2, A figura 3.8 representa a convengao dos sinais Para trabalho e calor para a anillise térmica dos siste- imi. Segundo esta figura, o trabalho feito pelo sistema ¢ o calor transferido ao sistema tém sinal +, ao mesmo ‘empo.em que o trabalho feito sobre sistema e o calor transterido desde O sistema tém sinal oe) We) Figura 3.8 ~ Convengao dos sinais para trabalho e calor Carino 3 ~ Fundamentos da Geragito Termelétrica. 97 Assim como 0 calor, o trabalho é também uma funco de linha e, portanto, depende do caminho que © sistema percorre durante a mudanga de estado. O trabalho ¢ 0 calor, em termos gerais, so: + fendmenos transit6rios; « fendmenos observados somente nas fronteiras do sistema e representam a energia que atravessa as mesmas; + fungdes de linha e diferenciais inexatas; + modo por onde a energia & transferida de um sistema para 0 outro. 3.3 PROPRIEDADES E FUNDAMENTOS {As substincias que esto envolvidas na atividade de geragZo termelétrica sio, fundamentalmente: + liquidos — principalmente a Agua, tanto na fase liquida como gasosa (vapor). Outros liquidos, por exemplo, lubrificantes, so também usados para a operagdo da central termelétrica ¢ nao do ponto de vista da eficiéncia energética do processo de geraco de eletricidade. Ja os combustiveis liquidos, neste titimo aspecto, tém grande importincia; + gases —na forma de gas combustivel, ar ou produtos da combustio; + s6lidos —do ponto de vista energético, o carviio, como combust{vel é 0 s6lido que incide preponde- rantemente na eficiéncia da central. Outras substincias sdlidas, como a escoria e a cinza da com- busto, sfio também encontradas neste tipo de instalagao, As propriedades das substncias podem ser apresentadas de forma resumida nas chamadas superticies termodindmicas, As figuras 3.9 e 3.10 representam as superficies termodindmicas das substincias reais. A figura 3.9 refere-se a uma substiincia que se contrai durante a sua solidificago; um exemplo deste tipo de subst © anidrido carbénico. A figura 3.10 refere-se a uma substancia que se dilata durante a sua solidificagio; um exemplo deste tipo de substincia é a agua. icin Figura 3.9 — Superficie termodindmica para as Figura 3.10 ~ Superficie termodindmica pari as substincias que se contracm durante a solidificagao. substincias que se dilatam durante a solidificagto. 98 Geragdo Termelétrica: Planejamento, Projeto ¢ Operagéo Um detalhe importante nestas figuras € que existem regides onde a substncia somente existe em uma nica fase, Tais regides denominam-se de s6lido, Kiquido e vapor (ou gas). Outras regi6es, chamadas por “s6lido-liquido”, “s6lido-vapor” e “liquido-vapor”, sfio aquelas nas quais as duas fases antes especificadas podem existir simultaneamente em equilforio. Observa-se também que: + a0 longo da linha tripla podem coexistir em equilibrio as trés fases; + as linhas triplas destas figuras tém por projeco, no plano p-T, um ponto que se chama “ponto triplo”; + na regidio de mudanga de fase, o processo de transformagio € realizado tanto a temperatura, como ‘a presso constante, Observa-se, na figura 3.9, quea fase liquida ndo existe a uma temperatura nem a uma pressio inferior i do ponto triplo. Se a presstio fosse inferior do ponto triplo, a substincia poderia existir unicamente nas fases de sélido ou de vapor, ou entdo em ambas, em estado de equilfbrio. A uma determinada pressio, a transigio da fase sélida & de vapor é feita somente quando se atinge a temperatura de sublimagao, Portanto, a curva de equilibrio s6lido-vapor também é a curva dos pontos de sublimagao. Por exemplo, para o CO, a temperatura e pressio de ponto triplo sto ~56,6 °C ¢ 0,51 MPa respectivamente, portanto 0 CO, em fase liquida nao pode existir A pressio atmosférica. Quando, & pressio atmosférica, se fornece calor ao CO, em fase s6lida (gelo seco) este se sublima e converte-se diretamente em vapor. O CO, em fase liquida pode existir & temperatura ambiente somente naqueles casos em que sua pressio seja suficientemente elevada. Por outro lado, num sistema fechado com um gs no seu interior, pode-se realizar um experimento que permita obter um grafico onde se relacionem as propriedades: pressao, temperatura ¢ volume especttfico. Na figura 3.11 € apresentada a variagdo da fungao que relaciona estas propriedades em fungio da pressio para diferentes temperaturas. Esta relagio, na forma matematica, gréfica (como a figura 3.11) ou em tabela, é chamada Equagio de Estado. 11298,00 PressBo (otm) Figura 3.11 - Grifico da relagdo pv*/T versus pressio para diferentes valores de temperatura, Cartruvo 3 ~ Fundamentos da Geragdo Termelétrica 99 21) a G2) onde: y* = volume molar especifico, m/kmol; volume, m’; = ntimero de moles, kmol; massa molar, kg/kmol; massa, kg Bee< ‘Duas conclusées sao obtidas na andlise deste grafico: + evidentemente nunca € atingido o valor de zero absoluto para a pressdo. Entretanto, pode-se prolongar estas curvas alé que a pressio torne-se zero; + verifica-se que todas as curvas cortam o eixo das ordenadas em um ponto comum, onde a relagio destas propriedades tem o valor de: R= jim(22) = 8314,0 + 0,7; (d/kmolK) pop T 3.23) Sendo R denominada constante universal dos gases, © nome desta constante é dado porque seu valor é 0 mesmo para todos os gases que tenham um comportamento ideal. Para um gas perfeito (comportamento ideal), a equagiio de estado é: pv=R-T (3.24) Usando a massa de gés e sua massa molecular, a equagdo anterior pode-se reescrever como: (3.25) Sendo que a relaciio entre a constante universal dos gases e a sua massa molecular ( R/M) define a constante especifica do gas R, pode-se escrever a equacio de estado do gas perfeito como: p-Vem-R-T (3.26) (Ou, ainda, usando as propriedades volume espeeifico e densidade, como: p-v=R-T G27) pep-R-T (3.28) A equagio do gas perfeito nao é exata para gases reais, no entanto, em muitos problemas préticos, os gases reais podem ser considerados como gases perfeitos, sem contudo, se cometer grandes erros. Os gases reais tém um comportamento perto do ideal quando no problema analisado 0 valor da pressio € baixo. Na figura 3.12 mostra-se, a titulo de exemplo, o erro relativo obtido no volume especifico do ar ao ser este considerado gas perfeito. Observa-se que, para press6es até 25 bar e uma temperatura acima de 25 °C, 0 valor do erro relative para esta propriedade € inferior a 1%. 100 Geragado Termetérica: Planejamento, Projeto e Operagddo 0S ean ssa Oa Temperatura (‘C) Figura 3.12 ~ Erro relative no céleulo do volume especifico do ar quando este 6 considerado és petfeito, Foi definido que a equacao de estado de um gas perfeito & expressa pela relagZo entre as varidveis: pressio p, volume espectfico v e temperatura T. Representando estas variaveis ao longo de trés eixos mutua- mente Perpendiculates, obtém-se a superficie termodindmica definida por esta relagdo. A figura3.13 representa a superficie termodinamica para um gis perfeito ‘Todo estado de equilfbrio possfvel de um pas perfeito Tepresentado por um ponto da superficie termesinamica, Por outro lado, um processo quase-estitico € represented Por uma curva sobre esta superficie. Figura 3.13 ~ Superficie termodinamica do gas perfeito. ‘As curvas da figura anterior sio as intersegdes da superticie termodindmica com os planos perpendi- culate 205 Fespectivos elxos de pressio, volume especifico e temperatura, As linhax cheias sio intersegdes da superficie termodinamica com os planos Perpendiculares ao eixo da temperatura e elas representam um processo realizado a temperatura constante, Estas linhas so chamadas de Isotermes Analogamente, as linhas trago-dois- tragos (Tsométricas) representam os processos a volume Constante, ¢ as tracejadas (Isdbaras), representam os processos a pressio constante. Generalizando, os processos podem ser: * isobirico: quando a pressio é constante: * SSoméitico (ou isovolumétrico): quando o volume éconstante: * isotérmico: quando a temperatura é constante; * adiabético: quando no ha transferéncia de calor, Cartrino 3 ~ Fundamentos da Gerasiio Termelétrica 10] ‘Um processo qualquer pode ser representado pela equago: p-v" = const, =C 3.29) onde n é chamado de expoente politrépico. Comparanclo a equagdo (3.27) com (3.29) tém-se os valores de n para os quatro processos citados acima: O tiltimo processo mostrado acima é chamado de processo isentrépico. Este processo possui as carac- teristicas de ser adiabitico (Q = 0) e reversivel, O coeficiente k, no caso do processo isentrépico, sera tritado Posteriormente, ao longo do texto. Estes processos acima podem ser representados graficamente no plano indmico p-, tal como se mostra na figura 3.14. Figura 3.14 ~ Representagio gréfica do proceso Politrépico com a relagio p-v' Para tum processo que acontece entre os estados 1 ¢ 2, a equagtio (3.29) pode se escrever como: P,-V] =pz-v$ =C, onde C é uma constante (3.30) Com a ajuda da equagio de estado do gs ideal, as relagbes entre as propriedades pressio, tempera- 3 ura e volume especifico, para o sistema realizando um proceso politr6pico, podem ser escritas como. G31) 3.33) Estas relagdes resultam de grande utilidade na anélise de processos, onde as substincias industria podem ser consideradas um gas ideal. As mesmas serdo utilizadas, futuramente, neste capitulo. 102 Geragao Termetétrica: Planejamento, Projeto ¢ Operagio 3.4 PRIMEIRA LEI DA TERMODINAMICA Uma observagao experimental, realizada num sistema fechado que realiza um ciclo, demonstra que 0 trabalho liquido € proporcional ao calor liquido wansferido. Considerando este fato, matematicamente, pode-se escrever f5Q=f5w (3.34) Generalizando, pode-se afirmar que para qualquer ciclo realizado por um sistema fechado, a transfe- réncia liquida de calor é igual ao trabatho liquido, Este é 0 postulado da primeira lei da termodindmica, que se aplica a qualquer sistema fechado que realize um ciclo, e 6 vilido sem restrigoes ou limitacées. A partir deste postulado da primeira lei fica implicito que, para qualquer caminho seguido entre dois estados por um sistema fechado, a magnitude (5Q - 5W) tem o mesmo valor. Sendo assim, esta magnitude é uma propriedade, chamada de energia do sistema. Definindo-se Qe W como a integragio de 6Q e SW ao longo do caminho executado pelo processo e AE como a variagdo de energia experimentada pelo sistema, pode-se escrever: AE=Q-W (35) Esta relagao ¢ uma postulagio stil da primeira lei da termodinamica para um sistema fechado. A primeira lei € uma manifestaco do principio de conservacdo da energia. £ comum a definigao de energia como sendo “a capacidade de um sistema de realizar trabalho". O __ termo energia vem do grego epyov (ergon) que significa trabalho. A energia também pode ser definida como “wma propriedade da matéria que se pode converter em trabalho ou calor” A relagio entre matéria e energia foi estabelecida por Binstein na teoria especial da relatividade, através da equagio E =m -c*, sendo a energia 0 produto da massa pelo quadrado da velocidade da luz. A energia é expressa em Joules (J), sendo que a poténcia (quantidade de energia pelo tempo) expres- ‘se-se em Watts (W); assim, 1 W equivale a | J/s. Ao longo da historia da humanidade, fatos hist6ricos determinaram os avangos teéricos e priticos do inio do homem sobre uso da energia. Alguns momentos importantes relacionados com este evento sao: + definigdo do fogo, por Aristoteles (384-322 AC), como um dos quatro elementos bisicos da natureza; * desenvolvimento da roda hidréulica, 350 DC. Na China, 0 primeiro moinho hidréulico para grdos corresponde ao século V; + desenvolvimento do moinho de vento, 950 DC; + invengio do termémetro, em 1592, por Galileo Galilei + Leibnitz (1646-1716) define a “esséncia viva” de um corpo como a massa vezes 0 quadrado da velocidade (energia cinética); *+ desenvolvimento da maquina a vapor moderna, James Watt, 1765; + em 184, Helmholz define a primeira lei da termodinamica; + desenvolvimento do motor do automével, Daimler, 1884; * operago da primeira central nuclear, 1954. Por outro lado, a energia pode ser classificada atendendo a diferentes critérios, entre eles, o comporta- ‘ou estado resultante da energia fisica ou quimica. Segundo este critério se classifica em: + energia meciinica; + energia quimica; + energia calorifica; + energia dos fstons; + energia elétrica ou eletromagnética Cavirawo 3 ~ Fundamentos da Geragao Termelétrica 103 Outros critérios, como a forma de uso da energia pela sociedade e a forma de energia primatia, s20 também aplicados para classificar os diferentes tipos de energia. Contudo, o importante é que a utilizagdo da cenergia pelo homem acontece durante a conversio da mesma em outra forma, Assim, por exemplo, o proceso de geraciio de eletricidade envolve uma série de processos como se mostra na figura 3.15. Primeiramente se realiza a conversio de energia quimica do combustivel em energia térmica (calor). A energia térmica, por sua ver, 6 convertida em energia potencial (vapor superaquecido), ¢ esta em energia mecfinica de rotagio nas pas da turbina a vapor. Finalmente, no gerador elétrico, a energia mecénica é convertida em energia eletromagnética, ou seja, em eletricidade, sendo esta a forma final de uso. O conjunto formado pela turbina a vapor ¢ pelo gerador elétrico geralmente ¢ chamado de turbogerador. : Combustivel Caldeira de vapor (Energia quimico) Vapor Gases quentes => (Energia. térmica) _ Goses Combustivel nq Vapor superaquecido Aguo (Energia potencial) Turbogerador Rotagdo do turbina Enadors (Energia mecénica) Gerodor elétrico Turbina a yopor A Safda do (Energia eletromagnética) vopor Figura 3.15 ~ Seqtiéncia de processos de conversao de energia durante a geragio de eletricidade numa central termelétrica A energia pode estar presente de de varias formas, tais como energia potencial, cinética, interna, elétrica, magnética, ete A energia potencial gravitacional EP € energia armazenada num sistema como resultado da posigio do mesmo num campo gravitacional. Sua magnitude é dada por: EP=m-g.z (3.36) onde m € a massa do sistema; z a distancia do centro de gravidade do sistema a um plano de referéncia horizontal arbitrario; e g é a aceleracdo local da gravidade. 104 Gerardo Termelétrica: Planejamento, Projeto e Operacao A energia cinética 'EC’ & a energia armazenada num sistema como resultado do movimento do mesmo. Sua magnitude & dada por: m-V> iC iE 2 (3.37) onde V é a velocidade relativa a um referencial inere: A energia interna U de uma substincia esta relacionada com a energia potencial, cinética com a estrutura interna das moléculas que a compem, A energia interna especffica ‘u’ é uma Propriedade intensiva, dada por: uss 3.38) m (3.38) Considerando estas trés formas de energia armazenada, pode-se escrever que a energia armazenada total é; > mV? E=EP+EC+U ou E=m-g-z+. +u (3.39) © a energia especttica é da da por: ve 3.40) gt tn 6.40) 2 Na auséncia de movimento, gravidade e outras formas de ener; armazenada, a equacao (3.39) simplifica-se como: E=u G41) A primeira lei para um sistema fechado expressa-se, neste caso, como: AU=Q-W 3.42) No caso de um volume de controle, cada ver que ha €scoamento através de suas fronteiras, deve-se Considerar que se realiza trabalho de fluxo. Em qualquer Segdo da fronteira onde exista escoamento, o trabalho de fluxo por unidade de massa é dado por Wouro = P*¥ G43) ‘A partir deste ponto, quando for utilizado o simbolo'W'esté se referindo as outras formas de trabalho, excluindo-se, portanto, o trabalho de flaxo, A primeira lei da termodinamica, assim como feito com a conserva da massa, também pode ser ccbresse na forma de taxa de variagio com o tempo. Nesta forma, a taxa de variagdo do trabalho mecanico W termadien eg fenominada poténcia mecaica W, sendo expresso em W/s ou W. Assim, a primeira lei da ‘ermodindmica para um volume de controle com miltiplas entradas e safdas, pode ser escrita como: 2 e-we Lih-+p-v)- Yin-(e+p-v) (3.44) at entradas sallas onde 'e" representa a energia que entra ou sai do sistema através dos fluxos de massa, Em outras palavras, pode- Se dizer que a primeira lei da termodindmica aplicada a um volume de controle estabelece que a variagio da Carino 3 ~ Fundamentos da Geragdo Termelétrica 105 ‘energit do sistema, é igual as quantidades de energia adicionadas ao sistema ‘cnergia associada & matéria que entra no sistema, menos, Yvidindo-se a equagao (3.39) pela massa, 44), tem-s na forma de calore trabalho, mais, a energia associada 2 matéria que sai do sistema. obtém-se a energia associada especifica 'e', e substituindo em 2 2 Fa g-Widiy [uteevere Eom [wnevese¥) 3.45) Para o caso particular de um volume de controle em regime permanente com uma entrada e uma como o que se apresenta, genericamente, na figura 3.16, a equagao (3.45) fica como: a y2 yz Q-W=m, | sencverens | He | e+ Pe-Ve +B, ate G46) Fluxo de motéria scindo, do yolume Q W de controle pela segdo 's’ eae = ' == ve 1 Teal tie (gzt tuo), ! bE /ét ' ‘: I = b= 1 5 (924-5 tupy), aos i T==. = eae Fluxo de motéria entrando Fronteira do 00 volume de controle volume de pelo secéo ‘e’ controle Figura 3.16 ~ Esquema de um volume de controle em regime estacionario. -€ chamada de entalpi =U+tp-V ‘Quando i energia interna se soma o produto da pressio pelo volume espectfico, ¢ obtida outra proprie~ G4 = pressio, kPa; volume, m?; = energia, interna kJ; entalpia, KI. aentalpia € uma propriedade extensiva, é interessante termos, para facilitar o tabelamento, a fica ‘h’, dada por: utpxy (3.474) Pressio, kPa; volume especifico, m/kg: ‘energia interna especifica, kI/kg; entalpiaespecifica, ki/kg = B 8 Figura 3.18 — Ciclo de Carnot para um reftigerador ou bomba de calor realizado por um. sistema composto de um gs. 3.5.1 Eficiéncia Térmica e Coeficiente de Rendimento A primeira lei determinou que a energia se conserva, ou seja, que ela pode ser transformada de uma forma em outra, mas no destrufda. Por este motivo, a primeira lei é uma ferramenta dil para a aval rendimento de qualquer sistema ou dispositivo de conversio de energia. No entanto, a avaliagio do rendimento. de um sistema requer, primeiramente, a especificagtio do seu propésito. Os motores, refrigeradores e bombas de calor tém propdsitos diferentes, pelo que seus indices de rendimento sero diferentes. + Motor ~ para o motor térmico define-se a eficiéncia térmica (1). O propésito do motor é transfor marem trabalho (W) a energia fornecida como calor ou como energia armazenada num combusti- vel (Qustada)- A maquina térmica recebe calor ¢ produz trabalho enquanto realiza um ciclo. Des forma, a eficiéncia térmica de um motor é: Ww iS ome 59) + Refrigerador ~ para o refrigerador define-se o coeficiente de rendimento (B,). propésito do reftigerador € retirar energia na forma de calor (Quy,,g,) de uma fonte a temperatura menor que a ambiente, Para realizar isto é necessério consumir energia, a maioria das vezes na forma de trabalho (WW), desde uma fonte externa, Desta forma, 0 coeficiente de rendimento de um refrigerador é: Qeouats Ww Ba 8.60) * Bomba de calor ~ paraa bomba de calor define-se também um coeficiente de rendimento (B.,.).O proposito da bomba de calor é fornecer calor (Q.,,.,) @ uma regio retirando energia na forma de calor de uma regio de menor temperatura, Analogamente, para realizar isto € necessério consumir energia, a maioria das vezes na forma de trabalho (W), desde uma fonte externa. Desta forma, 0 Coeficiente de rendimento de uma bomba de calor é: Bac® See G61) Observe-se que os indices definides acima sio aplicados somente nos ciclos, Nao tem sentido dizer, por exemplo, eficigncia térmica do proceso. Para um processo aplica-se o termo de eficiéneia interna ou rendimento interno. A eficiéncia térmica de um motor tem valores na faixa entre 0 ¢ 1, sem chegar aatingir o valor maximo. Para os refrigeradores e bombas de calor, o coeficiente de rendimento tem valores pouco maiores que zero e maiores que |. Os valores maximos que podem ter estes indices de rendimento estio limitados pela segunda lei da termodinamica, como sera visto posteriormente, 110 Geragiio Termelétrica: Planejamento, Projeto e Operagio 3.5.2 Entropia e Outras Propriedades que Dependem da Segunda Lei Oconceito de entropia e sua manifestagiio na segunda lei da termodinamica possibilitam prognosticar os estaddos de equilibrio e determinar se um proceso € possivel ou ni. A entropia é uma propriedade relacionada com a desordem a nivel microscépico ¢ a no disponibili- dade de energia interna, Com relagio 4 entropia pode-se afirmar que: + a sua variagao estd associada a transferéncia de calor e/ou as irreversibilidades internas do pro- cesso quando estio presentes; + €uma propriedade extensiva. A entropia de um sistema é a soma das entropias de seus componentes; + todos os sistemas estado, € maxima; solados encaminham-se a um estado de equilibrio, sendo que a entropia, neste *+ adeterminagio quantitativa da entropia especifica ‘s’ pode ser calculada, entre outas formulas, utilizando a equagio de Gibbs: 1 P ds=—-dn+t-dv 3.62 oT T (3.62) Em sistemas sem reagiio quimica, nao hd a necessidade de estabelecer-se uma referéncia para a entropia. Apenas variagdes de entropia sao de interesse (os sistemas reativos, como por exemplo, de combustiio, sero analisados mais tarde); + aentropia de um sistema isolado (auséncia de transferéncia de massa e energia) somente pode se manter constante ou aumentar a thtima afirmago representa 0 contetido da segunda lei da termodinimica, Se a entropia de um sistema isolado Q = 0, permanece constante através de varios estados de um proceso, pode-se dizer que 0 proceso é reversivel, caso aumente a entropia, entio, o processo ¢ irreversivel. As causas das irreversibilidades nos processos siio: * fricgdo interna molecular ow entre os componentes do sistema, por exemplo, um fluido circulando por uma tubulacdo, um fluido passando pelas palhetas de uma turbina, etc.; * troca de calor através de uma diferenga finita de temperatura; + expansio livre; + mistura; + deformagio nao-elistica; + reagio quimica espontinea, Outro aspecto de interesse desta propriedade é a vantagem gue oferece para a compreensio dos processos. Se a equagdo de Gibbs pode ser escrita como: T-dS=dU+p-dV (3.63) € substitui-se o termo dU a partir da primeira lei, derivando a equagio (3.42), entio: T-dS =8Q-5W+p-dV 3.64) Como p - dV 6 igual a 5W para um processo reversivel, entio, a equacdo anterior se reduz a: 5Q ds= 52 T (3.65) Se o processo for irreversfvel, entiio SW é menor do que p- dV e, desta maneira: a as>2Q 3.66) cy Carino 3 ~ Fundamentos da Geragao Termelétrica HT Com a equago (3.65) pode-se calcular a quantidade de energia transferida em forma de calor a um sistema fechado num processo internamente reversivel, isto 6 2 Quer = JT-dS (3.67) 1 Num plano de coordenadas T-s, onde a temperatura & expressa em K ouR, a érea abaixo da curva que representa processo, calculada mediante a integral acima, representa o calor transferido a um sistema fechado, A interpretagao desta area nao ¢ valida para um processo irreversivel. A entropia espectfica € expressa cm kI/kgK. Em termos gerais, a aplicagao da segunda lei a um sistema fechado ¢: &Q ds2 3.68) T 6.68) Sendo que o sinal jueles processos que sii inreversiveis. aplica-se a processos reversiveis, enquanto ‘>’ aplica-s Similarmente & primeira lei, a andlise de volume de controle também pode ser abordada aplicando a segunda lei, desde que nao mudem os estados termodinamicos nas entradas e safdas do sistema, isto é, regime permanente, a entropia do volume de controle é constante: ts, thessy | > E(th,-s,), +> (3.69) se também pode ser estendida a problemas em regimes transit6rios. Porém, estes sio menos freqiientes. Particularmente, a anilise realizada aplicando a segunda lei a um volume de controle em regime permanente muitas vezes é enfocada como anlise de disponibilidade, Para aprofundar conhecimentos sobre a segunda lei da termodindmica, sugere-se consultar Atkins (1984) e também Howell e Buckius (1992). 3.5.3 Andlise de Disponibilidade para um Volume de Controle A andlise de disponibilidade, conhecida também como andlise exergética, examina, em um volume de controle, o problema da sua maxima capacidade de realizar tabalho, quando este se encontra num meio ambiente que posstii uma temperatura Ty, Para resolver este problema, combina-se a primeira com a segunda lei para encontrar a quantidade de energia transferida ao meio ambiente em forma de calor. Utilizando 0 esquema da figura 3.16, considerando despreziveis a energia potencial e cinética, quando o sistema tem uma entrada e uma saida, a equacao da primeira lei pode ser escrita como: Q=rh-(hy ~hy)+W (3.70) Por outro lado, a equagdo da segunda lei escreve-se como fi-Ty (52-51) 2Q G71) uma vez que a troca de calor se dé com o meio a uma temperatura Ty Substituindo o termo Q da equagao (3.70) na (3.71), tem-se: -[(hy —by Ty -(5, ~s 2 W G72) Nesta equagilo, o termo que multiplica o fluxo de massa é a diferenga de exergia 'b’ entre os fluxos de entrada e safda do volume de controle, A exergia é entiio uma propriedade termodinamica que expressa a miéxima quantidade de trabalho que pode ser obtida do sistema. Desta maneira, a desigualdade da equagao anterior demonstra que o trabalho maximo disponivel no volume de controle é determinado pela diferenca de exergia, sendo esta avaliada na entrada ¢ na safda. O maximo trabalho € obtido quando 0 proceso realizado no 12 Geragdo Termelétrica: Planejamento, Projeto ¢ Operagio tistena € revorsivel. A irreversibilidae que acontece no provesso pode ser quantificada pela diferenca entre o trabalho mximo disponivel e 0 trabalho real obtido. E de se esperar que, diminuindo as irreversibilidades, ocorra © aumento da eficiéncia do processo. Na seaiiéncia serd detalhada a forma de céloulo da exergia, ¢ outras propriedades para diferentes Substancias de interesse na area da geracao termelétrica, 3.6 CALCULO DAS PROPRIEDADES PARA AS PRINCIPAIS SUBSTANCIAS INDUSTRIAIS ‘Aga constitu uma das substéncias mais importantes numa central termelérica. Seu uso como flvido Ge wabalho na instalacdo de turbinas a vapor, tanto de centrais termeléiricas convencionais como nas de ciclo combinado, € fundamental. Por este motivo, serd visto o uso das tnbelas termodindmieas do diagrama de Mollier para o célculo das propriedades deste fluido, Nas figuras 3.19 3.20 sao apreseintadas as projegses das superficies termodindmicas paraa égua, nas Coordenadas p-v e Toy, respectivamente, Sclecionou-se uma regio de interesse prtico, ou seja, aquela que & importante para a andlise de sistemas térmicos. Liquido sub-resfriado ou comprimido Carirsto 3— Fundamentos da Geragdo Termelérica 113 Para detcrminar as propriedades num estado que se encontre na regio de mudanga de fase ‘iquido- vapor’ ceve-se definira propriedade titulo do vapor'x’, a qual expressa a relago entre a massa do gs (vapor) & total da mistura, ou seja, ae my +mg G73) Os volumes especificos, tanto para as fases Liquida e vapor quanto para a mistura, sZ0: ua VER (3.74) m, Vegi 3. peeve an; Ca) 3.76) Sendo o volume e massa totais expressos como: ES a vit Ne (3.77) 7 m=m +m, @.78) onde, nestas equagdes: volume especitico da mistura fquido-vapor, volume especifico do liquido saturado; v, = volume espeeifico do vapor saturado; V_ = volume da mistura liquido-vapor; V__ = volume do liquido saturado; # V, = volume do vapor saturado; : = massa da mistura liquido-vapor; ~ = massa de Ifquido saturado; massa de vapor saturado. Operando algebricamente com as equagdes (3.73) a (3.78) se obtém: vay te ey, (6.79) ee ar e =ytxe(,-%) 3.80) Sendo que esta dltima equagio permite 0 célculo da propriedade volume especifico na regio de ‘mistura liquido-vapor, quando ¢ conhecido o titulo do vapor. Analogamente, podem ser obtidas as equagdes que permitem o cailculo de outras propriedades termodinimicas na regido de mistura liquido-vapor, como por exemplo, entalpia c entropia. As equacbes nestes sho: h=h, +x-(b,-h,) G81) $x ,-5) (3.82) u4 Geracéo Termelétrica: Planejamento, Projeto e Operaséio Na regidio de mistura, os valores de volume especiico para o Iiquido saturado ‘v, ‘ou vapor saturado % > sobre uma isébara (ou isoterma) so sempre constantes. Nas tabelas dos Anexos 3.1 e 3.2, conhecendo-se_ a pressio ou a temperatura de saturacao, pode-se ler 0s valores especfficos das propriedades volume, energia interna, entalpia e entropia (Moran e Shapiro, 1992). No primeiro, destes anexos, a temperatura & 0 dado de entrada, no segundo, o dado de entrada é a Nos Anexos 3.3 ¢ 3.4, conhecendo duas propriedades, tais como pressdo ¢ temperatura, pode-se determinaros valores especificos das propriedades volume, energia interna, entalpia e entropia. Nestes anexos,a ‘égua encontra-se na forma de vapor superaquecido ¢ liquido comprimido, respectivamente. Note-se que as tabelas destes anexos sio dadas para a égua, entretanto, pode-se encontrar, na literatu- ra, tabelas semelhantes para outras substdncias como: aménia, freon 12, merctrio, ete. Outra maneira de se obter as propriedades da agua é usando o diagrama de Mollier, qual encontra-se no Anexo 3.5. Neste diagrama, a abscissa e a ordenada sdo a entropiae a entalpia, respectivamente. As caracte- {sticas fundamentais deste diagrama sio: + na regifio acima da linha de titulo do vapor x igual a 1, a Agua encontra-se na forma de vapor superaquecido, ao mesmo tempo em que abaixo desta linha, encontra-se a regitio de mudanga de fase Ifquido-vapor'; + as linbas de temperatura constante coincidem com as linhas de pressio na regifio de mudanga de fase, ou seja, nesta regidio as isbaras coincidem com as isotermas. pressiio Existem programas computacionais que substituem as tabelas e o diagrama de Mollier, os quais permi- temocilculo dos valores numéricos destas propriedades de maneira mais exata. 3.6.1 Gases Foi dito que se pode supor que os gases tm urn comportamento ideal quando a pressio nao é elevada, Nas centrais termelétricas, as presses mais altas para gases encontram-se nas turbinas a gids onde pode-se operar 0 compressor com uma relago de pressdes de até 39 ou Ievemente maior. Por este motivo, 0 célculo das propriedades dos gases pode ser realizado a partir de modelos ideais, visando-se simplificar a andlise termodinamica, Para cada uma das substincias presentes num flaxo de gases, a entalpia ea entropia, em base molar, podem ser calculadas utilizando as expresses: (3.83) (3.84) onde, h entalpia especifica, kI/mol; Ah? = entalpia de formagio espectfica (ver item 3.7), kJ/kmol; a temperatura no estado de referéncia '0' e no estado em que se encontra 0 gas (ou mistura de gases), K; cp =" fungdo para o cilculo do calor especffico segundo o comportamento ideal, kI/kmol K; s entropia especffica no estado de referéncia '0' ¢ no estado em que se encontra 0 gas (ow mistura de gases), ki/kmol K; P pressiio no estado de referencia 0 e no estado em que se encontra o gas (ou mistura de gases), KPa R = constante universal dos gases: 8,3147 kW/kmol K, Carirawo 3 ~ Fundamentos da Geragdo Termelétrica 115 ( oat ) ay-tay-T+ay-T+4, entio, a entalpia e a entropia de um gas ra, como: ideal poderdo ser calculadas, em base molar, em fungio da temperatu- (3.86) es (1)+ay- Ta; ay Fas Fay G87) Com estas trés dltimas equagdes pode ser calculado diretamente o valor destas propriedades. Nos casos das fungSes para o calculo da entalpia ea entropia, jé estio inclufdas a entalpia de formagio e aentropia de referéncia respectivamente. No Anexo 3.6 se apresentain valores das constantes de integragio usadas nestas equagées para alguns gases. O emprego de polindmios para expressar as dependéncias de ‘c,’ com a temperatura tem a vantagem de permitir o célculo de ontras propriedades como si ‘h’ e's’, através de uma integragao simples. O problema no uso destas fungdes reside no fato da exatido com que as mesmas reproduzem os valores experimentais dostas propriedades. Para atingir uma ampla faixa de temperaturas pode acontecer que o ajuste aos dados originais nd seja o melhor. Isto tem sua causa no ponto de inflexdio que apresentam as fungSes para o céleulo destas propriedades entre os 900 e 2000 K. Como no processo de combusto podem-se atingir temperaturas ‘mais altas, € conveniente usar polindmios diferentes para distintos intervalos de temperaturas, visando conseguir um grau de exatidao aceitavel. Por este motivo, no Anexo 3.6 se oferecem valores das constantes de integragio tanto para uma temperatura menor ou igual a 1000 K, como para uma temperatura maior que 1000 K. 0 calculo destas propriedades, em base molar, para um fluxo de gases composto por 'n’ gases ideais (uma mistura de gases), podera ser realizado segundo a lei de Dalton, a partir das equagdes seguintes: ep (tax)= Ex -epi (0) 3.88) (3.89) sP,T.x)= Ex [nt0)-R 22] 3.90) Po onde “x; siioas fragées molares (ou volumétricas) de cada um dos elementos que compoem a mistura de gases 3.6.2 Substancias Incompressiveis Para combustiveis sélidos ou Iiquidos, assim como para fluxos de sélidos ndo-queimados, escéria e cinzas voliteis, pode-se utilizar a aproximagdo de fluido incompresstvel (volume constante). Desta maneira, os clculos da entalpia e a entropia para estas substncias, podem ser realizados com as equacdes: 16 Geracdo Termetétrica: Planejamento, Projeto e Operagéo 5 h(T)= Ah? + fo, (T)-dT +v-(p—py) G91) % fr eee s(t) pals a 3.92) ‘a literatura especializada encontram-se valores destas propriedades para as substdncias antes menci- onadas. A maioria das vezes € desprezivel o efeito da quantidade de energia contida nos fluxos de s6lidos nao queimados, esedria ¢ cinzas, nos balangos de energia de uma central termelétrica. Estes valores tém grande importéncia durante o cilculo da eficigneia nas caldeiras que operam com combustfveis s6lidos, Na andlise de centrais termelétricas assumne-se, geralmente, a entalpia dos combustiveis como seu Poder Calorifica Inferior (PCT), ao mesmo tempo em que para a andlise de disponibilidade se realiza o célculo da exergia dos mesmos. 3.6.3 Calculo da Exergia A exergia € a propriedade que expressa a maxima quantidade de trabalho que pode ser obtida num sistema a partir do desequilfbrio mecnico, térmico e quimico do mesmo com um determinado sistema de eferéncia. Desconsiderando os efeitos magnéticos, nucleares, elétricos e de tensiio superficial, pode-se dizer ‘que ‘exergia é composta por quatro componentes: cinética'c’, potencial'p, isica'fe quimica‘q’. Mesmo quando a ergia 6 uma propriedade extensiva, seu calculo, realizado neste t6pico em base méssica (exergia especifica), é realizado pela soma das quatro componentes, como: bebe tbp +b; +b, 3.93) As componentes cinética e potencial da exergia especifica sfio calculadas a partir das equagées (3.36) ¢ (3.37) jd definidas, ou seja: 94) gz (3.95) onde, V = velocidade relativa ao meio ambiente de referéncia, m/s; % = elevagao relativa ao meio ambiente de referéncia, m, A componente da exergia fisica é 0 maximo trabalho que pode ser obtido pelo sistema desde um estado inicial a uma temperatura T’ e uma pressdo 'p' até um estado final com 'T,'¢'p,\, sendo estes valores vitimos, os do meio ambiente de referéneia. O calculo desta componente da exergia depende do tipo de sistema que é analisado: fechado on volume de controle. Cailculo da exergia fisica para um sistema fechado ‘A exergia Fisica especifica para um sistema fechado, num estado qualquer, calcula-se pela expressio by = (uU9)+ Py —vp)-Ty- 6-59) 3.96) onde, = energia intema especitica no estado do sistema e no ambiente de referéncia ‘0, ki/kgs v= volume especifico no estado do sistema e no ambiente de referéncia ‘0’, mvkg; 5 = entropia espeeitica no estado do sistema e no ambiente de referéncia ‘0, ki/kg Kj Py = pressio no ambiente de referéncia, kPa; T, = temperatura no ambiente de referéncia, K. Para o caso particular de um sistema fechado com um gas perfeito de constante do gas k ( pode-se calcular'a exergia fisica especffica como: = eye) Caviroto 3 ~ Fundamentos da Geragdo Termelétrica 117. | seal ees, te ey +——|inb Poy x [ Po a ] Oe CAlculo da exergia fisica para um volume de controle e Para o caso em que o sistema é um volume de controle, a componente especifica da exergia fisica ‘ealcula-se como: by = (h—hg)-Ty - 6-50) (3.98) entalpia especifica no estado do sistema ¢ no ambiente de referéncia ‘0", kI/kg; 4 entropia especifica no estado do sistema e no ambiente de referéncia 0’, ki/ke K; = = " temperatura no ambiente de referéncia, K. a a Para o caso particular onde o sistema é um volume de controle com um gés perfeito de constante da: ‘k, pode-se calculara exergia fisica especifica como: (kt) “componente quimica da exergia expressa 0 maximo trabalho que pode ser obtido a partir da diferen- Jeo quimica de um sistema com relagao a0 meio ambiente, os elementos que compdem o sistema ‘ser referenciados a substncias do meio ambiente convenientemente selecionadas. Para os gases, por as substncias de referéncia so aquelas que existem no ar, O miximo trabalho que pode ser desenvol- ‘um gés (ou mistura de gases), é obtido quando este (ou estes) € capaz de expandir-se num processo até atingir a pressio parcial do gis (ou dos gases) que corresponde com a pressiio parcial do gis (ou de referencia existente no ar, Assim, a exergia quimica de um gs, numa mistura de gases, pode-se ‘em base molar, segundo: . Inx, (3.100) -b) -R-Ty-x, 1 = exergia quimica tabelada para cada gas segundo a sua substincia de referéncia. No Anexo 3.7 apresenta-se a exergia quimica de varias substncias nas condigdes padrées (298,15 Ke 1 bar); = fracio molar do gés na mistura. No célculo da exergia quimica especifica de um gas puro, por exemplo, 0 CH, 0 valor de x,= 1, pelo que a equagio (3.100) tomna-se by = by , ou sefa, valor da exergia quimica especifica se corresponde com o valor tabelado. No caso do CH, conforme 0 Anexo 7, 0 valor tabelado de b, € 830891 kI/kmol, ‘caso da andlise de uma mistura de gases, a exergia quimica, em base molar; calcula-se como: RTH; -Inx a U8 Geragéo Termelétrica: Planejamento, Projeto ¢ Operago Estas equagdes sto vélidas tanto para célculo da exergia quimica dos gases que esto no ar como outros gases, por exemplo, os combustiveis gasosos, Esta equagio pode também ser aplicada a misturas (ou soluedes) que ndio tenhum comportamento ideal (Bejan et al., 1996). Uma vez calculada a exergia quimica em base molar, deverd se dividir pela massa molecular do gés (ou da mistura de gases) para que esta componente da exergia possa ser somada as componentes anteriores. Os combustiveis industriais, sélidos e Iiquidos, sio compostos por elementos de natureza desconhec a, 0 que dificulta determiinar a entropia da reagdo destes com um razodvel grau de confiabilidade. Para 0 céleulo daexergia quimica dos combustiveis, considera-se que existe uma relago entre 0 seu Poder Calorifico Inferior (PCD e sua exergia quimica. Esta relagaio é expressa por: way (3.102) Sendo que 0 Poder Calorifico Inferior é determinado para as condigdes do ambiente de referencia "0" Depois de computar valores de ' para varias sustincias que contém Carbono (C), Hidrogénio (H), Oxigénio (0), Nitrogénio (N) e Enxofre (S), correlagdes que calculam o valor de 6 para diferentes relagdes HIC, O/C, N/ ‘Ce, em alguns casos, S/C, foram obtidas (Szargut er al., 1988). Para substincias orginicas secas contidas num combustivel f6ssil sélido composto de fragdes méssicas ‘com ‘c’, ‘h’, ‘o’, ¢ 'n’; com uma relagio o/c menor do que 0,667, tem-se: aco = 10437+-0,1882-44.0,0610-2 4.00404. c ¢ fe (3.103) Para o caso de combustiveis f6sseis sélidos, incluindo a madeira, com uma relagio em fragdes méssicas 2.67 > (o/c) > 0,667, 0 valor do coeficiente 6 pode ser calculado segundo: 1,0438 +0,1882-— ~0,2509-| 140,725 + 0,0383. f Seco = = 1-0,3035.2 —_ ¢ No caso dos combustiveis lquidos, foi inclufdo no catculo do coeficiente 6 0 efeito da quantidade de ccontida na composigdo elementar, desta maneira: B.105) Sccco = 140401+0,1728 - # 40,0432. 20,2169 .5 (12.0028 7 c ¢ e c Finalmente, para um combustivel industrial s6lido a componente da exergia quimica especifica é como: b. [(Pct), +2442-w]- O,¢9+9417-s (3.106) ©’ Sfo, respectivamente, as fragdes massicas de égua e enxofre no combustivel. Para usar a equaga0 © valor do PC! é calculado incluindo o conteido da umidade ‘w’ do combustivel. ‘Um problema que se apresenta numa instalagio termelétrica € 0 isolamento das superficies quentes, leiras, turbinas, ¢ outros equipamentos, bem como das tubulagbes, Desconsiderando as medidas de ‘com 0 isolamento se minimizam as trocas de calor com o ambiente e, ao mesmo tempo, as perdas de Carinae 3~ Fundamentos da Geragio Termelétrica 119 eficigncia. A perda de capacidade de trabalho por este motivo pode ser determinada mediante o céleulo da exergia do calor transferido por condugio através da fronteira de um sistema, o qual & dado por e Beatoe =Q (-#) G.107) onde, Q = calortransferido através da fronteira, kW; T= temperatura onde acontece a troca de calor na fronteira ‘f” ¢ do ambiente de referéncia “0”, K. Esta equagdio também pode ser empregada para estimar a capacidade de trabalho de um fluxo de calor qualquer, sempre que o processo de transferéncia for apenas por condugao. Em Szargut et al., (1988) padem-se consultar as equagées para o calculo da exergia de um fluxo de calor quando esté presente a radiagdo térmica, 3.7 ELEMENTOS DE COMBUSTAO. O processo dle combusto constitu’ o primeiro estégio na conversio da energia quimica do combustivel em energia elétrica numa central termelétrica, incidindo grandemente na eficiéneia térmica. Do ponto de vista te6rico, a combustio define-se como uma reago quimica exotérmica auto-sustentada, onde sio oxidados os elementos combustiveis de um combustivel. Do ponto de vista pritico, entende-se a combustio como a unio dos elementos combustiveis de um combustivel com o oxigénio do ar, visando a geragao de energia fitil na forma de calor. Na pritica, deve-se satisfazer os seguintes critérios bésicos para haver a combustao completa: + fornecer uma quantidade de ar adequada ao tipo de combustivel;, + mistura molecular do oxigénio (do ar) com o combustivel na temperatura e pressio de ignigo (ou seja, dentro dos limites de explosio da mistura); + garantir continuamente uma boa mistura ar combustivel tanto & temperatura de igni¢io como a uma temperatura acima da mesma; + volume da fornalha (ou cfimara de combustdo) suficiente para permitir um tempo de permanéncia damistura ar-combustivel. Em termos gerais, as componentes combustiveis de maior importincia sao: carbono, hidrogénio e enxofie, sendo que este dltimo tem o menor significado como fonte de geragio de calor, ao mesmo tempo em que pode acarretar sérios problemas de corrosio e emissio de poluentes. A titulo de exemplo, se apresentam, na tabela 3.2, as reagdes quimicas de combustio de algumas substdncias simples e na éltima coluna se encontram 08 valores do calor de combustio superior de cada reacio. TABELA 3.2 Reagdes quimicas de combustiio relevantes na atividade de geraciio termelétrica (B & W, 1992) Balango de massa Calor de reaeio Combustivel Reagio quimica “ (superior) Mol Massa (ke) | Wieesoast Carbon (CO) Bens 56 9188 Carbono (CO,) +3= 4 22780 Mondxidode erbono S643 = 88 vo.n Hidrgénio 4432-36 u207 Enxotre($0;) 324305 64 9251 Metano ; 16 +64= 80 53333 Aciileno 2CyH, + $0, = ACO, + 24,0 52 +160= 212 71316 Etileno C,H, +30, =20, +2H,0 28 +96 = 124 71961 Eno 4C0, + 6140 60 +204= 288 74246 Acido Sullfdrico 68 + 96 = 164 23.604 120 Geragiio Termelétrica: Planejamento, Projeto ¢ Operagéio As quantidades das componentes combustiveis variam de combustivel para combustivel ¢ ser’ ne- cessdria uma determinada quantidade de ar para garantir a combustio completa. Como se apresenta na tabela 3:3,0 ar seco padtdio & composto por: nitrogénio, oxigénio, argGnio e outros gases, sendo que o oxigénio repre- senta aproximadamente 21 % em volume, TABELA 3.3 — Composigao do ar seco padi Blemento santidade (%) Volume Nitrogénio 78,09 Oxigaaio 2095 Argonio 093 Mondxido de carbono 44,010 0,08 Nednio, Helio, Cript6nio, Hidrogénio, Xendaio, Oz6nio < 0,003, eta is ca ena ny Seramels, uma composilo volumétlea do ar seco pro com 21 % de oxitnio e 79 % de nktogtnio € wate Berea ae Preis de uma andlse mats gorse, wilizese uma compasiglo de ar Omida, assumindocse ques close oa do ar 6 60 %. Numa situagio ideal, 0 processo de combustio pode ocovrer com a quantidade exata de ar que requer © tipo de combustfvel, isto é, combust estequiomeétrica, Porém, na prtica, sto 6 quase impossivel, sendo que uma quantidade adicional dear (excesso de ar) terd que ser fornecda visando-se obter a combustao completa. A quantidade de excesso de ara ser fornecida varia segundo o tipo de combustivel, as caracteristicas do equipa- meno ¢ a carga de operagdo. Os parimetros usados para relacionar a quantidade de ar com a quantidade de combustivel sito; + Relagio ar combustivel te6rica, expressa como: [massa _de_ar] Hk ay Hk [massa de “combustivel]’ “Ss /“Beombusivet (3.108) FAC re onica + Relagiio ar combustivel real: [massa_de ar}-(1+0) 1 Ref [massa de combustivel a Thich ar Bcomtustvel B.109) Sendo aa fi A effeiéncia do processo de misturae aquantidade de excesso dear fornecida determinam as quantida- des, tanto de produtos da combustio completa como da combustao incompleta. Se a combustio é incompleta, haverd perdas na eficiéncia da instalagdo, pelo conceito de calor ndo disponivel, devido ao combustivel nae ‘qeimado, ¢aindesejével emissio de poluentes atmosféricos como, por exemplo, o mondxido de carbono, 10 de ar fornecida em excesso ao proceso de combustio, 3.7.1 Balanco de Massa na Combustao Acombustio ideal sempre & completa, porém, a real, sempre & incompleta. O balango de massa paraa combustio ideal ¢ realizado antes de sua ocorréncia, conhecendo apenas, os reagentes. Para vealizar balango de massa da combustio real, o qual é similar em principio & combustio ideal, se precisa, geralmente, de dados ‘elativos aos produtos, desta maneira€ realizado apés a ocorréncia do processo. Em qualquer caso, se stabelece obalango de massa como: massa de reagentes = massa de produtos B.110) Esta simples equagio geralmente nfo é suficiente para determinar todas as varidveis envolvidas numa ‘eagio quimica de combust. Nestes casos, necessério realizar 0 balango de massa para cada um dos Cartroro 3 Fundamentos da Geragdo Termelétrica 121 micos presentes na reagdo. Com isto se aumenta o niimero de equagées, permitindo a solugao do O balango de massa da combustio ideal visa determinar a quantidade requerida de ar para queimar completamente o combusttvel, junto & composigio dos produtos resultantes, De outra parte, obalanco de massa da combustio real visa determinar, a partir da andlise dos produtos, a quantidade de ar que realmente foi fornecida ao processo. 3.7.2 A Primeira Lei da Termodinimica Aplicada 4 Combustiio. Entalpia da Reagio Para um processo que acontece num volume de controle em regime estacionério a pressio constante entre 0s estados I ¢ 2, escreve-se a equagio da primeira lei da termodindmica, desconsiderando a variagao de energia cinética e potencial, como: Q-W=H,-H, Gall) Para um volume de controle como o apresentado na figura 3.21, quando acontece uma reagao quimica em que os reagentes se encontram no estado inicial 1 e os produtos no estado final 2, escreve-se a primeira lei como Q-W=H,-H, (3.112) onde: H, = entalpia dos produtos, kW; H, = entalpia dos reagentes, KW; Yolume de contre Figura 3.21 — Volume de controle onde acontece uma reago quimica. Fixando uma temperatura de referencia T,,,, € medindo-se Q e W, pode-se calcular a diferenga de entalpia entre produtos e reagentes. Esta diferenca de entalpia é a entalpia da reagio AH, assim: Q-W=(aH,)y, T, 113) Para um gas ideal, a entalpia depende somente da temperatura, 0 que permite representar 0 proceso nas coordenadas T-H como se apresenta na figura 3.22. Nesta figura esté representada grafi de combu: mente a entalpia de reactio AH, observando-se que a mesma varia com a temperatura. Segundo esta figura, a variago de entalpia entre dois estados qualquer'I’ e'2' écaleulada como: Hy -H, =(H)-H,) +aHy +(H, -H,), (3.114) 122 Geragdo Termelétrica: Planejamento, Projeto ¢ Operacao Twi T Figura 3.22 — Coordenadas T-H para reagentes ¢ produtos (Jones ¢ Dugan, 1997), Como T, Hy —Hy = (Hp — Heer )p + AH + (Hyer — Hy), @.115) on, H)—H, = (Hy - Hyp ), + AH —(H, - Hp), G.116) seja, para um volume de controle onde acontece uma reagio quimica, a variagio de entalpia é dada tanto entalpia da reagdo, quanto pela variagao de entalpia entre o estado inicial e final com relagio ao estado de Encia, Se os reagentes ou produtos so uma mistura de gases, pode-se escrever a equagdo anterior, em base jar, como: HyH,=DN-(Gy yy) AMy ~_ EN-GB) city prods reagents N = mimeo e moles de reagentes ou produtos; hh = entalpia especifica dos produtos ‘2’, reagentes ‘1’ ou de referencia, ‘ref.’, kI/kmol. Quando no volume de controle onde acontece a reago o trabalho W é zero, como, por exemplo, numa {ra ou na cmara de combustdo de uma turbina a gs, a equacio da primeira lei escreve-se como: Q= (AH heater, G.118) Com esta equagao, a entalpia de reagdo também é conhecida como calor de reagio. Segundo a figura , 0s produtos da combustdo podem conter gua tanto na fase de gis (vapor) quanto Ifquida. A temperatura padrio de referéncia para processos de combustiio € 298,15 K e a pressio padrdo é 1 - Para estas referencias, 0 calor de reagdo, quando os produtos contém égua na fase Iiquida, € chamado de Calorifico Superior (PCS) ao mesmo tempo em que, quando os produtos contém 4gua na fase gasosa, & ado de Poder Calorifico Inferior (PCD. Desta maneira, Carirona 3 ~ Fundamentos la Geragdo Termelétrica 123 G.119) (3.120) ‘onde os subscritos ‘I’ e *V” se correspondem com a fase liquida ou vapor (gas) respectivamente, para a agua nos produtos da combu: m h, Para os combustiveis gasosos estas equagGes podem ser usadas para calcular tanto 0 PCS como o PCL Para os combustiveis sdlidos e liquidos, os quais t¢m uma composicao quimica complexa, sendo dificil determinar a sua entalpia de formagao, os valores de PCS ¢ PCT, conforme foi falado no capitulo 2, sao determinados no laboratério com o emprego de calorimetros, A titulo de exemplo na tabela 3.2, foi colocado o calor de reagio superior (PCS) para diferentes combustiveis. massa de agua nos produtos da combust, kg; 1- = entalpia de evaporagio da agua na temperatura de referencia, ki/kg 25C T Figura 3.23 — Coordenadas T-H para reagentes e produtos com agua, tanto na fase gasosa como na liquida, 3.7.3 Temperatura Adiabatica Um problema freqiiente na etapa de projeto é determinar a temperatura dos produtos da combustio. ‘A maxima temperatura posstvel a ser atingida num processo de combustao é chamada temperatura adiabatica da chama, ou simplesmente, temperatura adiabiitica, Esta temperatura € definida como a temperatura que resulta da combusttio num sistema sem troca de calor ou trabalho pelas fronteiras. Um exemplo de volume de controle que se aproxima deste tipo de sistema € a cAmara de combustiio de uma turbina a gas. A primeira lei da termodindmica aplicada nestas condigSes sers: H,=H, G.121) Se for conhecida a composigio ¢ a entalpia dos produtos como uma fungdo de temperatura (gis perfeito) pode-se determinar a temperatura adiabstica resolvendo a equagiio anterior. © maximo valor da temperatura € obtido com a combusto sem excesso de ar (estequiométrica). Lembrando que na prética sempre é usada uma determinada quantidade de excesso de ar, pode-se calcular a entalpia dos produtos na qual a temperatura é adiabatica como: 24 Geragiio Termelétrica: Planejamento, Projeto € Operagao PCL atha, 1 freeones skilky (3.122) onde: PCI = Poder Calorifico Inferior do combustivel, ki/kg; Tyo = relaco ar-combustivel real; ac & = excessade ar; higy emtalpia espectfica do ar fornecido a reagao, ki/kg Conhecida a entalpia dos produtos da combustio ¢a fungdo da temperatura que determina a mesma, usando, por exemplo, a equagao (3.86) com os seus respectivos coeficientes de integragtio, pode-se determinar temperatura adiabatiea da chama, A equagio (3.122) pode ser usada para comparat a temperatura real dos gases Produtos da combustio com a méxima temperatura, que pode ser obtida nas condigdes reais em que ocovre a combustao, ‘A temperatura adiabtica & obtida somente em condigées ideais. Os valores reais de temperatura da Chama so menores que os da temperatura adiabsitica por duas razSes fundamentals: * Acombustilo ndo é instantdnea e ocorre uma troca de calor com o meio onde tem lugar a combus- lo, Aumentando a velocidade do processo se diminui a troca de calor. Seo proceso ocorre a uma ‘elocidade muito baixa, entio, os produtos podem resfriar-se ter lugar acombustio incompleta; * com o aumento da temperatura acontece a dissociac3o dos produtos. Evidentemente, 0 valor de referéneia 6 algo arbitrério, mas acima de 1500 K (1227 °C) a dissociago nio pode ser mais desprezada, Acima de 1650 °C existe expressiva dissociacio de HO e co, absorvendo calor da reagdo. A 1926 °C, em gases com uma composi¢ao tipica da combustio, 10% de CO. dissocia-se em CO & O,, absorvendo 10106 kl/kg de calor para a formagio do CO. Ao mesmo tempo, 3% da gua dissocia-se em H, e , com a absorgiio de 142119 kl/kg ealor na formagdo do hidrogenio. Por estes motivos, resfria-se a reagZo, isto até a temperatura em que comeca a combusido do CO ¢ H. liberando novamente calor. Conforme a aplicagao da segunda lei 0 efeito resultante dadissociagio Enegativo, diminuindo a temperatura ao final do processo quando ¢ atingido oequilfbrio quimico 3.7.4 A Segunda Lei da Termodinamica Aplicada 4 Combustio. Andlise de Disponibitidade ‘anilise de disponibilidade de um processo de combustdo visa determinar 0 maximo trabalho que Pode ser obtido a partir da combustio de um combustivel. A maior dificuldade apresentada para a realizagao desta anilise € a padronizacio de dados para o caleulo da entropia dos compostos quimicos enyolvidos na Teagilo, Bsta dificuldade é resolvida com a ajuda da terceira lel da termodindmica Baseada na observacdo experimental, esta lei define queaentropia de uma substancia cristina puraé ero quando a temperatura absoluta é zero (0 K ou 0 °R), As observagdes experimentais da terceira lei sio realizadas em processos com reagGes quimicas desenvolvidas a temperaturas perto do zero absoluto, nas quais é medio o calor espeeifico. Os valores de entropia obtidos nestes experimentos sioreferidos como ‘entropia absolua’, Quando € conhecido o valor da entropia absoluta no estado de referencia (25 °C e 1 bar), a entropia specifica num outro estado qualquer pode ser calculada com a simples soma a esta, da diferenca de entropia specifica entre os dois estados. Simiarmente, quando a entropia absoluta é conhecida a pressio de referEnen « uma temperatura T, a entropia absoluta na mesma temperatura e qualquer pressio calcula-se como: (Pree )+BEC.P)-S(0, Per] 3.123) vo 3 Fundamentos da Geragao Termeléwica 125 Para um gas perfeito, o iltimo termo & direita na equagao anterior caleula-se como: (r)- Kin 3.124) Prot s(T.P onde, nesta equagiio, o termo §°(T) éa entropia especifica absoluta a temperatura “T” e pressio de referéncia *p,... Conhecendo o valor da entropia absoluta para os componentes envolvidos na reagiio, pode-se realizar aaniilise de disponibilidade e determinar 0 méximo trabalho que pode ser obtido a partir da combustio de um combustivel pela equagiio: Wate = Ab rice Ter USprou)tp ~ Sreag tp) (3.125) Sendo que (Ah) ,4¢62 entalpia de reagdo definida acima. ‘Num outro enfoque de andlise, calcula-se o trabalho maximo usando a fungtio de Gibbs (g), a qual tem valor zero para elementos estaveis no estado de referencia. A fungiio de Gibbs especifica calcula-se, em princi- pio, da mesma forma que a entropia para um estado diferente ao de referéncia, ow seja e(T.p)= 8° + [e(T.p)- 8 er Pret +A @.126) onde a variacao da fungiio de Gibbs é calculada como: Ag=[h(C.p)~h(er Pree J-EE-8(T.P)Tp Ser Prev) G27) Estas propriedades devem ser calculadas numa base nica, seja massa ou mole. Quando os reagentes e produtos formam uma mistura de gases ideais, as propriedades entropia absoluta ¢ a fungio de Gibbs sio cealculadas segundo a lei de Dalton. No Anexo 3.8 sao apresentados os valores da entalpia de formagao, Fungao de Gibbs de formagao e entropia absoluta em base molar para varias substéncias aos parimetros de referéncia (298,15 Ke 1 bar), Finalmente, o maximo trabalho dispontvel a ser obtido a partir da combustio de um combustivel determina-se como: Woe = DOR “Br ~ Zine 8p 2 (3.128) Reag Pro onde ny e np representam 0 ndimero de moles de reagentes e prodiitos res calculada em base molar. spectivamente, sendo a fungio de Gibbs O maximo trabalho disponivel ¢ obtido com a combusto estequiomeétrica, ou seja, sem excesso de ar. Nao é comum avaliar a eficiéncia do ciclo termodindmico que acontece numa central termelétrica, incluindo a eficiéncia do processo de combustio através da funcio de Gibbs, porém é mais usado para este propésito, 0 conceito de calor de reagido na forma de poder calorifico, seja superior ou inferior, mediante a equagao (3.125) A fungdio de Gibbs € mais empregada para determinar a temperatura atingida durante a queima de um combus- tivel considerando os efeitos da dissociagilo. Aspectos basicos sobre combustio podem ser consultados em Strehlow (1984) e, para aprofundar os conhecimentos sobre o tema, sugere-se a leitura de Kuo (1986). 3.8 CICLOS DE POTENCIA A VAPOR A seguir tratam-se alguns ciclos tipicos de sistemas de geragio de poténcia, deserevem-se arranjos prdticos empregados para geractio de eletricidade e se mostra sua modelagem termodinamica. ‘A figura 3.24 mostra um esquema simplificado de uma planta de poténcia a vapor simples com seus componentes principais, dividida em quatro sistemas: 126 Geragdo Termelétrica: Planejamento, Prjeto e Operagdo + A-incluem-se os principais equipamentos do ciclo: caldeira, turbina a vapor, condensador e bom- ba de Agua de alimentagao; + B—incluem-se os equipamentos de manuseio do combustivel ¢ exaustio dos gases 2 atmosfera; 0 + C~incluem-se os equipamentos do sistema de resfriamento de fgua do condensador e reposiga de agua ao ciclo; + D — incluem-se os principais equipamentos para a conversio da cnergia mecfnica em energia elétrica, assim como a subestagao de transmissiio que nao aparece na figura, Aqui € realizada a abordagem termodindmica unicamente para o subsistema'A' que representa 0 ciclo de geracio de poténcia a vapor propriamente dito. As caracteristicas bisicas do ciclo de geracio de poténcia a vapor so as seguintes: * ofluido de trabatho normalmente é 4gua; * ocombustivel é f6ssil nas aplicagdes de geragio de eletricidade de grande capacidade, embora, em outras aplicages usa-se também a biomassa; + seus componentes principais séo a turbina a vapor, o condensador, a bomba de alimentagdo, 0 gerador de vapor (caldeira e superaquecedor), a chaminé, 0 gerador elétrico e o sistema de resfriamento. Do ponto de vista termodinamico, 0 ciclo de geragdo de poténcia a vapor & conhecido como ciclo “Rankine”, Este ciclo possui algumas modificagées que visam aumentar a eficiéncia de operagao da instalagio, algumas delas sao também discutidas na seqiténcia, | 1,Chominé poe Gerodor elétrico — Coses da iiforre de Fy combustdo [tf { ! resfriamento f powoo 11 |i Caldeira | ! thamine J | le epee | ae d i : : Condensodor, 1 Combustivel + + t 1 At L t Lead es 4 = dete fquo olimentagio Figura 3.24 — Esquema simplificado de uma instalagio de: 2téacia a vapor, 3.8.1 Ciclo Rankine ‘A modelagem termodinamica do ciclo Rankine, que se representa pelo sistema térmico’A’ da figura 3.24, € apresentada a partir cla suposigio de que os processos que o compéem sio reversiveis. A modelagem envolve as seguintes equagbes. * conservagiio da massa; * primeira lei da termodinamica (Principio de conservacio da energia); + segunda lei da termodinamica; + propriedades do fluido, As principais transferéncias de calor e trabalho sio ilustradas na figura 3.25. Caririno 3 Fundamentos da Geragio Termelétrica 127 vamente, Turbina Caldeiro, Sat Agu de Figura 3.25 ~ Principais ransferéncias de trabalho e calor no ciclo Rankine. Para a modelagem termodinamica estabelecem-se as seguintes condigées de contorno: + perda de energia por calor entre os componentes e o meio ambiente é desprezada; + os efeitos da energia cinética e potencial sto ignoradus; + cada componente opera em regime permanente; + cada componente é um volume de controle; * todos os processos sio internamente reversiveis; + nao existe perda de pressio (condensador, caldeira, tubulagdes, etc). A equagiio da primeira lei da termodindmica, considerando as condigdes acima, é dada por: th-fhy ~he] G.129), Nesta equagio, os indices ‘ve’, ‘e” e's’ significam volume de controle, entrada e saida, respecti- Aplicando a equagio (3.129), para cada componente, resulta nas seguintes equagbes: W, Para a turbina a vapor: 2 ‘hy hy (3.130) Para o condensador: —*2.=h3 —hy G.131) th Para a bomba: Para a caldeira: Sue =hy shy (3.133) 128 Geracdo Termelétrica: Planejamento, Projeto ¢ Operasiio O trabalho do ciclo calcula-se como: Weiete We, Wa @.134) mh om th Para o ciclo a eficiéncia é determinada a parti de: Qrahin+Qrej ft Qj fin (hy -hy) ee 1 tn 2) 135) sees OR a Graf ety) oe ere cat, Nini es expla OAD) a8 (1.139) ae aplicnasigmolmente paaCictoyonttoas irreversibilidades esto presentes, que sio os que estiioimplementados nas instalagSes reais. No entanto, o ciclo clictoncin tan Ptocessos reversiveis tem sua importéncia, uma vea que ele estabelece o limite mavinas da eficiéncia térmica do ciclo Rankine. Para este ciclo, a Tepresentagio de cada processo é mostrada no diagrama ‘T-s da figura 3.26. Figura 3.26 —Diagrama T-s do ciclo Rankine ideal Seguindo esta figura, observa-se que os processos envolvidos no ciclo sfo * Procesto 1-2, Expansio isentr6pica do fluido de trabalho na turbina; * processo 2-3. Transferéncia de calor do fluido de trabalho para vi Pressio constante (estado 3: liquido saturado); Zinhanga no condensador a * Processo3-4. Compressio isentropica do Muido de trabalho na bomba (estado 4: liquido comprimio), * Processo 4-1, Transferéncia de calor do gis da combustio para o fluido de trabalho a pressiio constante na caldeira, Adicionalmente, apresenta-se na figura 3.26, ociclo 1 Superaquecimento, cujas caracteristicas térmi -1', que representa ao ciclo Rankine com as serio discutidas mais adiante, Uma altemnativa para célculo da poténcia da bomba é usar @ equagio basica de bombeamento, Pode serdemonstrado, pela primeira lei, que a poténcia na bomba para um processo reversivel é dada por: (3.136) Cartrovo 3 ~ Fundamentos da Geragdo Termelétrica, 129 O volume espectfico, no Kquido, varia muito pouco com o aumento de pressio. Logo, v. equagao (3.136), resultam em: ( W, A figura 3.26, que mostra um ciclo Rankine com superaquecimento, é utilizada para calcular aeficién- cia térmica do ciclo, usando 0 conceito de temperatura média de fomecimento de calor a0 ciclo (Ty ). Assim, ocaloradicionado ao ciclo pode ser dado por: : =V3-(P,-P;) 137) Q i a efi) |e ds urea espe a i fn ds = rea |-b~c~4—a-1 aun G.139) G.140) Logo, aeficiéncia térmica é: Mhideal (Qaa [ing Tad G.141) Como conclusio, pode se notar que a eficiéneia térmica do ciclo aumenta, se Tay aumenta e/ou Te diminui, Na prética, o aumento de T,,y consegue-se com o aumento da presstio de operacao da caldeira (no cate da geragéio de vapor saturado). Por outro iado, a diminuicio de ‘Tp,j € conseguida mediante a diminuigao da c pressdo do condensador, ; ( { [ (Qrrej/tH ine of ‘ ‘ ‘ © aumento na pressio de operagio da caldeira implica o aumento daficiéncia térmica do ciclo,como Pode ser visto na figura 3.27, pois a érea I'-2'-3-4" € maior do que a area 1-2-3-4 : A diminuigdo da pressio do condensador implica o aumento da eficiéncia térmica do ciclo, come mostra a figura 3.28. Similarmente ao caso anterior, houve, também, um aumento da area. No condensador normalmente a presso € inferior & atmosférica, 6 que aumenta ainda mais a eficiéncia. A figura 3.29, que representa um diagrama T-s, permite fazer comparagdes entre 0 ciclo Rankine (1-2 3-4)e o ciclo de Carnot (1-2-3°-4"), O ciclo de Camot (rea 1-: 4’) tem eficiéncia térmica maior do que o ciclo Rankine (érea 1"-2-3 *), uma vez. que a temperatura T,, € maior do que a temperatura média T,,. Na figura 3.29, isto se observa pela diferenga de areas entre os ciclos. Os aspectos do ciclo de Carnot, que o tornam impraticdvel, so: ~ a temperatura dos gases dos produtos da combustio é reduzida até Ty, Logo s6 uma parte da energia dos gases € utilizada; ~ ociclo de Camot envolve o bombeamento de dus fases do fluido de trabalho, o que, na prtica, € muito mais dificil de ser realizado. 130 Geragao Termelétrica: Planejamento, Projeto ¢ Operagio T ‘ Aumento do presséo % t na coldeira ‘humento do trabaino obtido no i ciclo ‘ , Pressdo de condensogéo | fixo Aj Py 3 pee s Figura 3.27 ~ Diagrama T-s do ciclo Rankine representando 0 efeito do aumento da pressio de operagio da caldeira 1 Presso no coldeira P, 1 iminuigdo do. presto Pam |4@ condensagéo Fy ou aquecedor de Purgagor Paix pressto Figura 3.32 — Aquecedor da gua de alimentagio do tipo fechado (0) & Gombustvel “FGerador de vopor wy (ty, 6 Figura 3.33 - Ciclo de poténcia a vapor regenerative com um aquecedor de agua de alimentagio fechado. O céilculo da fragao massica extrafda para o aquecedor de agua de alimentagiio fechado é realizado da forma que 0 aquecedor da égua de alimentagao do tipo aberto. Nos calculos também pode-se desconsiderar de calor ao meio ambiente, o efeito da energia cinética e potencial. O cdlculo da fragdo massica y de vapor ‘naturbina, baseado na figura 3.33, considerando regime permanente, a equacao resultante estabelece: O=y- (ha ~hy }+(hs hg) (3.152) Reescrevendo, tem-se: hg=hs Beh, —h, (3.153) A figura 3.34 mostra 0 esquema simplificado de uma instalagio a vapor, de ciclo Rankine, com aquecedores de dgua de alimentag&o. Os principais aspectos deste ciclo sic: + aumento da eficiéncia térmica do ciclo regenerativo; + ontimero de aquecedores de gua de alimentagao € determinado pelo calculo econdmico. Cartrevo 3 ~ Fundamentos da Geragao Termelétrica 135 ree igura 3.34 — Exemplo de uma planta de geragio de poténcia a vapor. No projeto deste tipo de instalagio, programas de computacZo sio fundamentais para escolher 0 niimero de aquecedores e sua pressiio de operagiio, Uma instalagao a vapor com miltiplos aquecedores de agua de ulimentago tem pelo menos um aquece- dor de gua de alimentacio aberto, operando a uma pressio superior a da atmosfera, Este tipo de aquecedor, também conhecido como desaerador, tem a fungo de retirar os gases dissolvidos no fluido de trabalho. Duas sugestdes titeis para a modelagem termodindmica deste tipo de ciclo Rankine so + para o célculo térmico da planta de vapor é uma boa prética comegar o cdiculo na turbina de alta pressio. * as fragdes em massa extraidas para os aquecedores da égua de alimentagio devem ser calculadas a partir do aquecedor de mais alta press4o e “caminhar” para o de mais baixa pressio ‘A figura 3.35 mostra uma planta a vapor com miltiplos aquecedores de alimentagiio de gua com os respectivos valores de projeto dos pardimetros termodinamicos (vazo massica, kh/h; Presstio, bar; e Tempera- tura, °C) (Van Wylen e Sonntag, 1991). erase de apr sabes 950 TTT Teton reso 23 bes_77.583 225500 bg/n fe i 7 bts 24462 19/ 00507 toy Aouecaser ce] Aawecesee 2t_ | 134 sore 10872 t/® — pquecedor de (ts) site pressto | Fesirio tein. preset a [Aquecedor toa 6 tle eal fonta de conra Be amb aur Purgodar Pte Puede Figura 3.35 — Um exemplo de disposi¢a0 dos aquecedores numa instalagio real, utilizando aquecedores regenerativos de dgua da alimentagao. 136 Geragio Termelétrica: Planejamento, Projeto e Operagio Nas instalag6es reais, embora tenham sido utilizadas outras substancias, como, por exemplo, o mer rio, ade maior aplicagao € a dgua. A importincia da agua como fluido de trabalho 6 devido ds seguintes particularidades: + hd uma grande quantidade, tem baixo custo, ndo é t6xica, quimicamente é estavel e relativamente corrosiva; * apresenta grande variagio da entalpia especifica quando vaporizada em um gerador de vapor co- mum. Nas centrais termelétricas nao se utiliza a digua na forma que se encontra disponivel na natureza, ela precisa ser tratada para atingir as especificagdes técnicas que garantem a confiabilidade de funcionamento da central 3.9 SISTEMAS DE POTENCIA A GAS Os sistemas de poténcia a gas t@m uma grande aplicagio pratica. Estes sistemas so implementados has méquinas de combustao interna, as quais podem ser de dois tipos: * miiquinas a pistéo, concebidas termodinamicamente a partir dos ciclos Otto, Diesel e Dual; * miquinas sem pistdo, chamadas de turbina a gas, que so concebidas termodinamicamente, na majoria dos casos, a partir do ciclo Brayton, Na seqiéncia, sio apresentados, do ponto de vista termodinamico, os aspectos mais importantes relacionados com cada um dos tipos anteriores. 3.9.1 Maquinas a Pistio Asméquinas a pistio se dividem em méquinas com ignigao por centelha e maquinas com ignigio por compressio. A figura 3.36 mostra o esquema genérico de um cilindro de uma maquina a pistio de combustao interna, ncla esto referidos os termos mais usuais para este tipo de maquina, Yelo de igrigdo ov bico injetor de combustivel x Ponto. morto superior Movimento| Porede do cling Ponio morto inferior A rae Figura 3.36 — Nomenclatura da méquina a pistio, Cavinno 3 ~ Pundamenios da Geragio Termelétrica 137 Algumas definigées importantes, referidas aos t6picos das méquinas a pistio, sio: + didmetro do cilindro; * ponto morto superior é nome dado ao ponto no ciclo para o quall o volume da camara dé combustio éminimo; * ponto morto inferior € o nome dado ao ponto no ciclo para 0 qual o volume da cAmara de combus- tio é maximo; + curso ¢ 0 deslocamento do pistéo; * volume deslocado é 0 volume varrido pelo pisto devido ao movimento do ponto morto superior para 0 ponto morto inferior; * taxa de compressdo ¢ a razo entre 0 volume no ponto morto inferior pelo volume no ponto morto superior; + volume morto é 0 volume no ponto morto superior, A figura 3.37 mostra o diagrama real da pressio versus deslocamento de um cilindro de uma maquina de combustdo interna operando em um ciclo a 4 tempos. Nesta figura esto representados os processos que acontecem durante a execugdo do ciclo. A Camyessad Vind de exostbo bre onda de exousta0 feche Resto mero Desoconerts Pane mero ¥ Figura 3.37 ~ Diagrama indicado de pressio por volume da cfmara de combustdo para um motor alternative de combustao interna, operando em ciclo de quaito tempos, Para facilitar a modelagem termodindmica deste ciclo, util Lembre-se que, na realidade, este ciclo opera antes da combustao (etapas de admissio e compres mistura ar-combustivel e, depois (etapas de expansio ¢ exausto), com produtos da combustio, se com freqliéncia o ciclo padriio de ar. 10) com uma 3.9.2 Ciclo Padrao de Ar O objetivo do uso do ciclo padrio de ar é simplificar a andlise termodinamica dos ciclos das maquinas de combustiio interna, dando énfase, principalmente, aos aspectos qualitativos de diversas varidveis no desem- penho. Para este ciclo, as condigdes so: * ofluido de trabalho é uma massa fixa de arem todo ciclo eo ar € 5 andlise corresponde a um sistema fechado; mpre um gas perfeito, Assim, a * © processo de combustio é substituido por um processo de transferéncia de calor instantineo, de uma fonte externa; * ocicloé finalizado pela transferéncia de calor com a vi rinhanga: * todos os processos so internamente reverstveis; * oartem calor especifico constante, igual ao seu valor na temperatura ambiente. 138 Geragio Termelétrica: Planejamento, Projeto ¢ Operagiio ‘Um pardmetro importante do ciclo é a pressiio média efetiva, que é definida como a pressito que, a0 exigir no pistdo durante todo o curso motor, realiza uma quantidade de trabalho igual ao realmente efetuado sobre o pistéio. Matematicamente represent-se como: ne— Lrabalho Kquido do ciclo volume deslocado (3.154) A partir do ciclo padrio de ar, estabelecem-se os ciclos padrdes de ar Otto, Diesel e Dual. 3.9.3 Ciclo Padrao de Ar Otto O ciclo Oto € representado pelos diagramas p-v e T-s na figura 3.38, que representa um motor de - ignigo por centelha. Os processos do ciclo padrio ar Otto so: + processo 1-2: compressio isentrépica do ar pelo pistao; + proceso 2-3: adigdo de calor a volume constante no ar; + proceso 3-4: expansiio isentrépica do ar pelo pist@o; + proceso 4-1: rejeigio de calor a volume constante do ar. a Figura 3.38 - Diagramas p-v e T-s para o ciclo padriio de ar Otto. A ansferéncia de energia no ciclo ocorre como segue: + adigio de calor: area 2-3-a-b-2 do plano T-s; -1 do plano T-s; + trabalho de entrada: drea 1-2-a-b-1 do plano p-v; + rejeigio de calor: drea 1-4- + trabalho realizado: rea 3-4-b-a-3 do plano p-v. A modelagem termodindmica do ciclo envolve o balango de energia para cada processo, desconsiderando sda energia cinética e da energia potencial, com as condigGes de contorno ja mencionadas. Assim, tem-se: We Para o processo de compressio: (3.155) Para 0 processo de adigo de calor: 3.156) Canto 3 ~ Fundamentos da Geragio Termelérrica 139 W, m Para o processo de expansiio: ty Qre. Para 0 processo de rejeigiio de calor: peat O trabalho do ciclo calcula-se como: Ww, We mm ny (=u Onde a taxa de compressa r é: es Se Logo, como T, ~ T, = T, Ty, resulta G.157) (3.158) 3.159) (3.160) 161) 3.162) (3.163) (3.164) 3.165) 3.166) .167) (3.168) 140 Geracdo Termelétrica: Planejamento, Projeto e Operagdo Os dados para solugdo das equagSes acima poclem ser obtidos em diferentes livros, A figura 3.39 ‘mostra, a partir da equagio (3.168), a tendéncia de variagao da efici¢ncia do ciclo Otto, para o ar (k= 1,4), em fungdo da taxa de compressio. > 60 350 40 30 20 10 0 024 6 8 10 12 Toxo de compressdo, r Eficiéncio térmi Figura 3.39 ~ Eficiéncia térmica, em fungo da taxa de compressio, para um ciclo padrio de ar Otto. O limite da taxa de compressio do ciclo Otto € cerca de 12, para combustiveis de hidrocarbonetos ou alcoois. Este limite 6 imposto pela auto-ignigdo do combustivel que ocorreria préximo ao ponto morto superior. Por outro lado, os fatores que distanciam 0 ciclo real do ideal sio: + oscalores especificos dos gases reais que variam com a temperatura; * otrocador de calor é substitufdo pelo proceso de combustio que ocorre em um certo intervalo de tempo € incompleto; * as valvulas de entrada ¢ safda consomem uma certa quantidade de trabalho para alimentacito ¢ descarga; * considerdvel troca de calor entre os gases e as paredes do cilindro; * atrito meciinico e outras irreversibilidades, 3.9.4 Ciclo Padrio de Ar Diesel O cielo Diesel apresentado nos diagramas p-v e T-s na figura 3.40, Os processos do ciclo padrio de ar Diesel sao: = * processo 1-2: compressio isentrépica do ar pelo pistiio; * processo 2-3: adigdo de calor a pressiio constante no ar (parte do trabalho realizado); * proceso 3-4: expansdo isentr6pica do ar pelo pistio; * proceso 4-1: rejeigdo de calor a volume constante do at. Figura 3.40 ~ Diagramas p-v e T-s do ciclo padrao de ar Diesel Cartruto 3 ~ Fundamentos da Geragdo Termelétrica 141 i + adigdio de calor: area 2-3-a-b-2 do plano T- + rejeico de calor: area 1-4-a-b-1 do plano T-s; + trabalho de entrada: drea 1~, b-1 do plano p-v; A transferéncia de energia no ciclo ocorre como segue: E F : * trabalho realizado: drea 3-4-b-a-3 do plano p-v. ‘A modelagem termodinamica do ciclo envolve o balango de energia para cada processo, desconsiderando oefeito da energia cinética e da energia potencial, com as condigdes jé mencionadas. Assim, tem-se: W, Para 0 processo de compressto:. G.169) Para o processo de adigao de calor: aa (a4—w,)+P (v3—va)=(s + P-¥3)=(t2tP-¥2)=h3—hy 3.170) Para o processo de expansiio: G.170 Para o processo de rejeigio de cal 6.172) O trabalho do ciclo calcula-se como: Weicto Qaa _ Qrei 3.173) mn mm ou (3.174) eros m Neo Qe (3.175) m 6.176) ; J42 Geragdo Termelétrica: Planejamento, Projeto e Operagiio Das relagGes do gis ideal para o processo isentropico, com k = ete, tem-se: SAMA AE % Vive V3 V2 Wis _ onder= 1 €a taxa de compressio. » Para determinar T,, utiliza-se a relagao: Py-V3___P2-Vo mR-T, m-R-T, Como es: Logo, a eficiéneia do ciclo pode ser expressa por: 1 f-1 k-(,=1) G77) (3.178) 179) (3.180) 3.181) 3.182) (3.183) (3.184) (3.185) Cwirsio 3 ~ Fundamentos da Geragéio Termelétrica 143. A equagiio da eficiéncia do ciclo padréio de ar Diesel difere da equago do ciclo padriio de ar Otto apenas nos termos entre colchetes. A figura 3.41 mostra, a partir da equagao (3.185), a tendéncia de variagio da eficiéncia do ciclo Diesel, para o ar (k= 1,4), em fungio da taxa de compressiio para varios valores r,. Note-se que, para este ciclo, a taxa de compressiio pode ser maior que 12. 1 (Ciclo Otto) ge 10 15 Taxa de compresséo, r Figura 3.41 ~ Eficiéncia térmica de um ciclo padrio de ar Diesel Ha varias comparagdes que se podem fazer entre 0 ciclo Otto e ciclo Diesel, porém, mencionaremos apenas trés, Para a comparagio veja a figura 3.42, Figura 3.42 ~ Comparagio entre os ciclos Diesel e Oto. Comparando-se os dois ciclos, pode-se ressaltar + para um dado estado antes da compressdo e uma dada taxa de compressdo, o rendimento do ciclo Diesel diminui com o aumento da temperatura. Ver figura 3.42, onde 3 desloca-se para 3'; + para a mesma taxa de compressio, ciclo Otto (1-2-3"-4-1) e ciclo Diesel (1-2-3-4-1), observa-se pelo diagrama T-s, que o ciclo Otto tem uma eficiéneia térmica maior. Na pratica, o motor Diesel pode operar com uma taxa de compressio maior do que 0 Otto, por causa da ignigdo por compres- sio; + para a mesma temperatura méxima, ciclo Otto (1-2'-3-4-1) e ciclo Diesel (1-2-3-4-1), observa-se pelo diagrama T-s, que o ciclo Diesel tem uma eficiéncia térmica maior.

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