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NUCLEO DO NORDESTE
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SOCIEDADE BRASILEIRA DE GEOLOGIA
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30900001279
ATAS
DO
VIII SIMPÓSIO DE GEOLOGIA
DO
NORDESTE
ABSTRACT
The territory of Brazil coincides almost entirely with the South American
Platform, the crystalline core of the continent. Its basement is composed of ancient me-
tamorphic and igneous roks and not suffered any tectonic regeneration since the begin-
ning of Phanerozoic. Sedimentary rocks in almost horizontal bedding cover this crystal-
line basement. This latter shows ages as old as Early Precambrian, although ages be-
tween 500 and 1.000 m. y. are conspicuously frequentoThe cratonic areas became con-
solidated at more 1. 700 m. y. ago, whereas the fold belts formed essentially between
500 and 1.700 m. y. The sedimentary covers accumulated from the Early Silurian in
three large intracratonic basins until the platform became completly stabilized. A Late
[urassic to Early Cretaceous reactívation, caused by the break-up of the ancient Gon-
dwana continent, created another basin sequence chiefly along the Atlantic continental
margin.
Based on the nature of the crystalline basement rocks and the sedimentar....
covers, 10 structural province can distinguished:
(I) Rio Branco Province, in the north of the country, occupied by the Guyana Shield,
still scarcely known, wilh an important fold developed during the so-called Transama-
zonian Cycle (2.000 200 m , y.) with hígh rank metamorphic rocks and only sligh
influence of later events;
(3) São Francisco Provinc. i located on the Atlantic Shield with its basement covered
by rocks of different ages, chieOy effected by the Brasiliano Cvrcle (between 1.000 aad
500 m. y .), constituting another cratomc area;
(4) Tocantins Province, occuring between the Amazonas and São Francisco Cratons,
with in -sts centre the oldest rocks (ages over 2.600 m.y.), and at E and W borders
metamorphic sequences of various folds belts, and almost no Phanerozoic deposits;
(5) Matiqueira Province, located along the southern part of the Atlantic coast, affec-
led chieOy by the Brasiliano folding cycle;
(6) Borborema Province, in the Northeast Brazilian fold belt, affected by the Brasilia-
no Cycle in a very complex way, and with important ·faulted zones, reactivated in Pha-
nerozoic times, when also sedimentary covers could accumulated;
(8) Parnaíba Province, coinciding with the Piauí-Maranhão syneclíse, and filled up
with a rather thick sedimentary sequence;
(9) Paraná Províncc, the sedimentary basin of southern Brazil, in which the well-
known Late Paleozoic glaciation features are found, and which possesses an extensive
cover of basaltic rocks of Late Iurassic to Early Cretaceous age;
(10) Coastal Province and Continental Margin, the youngest structural unit, developed
during the separation of the continent and represented by rif-valleys and coastal basins
filled up with Mesozoic-Cenozoic deposits of various kinds.
INTRODUÇÃO
na-se possível distinguir as províncias estruturais brasileiras (figo 2). Como tal, entende-
mos grandes regiões que manifestam feições de evolução estratigráfica, tectônica, meta-
mórfica e magmática diversas das apresentadas pelas províncias confinantes.
Os limites das províncias, como indicados na Fig. 2, são de dois tipos: geolo-
gicamente definidos e limites convencionais. Os do primeiro tipo compreendem limites
estabelecidos em componentes estruturais de maior grandeza, como grandes falhas ou
zonas de falhas, frontes metamórficas, passagens rápidas de faixas dobradas para seus
antepaíses ou ainda, bordas erosivas de grandes bacias sedimentares. Os limites conven-
cionais incluem os geologicamente indefinidos, seja por condições particulares de sua
estrutura, por falta de conhecimentos adequados ou por se acharem cobertos; também
incluem limites transicionais, como certos trechos de passagem gradual de faixas de do-
bramentos marginais para coberturas plataformais deformadas. Como limite da margem
continental foi adotada a ís ôbata de 2.000 metros, quase inteiramente incluída em terri-
tório brasileiro.
Na evolução tectônica do embasamento da plataforma exposto no Brasil
reconhecem-se duas áreas mais antigas, designadas cratons, que em tempos mais novos
que 1.800 m .a. não mais se sujeitaram à evolução geossinclinal. A maior delas é o
Craton Amazônico, que se deixa natu ralmente dividir em duas províncias pela bacia se-
dimentar Amazônica. A do norte, que se inclui no Escudo das Guianas, denominamo-
la Província Rio Branco. A do sul, que é parte do Escudo Brasil Central, é a Província
Tapajós. A Província São Francisco, no Escudo Atlântico, coincide com a outra área
cratônica de antiga consolidação.
As outras três províncias do embasamento apresentam como característica co-
mum a persistência da evolução geossinclinal até o final do Pré-Cambriano, como fe-
nômenos termais, tais como atividade tectônica, soerguimento de cadeias, acumulação
de moiassas, vulcano-plutonismo subsequente, formação de pegmatitos, etc., desenvolvi-
dos já no Cambro-Ordovino. De acordo com a situação geográfica e a osi ão em re-
lação aos antigos cratons, distinguimos no Escudo Brasil Central a Província Tocantins
c no Escudo Atlântico as Províncias Borbore~ e Mantiqueira.
As três gran es bacias sedimentares representam áreas de mais persistente
subsidência .duran te o Faneroz óico, nelas tendo-se acumulado grandes espessuras de se-
dimentos e de rochas basálticas. Constituem outras províncias, cujas denominações são
as das bacias sedimentares que as caracterizam. Finalmente, as pequenas bacias sedimen-
tares costeiras, e sua extensão submersa à margem continental, caracterizam a mais nova
das províncias geológicas brasileiras: a Província Costeira e Margem Continental.
Como foram <firacterizadas, as províncias podem ser reunidas em grupos que
representam sucessivas etapas da evolução estrutural do País (Tab. 1). Serão a seguir de-
finidas e caracterizadas (na ordem decrescente de sua idade.
Embora com características e história distintas, essas 10 provincias apresentam
entre si muitas relações de dependência em sua evolução estrutural. As provincias Tapa-
jós e São Francisco constituíram os antepaíses dos geossinclíneos nos quais surgiram as
faixas de dobramentos que caracterizam as três províncias mais novas do embasamento.
Junto aos antepaíses, essas faixas de dobramento manifestam condições de evolução com-
paráveis às miogeossinclinais, com claro transporte tectônico em direção a eles. As se-
quências sedimentares desenvolvidas nesses geossinclíneos são cronologicamente equiva-
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75
05 +
lente aos depósitos de cobertura dos cratons vizinhos, de modo que um mesmo conjunto
estratigráfico pode pertencer a duas províncias contíguas.
As bacias sedimentares que caracterizam as Províncias do Paraná e do Parnaí-
ba são claramente sobrepostas às estruturas do embasamento que por último se estabilí-
zaram fl' das quais sua configuração herdou muitos trends estruturais. Já a Bacia Ama-
zônica surgiu no Siluriano Inferior, em área crustal de muito antiga consolidação.
C ratons
( Consolidados a mais
q ue 1.700 m.a.) Rio Branco Tapajós São Francisco
Faixas de dobramento
evoluídas entre 1.700 Tocantins Borborema
e 500 m.a. Mantiqueira
A Província Rio Branco (Fig. 3) situa-se em região quase toda coberta por
densa floresta tropical. 2 abundantemente irrigada por grandes rios e seu relevo baixo
geralmente não ultrapassa 600 metros de altitude. Apesar disso, nas serras que a limi-
tam a norte existem altitudes superiores a 2.000 metros, nelas situando-se o Pico da Ne-
blina com 2. 992 m de altitude, a maior elevação do contineme fora da Cadeia dos An-
des. Geologicamente a província é constituída em maior parte por rochas metamórficas
e eruptivas de idade pré-cambríana, que localmente se ocultam sob coberturas pés-pá-
leozóicas pouco espessas.
O Complexo Guianense expõe-se na maior parte da província, constituindo o
embasamento sobre o qual repousam em inconformidade angular, as unidades geológi-
cas mais novas. De sua estrutura, ainda muito pouco conhecida, participam sobretudo
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( Linhas grossas representam limites da li prov íncias c traços finos são limites das
coberturas )
370
PROVfNCIA TAPAJOS
pico desse embasamento foram importantes, quando também nele se teriam formado
muitos granitos. E provável que parte dos gnaisses e migmatitos do complexo tenha-se
originado de sedimentos de rochas vulcânicas do Ciclo Transamazônico.
Uma faixa de dobramentos certamente atribuível ao Ciclo Transamazônico
apresenta-se na região leste da província. O Grupo Grão Pará, que a constitui, é com-
posto por quartzitos, filítos, micaxistos, jaspilitos, ítabírítos e metavulcânicas básicas.
A ele se associa importânte jazida de minério de ferro bandado (Serra dos Carajás).
As molassas tardia desse ciclo 'são representadas pela Formação Rio Fresco, sendo tam-
bém conhecidos plutões graníticos com cerca de 1.850 m, a., na região em que ela
ocorre no oriente da província; também representam episódios do final do ciclo.
Entre 1.700 a 1.450 m.a. quase toda a área da Província Tapaj6s foi afetada
por importantes processos de falhamento, vulcanismo e plutonismo cratônico de natu-
reza ácida e intermediária, e sedimentação. Esses fénômenos constituem o Evento Pa-
raense, homólogo ao que se realizou ae- mesmo tempo na Província Rio Branco. As ro-
chas vulcânicas, atribuíveis ao Grupo Uatumã, espalham-se por grande extensão da pro-
víncia. São riólitos, riodacitos, andesitos e piroclâsticas equivalentes. Numerosas intru-
sões de granitos cratônicos comumente alcalinos, granodlcritos, dioritos, gabros, sienitos
e diques de diabásio são outras manifestações magmáticas desse evento. Rochas sedi-
mentares, continentais ou marinhas, às vezes assocíadas às vulcânicas, expõem-se em
muitos locais. Destacam-se por sua extensão as pertencentes ao Grupo Beneficente, que
se apresenta na região centro-norte da província. A intensa atividade de falhas condi-
cionou a distribuição das rochas efusivas e intrusivas assim como das bacias de sedi-
mentação e a deformação das camadas nelas contidas. Algumas dessas coberturas foram
levemente metamorfizadas durante esse evento.
Outro evento tectonotérmico de protcativação, denominado Madeirense, ma-
nifestou-se a cerca de 1.300 - 1.100 m.a., especialmente nas regiões centrais e oci-
dentais da província. Também nele falhas antigas foram reativadas, coberturas sedimen-
tares foram dobradas e metamorfizadas e manifestou-se novo episódio de intrusão de
granitos cratônicos e de rejuvenescimento isotópico das rochas antigas do embasamento.
E dessa ocasião a intrusão do alcali sienito de Canamã. Esses processos, reunidos sob
a denominação de Evento Madeirense, correspondem ao Evento Iari-Falsíno da -Pro-
víncia Rio Branco.
O derradeiro processo de protoativação da Província Tapajós é o ·Evento Ron-
doniense, que afetou área limitada do oeste dela a cerca de 1.000 m.a , Também foi
caracterizado por atividade de falhas, intrusão de granitos e granodioritos -cratônicos,
alguns com estrutura anelada, e extrusão de ri6litos, andesitos, traquitos e- basaltos. Im-
portante mineralização estanífera associa-se a esse evento.
Provavelmente a menos de 1.000 m.a. desenvolveram-se coberturas detrítí-
cas continentais (Formações Prainha Sucunduri, Riozinho do Afrízio), que se mostram
em atitude' sob-horizontal. Seriam correlativas das coberturas Prosperança e Sete Que-
das, da Província Rio Branco, assim como das que, na borda oriental da Província Ta-
pajós (Grupos Bodoquena, Araras, Alto Paraguai, etc.) representam extensões sobre
o antepaís, dos depósitos dos geossínclíneos adjacentes, da Província Tocantins. O Gru-
po [acadigo nessa borda, conhecido pelas suas importantes jazidas de minérios de ferro
e manganês sedimentares, provavelmente também se depositou no final do Pré-Cam-
briano.
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4 - Província SAo Fra ncisco.
I - Complex os indifcrcnciados do Pré-Cembriano M édio c Infllr;o.J:
2 - Faixa de Dobr amentos de Jacobina IPré -Cambrlano Midi ol
') -Cobertu ras sedimentares c rnctasscdimentarcs pré-Brasilianas
" - Coberturas sedimentares c metasscdlmcntares do cratcn de São Fl'an
cisco ligadas às faixas de dobramento brasilianas
i - Depósito Molássico
6 - Coberturas Sedimentares do Fancrozóico
7 - Provinda Costeira c Margem Continental.
(Linhas grossas represe ntam falh.o:s maiores: linhas finas descont ínuas representam
direçã o de Ialh amentc).
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tados pelo Grupo Jacobina e sua possível extensão ao sul (Contendas). no Estado da
Bahia. e pelo Supergrupo Minas. da extremidade sul da província. no Estado de Minas
Gerais. Essas faixas são constituídas de grande s espessura s de metassedimentos de ori-
gem elástica e química, com intercalações mctabasíticas. tendo sido intens amente dobra-
dos e metamorfisados em facies predominantemente xisto-verde. O Supergrupo Minas
é célebre por conter as grandes jazidas de minéri o de tipo;'bandcui ron orc":,do chamado
Quadrilátero Ferrífero. No decorrer do ciclo Transamazônico processaram-se intrusões.
sobretudo de rochas graníticas. em diversos lugares da província.
A Serra do Espinhaço. situada na região central da provínci a, no Estado da Ba-
hia. constitui uma faixa de dobramentos orientada a NNW, tectonizada e metamorfisa-
da em facies xisto verde a cerca de 1,2:!: 0,1 b , a. Desenvolveu-se essa faixa entre
1.7 e 1,1 m .a . • numa região em qu e o embasamento é cortado por antigas e extensas
falhas. sobre as quais se acumulou espessura de cerca de 4. 000 metros de sedimentos.
Esta sedimentação não caracteriza ambiente geossínclinal, porém de paraplataforma tec-
tonicamente muito ativa. encontrando homól ogos na província Tapajós. Para fora da
faixa de dobramento do Espinhaço. tal como também ocorre nesta últ ima província, as
camadas tornam-se gradualmente menos espessas, desaparece o metamorfismo e passam
a caracterizar uma cobertura tabular de plataforma (Grupo Chapada Diamantina) cujas
deformações são de natureza induzida, devidas à movimentação local das falhas do em-
basamento.
O estágio superior da cobertura pré-cambriano existente sobre o craton re-
presenta as proj eções sobre ele, dos depósitos acumulados nos geossincIíneos desenvol-
vidos às suas bord as no decorrer do Ciclo Brasiliano. Nessa cobertura reconhecem-se
estos da glaciação continental havida no final do Pr é-Cambriano (Grupo Macaúbas),
vasta extensão de sedimentação peIítica e carbonatada correlativa dos calcários de
ré- inversão dos referidos geossincIíneos, assim como restos locais das moIassas terminais
esse ciclo. Essa cobertura, que em parte manifesta leve metam orfismo, apresenta-se de-
ormada em diversas regiões seja por ação reflexa da tectogênese das faixas marginais de
dobramentcs ou pela reativação de falhas do embasamento no interior da província. O
• mplexo bras iliano de cobertura desenvolveu-se entre 1. O b .a. e o limiar do Fanero-
zéico, quando se acumularam as referidas molassas. Importantes depósitos de Pb, Zn,
osfatos sedimenta res e carb onatos são-lhes associados.
A cobertu ra faneroz6ica acha-se preservada sobre o craton, em "r ift vallcys"
esoz6icos costeiros, instalados com a abertura do oceano , podendo alcançar milhares
metros de espessura , como no graben do Recôncavo. no Estado da Bahia. No inte-
or da província subsistem restos de extensas, porém delgadas coberturas continentais
idade cretácea superior e terciária além da sedimen tação qu aternária das várzeas
viais.
PROvtNCIA TOCANTINS
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mas eleva-se a cerca de 1.200 metros acima do nível do mar na região central do Esta-
do de Goiás, no denominado Planalto Central. Fazem parte da província as grandes pla-
nícies do Pantanal, em Mato Grosso e Araguaia, em Goiás.
Na província Tocantins reconhecem-se três regiões estruturalmente distintas:
a central, corresponde em maior parte ao maciço mediano de Goiás; a oriental coincide
aproximadamente com as baixas de dobramentos Uruaçu e Brasília e a ocídenial, com
a faixa de dobramentos Paraguai-Araguaia.
As rochas mais antigas da província, acusando idades superiores a 2.600 m. a .•
constituem a maior parte da região central. São sobretudo gnaisses de vários tipos, in-
cluindo rochas de caráter granulítico, apresentando-se localmente rnígmatizados e pene-
trados de rochas granit6ides de diversas idades. Em termos estruturais, provavelmente
também Iitolégicos, distinguem-se na região central dois domínios, que se separam à altu-
ra do paralelo 16°.S por uma reflexão de estruturas denominada Megaflexura dos Piri-
neus, q~e afetou tanto as rochas dobradas mais novas como as do embasamento mais
antigo. A sul dessa flexura dominam direções estruturais orientadas entre NW e WNW,
enquanto que a norte as estruturas mostram-se preferencialmente alinhadas segundo
NNE e NE. Na porção oriental do segmento sul apresenta-se uma importante faixa de
rochas granulíticas. Todas as rochas da província denotam efeitos de polimetamorfismo,
fraturamentos em epis6dios de diversas idades e rejuvenescimento isot6pico. Nela são
comuns rochas intrusivas de natureza básica e ultrabásica, mineralizadas localmente com
sulfetos de cobre e níquel, algumas encontrando-se inteiramente talcificadas e serpentini-
zadas. Maciços ultrabásico-alcalinos de idade cretácica, com mineralização epigenética
de níquel, são conhecidos em Iporá , Montes Claros de Goiás e outros locais.
No segmento norte da região central predominam gnaisses muito antigos, de
aspecto granodiorítico, com foliação difusa e bandamento geralmente ausente. Em algu-
mas regiões tais rochas constituem embasamento para sequências vulcano-sedlmentares,
representadas por rochas verdes (clorita xistos, talco-actinolita xistos, anfibolitos) associa-
das a quartzitos ferruginosos, itabiritos e xistos. Essas sequências apresentam-se mine-
ralizadas em ouro, cobre, talco e asbestos anfib6licos. Na porção leste da região ocor-
rem os grandes complexos básico-ultrabásicos de Goianésia-Barro Alto, Niquelândia a
Cana Brava, associados a granulitos, os dois últimos sendo envolvidos de rochas metas-
sedimentares bem mais novas. Esses complexos têm idade superior a 3.000 m .a., apre-
sentando-se mineralizados com Ni, Cu e Co. Em Cana Brava localiza-se a maior mina
de asbesto crisotílico do Brasil. Granulitos são também reconhecidos a sudeste de Porto
Nacional, a leste dos quais foram recentemente identificados cinturões de rochas verdes.
A faixa de dobramentos Uruaçu, na região oriental da Província Tocantins,
é uma entidade ainda pouco definida, que se estende desde Natividade, em Goiás, a
região de Araxá em Minas Gerais, de onde se continua para leste. Como em Goiás.
também em Minas Gerais o embasamento da faixa de dobramentos Uruaçu é constituí-
do de granulitos, gnaisses, anfibolitos e rochas ca1co-silicatadas, que constituem o Ma-
ciço de Guaxupé, Este tem forma triangular e separa a porção sul da faixa de dobra-
mentos Uruaçu em dois ramos, alinhados a NW e NE. este último limitando-se por im-
portante falha transcorrente.
A faixa de dobramentos Uruaçu é constituída de metassedimentos pelíticos e
psamíticos, e metabasitos. Seus dobramentos são de caráter holomõrflco, com vergência
para o Craton São Francisco. A norte da Megaflexura dos Pirineus as direções predo-
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minantes desse dobramento são orientadas entre NNE e meridianas, enquanto que a sul
dirigem-se sobret udo a NW. Em geral se considera que essas rochas pertençam ao Ciclo
Uru açuano, cujo metamorfismo principal teria ocorrido há cerca de 1.000 m.a., em-
bora alguns autores em anos recentes considerem a possibilidade de serem as mesmas
mais antigas, pert encentes ao Ciclo Transamazônico. Rochas graníticas são raras nessa
faixa de "dobramentos, podendo ocorrer em branquianticlinais cujos núcleos graníticos
podem ser portadores de cassiterita.
A faixa de dobramentos Brasília, cuja extensão supera 1.100 Km, desenvol-
veu-se na borda ocidental e meridional do Craton São Francisco durante o Ciclo Brasi-
liano. A s e d i m e n t a ç ã o, de caráter miogeossinclinal, iniciou-se com sedimentação
detrítica fina seguida de psamitos e pelitos em que se inter calam calcários e do-
lomitos . Os d o b r a m e n tos, de caráter holomérfico, apresentam verg ências para o
craton e metamorfismo de facies xisto verde, ambos se atenuando nesse sentido.
A atividade magmática relacionada com a evolução dessa faixa de dobramentos limita-
se a vulcanismo and esítico na porção norte do cinturão, e à intrusão de uns poucos
plutões graníticos no trecho sul. São frequentes as falhas de empurrão indicando movi-
mentação em direção à borda do craton. Uma sedimentação de natureza molass óide,
desenvolvida no final do ciclo, recobre tanto a faixa de dobramentos como a região
cratônica. Rochas carbonâticas, fosfatos sedimentares, Pb e Zn são suas riquezas mi-
nerais.
A faixa de dobr amentos Paraguai-Araguaia desenvolveu-se na borda do Cra-
ton São Francisco. Apresenta forma encur vada, tipo S, com extensão superior a 3.200
Km. Seus extremos ocultam-se sob os sedimentos das bacias do Parnaíba e Paraná. Parte
apreciável da faixâ de dobramentos acha-se coberta pelos sedimentos modernos da pla-
nície Araguaia, na qual se situa a grande ilha do Bananal, em Goiás, e do Pantanal
de Mato Grosso. No segmento meridional da faixa distinguem-se duas fases da evolução
geossínclinal, na primeira das quais se depositaram sedimentos tipo flysch, que foram
dobrados e metamorfisados. Na segunda fase depositou-se um conglomerado que assi-
nala uma regressão marinha, seguida de deposição glâcio-marinha e, em discordância an-
gular, uma unidade carbonática superior portadora de estruturas estrornatolíticas, enci-
mada por pelitos. O metamorfismo é de facies xisto-verde e o intenso dobramento holo-
m órfíco, paralelo ao eixo do cinturão, apresenta vergência em direção ao Craton Ama-
zônico. Uns poucos corpos de plutões graníticos pós-tectônicos, com cerca de 500 m .a .
idade, ocorrem na porção mediana da faixa. A unidade estratigráfica final, possivelmen-
te anterior a essas intrusões, corresponde a depósitos mol âssicos, em parte continentais,
sobretur;lo acumulados numa antefossa que da faixa de dobramentos se estende sobre
a bord a do craton. Na região do Corumbá, no Estado de Mato Grosso, ocorrem arcô-
sios seguidos de uma sucessão de leitos alternados de jaspilito ferruginoso, hematita
compacta, criptomelana em espessas camadas e sedimentos clásticos intercalados. Reser-
vas enormes de minérios de ferro e manganês são contidos nesse Grupo Jacadico, cuja
idade é ainda incerta.
No segmento norte do cinturão a sequêneia basal compõe-se de gnaisses, xis-
tos e quartzitos, com anfibolitos coneordantes e discordantes. Segue-se um pacote de
sedimentos terrígenos, representados por fllítos, quartzitos subordinados a algumas in-
tercal ações calcárias, sobreposto por uma sequência magmático-sedimentar representada
por clorita xistos, talco-actinolita xistos e metabasitos. Há ali numerosos corpos discor-
379
dantes de rochas básicas e ultrabãsicas alteradas em serpentlnitos e xistos magnesianos.
Esse magmatismo é relacionado à geossutura Tocantins-Araguaia, desenvolvida no Iimí-
te leste do Craton Amazônico. O metamorfismo da faixa decresce rapidamente de leste
para oeste passando de facies anfibolito para xisto-verde, reduzindo-se a transformações
anq uímetam õrf ícas junto à borda do craton. Rochas graníticas aparecem localmente, em
núcleo, de braqui-anticlínaís envolvidos por gnaisses bandados. t'
. A sedimentação fanerozóica na Província Tocantins limita-se ao enchimento
do graben de Água Bonita em Goiás, com camadas supostas devonianas, e a restos de
cobertu ras continentais cretáceas e cenozóicas, entre as quais ressaltam as do Pantanal
de Mato Grosso (atingem quase SOO m de espessura) e da planície Araguaia. Manifes-
tações de magmatismo alcalino do Cretáceo superior assim como intrusões de diques de
diabásio do Cretáceo inferior, processaram-se em diversos locais no sul da província
PROV1NCIA MANTIQUEIRA
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t - Rochas cristalinas do Pré-Brasllleno
2 - Embasamento exposto nos maciços medianos do Siatemu de Dobra-
mentos Brasllíancs:
a) Maciço de Pelotas; b) Maciço de Joinvile
J - Faixas de Dobramentos Bra5i1ianas:
c) Tijucas; d) Apiai; c) Araçuaí
4 - Coberturas era tônicas do Ciclo Brasiliano
5 - Depósitos Molássicoa
6 - Coberturas Sedimentares do FancrozóilX>
7 - Provlncia Costeira.
PRovtNCIA BORBOREMA
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(As linhas grossas representam ralhas maiores. linhas desconnnua s representam o limite
sul do Craton de São Luiz)
389
mitem separar três segmentos, com relação às bacias costeiras criadas no processo de
rompimento.
O segmento meridional, teve sua .evolução iniciada primeiro, no Jurássico Su·
perior. Apresenta um estilo tectônico tenslonal, com falhas mais ou menos paralelas às
estruturas do embasamento. A coluna estratigráfica das bacias então formadas é a mais
completa, no que concerne a registros litol6gicos dos estágios sucessivos do processo de
rompimento. O segmento setentrional, do Rio Grande do Norte ao Amazonas apresen-
ta idêntico estilo tensional, com falhas quase sempre diagonais às estruturas do emba-
samento, e um estilo compressional sobreposto, neo-cretãclo. Sua evolução e re.::istro lit~
estratigráficos são a partir do Albiano, com defecções importantes dos estágios iniciais.
O segmento intermediário de Pernambuco a Paraíba comporta a última bacia a se for-
mar, no Neo-Cretãcio, sendo estruturado perpendicularmente às direções do embasa-
mento pré-cambriano, marcando a borda da "zona transversal". Apresenta a menor sub-
sídência em termos relativos, embora seja confirmado o estilo tensional.
. Os principais recursos minerais destas bacias são petróleo, gás, evaporitos,
rochas carbonática e fosfato sedimentar.