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Ecologia Aplicada
Dinâmica do clima
na escala do planeta
Edir E. Arioli
2022
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Sumário
A atmosfera terrestre 2
Evolução da atmosfera 2
Estrutura e composição 4
Dinâmica do clima na Terra 10
Circulação termohalina dos oceanos 15
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A atmosfera terrestre
Evolução da atmosfera
2
Fonte: NOAA
Atmosfera #1 – combustível.
3
Fonte: NOAA
Atmosfera #2 – sufocante.
4
Fonte: NOAA
Atmosfera #3 – oxidante.
Estrutura e composição
A atmosfera é formada por cinco camadas: troposfera, estratosfera,
mesosfera, termosfera e exosfera. A troposfera é a única camada em que os
seres vivos podem respirar normalmente. Cada uma dessas camadas
apresenta condições bastante diferentes de temperatura, pressão e
densidade, utilizadas como critério para identificá-las. Entre as quatro
primeiras camadas existem zonas de transição, denominadas
tropopausa, estratopausa e mesopausa. A exosfera é considerada uma
zona de transição entre a termosfera e o espaço interplanetário.
Não existe um limite físico superior para a atmosfera, apenas uma
progressiva rarefação do ar com a altitude. Normalmente considera-se
que a atmosfera tem entre 80 km e 100 km de espessura, embora a
exosfera se estenda até 900 km acima da superfície terrestre. Em
valores aproximados, 75% de todo o conteúdo gasoso da atmosfera está
abaixo de 10 km de altitude e 95% abaixo de 20 km.
Na figura abaixo, é importante observar que a escala de altitude é
interrompida acima de 80 km, porque a espessura da exosfera exigiria
o uso de escala logarítmica para ser representada no mesmo gráfico.
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Fonte: Varejão, 2006
Troposfera
A troposfera é a camada mais importante do ponto de vista
meteorológico e o seu nome indica a dinâmica que afeta continuamente
o clima e a vida no planeta. Tropos significa movimento em grego. Ela
está em contato direto com a superfície da Terra e contém cerca de ¾
da massa total da atmosfera. Quase todo o vapor de água está contido
na troposfera e, por isso, é o ambiente natural das nuvens e fenômenos
meteorológicos.
Ela se estende até uma altitude aproximada de 20 km, no Equador, e a
mais ou menos 10 km nos polos. A sua composição química é o produto
de uma evolução de bilhões de anos, por efeito de interações
bioquímicas com a hidrosfera, a litosfera, a pedosfera e a
biosfera. Basicamente, a atmosfera é formada por 71% de nitrogênio e
28% de oxigênio. Dióxido de carbono, argônio, vapor d’água, metano,
dentre outros, completam a lista dos gases que compõem 1% do ar que
respiramos.
O ar se torna mais rarefeito quanto mais distante da superfície terrestre e é
por isso que os alpinistas necessitam de suporte de oxigênio quando
escalam altas montanhas. Na troposfera, o aumento da altitude tende a
diminuir a temperatura aproximadamente à razão de 6,5ºC a cada
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quilômetro. No topo da troposfera está a tropopausa, onde a
temperatura torna-se praticamente constante e ocorre a transição à
estratosfera.
A partir de 2.400 m de altitude começamos a sentir os efeitos da falta de
oxigenação no sangue, porque absorvemos mais ou menos 70% do oxigênio
disponível na atmosfera. A baixa oxigenação provoca aumento dos
batimentos cardíacos e da frequência respiratória. Acima de 3.600 m
absorvemos apenas 40% do oxigênio livre e somente pessoas aclimatadas
sobrevivem sem o auxílio de oxigenação forçada. A partir de 5.000 m é
praticamente impossível sobreviver devido à formação de edemas, isto é,
acúmulo de líquidos nos pulmões e no cérebro. Aos 8.000 m de altitude,
uma pessoa não consegue sobreviver sem máscara de oxigênio por mais de
uma hora e meia, mesmo totalmente adaptada às escaladas radicais.
Estratosfera
A estratosfera chega a 50 km acima do solo. A temperatura vai de 60ºC
negativos na base a aproximadamente zero grau na parte de cima. A
estratosfera contém ozônio, um gás que absorve a radiação ultravioleta do
sol, o que forma um escudo contra os efeitos nocivos da radiação
ultravioleta solar e dos raios cósmicos. As mudanças climáticas e a poluição
provocam buracos na camada de ozônio, com riscos para a saúde dos seres
vivos principalmente nas regiões mais próximas da Antártica.
De modo geral, o perfil vertical de temperatura na estratosfera é
praticamente constante na parte mais baixa e depois passa a aumentar
com a altitude. O aquecimento desta camada é provocado pela liberação
de energia no processo de formação do ozônio. No topo da estratosfera
está a estratopausa, zona de transição para a mesosfera, onde a
temperatura quase não muda.
Mesosfera
A mesosfera é uma camada pouco conhecida, justamente pela
dificuldade em obter dados nesta altitude. Ela se estende de 50 km até
80 km de altitude, aproximadamente. A temperatura tende a diminuir
nesta camada e estima-se que no seu limite superior a temperatura
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fique em torno de 95ºC negativos. A parte inferior é mais quente porque
absorve calor da estratosfera.
Praticamente não existe vapor d’água na mesosfera. A mesopausa é a
zona de transição à termosfera. Com uma espessura de
aproximadamente 10 km, a mesopausa apresenta uma temperatura
praticamente constante.
Termosfera
A termosfera se situa além dos 90 km de altitude e se caracteriza por
um contínuo aumento da temperatura média com a altitude. O conceito
de média deve ser interpretado com restrições, pois entre o dia e a noite
a temperatura na termosfera pode variar centenas de graus.
O topo da termosfera fica 450 km acima da Terra, onde as temperaturas
chegam a 2.000ºC. É a camada mais quente da atmosfera, uma vez que as
moléculas de ar rarefeito absorvem a radiação do Sol.
Devido à rarefação do ar nesta camada, a temperatura não é medida
diretamente, mas sim estimada a partir da pressão e da massa
específica. Progressivamente, o ar da atmosfera terrestre desaparece
até chegarmos ao universo completamente aberto.
Exosfera
Alguns autores ainda consideram mais uma camada acima da
termosfera: a exosfera. A camada superior da atmosfera fica a mais ou
menos 900 km acima da Terra. O ar é muito rarefeito e as moléculas de gás
escapam continuamente para o espaço. Por isso é chamada de exosfera,
parte externa da atmosfera, que passa ao espaço interplanetário sem um
limite detectável.
Bibliografia consultada
IAG-USP. Estrutura da atmosfera. USP, Instituto de Astronomia e
Geofísica. Disponível em: https://www.iag.usp.br/siae98/
atmosfera/estrutura.htm. Acessado em 05/08/2021.
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Jardim, W. F. Evolução da atmosfera terrestre. Unicamp, Instituto de
Química. Cadernos Temáticos de Química Nova na Escola. Edição
Especial, Maio de 2001. Disponível em:
http://qnesc.sbq.org.br/online/cadernos/01/evolucao.pdf. Acessado
em 08/08/2021.
Moura, D. A estrutura vertical da atmosfera terrestre. Tempo, Meteored.
Disponível em: https://www.tempo.com/noticias/ ciencia/a-estrutura-
vertical-da-atmosfera-terrestre.html. Acessado em 05/08/2021.
NOAA. How did Earth’s atmosphere form? National Oceanic and
Atmospheric Administration - NOAA, SciJinks. Disponível em:
https://scijinks.gov/atmosphere-formation/. Acessado em 12/08/2021.
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Dinâmica do clima na Terra
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Fonte: Boscoito
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É importante não se deixar enganar pelos teores aparentemente baixos, que
tendem a minimizar o efeito estufa. Basta lembrar que pequenas
quantidades de sal na água do mar são suficientes para criar propriedades
físico-químicas profundamente diferentes da água doce. Quem estuda
Física dos Materiais sabe a diferença que fazem alguns décimos percentuais
de um aditivo para a resistência e a condutividade elétrica de uma liga
metálica. Basta adicionar 0,008% a 2% de carbono na massa do ferro
fundido para transformá-lo em aço, com propriedades físicas e químicas
totalmente diferentes.
Os comprimentos de onda do calor irradiado pela superfície terrestre são
maiores do que os da radiação recebida. Enquanto a energia é recebida na
forma de luz, que contém radiação infravermelha de ondas curtas, a
refletida tem a forma de raios infravermelhos longos, isto é, de calor. Esta
diferença faz com que o calor irradiado pela superfície seja contido na
troposfera, camada inferior da atmosfera, criando o efeito estufa,
exatamente como a cobertura plástica de um canteiro de hortaliças.
Além da concentração dos gases mencionados acima, um fator crítico para
a evolução do efeito estufa é a refletância da luz solar pela superfície
terrestre. A refletância é muito maior nas áreas claras do que nas áreas
escuras, que absorvem boa parte da energia. Nas regiões que perdem a
cobertura de neve e gelo devido ao aquecimento global ou sazonal, a
superfície escurece e absorve mais calor do sol, o que aumenta o efeito
estufa e acelera o degelo. Isto cria um ciclo vicioso, que escurece mais ainda
a superfície e acelera o aquecimento na região. A extensão da área afetada
determina o quanto ela contribuirá para o aquecimento do planeta como
um todo.
Revisando o que informa o fascículo anterior, a atmosfera terrestre é
formada por várias camadas, ilustradas na figura abaixo: troposfera,
estratosfera, mesosfera, termosfera e exosfera. A troposfera ocupa os
primeiros 7 a 17 quilômetros de altitude, contados a partir do nível do mar,
e é a mais rica em oxigênio e vapor d’água. A estratosfera vai até mais ou
menos 50 quilômetros de altitude, é muito estável, sem correntes de ventos
e rica em ozônio, que nos protege contra os raios ultravioleta. A mesosfera
alcança 80 quilômetros acima do nível do mar, muito rarefeita e com
temperaturas que descem a -100oC. A termosfera, ao contrário, apesar de se
estender até 500 quilômetros de altitude, absorve tanto a radiação solar
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que atinge temperaturas acima de 1.000oC. A exosfera alcança 800
quilômetros da superfície terrestre, é composta apenas e hidrogênio e hélio.
Ela está fora do alcance da gravidade e contém a nuvem de satélites de
comunicação, sensoriamento remoto e telescópios já lançados pela
Humanidade ao espaço sideral.
Fonte: soparaalunosferas.org.br
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flutuações nas diferenças de pressão atmosférica entre a Islândia e o
arquipélago dos Açores. Esta oscilação afeta o clima em toda Europa e
atinge parte da Ásia.
Outras oscilações deste tipo são o fenômeno El Niño e La Niña, no oceano
Pacífico. Enquanto o primeiro identifica uma zona de aquecimento
persistente, que aumenta a incidência de chuvas na América do Sul, La
Niña é o fenômeno oposto, de resfriamento e estiagem.
Partículas líquidas e sólidas em suspensão na atmosfera são denominadas
aerossóis. Elas são geradas por dispersão na superfície dos oceanos
(gotículas de água), por poeiras levantadas pelos ventos em áreas de clima
árido (grãos de silte e areia), pelas erupções vulcânicas (dióxido de carbono,
óxido de enxofre) e pela queima de combustíveis fósseis (monóxido de
carbono). De um modo geral, elas bloqueiam a radiação solar e diminuem a
temperatura da Terra, mas parte delas contribui para o efeito estufa.
O clima sofre também a influência da biosfera, em vários sentidos.
Enquanto os vegetais produzem oxigênio, absorvem carbono e reduzem a
temperatura atmosférica, os animais produzem gás carbônico, metano e
aquecem o ar. Além disto, a vegetação é normalmente mais escura do que o
solo, de modo que absorve mais a energia solar do que o terreno
descoberto. Finalmente, como as áreas florestadas promovem a formação
de chuvas devido ao aumento na umidade do ar, a sua influência geral
sobre o clima é altamente benéfica, em todos os sentidos.
Bibliografia consultada
NOAA. The atmospheric circulation patterns of the Earth. National Oceanic
and Atmospheric Administration. Disponível em: www.noaa.gov.
Schneider, T. Climate Dynamics: An Introduction. Caltech Climate
Dynamics Group. Disponível em: www.climate-dynamics.org.
Wallace, J.M.; Hobbs, P.V. Introduction and overview. In: Atmospheric
Science, 2006.
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Circulação termohalina dos oceanos
Fonte: batepapocomnetuno.com
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O afundamento da água mais densa pode atingir o fundo do oceano ou
permanecer a uma profundidade intermediária. Isto depende da diferença
de densidade entre as camadas de água. Como este contraste de densidades
é controlado mais pela temperatura, as correntes termohalinas iniciam-se
geralmente mais próximo dos polos, onde o degelo das calotas e geleiras
libera grandes volumes de água gelada. A rotação da Terra, o relevo
submarino e o desenho das costas continentais influenciam fortemente o
padrão global de distribuição das correntes oceânicas.
Os oceanos são estratificados, isto é, as suas águas formam camadas com
densidades, temperaturas e salinidades diferentes. As águas de superfície
são mais quentes, menos salinas e mais leves do que as mais profundas. O
limite entre as águas superficiais e profundas é marcado por uma camada
relativamente fina com propriedades fortemente diferentes. Esta camada,
denominada termoclina, existe na maior parte das regiões oceânicas do
planeta. A mistura das águas quentes e frias acontece somente onde
persistem condições que permitem as profundas boiarem e as superficiais
mergulharem através da termoclina.
A figura abaixo mostra o padrão geral da circulação termohalina dos
oceanos, onde se observa que as correntes frias, em azul, originam-se nas
regiões polares e as quentes, em vermelho, próximo ao Equador. Este
padrão contém cinco grandes movimentos circulares, denominados giros
oceânicos, indicados pelos números da figura. O giro número 1 é repetido
porque o limite da imagem divide-o em duas partes.
A velocidade de deslocamento é de aproximadamente 1 cm/s e o tempo
necessário para se completar uma volta em torno do planeta varia de 500 a
1.000 anos, dependendo do percurso.
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Padrão mundial da circulação termohalina.
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eleva-se e é atraído para áreas onde ar frio e mais denso mergulha para
ocupar o espaço gerado pelas colunas térmicas.
Quando estas células de convecção são formadas sobre o oceano, os ventos
criam correntes locais ou com extensão regional. Nas latitudes subtropicais,
as diferenças de temperatura são muito fortes e persistentes, responsáveis
pela origem dos ventos alíseos que sopram constantemente para oeste em
ambos os hemisférios. Esses ventos arrastam as águas quentes de superfície
para as bordas ocidentais dos oceanos Atlântico, Pacífico e Índico, onde se
acumulam a ponto de gerar elevações importantes do nível do mar. Em
contrapartida, nas regiões de origem dessas correntes formam-se
verdadeiras bacias sobre as águas superficiais.
No hemisfério Norte, o efeito Coriolis desvia os ventos alíseos e,
consequentemente, as correntes marinhas para norte e no hemisfério Sul,
no sentido oposto. Essas são denominadas correntes marinhas de borda
ocidental.
O efeito Coriolis é a curvatura de uma trajetória aérea em relação a um
ponto de referência na superfície da Terra. Não se trata de um desvio
dinâmico, isto é, provocado por alguma força resultante da rotação do
planeta. Trata-se de um desvio de perspectiva. Enquanto um objeto
percorre o ar em trajetória linear, a superfície da Terra desloca-se para leste
à velocidade de 1.675 km/h ou 465 m/s sobre a linha do Equador. Esta
velocidade diminui à medida que nos afastamos desta latitude. Em Brasília,
por exemplo, ela cai para 1.610 km/h e em Porto Alegre chega a 1.450
km/h. De qualquer maneira, nem a velocidade de um míssil balístico
consegue anular este efeito.
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Fonte: Tempo Online
Transporte de Ekman
Referências
ESA. Ocean circulation. ESA – European Space Agency. Disponível em:
https://esa.int/GOCE/Ocean_circulation. Acessado em 02/08/2021.
Halversen, C. Ocean Currents. Berkeley: Lawrence Hall of
Science, University of California, Berkeley, 2001.
Mendes, C. L. T.; Soares-Gomes, A. Circulação nos oceanos: correntes
oceânicas e massas d’água. UFF, Departamento de Biologia Marinha, 26
p., 2007.
NOAA. Ocean currents. NOAA – National Oceanic and Atmospheric
Administration. Disponível em: https://noaa.gov/education/ocean-
coasts/ocean-currents. Acessado em 02/08/2021.
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