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3.

O Erro de Medição

Mauro Eduardo Benedet


Criciúma, 2022

Departamento de Engenharia Mecânica


Erro de Medição

sistema de
medição mensurando

indicação  valor verdadeiro

erro de
medição
Exemplo de erros…

 Teste de precisão de tiro de canhões:


o Canhão situado a 500 m de alvo fixo;
o Mirar apenas uma vez;
o Disparar 20 tiros sem nova chance para refazer a
mira;
o Distribuição dos tiros no alvo é usada para
qualificar canhões.
 Quatro concorrentes:
A B

D C

4
Ea Ea
Es Es

A B

D C

Ea Ea

Es Es

5
3.1 Tipos de Erros

Prof. Mauro Eduardo Benedet


Tipos de Erros

 Erro sistemático: é a parcela previsível do erro.


Corresponde ao erro médio.

 Erro aleatório: é a parcela imprevisível do


erro. É o agente que faz com que medições
repetidas levem a distintas indicações.
Precisão e Exatidão

 Um sistema com ótima precisão repete bem,


com pequena dispersão.

 Um sistema com excelente exatidão


praticamente não apresenta erros.
Precisão e Exatidão

 Precisão de Medição é o grau de concordância


entre indicações ou valores medidos, obtidos
por medições repetidas, no mesmo objeto ou
em objetos similares, sob condições
especificadas. Pode ser expresso
numericamente através de uma medida de
dispersão.
 Exatidão de Medição é o grau de concordância
entre um valor medido e um valor verdadeiro
de um mensurando. É um parâmetro
qualitativo, ao qual não pode ser atribuído um
número.
3.2 Caracterização e Componentes
do Erro de Medição

Prof. Mauro Eduardo Benedet


Exemplo de Erro de Medição

(1000,00 ± 0,01) g
E = I - VVC

1 E = 1014 - 1000

E = + 14 g
1014
0g
Indica a mais do
que deveria!
Erros em Medições Repetidas

1020

1014 g

dispersão
1015 g
1017 g
(1000,00
(1000,00
(1000,00
± 0,01)
± 0,01)
± 0,01)
g g g
1012 g
1015 g
111 1018 g

erro médio
1014 g 1010
1015 g
1014
1015
1017
0g 1016 g
1013 g
1016 g
1015 g

1000
12
Cálculo do Erro Sistemático

ҧ − 𝑉𝑉
𝐸𝑠 = 𝐼∞

𝑉𝑉 I
média de infinitas indicações
condições:
valor verdadeiro conhecido exatamente

13
Estimativa do Erro Sistemático

𝑇𝑑 = 𝐼 ҧ − 𝑉𝑉𝐶

VVC 𝐼ҧ
tendência

𝑇𝑑 ± 𝑈(𝑇𝑑)

14
3.3 Erro Sistemático, Tendência
e Correção

Prof. Mauro Eduardo Benedet


Algumas Definições

 Tendência (Td)
o é uma estimativa do Erro Sistemático
 Valor Verdadeiro Convencional (VVC)
o é uma estimativa do valor verdadeiro
 Correção (C)
o é a constante que, ao ser adicionada à indicação,
compensa os erros sistemáticos
o é igual à tendência com sinal trocado
𝐶 = −𝑇𝑑
Correção dos Erros Sistemáticos

Td C = -Td
Indicação Corrigida

Nº I C Ic Ea
1 1014 -15 999 -1 C = -Td
2 1015 -15 1000 0
3 1017 -15 1002 2 C = VVC − 𝐼 ҧ
4 1012 -15 997 -3
5 1015 -15 1000 0 C = 1000 - 1015
6 1018 -15 1003 3
7 1014 -15 999 -1 C = -15 g
8 1015 -15 1000 0
9 1016 -15 1001 1
10 1013 -15 998 -2
11 1016 -15 1001 1
12 1015 -15 1000 0
média 1015 -15 1000 0

995 1000 1005


18
3.4 Erro Aleatório, Incerteza
Padrão e Repetibilidade

Prof. Mauro Eduardo Benedet


Erro Aleatório e Repetibilidade

𝐸𝑎𝑖 = 𝐼𝑖 − 𝐼 ҧ

-5 0 5
O valor do erro aleatório é imprevisível.

A repetibilidade define a faixa dentro da qual


espera-se que o erro aleatório esteja contido
para um dado nível de confiança (probabilidade).

20
Distribuição de Probabilidade
Uniforme ou retangular

1.2

probabilidade 1

Probabilidade (1/6)
0.8

0.6

1/6 0.4

0.2

0
0 1 2 3 4 5 6 7
Valores
1 2 3 4 5 6
Lançamento de um dado

21
Distribuição de Probabilidade
Triangular

probabilidade (1/36)

1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0
Média de dois dados

22
Distribuição de Probabilidade
Triangular

6
Probabilidade (1/36)

0
0 1 2 3 4 5 6 7
Média de 2 dados

23
Lançamento de um Dado
1.2

1
Probabilidade (1/6)

0.8

0.6

0.4

0.2

0
0 1 2 3 4 5 6 7
Valores

24
Média de Dois Dados
7

6
P rob a b ilid ade (1/36)

0
0 1 2 3 4 5 6 7

M é di a d e 2 d a do s

25
Média de Três Dados
30
Pr o bab ilid ade (1/2 16)

25

20

15

10

0
0 1 2 3 4 5 6 7

M é di a d e 3 d a do s

26
Média de Quatro Dados
16 0

14 0
Pro bab ilid a d e (1 /12 96)

12 0

10 0

80

60

40

20

0
0 1 2 3 4 5 6 7

M é di a d e 4 d a do s

27
Média de Seis Dados
50 0 0
45 0 0
Pro ba bili dad e ( 1/ 466 56)

40 0 0
35 0 0
30 0 0
25 0 0
20 0 0
15 0 0
10 0 0
50 0
0
0 1 2 3 4 5 6 7

M é di a d e 6 d a do s

28
Média de Oito Dados
160000
Probabilidade (1/1679616)

140000
120000
100000
80000
60000
40000
20000
0
0 1 2 3 4 5 6 7
Média de 8 dados

29
Curva Normal

pontos de inflexão
s = desvio padrão

m = média

assíntota s s assíntota
m
30
Teorema Central do Limite

 A distribuição da média de variáveis aleatórias


independentes se aproxima cada vez mais da
distribuição normal (ou gaussiana) à medida
que o número de variáveis envolvidas
aumenta.
Comportamento do Erro de Medição

 O erro de medição resulta da ação combinada


de um grande número de variáveis aleatórias
independentes. Seu comportamento é
geralmente bem representado por uma
distribuição normal (ou gaussiana).
Efeito do Desvio Padrão

s>s>s

m
33
Cálculo e Estimativa do Desvio Padrão

cálculo exato: estimativa:


(da população) (da amostra)

σ𝑛𝑖=1(𝐼𝑖 − 𝐼 ҧ )2 σ𝑛𝑖=1(𝐼𝑖 − 𝐼 ҧ )2
𝜎 = lim 𝑠=
𝑛→∞ 𝑛 𝑛−1

Ii i-ésima indicação
I média das "n" indicações
n número de medições repetitivas efetuadas

34
Incerteza Padrão (u)

o medida da intensidade da componente


aleatória do erro de medição.
o corresponde à estimativa do desvio padrão da
distribuição dos erros de medição.
o u=s
 Graus de liberdade ():
o corresponde ao número de medições repetidas
menos um.
o =n-1
Área Sob a Curva Normal

95,45%

2s 2s
m

36
Estimativa da repetibilidade
(para 95,45 % de probabildiade)

A repetibilidade define a faixa dentro da qual,


para uma dada probabilidade, o erro aleatório é
esperado.

Para amostras infinitas: Para amostras finitas:

Re = 2 . s Re = t . u

Sendo “t” o coeficiente de Student para  = n - 1


graus de liberdade.

37
Coeficiente “t” de Student

ν t ν t ν t ν t
1 13,968 10 2,284 19 2,140 80 2,032
2 4,527 11 2,255 20 2,133 90 2,028
3 3,307 12 2,231 25 2,105 100 2,025
4 2,869 13 2,212 30 2,087 150 2,017
5 2,649 14 2,195 35 2,074 200 2,013
6 2,517 15 2,181 40 2,064 500 2,005
7 2,429 16 2,169 50 2,051 1000 2,003
8 2,366 17 2,158 60 2,043 10000 2,000
9 2,320 18 2,149 70 2,036 ∞ 2,000

38
Exemplo de Estimativa da Repetibilidade

1014 g
1015 g σ12
𝑖=1(𝐼𝑖 − 1015 )
2
1017 g 𝑢=
(1000,00 ± 0,01) g
1012 g 12 − 1
1015 g
1 1018 g
u = 1,65 g
1014 g
1015 g  = 12 - 1 = 11
1014
0g 1016 g
1013 g t = 2,255
1016 g
1015 g Re = 2,255 . 1,65
média: 1015 g Re = 3,72 g

39
Exemplo de Estimativa da Repetibilidade

-3,72 1015 +3,72

1010 1015 1020

40
3.5 Curva de Erros e Erro Máximo

Prof. Mauro Eduardo Benedet


Curva de Erros
Td + Re
Td
erro Td - Re
Emáx
15

1015 indicação

- Emáx

45
Algumas Definições

 Curva de erros:
o É o gráfico que representa a distribuição dos erros
sistemáticos e aleatórios ao longo da faixa de
medição.
 Erro máximo:
o É o maior valor em módulo do erro que pode ser
cometido pelo sistema de medição nas condições
em que foi avaliado.
3.6 Representação Gráfica dos
Erros de Medição

Prof. Mauro Eduardo Benedet


Sistema de medição “perfeito”
(indicação = VV)

indicação
960 980 1000 1020 1040

960 980 1000 1020 1040


mensurando
48
Sistema de medição com erro
sistemático apenas

indicação
960 980 1000 1020 1040

+Es

960 980 1000 1020 1040


mensurando
49
Sistema de medição com erros
aleatórios apenas

Re
indicação
960 980 1000 1020 1040

960 980 1000 1020 1040


mensurando
50
Sistema de medição com erros
sistemático e aleatório

Re
indicação
960 980 1000 1020 1040

+Es

960 980 1000 1020 1040


mensurando
51
3.7 Erro vs. Incerteza

Prof. Mauro Eduardo Benedet


Erro vs. Incerteza

 Erro de medição:
o é o número que resulta da diferença entre a
indicação de um sistema de medição e o valor
verdadeiro do mensurando.
 Incerteza de medição:
o é o parâmetro, associado ao resultado de uma
medição, que caracteriza a faixa dos valores que
podem fundamentadamente ser atribuídos ao
mensurando. Representa a dúvida presente.
3.8 Fontes de Erros

Prof. Mauro Eduardo Benedet


Fontes de Erros

fatores externos
operador

sistema de medição
sinal de
medição indicação
fatores
internos
retroação retroação

mensurando
fatores externos
Erros Provocados por Fatores Internos

o Imperfeições dos componentes e


conjuntos (mecânicos, elétricos etc).
o Não idealidades dos princípios físicos.

alongamento

força
região linear região não linear
Erros Provocados por Fatores Externos

 Condições ambientais
o temperatura
o pressão atmosférica
o umidade
 Tensão e frequência da rede elétrica
 Contaminações
Erros provocados por retroação

o A presença do sistema de medição


modifica o mensurando.

65 °C

20 °C

70 °C 65 °C
Erros provocados pelo operador

o Habilidade
o Acuidade visual
o Técnica de medição
o Cuidados em geral
o Força de medição
Dilatação Térmica

o Propriedade dos materiais modificarem suas


dimensões em função da variação da
temperatura.

T

b b' b = b' - b
c = c' - c
c
c' b =  . T . b
c =  . T . c
Temperatura de Referência

 Por convenção, 20 °C é a temperatura de


referência para a metrologia dimensional.
 Os desenhos e especificações sempre se
referem às características que as peças
apresentariam a 20 °C.
Dilatação Térmica
distintos coeficientes de expansão térmica

I = 40,0
I = 44,0 SM < P
I = 38,0

20°C 40°C 10°C


Dilatação Térmica
mesmos coeficientes de expansão térmica

I = 40,0 I = 40,0 SM = P


I = 40,0

20°C 40°C 10°C


Dilatação Térmica
Ce

Sabendo que a 20C


Ci = Ce
α=α

Qual a resposta certa


Ci a 40C?

(a) Ci < Ce
(b) Ci = Ce

(c) Ci > Ce

(d) NRA
Dilatação Térmica

(a) Ci < Ce
(b) Ci = Ce

(c) Ci > Ce

(d) NRA
Micrômetro
Correção devido à dilatação térmica

Sistema de Medição Peça Medida


Correção devido à temperatura
Material Temper. Material Temper.

A 20°C A 20°C C=0

A TSM ≠ 20°C A TSM = TP C = 0

A TSM A TSM ≠ TP C = A . L . (TSM - TP)

A 20°C B 20°C C=0

A TSM ≠ 20°C B TSM = TP C = (A - B). (TSM - 20°C) . L

A TSM B TSM ≠ TP C = [A . (TSM - 20°C) - B . (TP - 20°C)] . L


Problema

O diâmetro de um eixo de alumínio foi medido por um micrômetro em um ambiente


com temperatura de 32 °C. Foi encontrada a indicação de 21,427 mm. Determine a
correção a ser aplicada no valor do diâmetro do eixo para compensar o efeito da
temperatura. Qual o valor da indicação corrigida?

aço = 11,5 . 10-6


Al = 23,0 . 10-6

C = (aço - alumínio) . (Tp – 20 °C) . L


C = -0,00296 mm

Ic = I + C
Ic = 21,424 mm
Problema
Para avaliar os erros de um termômetro de bulbo, este foi mergulhado em uma mistura
de água destilada e gelo em constante agitação. Devido ao grau de pureza da água
destilada e à homogeneidade da mistura, é possível assegurar que a temperatura da
mistura é de (0,000 ± 0,001) °C. Cinco minutos foram aguardados após a inserção do
termômetro na mistura antes da leitura da temperatura ser efetuada. Dez medições
foram realizadas, conforme tabela abaixo. Para este termômetro, determine:

a) A tendência e a correção para medir temperaturas próximas ao zero graus Celsius.

b) As respectivas indicações corrigidas.

c) A incerteza padrão e a repetibilidade.

d) Represente graficamente as indicações obtidas, a tendência e a faixa correspondente


à repetibilidade.

-0,10 °C -0,10 °C -0,10 °C -0,05 °C -0,10 °C


-0,05 °C -0,15 °C -0,15 °C -0,10 °C -0,15 °C
Problema
A figura abaixo esquematiza uma curva de erros de um voltímetro digital. Para essa curva de
erros, determine:

a) A tendência e a correção a ser aplicada quando a indicação é de 1,00 V.

b) A tendência e a correção a ser aplicada quando a indicação é de 1,50 V.

c) A repetibilidade deste voltímetro quando a indicação é 1,50 V.

d) O valor do erro máximo desse voltímetro.

Erro [mV]
20
15
10

-5 2,00 Indicação [V]


-10
1,00
-15

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