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ol Cee eed ~RENASCER INSTITUTO TEOLOGICO www.institutorenascer.com CURSO DE TEOLOGIA INSTITUTO TEOLOGICO Conceito Geral Muitas vezes, os pessoas se perguniam por que exisiem. Para qué fomos criados? A Biblia nos mostra que exislimos para o louvor e gléria de Deus. Sendo este um faio espiritual, 6 natural concluirmos que © culto esti vinculado @ nossa natureza. Nascemos com um “instinto culiual”. Tal afirmativa & endossada pelos historiadores, antropdlogos e arquedlogos. Em todas as civilizacées de todos os tempos, encontra-se presente 0 fenémeno chamado “culo”. O culto é a expresso da fé. E 0 tributo de honra, louvor e servigo dquele que se venera. Quem é “aquele"? Bem... Nesse ponto as civilizagées ndo se entendem. Os alvos do cuto humane tm sido os mais diversos possiveis. Hé quem adore o sol, a lua, as esirelas, os ios, os animais. Outros veneram o seu semelhante, vivo ou morto, ou imagens de sua propria criagéo. Mais longe vao os que espiritvalizam o culio: adoram espititos que sao identilicades por centenas ov milhares de nomes. Em muitos povos foi consiatada também a adoragéo a um “ser supremo", criador de todas as coisas. Provavelmente, fais pessoas tiveram algum tipo de experiéncia espiritual genuina. Eniretanto, & através do povo de Israel que © criador se apresentou & humanidade. Jesus disse: “Vés adorais 0 que no sabeis. Nés adoramos © que sabemos, porque a salvagéo vem dos udeus”. (Jodo 4:22). Aleluia! Ai esta aquele que deve ser o alvo de cuto de todo ser humane: © Deus de Abratio, de Isaque e de Jacé. Os judeus so 0 nosso ponto de referéncia religiosa na histéria. Portanto, convém que nos dediquemos a conhecer aspectos do sev culto que nos serdo de grande utilidade no entendimento de nossas praticas atuais Enquanto muitos se perdem em cultos vétos, adorando ao que no se deve, a Biblia nos mostra que Deus esta a procura de verdadeiros adoradores. Antes de buscar pregadores, iniercessores, evangelistas, etc, O Senhor procura pessoas que se dediquem a cultudelo. © aalio a Deus esié fundamentado no conhecimento que se tem dele. Na medida em que 0 conhecemos, 0 adoramos. © verdadeiro culto 6 um relacionamento purificador Iransformador com o Pei, 0 Filho e © Espirito Santo, Que © Senhor nos ajude a enconirar as diretrizes do culo que © agrada. Esta questéo ¢ a principal. Normalmente, tamos o hdbito de fazer avaliagdes dos cultos em que participamos. Depois dizemos : "Nao gostei do culto hoje”, ou , “fiquei muito satisfeito com 0 culto”. Falamos como se 0 culto fosse dirigido a nés. Deus nos livre de usurparmos a gléria que Ihe 6 devida. Que ele nos abencoe e que possamos ser encontrados como aqueles que adoram ao Pai em espitito e em verdade, AESSENCIA DO CULTO BIBLICO Haveré, em meio as miltiplas maneiras de culiuar, um sine qua non na adoracéo, um elemento que seja imprescindivel? Cremos firmemente que hd. Jesus reafirmou & Moisés, no Antigo Testamento, deixou claro: o primeiro mandamento exige um amor a Deus, sem limites (Di.6:4,5). Séculos depois que Deuieronémio foi escrito, "Qual é 0 grande mandamenio da ei?” Respondeu o Mestre: “Amaras 0 Senhor teu Deus de todo o teu coragio, de toda a tua alma e de todo 0 teu entendimento"(Mi. 22:36-37). um intérprete da lei levaniou esia pergunta para Jesu —&. Curso de Tealogia | MEDIO RENASCER No texto original de Deuteronémio, encontramos a palavra “forga” em lugar de “enlendimento”. O texto de Marcos (12:30) transcreve ambos, “entendimento” e “forca", 1a resposta de Jesus. O crsiéo, cuja mente e coragéo esto vollades para o Criador e Pai Elemo, percebe nesias palavras de Jesus um verdadeiro desatio, pois nelas estéo a raiz, © tronce e 0 fruto da adoragao. ‘Sem 0 incentive do amor por Deus, 0 culto néo passa de palha, pura “casca”, isento de qualquer valor. Pode até se tornar em culio a Satands. Uma adoragdo que se realiza sem © objetivo de expressar e aumentar nosso amor por aquele “de quem, @ por meio de quem € para quem, sto todas as coisas” (Rm.1 1:36), falha completamente. Deixa de ser culto a Deus, pois carece da esséncia, que & © amor Ora, quando se trata de amor por pessoas amigas ov entes queridos da familia, nao encontramos dificuldades em atender sentido de amar. Mas, como se hé de amar Deus, 12. quem “ninguém jamais viv"? (Jo.1:18) Como havemos de colocar o Senhor no centro de nossas ambicdes? Ou, como nutriremos a amizade que venhamos a oferecer a Deus, sendo 1nés pecadores, enquanto Ele é Espirito infinito © mora em luz inacessivel? Como faremos de Devs 0 “Senhor absoluto” de nossa existéncia? Os cristéos, reunidos em adoracao a Deus, devem ter este objetivo como prioritario. © culto verdadeiro requer amor de todo © coragéo Parachebreu, ocoractio, no sentido metaférico, representava ocentro davida intelectual © espiritual. Associando-se de perto com a alma, © leitor original de Deuterondmio teria pensado em seus sentimentos, suas avaliacées, sua vontade, todos emanando do coragdo. Esta realidade pessoal emite emogées tais como alegria, pesar, tranqiilidade e ansiedade. Igualmente alcanga as dreas inielectuais fais como compreensao e conhecimento, e exerce © poder de raciocinar ov lembrar, Diriamos, enfim, que coragéio e alma representam o homem interior como um todo. Em seu coracéo © homem é responsavel diante de Deus, em todos os seus aos e palavras. Somente um coragéo inclinade para Deus é capaz de adoré-lo, agradé-lo e amé-lo. Tanto no Antigo Testamento como no Novo Tastamento, 0 amor que hd no coracéo 6 0 alo da busca de Deus. Ele se dirige ao coragio porque ali esté a sede do amor. Prof. Bruce Walike, do Regent College, no Canada, lembra-nos que antes de o Senhor mandar seu povo buscé-lo unicamente no lugar onde Ele estabelaceria sou nome (Dt.12), Deus, fem seis capitulos antecedentes (Dt. 6-11), exorta os israelitas a darem-se a si mesmos inteiramente ao Senhor. “Circuncidai, pois, 0 vosso coragao” (Dt. 10:16). Pois é no coragéo que 0 Todo-poderoso toca, ao fazer contato conosco, "... aquela parte do homem ... onde, em primeira instdncia, se decide a questo pré ou contra Deus” (Gutbrod). Por ser o coracéio essencialmente espiritual, mantendo o que resta da imagem de Deus no homem caido, é possivel amar équele que nao tem como fisico @ nem existe ao alcance dos nossos cinco sentidos? Evidentemente, para amarmos a Deus, precisamos crer que Ele se revelov através de palavras por Ele inspiradas (II Tim. 3:16), ¢ uma vez recebidas pelos profetas, homens por Ele escolhidos, estes fizeram seus devidos registros. Contudo, sua ravelacéo ndo se limita & transmissdo de conceitos comunicdveis por linguagem humana. Inclui atos que claramente evidenciam seu amor e paciéncia para com seres que tém BL RENASCER Curso de Teologi | MEDIO negligenciado e ignorado as evidéncias do seu profundo interesse por eles. Inclui convicgaio criada por Deus no coracéo que ele decide abrir (At.16:14), para fazer brilhar a luz de sua personalidade (lI Cor. 4:4,6). Resulta no reconhecimento do testemunho do Espirito Santo de Deus “com 0 nosso espirito que somos filhos de Deus” (Rm.8:16) Enquanio Deus revela a si mesmo no infimo do coragio pela Palavra lida e recebida, pelo reconhecimento de sua ado no mundo e pela comunicagtio pessoal do Espirito residente, nés devemos responder em adoragdo 4 ele que declara e aprofunda nosso amor. Uma moga presa numa casa em chamas foi resgatada por um jovem bombeiro que pos sua propria vida em risco para retird-la do incéndio. Ela sentiu profunda responsabilidade de agradecer-Ihe o ato sacrificial. Pouces dias depois, a jovem, que foi resgatada, procurau © bombeiro para externar sua gratidéo. Eles conversaram, passearam, e, finalmente, acabaram se casando. Ela, que devia a vida ao jovem bombeiro, passou a namorté-lo ©, lentamente, um mero sentimento de gratido transformou-se num amor profunde. Pagou uma divida de vida com a oferta permanente do seu amore mostrou sua alegria em conviver com aquele que arriscou sua vida para Ihe resgater. Assim Deus procura uma comunhéio por meio da experiéncia verdadeira com cada pessoa que experimentou passar da morle para a vida (Jo.5:24), pelo sacrificio de Jesus Cristo. O novo adorader comeca com um sentimento de obrigagao de servir a Deus no culto; vai aprendendo a amé-lo e progride até que todo o seu coragéio se concentre na boleza da pessoa do Senhor: “Eis que Deus é @ minha salvacéo; confiarei @ néo temerei, porque o Senhor Deus é a minha forga e o meu cantico... vés com alegria tirareis agua das fontes da salvagio" (Is.12:2,3). Davi, no deserto de Juda, disse: “O Deus, tu és meu Deus forte, eu te busco ansiosamente; a minha alma tom sede de ti" (SI. 63:1). Desse modo se expressaram os que, na Antiga alianga, amavam a Deus. E natural, para quem experimentou a "grace melhor do que a vida’ (S|. 63:3), descobrir um eco semelhante no seu coragéio. Agostinho afirmou, acertadamente, nas linhas bem conhecidas que deixou para a posteridade: “O homem mantém-se agitado até encontrar seu descanso em Deus". (© evangelho € deveras uma posigio doutrindria, mas antes € um reélacionamento do liso com Deus. “Se alguém me ama, guardaré a minha palavra; @ meu Poi o amard, € viremos para ele e faremos nele moradat’ (Jo. 14:23). “E nds o amamos poraue ele nos amou primeio”(1o.4:19). Porque na realidade, “cada individvo dé seu coragio aquilo que considera de méxima imporiéincia, ¢ esta lealdade determina a ditegio e o conteddo da sua vida’. O general William Booth, fundader do Exército da Salvage, foi indagado acerea do segredo do seu sucesso, Hesitou um instante e, com os olhos cheios de lagrimas, respondeu: “Cu compartiharei o segredo. Deus tem se apoderado de tudo que ha em mim. Podem ler havido homens com maiores oportunidades, mas desde o dia em que os pobres de Londres dominaram meu coragéio e ganhei uma viséo daquilo que Jesus Crisio podia fazer, determinei que Deus teria tudo do que houvesse em William Booth. Se ha algum poder no Exército da Salvagio, hoje, é porque Deus fem recebido toda a adoragtio do meu coragiio, todo o poder da minha vontade e toda a influéncia da minha vida. Coneluimos que Deus nos quer como seus verdadeiros adoradores, por nos amar profundamenie ( | Jo. 4:8/16) . Seu mandamento singular requer que nés o amemos de —&. Cure de Toalogie | MEDIO RENASCER todo 0 coragéio e alma. Participar em todo e qualquer culo requer primeiramente uma melhor aproximagée dele em amor. Assim, a adoracdo da Igreja cumpriré seu objetivo s © lowvor focalizar sua dignidade, a beleza da sua pessoa e a perfeicéo do seu cordter. Deve, ainda, convidar todo homem a altibuir gléria ao Pai marevilhoso (SI. 46:10); A conlissio do pecado que cometemos extemar o reconhecimento da nossa indignidade e declarar nosso arrependimento pela rebeliéo contra a expressa vontade de Deus. Também, néo deixa de ser um estimulo forte de amor, confiar no seu imediato & imerecido perdéo (I Jo.1:9); Nossa oracdo procura assimilar seus pensamentos; expressar peticées de acordo com seus conhacidos desejos. ‘Amor genuino funde os desejos dos que buscam Reino e a voniade tnica de Deus; ‘A mensagem, ouvido ou lida, suscitar pensamentos de gratiddo @ encorajamento. Serdo veiculos de transformagéo de inimigos em amigos que a ele buscardo agradar (J0.15:14,15); ‘A misica attai o coragie para a beleza de Deus revelada na criagéo, na redengao & na regeneragio, refletindo assim a harmonia do universo, por ele criado, Enfim, quando adoramos, sé devemos ficar satisfeitos se expressarmos 0 verdadeiro amor ov se nosso culto revelar toda a preciosidade do Senhor, infundindo-a nos participantes. Certamente, reconhecemos que nunca alcangaremos um amor perfeito por Deus, & aura do amor que ele tem por nés, seus filhos. Se, como a Pedro, ele nos perguntasse “Amas-me mais do que esles?* (Jo.21:15), estariamos prontos a responder-Ihe: “Sim, Senhor, tu sabes que fe amo”, mesmo sabendo que 0 vocdbulo da pergunia de Jesus seja agapas ( amor sacrificial decidido), em conirasie com a resposia philos (amor de amizade e feito). Amames, mas ndo podemos confiar muito em nosso amor, nem nos orgulhar por declaracées pettinas. Hé o risco de uma lealdade false. © CULTO NO VELHO TESTAMENTO A lei judaica determinava que os israelitas servissem a Deus na vida de cada dia, observando os preceitos e as insirugées; ou enidio, mediante 0 culto celebrado em lugar sagrado e em hora regulamentada. Esta segunda forma, na Biblia e em muitos idiomas, 6 denominada “servico divino”. Néo apenas uma instituigéo humana, mas antes uma expressio institucional do relacionamento reciproco entre Deus ¢ o homem. Tanto do lado de Deus como do homem opera-se um agir e um falar. O lugar especial e © tempo certo separam o culto do dia a dia, bem como a presenca do sacerdote como intermediério. © servigo divine assim concebido foi introduzide como fruto maduro da teofania sinaitica; ao pé do monte sagrado, © grupo, transtuga do Egito ¢ em caminho pelo deserto, experimentava pela primeita ver a sacralidade de um lugar a par com a palavia de Javé precedente da aparigéo de Deus, funcionando Moisés como medianeiro (Ex.19). BL RENASCER Curso de Teologi | MEDIO © CULTO PRE-MOSAICO © eulto & patriménio comum do género humano. Em Génesis 1 a 11 encontramos por duas vezes uma acéo litirgica: os sactificios de Caim e Abel, e a oferta de Noé depois do dildvio. Conclui-se dat com direito ser © culto fendmeno essencialmente humano de acorde também com as pesquisas da Histéria das Religides. Os sactificios descritos em Génesis 1 a 11 representam dois tipos diferentes quanto 4 sua motivagéio. Caim e Abel oferecoram as primicias da lavoura @ do rebanho, em acéio de gracas e para impetrar a béngdo para o futuro. Jd 0 sacrificio de Noé teve como fundo a salvacdo de perigo mortal Os sobreviventes recomegam sua vide olhando para o Salvador a quem pertence a vida recém doada. Ambos 0s motives conservam sou valor até os tempos atuais. Honra-se ainda fanto o Deus benfeitor como © Deus redentor, no ritmo das solenidades anuais , par com as agées cultuais motivades por ocasiées peculiares. Os patriarcas celebraram © seu cullo no seio da familia némade, em lugares improvisados, no alto de um monte, debaixo de uma drvore frondosa, junto a fonte de gua. Alude-se apenas a um santuétio a ser fundado fuluramente (Gn.28), marcando entéio a transigio para outra forma de vida: Na inexisténcia de tempos sagrados festejavam-se certas ocosiées importantes, como «a mudanga das pastagens (antecipagées da pascoa), o nascimento de filhes, imposigao do nome & crianga. O pai funcionava come intermedidrio, ele ou a mae recebiam as palavras orientadoras e promissoras de Deus; 0 pai administrava a béngdo. O saerificio é motivado por objetivo foriuito, ndo por institvigo regulamentada. A prece, igualmente, nasce da sitvagio concreta (Gn.12:15,32) © CULTO E O TEMPO - © SABADO E AS FESTAS A adoragio, quando expressa em ritual, exige tempo. Sob o antigo pacto, Deus fez provistio para perfodos de tempo didrios, semanais, anuais e mesmo de geragées, para o cumprimento da obrigagéo de culto em Israel, O sacrificio diario, o descanso do sabado ov do sétimo dia, 0s primeiros dias do més e as cinco festas anucis do perfodo pré-exilico foram divinamente determinados. “Tempos designados” (Num. 29:39) eram considerados centrais na expresso da adoragéo a Deus em Israel, porque evenios passados, nos quais Deus agira, nunca deveriam ser esquecidos. (© sdbado, dia semanal de descanso ¢ adoragao é um exemplo fundamental do tempo consagrado a Deus. Embora alguém tenha se referido ao sdbado como uma criagéo singular do génio religioso hebraico e uma das contribuigdes hebraicas mais valiosas & civilizagéo da humanidade, @ Biblia simplesmente aitibui a santidade do sétimo dia a lei de Deus. Ele foi fundamentado no descanso de Deus apés a criagio (Gn.1:1-2,3). © quarto mandamento impée rigidamente a sua observéncia. Ele foi tanto abengoado como santificado por Deus {€«.20:11). Sendo uma pate integral do pact, Istael aceiiou a observéncia do sébado como um sinal exigido de submisséio nacional a Deus (&4.31:13). Em resumo, esia festa semanal {oi insfiuida para lembrar ao homem a sua responsabilidade de adorar a Deus em tempos © lugares determinados, bem como para proporcionar ao corpo fisico o descanso necesséiio. Apesar da cessagéo de toda ob1a, os sacerdotes conlinuavam 0 seu servigo (Lv.24:8); —&. Cure de Toalogie | MEDIO RENASCER «@ dircuncisio era executada; © sébado, embora sendo apenas uma observancia semanal, fo incluido nas “fesias fixas do Senhor" (Lv.23:1-3), “uma convocagao santa", néio devendo ser profanada. Quer visitando um profeta, quer patticipando da adoragéo no templo, 08 hebreus encarregados de tal servico 0 consideravam coincidente com « santidade do sdbado. Isaias desatiou os seus leitores a se desviarem dos seus proprios prazeres @ “se deleitarem no Senhor” (58:13). Muitos outros textos poderiam ser citados para mostrar qual significado o dia deveria ter para os israelitas (Sal.92). Durante © apés © exilio, « proeminéncia do sébado aumentou. © surgimento da sinagoga aumentou ainda mais a centralidade da adoragéio no sébado (Le.4:16) Por ocasido das festas anuais, em Israel e em muitas outras religides, as familias visitavam o templo. Os vérios elencos das festas, com ligeiras modificagées, sd0 08 seguintes: £x.23:14-19, 34:1 8-26. Originariamente festas cananéias, os israelitas as assumiram depois da sua imigracéo para Canad. De acorde com o ritmo anual celebravam-se as béngéos divinas da sementeira e da colheita. Somente a festa da Pascoa regride até a época do nomadismo, refletindo as mudangas periddicas das pastagens, embora recebendo novo contetido no tempo da saida do Egito (fx.12). AAs festas agricolas de Canad recaberam uma dose de historicidade em combinacéo com os eventos ocorridos entre Javé e o povo. E foi esta reinterpretagtio que preservou as solenidades de sua total paganizagéo, posto que também em Israel permanecessem ligadas & lavoura. © caso mais elogtiente de um historicizagio 6 a festa da Pascoa que se transformou em meméria das origens de Israel. A péscoa lembra ainda ouira evolugao significativa do culto divino em Israel, Na sua qualidade de festa pastor, ela foi celebrada na injimidade da familia; crescendo, porém, a importéncia do templo em Jerusalém, todos os festeios foram transferidos para la, enlre eles também a péscoa, Desiruido o templo, ou talvez jd um pouso anies, a celebragéio desta festa voltou para « familia, Vé-se dai que as festas nao dependiam exclusivamente do santudirio. Outra faceia da evolugéo era a coincidéncia direta com 0 objetivo agricola, como, por exemplo, a vindima. Tempos depois, sua data passou a depender de calendario fixo e nem sempre simuliéineo com 0 seu objetivo. LUGAR SAGRADO - O TEMPLO Na adoragéo do antigo Israel, 0 espago sagrado era compardvel em importéncia, 0s tempos divinamente designados. Deus escolheu locais especiais para se revelar no decorrer da histéria vétero-testamentdria. Especialmente apés 0 éxodo e a institvigéo da lei, 0 levantamento do tabernéculo significava localizar a gléria de Deus no Lugar Santo. Deus proibiu Israel de erigir altares sacrificiais em qualquer lugar onde seu nome residisse (Dt.12:5) Nos recessos inacessiveis do Santo dos Santos, aquele aposento santo, respeitavel primeiramente no tabeméculo e depois no templo onde Deus “residia”, ficavam © propiciatério © a arca que continha as tébuas da sua lei. Ali, o sangue da expiactio pelos pecados da nagdo era aspergido, no mais solene rito anual de adoraciio (Lv.16). A adoragio € 6 protocalo pelo qual se pode entrar na presenca divina. Q Santo dos Santos representa o monte Sinai, onde Deus se encontrou com Moisés, BL RENASCER Curso de Teologi | MEDIO dando-Ihe sua palavra e mostrando-lhe a sua gloria. Assim, o tabernéculo e , posteriormente, © femplo se tornaram extensées histéricas daquele enconiro, 0 modelo de adoracéo para 0 povo eleito. © templo era o Unico local de sacrificios, consagragées ¢ entrega de dizimos agradéveis « Deus. Jesus mostrou grande respeito pelo templo, purificando-o para realgar sua sanfidade. Contudo, apesar da identificacéo do templo com a “casa do Pai”, assim mesmo ele foi destinado & destrvigao. Jesus declarou que um templo “néo feito por méos” estava destinado a tomar o lugar da temivel grandiosidade da arquitetura herodiana (Mc.14:58). © término do tomplo acorreria na associacéio da sua morte com @ invaséo romana. A ressurteigao do corpo de Jesus, entio , criaria um templo de uma ordem distinta para o substitir, um conceito compreensivel aos discipulos depois da ressurreicéo apenas com a ajuda do Espirito Santo. O cardter sagrado do temple néo era absolute, isto 6, néo se impunha a separactio do ambiente considerado “profano", fora do lugar santo; ele era antes funcional, na sua avolidade de fonte de béncéos para 0 pais, retribuindo o pats estas béngdios em forma de ofertas para o culto do templo. A santidade do templo teve a sua concretizacéio quando os habitantes do pais a ele se dirigiram, retornando as suas casas repletos do que Ia haviam recebido. Este vaivém das casas para o templo e do templo pare as casas perfaz um elemento essencial do culto e da sacralidade. Nas procissées e nas peregrinacées, igualmente, revelava-se a consciéncia da santidade funcional da casa de Deus. J4 no templo concebido por Ezequiel, 0 caréter sacral é diferente: a gléria de Javé abandonara a sua habitagao no meio do povo, juntamente com a ameaga do juizo definitivo e voltaria somente para residit num tomplo restaurado © com os ministérios purificados. © SACRIFICIO Considerando que o homem é pecador, ele precisa de um sactificio propiciatério. para remover qualquer ofensa que o separe de Deus, de modo que possa ter comunhao com seu Criador. Como “Moisés... se interpés, impedindo que sua célera os desiruisse" (Gal.106:23}; assim 0 sacerdote eo pecador sob a égide do Antigo Pacto se uniam para oferecerem a Deus uma vitima sacrificial em propiciagtio. Seguindo as ordens divinas, os pecadores gozavam da béngdo de pecados coberios (Sal.32:1) ou apagades (Is.43:25) H4, contudo, uma verdade bésica a ser lembrada. “Deus néo é influenciado por meio de sactticio sacerdotal... E realmente o proprio Deus quem realiza o ato de perdioe expiagio, mas 0 culto sacerdotal ¢ designado como resposta ao seu alo e como festemunho da purificagdo do pecador. Quatro tipos distintos de sacrificio eram prescritos 1 - A oferta queimada, significando literalmente “aquilo que ascende” Lv.1:6,8-13). Ela produsia um “sabor de safislacéio” de medo que do altar, no tribunal da casa de Deus, um fogo perpéiuo e o sacrificio pudessem, duas vezes por dia, “simbolizar a resposia do homem & promessa de Deus. Apenas o melhor animal, um macho sem méicula, podia ser oferecido, o que sugere a maxima davogéo. A imposicdio de maos retratava a idenfificacéio completa. 2- Aoferta de manjares era literalmente chamada uma “dédiva”. Oferecida junto com a oferta queimada e a oferta pacifica, ela exigia “o sal da alianca do teu Deus” (2:13) A “porcéio memorial”, queimada com incenso ao Senhor, tinha como objetivo trazer a —O Cure de Toalogie | MEDIO RENASCER alianca & lembranca de Deus. © simbolismo sugeria que Deus era © convidade de honra 3 - A oferta pacifica (Lv.3:7,1 1-14). Seguindo um ritual preparatério idéntico aquele de quem apreseniov « oferta queimada, o ofertante comia o sactificio com alegria diante do Senhor. Ndo era permitido que a festa resultante durasse mais que um dia, para garantir que um némero de amigos fosse incluido. Ela expressava a plenitude e o bem-estar denotados pola paz de Deus, compartilhada com sacerdotes © amigos. 4 - As ofertas pelo pecado e pela culpa (Lv.4:1-6,7). Distintas das trés festas anteriores que eram voluntarias, estas eram exigidas quando um pecador quebrava a lei de Deus ¢ finha 0 seu relacionamento interrompido com 0 Criador. Nem a congregagéo nem 6 Sumo sacerdote estavam sem pecado; consequentemenie, eles precisavam de sangue para ser aspergido diante do véu e aplicade aos dois altares. Uma vez por ano o sangve expiatério finha de ser levado para dentro do véu. Os objetives desse sacrificio eram a restauragio da comunhéo e 0 acesso & presenca de Deus. © CULTO CRISTAO NA IGREJA PRIMITIVA © que sabemos do culto crisiéo nos dé uma idéia do modo como aqueles cristéios do primeiro século percebiam e experimentavam sua fé, Com efeito, quando estudamos modo como a lgreja antiga adorava, nés nos apercebemos do impacto que sua {é deve ter tido para as massas despojadas que constituiam a maioria dos figis. Desde o principio, a Igraja cris costumava se reunir no primeiro dia da semana para “partir 0 pao". A razéo pela qual o culto tinha lugar no primeiro dia da semana era que nesse dia se comemorava a ressurreigiio do Senhor. Logo, o propésito principal do culto no era chamar os fidis & peniténcia, nem fazé-los sentir o paso de seus pecados, mas celebrar a ressvrreigao do Senhor e as promessas das quais essa ressurreigio era a garantia. E por isso que o livro de Atos descreve aqueles cultos dizendo que “partindo péio nas casas comiam juntos com alegria e singaleza de coracéo” (Atos 2:46) . A atencGo rnaqveles cultos de comunhdo néo se ceniralizava tanto nos acontecimentos de Sexta-feira santa como nos do domingo de ressurreigio. Uma nova realidade havia amanhecido, e os cristéos reuniam-se para celebré-la e fazerem-se participantes dela. A partir de entéio e através de quase toda a historia da igreja, a comunhdo tem sido © centro do culto cristo. E somente em época relafivamente recente que algumas igrajas estabeleceram a pratica de se reunir para adorar aos domingos sem celebrar a comunhao. Além dos indicios que nos oferece o Novo Testament e que sido de todos conhecides, sabemos acerca do modo em que 0s antigos crisidos celebravam a ceia do Senhor gragas «a. uma série de documentos que perduraram até nossos dias. Mesmo que no possamos enirar em detalhes acerca de cada um desies documentos, e das diferencas entre eles, podemos assinalar algumas das caracieristicas comuns, que parecem ter formado parte de todas as celebragies da comunhéo. A primeira delas, 2 que [4 nos aludimos anteriormente, 6 que a ceia do Senhor era uma celebragéo. © tom caracteristico do culto era 0 gozo e a gratidéo, ¢ néo a dor ou a compungio. Ne principio, a comunhdo era celebrada em meio de uma refeicdo. Cada qual trazia © que podia, ¢ depois da comida em comum, celebravam oragées sobre 0 pao e BL Ba RENASCER Curso de Teclogie | MEDIO © vinho. Jé em principios do século segundo, entretanto, e possivelmente devido, em parte, dis perseguigdes e ds calGnias que circulavam acerca das “festas de amor” dos cristios, comegou a se celebrar a comunhéo sem a releigéo em comum. Mas sempre se manteve 0 espirito de celebragéo dos primeiros anos. Pelo menos a partir do século segundo, o culto de comunhéo constava de duas partes No primeira liom e comentavam as Escrituras, faziam oracées e cantavam hinos. A segunda parte do culto comecava geralmente com 0 ésculo da paz. Logo alguém frazia 0 pao e 0 vinho para frente @ os apresentava a quem presidia, Em seguida, o presidente pronunciava uma oracéo sobre © pao € o vinho, na qual se recordavam os atos salvficos de Deus e se invocava a ace do Espirito Santo sobre 0 pao eo vinho. Depois se partia o pao, os presenies comungavam, e se despediam com a bengGo. Naturalmente, a esses elementos comuns acrescentavam-se muitos outros em diversos lugares e circunsténcias. Outra caracteristica comum do culto nesta época é que sé podia participar dela quam tivesse sido batizado. Os que vinham de outras congregacées podiam particinar livemente, sempre @ quando estivessem batizados. Em alguns casos, era permitido aos convertidos que ainda néo tinham recebido o batismo assistir & primeira parte do culto - isto é, as letturas biblicas, as homilias e as oragdes - mas tinham que se retirar antes da celebragdo da ceia do Senhor propriamente dita Outro dos costumes que aparece desde muito cedo era celebrar a ceia do Senhor nos lugares onde estavam sepultados os fidis j4 falecidos. Esta era a funcdo das catacumbas. Alguns autores dramatizaram a “Igreja das catacumbas”, dando a entender que estas eram lugares secretos em que os crislios se reuniam para celebrar seus cultos escondidos das autoridades. Isto é um exagero. Na realidade as catacumbas eram cemitérios e sua existéncia era conhecida pelas avioridades, pois néo eram s6 os criss que finham iais cemitérios sublerrdneos. Mesmo que em algumas ocasiées os cristdos tenham uliizado algumas das calacumbas para se esconder dos seus perseguidores, a razdio pela qual se reuniam nelas era que ali estavam enterrados os herdis da f6. OS BATISMOS Segundo ja foi dito anteriormente, 86 quem hovia sido batizado podia estar presente durante a comunhao. No livro de Atos, vemos que td logo alguém se convertia era batizado. Isto era possivel na primitiva comunidade cristéio, onde a maioria dos conversos vinha do judoismo, e tinha, portanto, certo preparo para compreender o alcance do Evangelho. Mas conforme a Igreja foi induindo mais gentios tornou-se cada vez mais necessdrio um periodo de preparo e de prova antes da ministragao do batismo. Este periodo recebe o nome de “catecumenato", e no principio do século terceiro durava uns trés anos. Durante este tempo, © calectimeno recebia insirugio acerca da doutrina cist, e traiava de dar mostras em sua vida didria de firmeza de sua fé. Por fim, pouco tempo antes do seu balismo, era examinado - as vezes em companhia de seus padrinhos - e eram admitidos na classe dos que estavam pronios para serem batizados. Em geral, 0 batismo era ministrado uma vez ao ano, no domingo da ressurreiciio, ainda que logo e por diversas razées se comecau a ser ministrado em outras ocasiées.. —O Curso de Tealogia | MEDIO RENASCER ‘A PRATICA DA ADORACAO. Deus mandou que seu povo, sob a Antiga Alianga, cumprisse ao pé da letra todas as suas instrucdes a respeito da adoragéo. Ele adverliu Moisés sobre a construgao do Tabernéculo. Tinha de ser * segundo a tudo © que eu te mostrar para modelo de todos os seus méveis, assim mesmo o fareis” (Ex.25:9). Os detalhes que Deus comunicou ao chefe da nagio foram dados para que © povo nao se desviasse em nenhum ponto da vantade estipulada por Deus. © temor de Deus arraigado no coragéo do piedoso israelita, néo permitia que ele desobedecesse conscientemente qualquer regrinha que regulamentava ritual dos cultos (Dt.6: 1,2). Foi Deus quem planejou a participagdo dos sacerdotes e levitas no culto que Ele mandou que oferacessem (Nm. 8:1 | Cr. 9:33 23:5 Il Cr. 29:25) Apés a leitura do Antigo Testamento, estranhamos 0 fato de néo descobrirmos no Novo Testamento regras explicitas para nos informar que tipo de culto Deus quer. Numerosas pesquisas, feilas com o intuilo de descobrir as diretrizes que devem reger a forma de adoragio realmente neotesiamentiia, criam pouca convicgéo além daquela formada na cabeca do estudioso. Ele descobre, geralmente, 0 que procura. Tudo isto poderia nos levar @ desvalorizar a pratica nos cultos da lgreja primiliva. Mesmo assim, cremos que é vilido examinar as indicagées sobre as formas de adoragdo nos escritos dos apéstolos. ‘Apés 0 derramamento do Espirito Santo no dia de Pentecoste, a Igreja de Jerusalém * perseverava na douirina dos apéstolos e na comunhdo, no partir do pao e nas oragées" (Ai.2:42). Este verso nos traz um breve esbogo dos componentes do culto primitive. As praticas sob @ tulela dos apéstolos fornecem-nos um fundamento geral, mas seguro. Adorago, para manter 0 padrée apostélico, deve se aprimorar no ensino, comunhéo, celebragio da ceia e oragio. A DOUTRINA DOS APOSTOLOS Adoragio e doutrina apdiam-se mutuamente, porque um culto oferecido na ignordincia evapora (Jo.4:22 At.17:23), carece de substéncia e de verdade. Doutrina nao significa apenas granjear informagio. Néo foi uma aula biblica académica que os apéstolos ministraram , mas ensinamentos junto com apelos aos discipulos para que acatassem as diretrizes do Senhor. Quando Igrejas do século XX déio uma énfase exagerada a transmissGo da informagéo @ no & sua expresséo, elas promovem deprosséio espiritual. Jesus convocou os seus discipulos a “discipularem todas as nagées” (Mi. 28:19). 0 primeiro passo foi o batismo que representava um compromisso publico, total, com Deus Pai Deus Filho e Deus Espirito. Em seguida, Jesus ordenou aos apdstolos que ensinassem aos fuluros discipulos da segunda geragéo a “ quardar todas as coisas” que Ele ensinara a seus seguidores. Esses ensinos foram exemplos préticos em torno de uma nova compreenséo do relacionamento com Deus. Dentro do culto primitive, 05 novos discipulos recebiam a orientagio sobre a vida consagrada, que glorifica o Deus (1 Pd.1:16). Quando os assisienies novatos no culto da Igreja de Jerusalém ou Antioquia ouviam pela primeira vez: " vinde a mim todos os que esiais cansados sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vos o meu jugo, ¢ aprende’ de mim porque sou manso e humilde de coragéio; e achare's descanso para as vossas almas" (Mat.1 1:28), BL RENASCER Curso de Teologi | MEDIO certamente sentiram © impulso do Espirito para renovarem sua confianga em Jesus, e queriam entender num sentido pratico © que significaria evar o “jugo suave" do Senhor A adoragéo, na pratica, deve dar lugar central @ palavra de Deus porque ele assim ordena, “Pregue a Palavra” (II Tm.4:2) representa a preocupagdo de Paulo com a Igreja de Efeso. Um homem que almeja o pastorado precisa ter uma qualidade que lhe recomende «a conduzir os crisis num culto verdadeiro. Ele deve ser apto para ensinar. Ensino requer eniendimento, explicacéo, relacionamento entre o ouvinie e 0 Pai COMUNHAO - A CEIA DO SENHOR Junto com o servico da palavra, a primeira lgreja da hisiéria perseverava na comunhéo (A.2:42). Lucas explica algo mais a respeito desia comunhdo nos versos subsequentes. Os crentes ficavam juntos indica que estavam como familia de Deus, isto , regularmente, e Tinham tudo em comum. Marshall sugere que “néo seria surpreendente... que pelo menos um outro grupo conlemporGneo judaico, a seita de Cunté, adotasse este modo de vida.” A adoragéo genuina conduz-nos & lembranga da que néo somos da nés masmos. Fomos comprados por preco infiniiamenie alto. Consequentemente, somos escravos de Deus e dos membros do Seu Corpo. Agaes de graca pelo sacrificio do Filho de Deus incitam 0s flhos beneficiados a indagar como se desincumbir da obrigactio imposta. Que presente digno devemos trazer para o altar cristéio® © pano de fundo da eucaristia cristéi descobre-se na refeictio da Péscoa. Esta celebracio consistia de duas partes: primeira, “enquanto comiam’, e segunda, “depois de cear” (| Cor 1:24). O que Jesus insistiu originalmente era repetido como duas partes de uma refeigio maior - gape ou “fesia de amor", com a infencéo de beneficiar os crisiéios mais carentes da lareja. Esta refeicio, ave substitviv a Péscoa dos judeus, era tomada didria ou semanalmente. Percebe-se pela leitura de | Cor. 11:17-22, que esta refeigGo era a” Ceia do Senhox”, que reunia fodes os membros da familia de Deus. Além de relembrar a morte de Jesus @ a inauguracéo da Nova alianga, a Ceia confirmava, de maneira inconfundivel, que todos os participantes tinham ume vide em comum. Ricos ¢ pobres, livres e escravos, todos se comprometiam diante de Deus, iter e manter uma responsabilidade mitua, uns pelos outros. O cardter dessa refeicdo nao se evidéncia somente numa dramatizagéo do sacrificio Snico do Filho de Deus pelos nossos pecados, mas era também uma demenstracio da adoragao que tem implicagées horizontals. Dal, o veemente protest de Paulo, em Corinto, diante da negacdo na pritica da comunhao que a ceia devia demonstrar. *... ndo é a ceia do Senhor que comeis. Porque ao comerdes, cada um toma antecipadamente a sua prépria ceia” (I Cor. 11:20). Agindo assim, profanavam © Corpo de Cristo formado pela morte ressurreicéo. Comiam e bebiam juizo para si. Os cristéos que comem junios no culto so integrados num corpo compardvel ao corpo humano. Uma vida ov personalidade ocupa a unidade fisica humana, de tal forma que nenhuma parte pode se desligar sem prejuizo para as ovlras, nem podem desprezar uma é outra, nem devem fer inveja. ‘AS ORACOES Um dos elementos que 1ém destaque no culto da Igreja primitiva € 0 oragdo. O —O Cure de Toalogie | MEDIO RENASCER judeu do primeira século dificilmente podia imaginar um culto sem oragées, pelo menos na sinagoga. Consequentemente, era natural que os primeiros cristéos continuassem essa prdtica, ainda que com algumas modilicagées. A importdincia bésica das oragées é notada no nome “lugar de oragio" (At.16:13). Em Filipos, uma colénia romana, nao havia os dez homens necessérios para formar uma sinagoga, mas havia um lugar de oracées, onde mulheres se reuniam. Paulo e Silas néo sentiram nenhum embaraco ao participarem desse primeiro culto “ecuménico”, transformando o que antes era especificamente judaico em culo cristo. Daquele local foi feito um paleo para anunciar © evangelho. Jesus ensinou que a oracéo deve ser particular (Mat.6:6) e pessoal. Ele pouco falou sobre oragéo em comunhio com outros irmaos , com excecéio da famosa afirmativa: “Se dois dentre vés, sobre a terra, concordarem a respeito de qualquer coisa que porventura pedirem, ser-lhes-d concedida por meu Pai que esté nos céus”(Mat.18:19), relacionada com 0 contexto de disciplina na Igreja. Sua propria pratica foi de orar sozinho, num monte ou lugar afasiado (Lc.6:12). Ainda pensando num sentido mais geral, a oracée se distingue da adoragéo pela preocupagéo do suplicante com suas necessidades, enquanto a adoragao conceitua a alma sobre seu Deus. Um comentario puritano sobre o Salmo 107 dizia: “A miséria instrui maravilhosamente a pessoa na arie de orar”. Mas as oragées biblicas valorizam a comunhéio com Deus. Como aparelhos complicades, projetados para uma fungéo particular, deixamos de alcangar 0 objetivo de nossa existncia fora da comunhdo que a oragao ctia. Egoismo, soberba e murmuragéio aniquilam a comunhéo. Somos, entiio como quem tenia marielar um prego com sabonete. Orar de verdade quer dizer abandonar a rebeliao e aceitar a reconciliacdo. Jesus quis ensiner, acerca da oracéo, a verdade incomparavelmente preciosa de que Deus deseja nossa comunhdo. Ele nos ama mais do que um pai humane € capaz (Le.11:11-13}. Ele deseja ouvir as nossas necessidades e supri-las (Mat.7:7-11). Amar a Deus acima de todo objeto por ele criado s6 pode significar que ele quer ser conhecido e desejado pelas suas criaturas, Por iso, as orages dos santos so qualificadas como o incenso que enche os vasos de ouro nas méios dos 24 ancidios que rodeiam o trono do Senhor do universo /Apc.5:8). O altar de incenso do propiciatério simbolizava o prazer com que Deus recebia os louvores e peligées do seu povo. © CANTICO NO NOVO TESTAMENTO Surpreendentemente encontramos poucas referéncias ao céintico no Novo Testamento. Os evangelistas relatam que Jesus caniou um hina (Mat.26:30 Mac.14:26) apés a celebragio da Péscoa. Paulo e Silas “cantavam louvores a Deus” na pristio em Filipos, na contundente ocasiGio {apés seu espancamento e antes do terremoto que abriu as portas da pristio. Acreditamos que essa. mésica evangelisfica coneorreu para a converstio do carcersiro (AI.16:25). © autor de Hebrevs cita Salmo 22:22 : "Cantarte-ei louvores no meio da conaregacio” (2:12). Paulo cita © Salmo 18:49: *... cantarei louvores ao teu nome”(m.15:9). Mas, ainda que referéncias & mUsica sejam raras no Novo Testamento, seguramente © soar de vozes em louvor a Deus teve muito destaque nos cultos dos primérdios da lgreja. "COnticos espirituais” (C13:16), surgitam, provavelmente, por inspiragio imediata do Espirito Santo. WLock identifica tais composicées como semelhantes a alguns cénticos BL RENASCER Curso de Teologi | MEDIO preservados no Novo Testamento. No Apocolipse, varias referéncias aos cAnticos dos adoradores celestiais revelam caracteristicas de exultacéo € jdbilo na contemplagéo da vil6ria retumbante de Deus e Seu Filho sobre todas as forgas do maligno. Os “salmos" (CI.3:16) provavelmente sGio os mesmos do Antigo Testamento, amados por nés e lidos em nossos cultos, Ocasionalmente cantamos porgies de alguns salmos Nas Igrejas que se reuniam nas casas, no primeiro século, 0 entoarde salmos deve fer sido comum, “formando parte do culto religiosos e da fratemidade cris". Nas sinagogas, os judeus cantavam salmos, como também os essénios do Mar Morto. Os “hinos" também, provavelmente, referem-se aos hinos de louvor @ Deus ¢ a Cristo, compostos espontaneamente por cristios no momento do culto, ou em outras horas. Mc Donald escreve: “E de se esperar a priori, que um movimento que suscitou tanta emogiio, lealdade e entusiasmo, encontre expressdia em céntico”. Avivamentos e despertamentos religiosos, com o passar dos séculos, estimularam o louvor por meio da miisica; seria estranho se no primeiro século néo houvesse aparecido expressées musicals para tomar a adoragéo mais real e agradavel. Estas irés palavras, “salmos, hinos e cénficos”(Cl.3:16), tomadas juntas, descrevem de modo global o Ambito da adorago expressa pela misica e estimulada pelo Espirit. © termo “espirituais” refere-se a todas as formas de expresséio de louvor contidas nos ts fermos, ainda que néo possamos precisar as formas exalas da expresso musical O CULTO E OS DONS ESPIRITUAIS Passando a descrigio do culto em Atos para Romanos e | Corintios, descobrimos que © exercicio dos dons do Espirito deve ser encarado como uma expressdo de culto a Deus. Somente no caso dos dons serem motivados por amor genuino pelos itmaos e por Deus 6 que podemos encaixé-los no quadro de um culto genuino, “em Espirito e em verdade”. Paulo lembra aos romanos que a oferta de seus corpos a Deus & um ato de adoragtio espititual, se, contudo, esses mesmos corpos esfiverem sujeitos ao Cabega para servir, profetizar, ensinar, exortar, contribuir, presidire exercer misericérdia (Rm.12:1-8). Certamenta lista pode ser estendido para incluir todo ¢ qualquer ministério. A vida do cristo, se néio isolar da familia de Deus, nem se separar do préprio Senhor, expressard adoragéio nas reunides ou nas atividades do dia a dia. A significagio dos cultos nos quais @ congregacéo se reunia leangou relevancia particular na concentragdo de vozes louvando e ensinande juntas, com coragées sedentos, aprendendo e aplicando a palavra, Era uma ocasido apropriada para o treinamento dos sontos para servirem a Deus dentro e fora das reuniées. Os dons de apésiolo, profela, evangelista, pastor e mestre cooperam e fecundam no centro do culto para encorajar o bom ajustamento, © auxilio de toda junta e a cooperagéo de cada parte, o que “efelua o seu proprio aumento para a edificagdo de si mesmo em amor" (Ef.4:16). © CULTO NA IGREJA COMPARADO AO CULTO JUDAICO. © ciisiianismo 6 bipolar pela sua prépria naiureza. Esses dois pélos stio 0 conieido do f6, fundamentado na sua mensagem revelada, e a adoragio praca, através da qual © cristo e Deus maniém comunhdo. Ambos os pélos ndo séo fortalecidos repelindo-se —O Cure de Toalogie | MEDIO RENASCER ou ignorando-se, mas so vitalizados por apoio matuo. A avaliagde de W. Tozer sobre a adoragio do cristianismo evangélico como “a jéia perdida” reflete a dicotomia insolubre enire a verdade proclamada e a vitalidade da adoragéo, hoje. Podemos crticara observacéo: “Em toda a parte os crisidios esto perdendo o interesse, passando a simplesmente simular na Igreja”, pois milhares de protestanie, catélicos e crsidios ortodoxos estao satisfeitos em participar de maneitas vazias, porém rigidas, com apenas uma vaga percepgéio do conceito biblico de adoragéo em Espirito e em verdade, De um modo geral, 0s cristéios néo estéio conscientes de que sua adoracao reflete a teologia pritca da comunidide onde esto inseridos. © cunho puritano no dito “a finalidade principal do homem é gloificar a Deus ¢ gozé-lo para sempre” & inequivoco. Os puttanos focalzaram © significado do eaisiéncia infeira do homem em glorficar a Deus e deleitar-se em sua comunhiio, porque este era o Unico resultado prético de suas crengas. A adoragio centralizada no homem Tende a negar a realidade do coragio que confessamos. De um lado, « lei ameaga deslocar a rage como 0 motivo fundamental para se adorer a Deus. Tanto © hdbio quanio a busca da paz espirtual devem ser suspeitos quando procuramos uma base légicae biblica para adorar a Deus. Em resumo, a litigia ¢ teologia representada, a resposta humana a Deus e ao seu fevor. As formas persislem enquanio 0 conieddo evapora ou muda o seu centro de Deus para o homem, Assim, 6 liberalismo nega redlidade de um Deus que esti presente. Fazendo assim, néio pode evitar de tronsmutar as verdades religiosas em miles. © resultado é visto em toda parle na secularizagéio do “pés-cisiio que otingiu a meioridade”. A teologia da liberiagéo procura contextvalizar a adoragao num programa de ago sécio-politico. Assim, o despertamento da consciéncia torna-se idenificével com a percepgio de Deus no processo da histéria. Os evangélicos 8m tendéncia de separar a centralidade do senhorio de Cristo, biblicamente fundamentada, do viver cotidiano, de modo que a adoragée se forma, com efeito, compartimentada em capsulas de uma hora de duracéo, nao sendo levado em consideragde quo importante pode ser 0 alo de se “invocar © nome do Senhor juntos”. Mas © Nove Tesiamento projeta uma viséio de adoragéo que invade toda a vida com a presenca e a gloria de Deus. O obietivo desse estudo é mostrar, através de um exame dos conceitos de tempo, templo, sactifcio e sacerdécio, como o Novo Testamento refundiv as formas vétero-testamenidrias da adoragéo sem anular a importéncia da reuniée da Igreja CONCLUSAO A Biblia apresenta a questdo do culio de Ganesis a Apocalipse. Das ofertas de Caim e Abel ala adoragiio dos seres celestais, No tanscorrer da hisiéria biblica, Deus vern ensinando o seu povo « cullué-lo, No Velho Teslamento, as formas exteriores do cullo eram as mais enfalzadas. Percebemos gue elas finham um objelivo didatico a fim de trazer & percepgtic humana realidades espirituais. No Novo Teslamento, a uilizagéo de tais recursos fica redurida a um néimero bem pequeno, Na Nova Alianga, 0 culto é, anles de tudo, uma forma de vida. Seja o comer, o bebes, © falar, tudo deve ser feito para a gléria de Deus. Néo obstante, as reunides da Igreja, que chamamos de cultos, tem grande importdncia nesse contexto. Elas conslituem 0 culo colelivo, oportunidade de comunhGo e ensino. Sua énfase é espiritual e nao tanto ritual. Assim sendo, dependemos do Espitto Santo para realizaimos um culto aceitével diante de Deus. Em outras palavras, o cullo verdadeiro é aquele cvja esséncia provém do proprio Deus e a ele reloma, BL RENASCER Curso de Teologi | MEDIO T T i i ] it | BILAC | SP] 18. 3659 2552 Daan ta Vi Hi | \ | | | AR ARTA

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