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demanda. De (2) à (12), as variáveis possuem os seguintes T ref (R$) – tarifa bandeira verde do grupo B1
significados [11]: (residencial);
DQ Exc (R$) – valor da demanda de potência reativa
Pc - Valor tarifado para a potência ativa consumida; excedente.
Tc - Tarifa de consumo; Para as unidades em análise o fator de potência de
Cm - Consumo de potência ativa medido; referência ( FPref ), indutivo ou capacitivo, possui o valor
P d - Valor tarifado referente à demanda de potência ativa limite mínimo permitido, de 0,92 [11]. No ano de 2017, a
contratada; tarifa média do grupo B1 foi de R$ 453,56 por MWh [4].
T d - Tarifa de demanda;
Dcont - Demanda de potência ativa contratada;
D. Tributação
Pult - Valor tarifado para a potência ativa que ultrapassou a No sistema elétrico o imposto estadual sobre circulação de
demanda contratada; mercadorias e serviços (ICMS) é cobrado sobre o valor
Tult - Tarifa de ultrapassagem; integral da energia consumida não levando em consideração a
D m - Demanda de potência ativa medida. compensação de energia. Portanto a cobrança incidirá sobre a
Os índice fp e p incrementados às variáveis nas energia que a unidade consumidora produziu. Fato a
modalidades Azul e Verde, significam respectivamente os considerar é que não ocorre transferência de titularidade da
postos tarifários de fora de ponta e ponta. energia gerada, o que torna a incidência do imposto indevida.
Modalidade convencional - Caracterizada por tarifas de Buscando suprir o entrave tributário, foi sancionada a Lei
consumo de energia elétrica e demanda de potência, nº 13.169, de 6 de outubro de 2015, que reduziu a zero as
independentemente das horas de utilização do dia. Essa alíquotas da Contribuição para o PIS/Pasep e da Contribuição
modalidade encontra-se em fase de extinção [11]. para Financiamento da Seguridade Social – COFINS que
incidem sobre a energia injetada na rede [12], bem como o
Pc T c C m (2)
Conselho de Política Fazendária autorizou os estados a
P d T d Dcont (3) cobrarem ICMS apenas sobre a diferença entre a energia
Pult T ult ( D m Dcont) (4) consumida e a energia injetada. Contudo, essa autorização
Modalidade azul - Caracterizada por tarifas diferenciadas aplica-se somente à compensação de energia elétrica
de consumo de energia elétrica e de demanda de potência, de produzida por micro geração e mini geração definidas na
acordo com as horas de utilização do dia [11]. referida resolução, cuja potência instalada seja,
respectivamente, menor ou igual a 75 kW e superior a 75 kW e
P c (T c, fp C m, fp) (T c, p C m, p ) (5)
menor ou igual a 1 MW e não se aplica ao custo de
P d (T d , fp Dcont, fp) (T d , p Dcont, p) (6) disponibilidade, à energia reativa, à demanda de potência, aos
encargos de conexão ou uso do sistema de distribuição, e a
Pult T ult , fp ( Dm, fp Dcont, fp) T ult , p ( Dm, p Dcont, p) (7)
quaisquer outros valores cobrados pela distribuidora [13].
Modalidade verde - Caracterizada por tarifas
diferenciadas de consumo de energia elétrica, de acordo com III. PERFIS DE FUNCIONAMENTO E CARACTERÍSTICA DE
as horas de utilização do dia, assim como de uma única tarifa OPERAÇÃO
para demanda de potência [11]. Neste item será realizada projeção de funcionamento ao
P c (T c, fp C m, fp) (T c, p C m, p ) (8) longo do dia de uma unidade consumidora fictícia com
geração distribuída instalada. O perfil de carga fictício, é
P d T d Dcont (9)
mostrado na Fig. 3. Nesse caso foi considerado uma unidade
Pult T ult ( D m Dcont) (10) que possui sistema de compensação de potência reativa, que
Potência reativa - Para todas as modalidades de tarifação mantem o fator de potência com valor superior a 0,98. As
de consumo e demanda de potência ativa a fórmula de cálculo curvas foram obtidas pela inserção de dados no programa
para cobrança do excedente de demanda de potência reativa da computacional implementado em plataforma Excel.
rede quando for o caso, são dados da seguinte forma [11]:
A. Perfis de funcionamento
n FPref
Q Exc C m 1 T ref
(11) A Fig. 3 apresenta o perfil de carga definido considerando
T 1 FPT uma unidade onde existe demanda em períodos noturnos e
n FP ref madrugada, como por exemplo de um supermercado, onde há
DQ Exc max D m D cont ( posto) T d , fp( azul ) (12)
necessidade de funcionamento de equipamento de refrigeração
T 1 FP T mesmo quando não existe atendimento ao público, sendo, Pd a
Onde: potência ativa e Qd a potência reativa demandas pela carga.
Q Exc (R$) – valor da potência reativa demandada da rede;
FPT – fator de potência medido no período;
THE 13th LATIN-AMERICAN CONGRESS ON ELECTRICITY GENERATION AND TRANSMISSION - CLAGTEE 2019 4
O perfil de geração fotovoltaica típica é apresentado na Fig. Analisando as Fig. 5 e Fig. 6, verifica-se que, à medida que
4, e leva em consideração que existe geração no período de 6h GD vai suprindo a demanda de potência ativa ocorre uma
às 18h, com geração máxima por volta do meio dia [4], sendo, queda do fator de potência visto pelo sistema de medição.
Pfv a potência ativa proveniente da geração fotovoltaica. Esse comportamento causará cobranças de potência e
demanda de potência reativa.
Para que não ocorra cobrança por violação dos limites, o
consumidor deverá utilizar um sistema que supra toda a
demanda de potência reativa, o que ocasionará uma elevação
no custo de instalação da planta FV, interferindo também na
taxa de retorno do investimento.
b. Caso 2
Considerando o mesmo sistema de medição do caso 1 e o
perfil de geração mostrado Fig. 4, que entrega potência ativa e
reativa, onde, o inversor da planta opera compensando a
potência reativa demandada pela carga nos horários críticos,
evitando ultrapassagem dos limite de reativos, na unidade com
Fig. 4. Perfil de geração fotovoltaico.
perfil apresentado na Fig. 3, obteve as curvas mostradas nas
Fig. 7 e Fig. 8.
B. Característica de Operação
Definidos o perfil de carga e de geração, são realizadas
simulações de casos fictícios distintos com o objetivo de
verificar o comportamento da curva de fator de potência.
a. Caso 1
Considerando a configuração com medidor bidirecional ou
de quatro quadrantes e o perfil de geração mostrado Fig. 4,
que entrega apenas potência ativa, na unidade com perfil
apresentado na Fig. 3, obteve-se as curvas mostradas nas Fig.
5 e Fig. 6, sendo, FPm o fator de potência visto pelo sistema
de medição, Sm a potência aparente medida, FPfv o fator de Fig. 7. Perfil de operação da GD na unidade consumidora fictícia - Caso 2.
potência da GD e Qm a potência reativa demandada da rede.
Fig. 5. Perfil de operação da GD na unidade consumidora fictícia - Caso 1. Fig. 8. Perfil de operação - Caso 2.
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C. Estudo de Caso
É possível verificar que o faturamento de energia reativa
Uma vez analisado o problema, foram utilizados dados de excedente aumenta a partir do mês de abril de 2018 quando
uma unidade consumidora real como forma de mostrar os entrou em funcionamento da GDFV.
efeitos práticos. São considerados como dados, as curvas de Como forma de mostrar os efeitos apresentados nas Fig. 9 e
variação de consumo de potência ativa e reativa, fator de Fig. 10, é mostrado na Fig. 11, apresenta o funcionamento da
potência, bem como a variação do valor pago mensalmente unidade consumidora real em um dia típico de funcionamento
pela unidade consumidora. A unidade possui funcionamento antes da instalação da GDFV.
de 09:00 as 19:00h de segunda a sexta-feira, modalidade
tarifária verde, demanda de potência ativa contratada de 450
W (contratada após a instalação da GD) e geração distribuída
fotovoltaica instalada de 400 kWp.
Foi realizado levantamento de consumo da unidade no
período de outubro de 2017 a outubro de 2018, Foi verificado
que ocorreu uma redução no consumo de potência ativa da
rede a partir do mês de abril de 2018 quando entrou em
funcionamento a GDFV, fato que era esperado no que se
refere à potência ativa, conforme pode ser verificado na Fig.
10.
Fig. 11. Perfil de carga e fator de potência na unidade real sem GD.
Fig. 12. Perfil de carga e fator de potência na unidade real com GD.
devido à metodologia utilizada para o cálculo que foi [7] N. Jenkins, J.B. Ekanayake, G. Strbac, Distributed Generation IET
Renewable Energy Series 1, The Institution of Engineering and
apresentada em (11) e (12).
Technology. London, United Kingdom, 2010.
[8] Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). Procedimentos de
IV. CONCLUSÕES distribuição de energia elétrica no sistema elétrico Nacional –
PRODIST: Módulo 3, Acesso ao sistema de distribuição. Brasília:
Pelo exposto verifica-se que a Resolução nº 482/2012 que ANEEL, 2016. Revisão 7.
regulamenta sistemas de compensação de energia elétrica, [9] Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). Resolução Normativa
apresenta deficiência quando a unidade com GD encontra-se nº 482, de 17 de abril de 2012. Brasília: ANEEL, 2012.
[10] Associação Brasileira de Normas Técnicas. ABNT NBR 16.149/2013:
sujeita a cobrança por violação de reativos, como foi possível sistemas fotovoltaicos (FV): características da interface de conexão com
verificar no casos 1, onde aparecem quedas do fator de a rede elétrica de distribuição. Rio de Janeiro, 2014.
potência havendo tarifação de excedente de reativos. [11] Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). Resolução Normativa
Essa tarifação de reativos poderá tornar o sistema de GD nº 414, de 9 de setembro de 2010. Brasília: ANEEL, 2010.
[12] Brasil. Lei nº 13.169, de 6 de outubro de 2015.
menos atrativo para essa unidade. De certo modo, poderá [13] Conselho Nacional de Política Fazendária (CONFAZ). Convênio ICMS
causa uma diminuição no crescimento da GD no Brasil, uma nº 16 de 22 de abril de 2015.
vez que os sistemas de GD nas unidade analisadas possuem
maior potência instalada em comparação aos sistemas
residenciais. VI. BIOGRAFIAS
No caso 2, a demanda reativa é compensada pelo inversor,
contudo, o responsável pela GD encontrará um dilema, pois, Wanderley Araújo de Castro Júnior possui
graduação em Engenharia Elétrica pela
nos períodos em que o sistema fotovoltaico apresentar a Universidade Federal do Acre (UFAC), 2017.
máxima geração, esse deverá escolher em operar com inversor Técnico Administrativo da Universidade Federal
corrigindo fator de potência, logo, injetando menos potência do Acre. Atualmente cursa mestrado em
Engenharia Elétrica na Universidade Estadual
ativa ou com fator de potência unitário entregando o máximo Paulista (UNESP), atuando principalmente nos
de potência ativa e arcando com a cobrança de excedente de seguintes temas: geração distribuída, sistema de
reativos. Qualquer das situações escolhidas não será a que aterramento, proteção, geração eólica e circuito
impresso.
engloba todos os aspectos técnicos e econômicos.
Ao realizar o estudo de caso pode-se comprovar o Thayannã Yury Furtado Gadelha possui
comportamento apresentado no caso 1, uma vez que o sistema graduação em Engenharia Elétrica pela
de inversão da unidade analisada não realiza a correção do Universidade Federal do Acre (UFAC), 2017.
fator de potência. Também constatou-se o aumento do Atualmente cursa mestrado em Engenharia
Elétrica na Universidade Estadual Paulista
faturamento por violação de demanda reativa, a partir no (UNESP).
período em que a GD entra em funcionamento. O que
confirma análise feita nas seções 2 e 3.
Vale ressaltar que a cobrança do ICMS sobre a energia
gerada para a GDs com potência superior a 1MW poderá se
tornar mais uma barreira para instalação desse tipo de geração
Júlio Borges de Souza possui graduação em
por esses consumidores. Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de
Por fim, apresenta-se a necessidade de reformulação das Itajubá (1980), mestrado em Engenharia Elétrica
regras postas, objetivando causar maior atratividade para a pela Universidade Estadual de Campinas (1986),
doutorado em Engenharia Elétrica pela
adesão aos sistemas de GD nas unidades analisadas. Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita
Filho - Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira
(2005) e Pós-Doutorado pela Universidade Federal
de Uberlândia (2008-2010). Atualmente é Professor
V. REFERÊNCIAS Assistente Doutor na Universidade Estadual
[1] A. H. Rafa, O. Lara-Anaya and L. R. McDonald, "Power Factor Control Paulista Júlio de Mesquita Filho. Tem experiência
for Inverter-Interfaced Microgeneration," presented at the 43º na área de Engenharia Elétrica, com ênfase em Sistemas Elétricos de
International Universities Power Engineering Conference, Padova, Potência, Qualidade de Energia Elétrica, Compensação de Cargas,
2008. Harmônicas, Filtros Harmônicos e Transformadores.
[2] Brasil. Decreto 5.163 de 30 de julho de 2004.
[3] Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). Resolução normativa
nº 687, de 24 de novembro de 2015. Brasília: ANEEL, 2015.
[4] Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Balanço Energético Nacional.
2018.
[5] R. Zilles, W. N. Macedo, M. A. B. Galhardo and S. H. F. de Oliveira,
Sistemas Fotovoltaicos Conectados à Rede Elétrica, São Paulo, Oficina
de Textos, 2012.
[6] M.C.C. Leite, F.A.M. Vieira, V.B. Silva, M.Z. Fortes and D.H.N Dias,
“Harmonic Analysis of a Photovoltaic Systems Connected to Low
Voltage Grid,” IEEE Latin America Transactions, vol. 16, nº. 1, jan.
2018.