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PROTOCOLO ASSUNTO

N o •••••••••••••••••••••••••••••••••• •

REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL


MINISTÉRIO DA DEFESA

gue Fisicamente
e de Processo Nilsa Azevedo (ARQUIVO,
gue Eletronicam ARQUIVO-GERAL, PROTOCOLO)

Ministério da Defesa NUP: 62194.000690/2014-38

VOLUME N° 02 CAIXA N° N° FOLHAS 59 Sigilo : Ostensivo Precedência: Normal

SITUAÇÃO:

INTERESSADO _ 1
: COMANDO DA FORÇA DE FUZILEIROS DA ESQUADRA/MARINHA DO BRASIL _::__]
1
ORIGEM : COMANDO DA FORÇA DE FUZILEIROS DA ESQUADRA/MARINHA DO BRASIL

ASSUNTO: AUTOS DE SINDICANCIA, A FIM DE APURAR SE HOUVE


DATA ENTRADA PRAZO
CIRCUNSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS QUE CONDUZIRAM AO
- - - - - - - - - - 1 - - - - - - - - - - 1 DESVITUAMENTO DO FIM PÚBLICO ESTABELECIDO PARA A BASE
10/06/2014 18:05:25 DE FUZILEIROS NAVAIS DA ILHA DAS FLORES, NO PERÍODO DE
1946 E 1988.
N° Controle: PR-2014/06-00242

···············································································································································································

MOVIMENTO DO PROCESSO

DESTINO DATA DESTINO DATA

. ~ ........G.. A.P........................... JQ.... o.~{-~ f~..).~ ...........................................................


2
..................................................................................... 20
································································ .......................... .
3 21
····················································· ................................ ································································
.....................................................................................................................................................
4 22

5 23
····················································· ............ ···················· ································································ ...........................
6
..................................................................................... 24
································································ ···························
7 25
.................................................................................................................................................................................
................................................................................................................................................................................
8 26 ,

.~.............................................................. ···················· .~!. ...........................................................


10 28
····················································· ................................ ································································
11 29
.....................................................................................................................................................
12 30
.....................................................................................................................................................
13 31
····················································· ................................ ································································
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Ministério da Defesa
Setor: PROTOCOLO
Processo nº: 62194.000690/2014-38
TERMO DE ABERTURA DE VOLUME

Em 10/06/2014 , às 18:05 horas, faço a ai ertura do processo 62194 .000690/2014-38.

OCL~edo
1
•• '2oJ

••
•• TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

•• @ Segepres/ISC/Cedoc
Serviço de Gestão Documental

•• Memorando nº 04/2014 - Seged


Em, 25 de abril de 2014 .

••
•• A Senhora Assessora da SecexDefesa
Assunto: pedido de informação sobre decisões antigas do Tribunal.

••

Senhora Assessora,

• ••
Encaminho em quatro arquivos formato pdf o resultado da pesquisa solicitada no
Memorando n2 4/2014 - SecexDefesa, documento eletrônico nº 51245272 .

Informo que as buscas foram realizadas nos sistemas informatizados corporativos


e no sistema informatizado de gestão documental do Seged .

•• Esclareço que os processos cuja informação aponta para o descarte, em


conformidade com a .Portaria-TCU nº 108/2005, são todos processos os quais as contas

•• foram julgadas regulares .

Observamos também que as decisões de processos mais antigos, em sua maioria,

•• não possuem a informação da data de publicação no Diário Oficial da União. De modo geral,
nestas pode constar o número da Ata do TCU em que a decisão foi publicada, mas nem
sempre .

•• unidade .
Caso necessite de informações adicionais e só entrar em contato com a nossa

•• Atenciosamente,

t
•• Assinatura eletrônica
Maria Aparecida Vieira
Chefe do Seged

••
••
••
••
••
••
•• Para veri ficar as assinaturas, acesse www.tcu.gov.br/autenlicidade, Informando o código 51284666 .
•................•............•................. ~

,a, Tribunal de Contas da União


SEGEPRES / ISC / CEDOC
Serviço de Gestão Documental - SEGED
Pesquisa
Destacamento Especial da Ilha das Flores - Ministério da Marinha
Exercício de 1969

A pesquisa foi realizada em todas as bases Institucionais e Departamentais:

Processo Exercício Decisão Colegiado Documento anexo Nota


Não há processo cadastrado no sistema institucional do TCU e no sistema
1969
departamental do SEGED

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Tribunal de Contas da União
1@ SEGEPRES / ISC / CEDOC
Pesquisa
Comando Geral do Corpo de Fuzileiros Navais - Ministério da Marinha
Serviço de Gestão Documental - SEGED Exercícios de 1969 a 1988

Processo Exercício Decisão Colegiado Documento anexo Nota


Não há processo cadastrado no sistema institucional do TCU e no sistema
1969
departamental do SEGED
Não há processo cadastrado no sistema institucional do TCU e no sistema
1970
departamental do SEGED
Não há processo cadastrado no sistema institucional do TCU e no sistema
1971
departamen~ldoSEGED
Não há processo cadastrado no sistema institucional do TCU e no sistema
1972
departamental do SEGED
Não há processo cadastrado no sistema institucional do TCU e no sistema
1973
departamental do SEGED
Não há processo cadastrado no sistema institucional do TCU e no sistema
1974
departamental do SEGED
Não há processo cadastrado no sistema institucional do TCU e no sistema
1975
departamental do SEGED
Descartado na Guia 01/2008/SEGED, conforme a Portaria do TCU Nº 108/2005
032.872/1977-1 1976
.• Link: htt12:LL120 rtal2. tcu.gov .br L12ortalfalsl120 rtalldocsl1L2234938. PDF
Não há processo cadastrado no sistema institucional do TCU e no sistema
1977 .....
departamental do SEGED
Descartado na Guia 04/2009/SEGED, conforme a Portaria do TCU Nº 108/2005
035 .638/1979-6 1978
Link: htt12 ://12ortal2. teu .gov. br L12ortalfalsl12ortalldocsL1L2234938. PDF
Descartado na Guia 04/2009/SEGED, conforme a Portaria do TCU Nº 108/2005
026.983/1980-0 1979
Link: htt12 :Ll12ortal2. tcu.gov .br L12ortall12lsl120 rtalldocsl1L2234938. PDF
Descartado na Guia 05/2009/SEGED, conforme a Portaria do TCU Nº 108/2005
019.052/1981-2 1980
Link: htt12:LL12ortal2. tcu.gov .br L12ortalfalsfaorta 1Ldocsl1L2234938. PDF
Descartado na Guia 02/2009/SEGED, conforme a Portaria do TCU Nº 108/2005
019.516/1982-7 1981
Link: htt12 :LL12ortal2. tcu.gov. br L12orta 1Lg_lsfao rtalL docsL1L2 234938. PDF
Não há processo cadastrado no sistema institucional do TCU e no sistema
1982
departamental do SEGED
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.,a, Tribunal de Contas da União
SEGEPRES / ISC / CEDOC
Serviço de Gestão Documental - SEGED
Pesquisa
Comando Geral do Corpo de Fuzileiros Navais - Ministério da Marinha
Exercidos de 1969 a 1988

Não há processo cadastrado no sistema institucional do TCU e no sistema


1983
departamental do SEGED
Não há processo cadastrado no sistema institucional do TCU e no sistema
1984
departamental do SEGED
Não há processo cadastrado no sistema institucional do TCU e no sistema
1985
departamental do SEGED
Não há processo cadastrado no sistema institucional do TCU e no sistema
1986
departamental do SEGED
Não há processo cadastrado no sistema institucional do TCU e no sistema
1987
departamental do SEGED
Não há processo cadastrado no sistema institucional do TCU e no sistema
1988
departamental do SEGED

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,a, SEGEPRES / ISC / CEDOC
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Tribunal de Contas da União

Serviço de Gestão Documental - SEGED


Pesquisa
Batalhão de Comando do Comando de Reforço - Ministério da Marinha
Exercícios de 1971 a 1980

A pesquisa foi realizada em todas as bases Institucionais e Departamentais:

Processo Exercício Decisão Colegiado Documento anexo Nota


Não há processo cadastrado no sistema institucional do TCU e no sistema
1971
departamental do SEGED
Não há processo cadastrado no sistema institucional do TCU e no sistema
1972
departamental do SEGED
Não há processo cadastrado no sistema institucional do TCU e no sistema
1973
departamental do SEGED
Não há processo cadastrado no sistema institucional do TCU e no sistema
1974
departamental do SEGED
Descartado na Guia 03/2008/SEGED, conforme a Portaria do TCU N!l 108/2005
029,967 /1976-7 1975
Link: htt12:LL12ortal2.tcu.gov.brL12ortalL12lsL12ortalLdocsL1L2234938.PDF
Descartado na Guia 01/2008/SEGED, conforme a Portaria do TCU N!l 108/2005
033.112/1977-0 1976
Link: httQ :LL12ortal2. teu .gov.brfaortalL12lsL1:1ortalL docsL1L2234938. PDF
Descartado na Guia 01/2008/SEGED, conforme a Portaria do TCU N!l 108/2005
038. 750/1978-3 1977
Link: htt12:Lfaorta12. teu .gov .brfao rtalL12lsL1:1ortalLdocsLll'.2234938. PDF
Descartado na Guia 01/2010/SEGED, conforme a Portaria do TCU N!l 108/2005
029.144/1979-5 1978
Link: htt1:1:LL12ortal2.tcu.gov.brL12ortalL1:1lsl1:1ortalLdocsL1L2234938.PDF
Descartado na Guia 04/2009/SEGED, conforme a Portaria do TCU N!l 108/2005
026.990/1980-6 1979
Link: htt12:LL12ortal2.tcu.gov.brL12ortalL12lsl12ortalLdocsL1L2234938.PDF
Descartado na Guia 04/2009/SEGED, conforme a Portaria do TCU N!l 108/2005
027 .305/1981-3 1980
Link: httQ :LL12ortal2. tcu.gov.br fao rtalL12lsL12ortalLdocsL1L2234938. PDF

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Tribunal de Contas da União
SEGEPRES / ISC / CEDOC
. . Pesquisa
32 Batalhão de Infantaria de Fuzileiros Navais (Batalhão Paissandu) - Ministério da Marinha
Serviço de Gestão Documental - SEGED Exercícios de 1970 e 1971

A pesquisa foi realizada em todas as bases Institucionais e Departamentais:


~- .,

Processo Exercício Decisão Colegiado Documento anexo Nota


Não há processo cadastrado no sistema institucional do TCU e no sistema
1970
. departamental do SEGED
Não há processo cadastrado no sistema institucional do TCU e nó sistema
1971
.departamental do SEGED

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t@ Tribunal de Contas da União
SEGEPRES / ISC / CEDOC
Serviço de Gestão Documental - SEGED
Pesquisa
Batalhão de Comando da Tropa de Reforço - Ministério da Marinha
Exercícios de 1980 a 1988

A pesquisa foi realizada em todas as bases Institucionais e Departamentais:

Processo Exercício Decisão Colegiado Documento anexo Nota


Não há processo cadastrado no sistema institucional do TCU e no sistema
1980
departamental do SEGED
Descartado na Guia 02/2009/SEGED, conforme a Portaria do TCU NQ 108/2005
020.128/1982-7 1981
Link: htt12:Lfaortal2.tcu.gov.brfaortalfalsL12orta1LdocsL1L2234938.PDF
Descartado na Guia 01/2008/SEGED, conforme a Portaria do TCU NQ 108/2005
016.753/1983-6 1982
Link: httQ :Lfaorta 12. teu .gov.brfaorta IL12lsL12ortalL docsL1L2 234938. PDF
Descartado na Guia 01/2008/SEGED, confo rme a Portaria do TCU NQ 108/2005
017.441/1984-6 1983
Link: htt12:LL12ortal2. tcu.gov. br L12ortalfalsfaortalLdocsL1L2 234938. PDF
Descartado na Guia 01/2008/SEGED, conforme a Portaria do TCU NQ 108/2005
009.682/1985-6 1984
Link: httQ :Lfaortal2. teu .gov.br faortalL12lsL12ortalL docsL1L2 234938. PDF
Descartado na Guia 04/2011/SEGED, conforme a Portaria do TCU NQ 108/2005
009.591/1986-9 1985
Link: htt12 :LLJ2ortal2. teu .gov. br faorta lfalsL12ortalLdocsL1L2234938. PDF
Descartado na Guia 07 /2011/SEGED, conforme a Portaria do TCU NQ 108/2005
008.526/1987-7 1986
Link: htt12 :Lfaortal2. tcu.gov .br faortalL12lsL12ortalL docsL1L2 234938. PDF
Descartado na Guia 05/2013/SEGED, conforme a Portaria do TCU NQ 108/2005
008.887 /1988-8 1987
Link: htt12 :Lfaortal2. tcu.gov.br faortalL12lsL12ortalL docsL1L2 234938. PDF
Descartado na Guia 31/2013/SEGED, conforme a Portaria do TCU NQ 108/2005
008.340/1989-7 1988
Link: httQ :LL12ortal2. tcu.gov.br L12ortalfalsL12ortalL docsL1L2 234938. PDF

~
Página 1de1

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••
•• CONCLUSÃO

•• Aos vinte e três dias do mês de maio do ano de dois mil e quatorze, em São

•• Gonçalo-RJ, a bordo do Comando da Tropa de Reforço, faço estes autos conclusos ao Exmo . Sr.

•• Contra-Almirante (FN) JORGE ARMANDO NERY SOARES, Encarregado da presente


Sindicância, ~ que, para constar, J~= =u, Capitão-de-Corveta, Fuzileiro Naval,

•• 87.3000.44, /J-~ ~~

, servindo de Escrivão, o subscrevi.

••
•••
••
••
••
••
••
- ••
••
••
••
••
••
••
••

, . ., e~
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RELATÓRIO

Verificando-se cuidadosamente os presentes autos de Sindicância, constatei o

seguinte:

1 - DAS CONSIDERAÇÕES INICIAIS:

A Ilha das Flores, onde hoje se encontra sediado o Comando da Tropa de Reforço, está

situada a noroeste da Baía de Guanabara, fronteiriça ao bairro de Neves, no município de São

Gonçalo/RJ compondo, juntamente com as Ilhas do Engenho, onde está instalado o Centro de

Mísseis e Armas Submarinas da Marinha, Ananazes e Mexingueira, um pequeno arquipélago,

à fl. 85.

Atualmente, a Ilha das Flores abriga Organizações Militares do Corpo de Fuzileiros

Navais subordinadas ao Comando da Tropa de Reforço. Esse Comando de Força, nos dias de

hoje, fruto da última reorganização administrativa ocorrida em 2010, divide o espaço da Ilha

com as seguintes Unidades Subordinadas: Base de Fuzileiros Navais da Ilha das Flores

(BFNIF), Unidade Médica Expedicionária da Marinha (UMEM), Batalhão de Viaturas

Anfibias (Bt!VtrAnf), Companhia de Polícia (CiaPol) e Companhia de Apoio ao~


Desembarque (CiaApDbq), à fl. 86. Aproximadamente novecentos militares, diariamente,

exercem suas atividades profissionais naquele complexo naval.

A Ilha das Flores passou ao controle da Marinha do Brasil, em 26 de dezembro de

1968, por me10 da criação do Destacamento Especial da Ilha das Flores, o qual ficou

subordinado ao Comando-Geral do Corpo de Fuzileiros Navais. A efetiva instalação

aconteceu em 16 de janeiro de 1969, ocasião em que foram ocupadas as instalações afetas ao

antigo Instituto Nacional de Desenvolvimento Agrário (INDA).

- 1-
2JO

Em 1971, o Comando da Tropa de Reforço, então denominado de Comando de

Reforço, até então aquartelado na Ilha do Governador, recebeu a determinação de se transferir

para a Ilha das Flores, onde se encontra até os dias de hoje.

Juntamente com o Comando de Reforço, duas outras Unidades Militares, diretamente

subordinadas àquele Comando, também ocuparam instalações da Ilha das Flores: o Comando

do Comando de Reforço e o Batalhão de Manutenção e Abastecimento.

2 - DO BREVE HISTÓRICO DA ILHA DAS FLORES

Ao longo de sua históri~, a Ilha das :Flores recebeu diferenfbs!denominações: em 181 O,

era conhecida como Ilha de Santo Antônio, de acordo com umà carta topográfica da época,

levantada pela Marinha. Em outros registros, também é denominada como Marim ou Ilha do

Vidal.

Consta dos primeiros assentamentos que a Ilha das Flores pertenceu à D. Delphina

Felicidade do Nascimento Flores, sendo esta provavelmente a origem do nome que a Ilha

possui atualmente. Por questões que não são conhecidas, a Fazenda Nacional moveu uma

ação contra D. Delphina Flores, que resultou em arrematação da Ilha em Praça do Juízo de

Feitos em 17 de agosto de 1834, ocasião em que D. Maria do Léu Antunes tomou-se

proprietária da Ilha, à fl. 97.

Em 1O de julho de 1857, a Ilha passou a ser de propriedade do Senador Inácio Silveira

da Motta, Conselheiro do Império, que a transformou em um estabelecimento de piscicultura,

lavoura e fábrica de goma em fécula de mandioca. Em 15 de janeiro de 1862, o Senador

também adquiriu as Ilhas da Mexingueira e Ananazes ao Major João Manoel da Silva, à fl. 96.

Em 1883, a Ilhas das Flores foi adquirida pelo Patrimônio da União, ao Conselheiro e

sua mulher, D. Albina Silveira da Motta, conforme consta da Escritura de Compra e Venda de

-2-
211

16 de janeiro de 1883, ficando sob a tutela do Ministério da Agricultura, que ali instalou, em

maio do mesmo ano, a Hospedaria de Imigrantes da Ilha das Flores, subordinada à Inspetoria

de Terras e Colonização daquele Ministério, à fl. 97.

A localização e dimensões da Ilha das Flores foram fatores determinantes para a sua

utilização precípua como Hospedaria de Imigrantes e, em alguns momentos da história, como

instalação prisional e assistencial. Distante apenas seis milhas náuticas (cerca de onze

quilômetros) da Praça XV, no centro da cidade do Rio de Janeiro e ao mesmo tempo isolada,

por ser uma ilha, permitia a segregação dos seus habitantes do contato direto com a população

em geral sem afastá-los do "alcance das vistas". O controle do contingente era facilitado

também pelas pequenas dimensões da ilha (145.200 m2 ) e pelo afastamento do continente, que

exigia à época, a utilização de embarcações para se deixar o local, à fl.104.

Assim, a localização era perfeita para a instalação de uma hospedaria por permitir que

os contingentes de imigrantes não ficassem expostos às doenças existentes na cidade do Rio

de Janeiro - ''túmulo dos imigrantes" - contra as quais não tinham defesas e, por outro lado,

não transmitissem novas enfermidades para a população em geral.

Outra grande vantagem era a possibilidade de se realizar um controle efetivo dos ~


imigrantes durante a triagem inicial, antes de serem encaminhados aos diferentes centros de O

atividades no país, bem como o acompanhamento dos mesmos, por ocasião da permanência

como internos na Ilha das Flores.

Por outro lado, essas mesmas características de proximidade, isolamento e facilidade

de controle, aliadas a existência de infraestrutura adequada para receber grandes contingentes

motivaram o governo do Estado do Rio de Janeiro a solicitar ao governo federal, nos anos de

1964 e 1965, a concessão para instalar naquela Ilha um presídio estadual com capacidade para

mais de seis mil vagas, corroborando a vocação natural da Ilha das Flores, até então, como

local propício para acautelar pessoas, às fls. 105 a 108.

-3-
Contudo, com as profundas alterações ocorridas no entorno geográfico da Ilha das

Flores a partir dos anos 70, como a ligação da ilha ao continente por meio de sucessivos

aterros e também as construções da Ponte Rio - Niterói e da rodovia BR-101, trecho Niterói-

Manilha, definitivamente acabaram com qualquer tipo de isolamento da Ilha das Flores.

Assim, sem a dificuldade de acesso de outrora, a ilha perdeu as condições ideais para ser

utilizada como local de acolhimento de pessoas por qualquer motivo.

Desde a aquisição da Ilha das Flores pelo Estado Brasileiro, a posse e o

correspondente controle passaram à responsabilidade de diferentes órgãos e autarquias.

Em 27 de outubro de 1917, em conseqüência da 1 Guerra Mundial, a Ilha das Flores

foi transferida, provisoriamente, para o Ministério da Marinha, de acordo com o Decreto nº

12.689/1917, sendo revertida ao Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio em 1º de

outubro de 1919, em conformidade com o Decreto nº 13.781/1919, às fls. 109 e 110.

Aproximadamente um ano após a criação do Ministério do Trabalho, Indústria e

Comércio, a Ilha passou, em 1931, a ser dependência do Departamento Nacional de

Imigração, órgão subordinado àquele Ministério.

A fim de unificar a direção imigratória, em 5 de janeiro de 1954 foi criado pelo

Governo o Instituto Nacional de Imigração e Colonização (INIC), passando então a~

Hospedaria de Imigrantes da Ilha das Flores, de acordo com a Lei nº 2.163, a ser uma- ~

repartição subordinada ao novo Instituto, retomando, mais uma vez, ao controle do Ministério

da Agricultura, às fls. 111 e 112.

Em 1962, o INIC e, conseqüentemente, a Ilha das Flores, foram incorporados à

Superintendência de Polícia Agrária (SUPRA), órgão criado pela Lei Delegada nº 11, de 11

de outubro de 1962, às fls. 113 a 115.

-4-
2J3

A partir de 30 de novembro de 1964, a Ilha das Flores passou a pertencer ao Instituto

Nacional do Desenvolvimento Agrário (INDA), órgão sucessor dos extintos INIC e SUPRA,

conforme o Art. 114, alínea .Q, da Lei nº 4.504/1964, às fls . 116 e 117.

Em de 19 de abril de 1966, foi extinta, depois de 83 anos de existência, a Hospedaria

de Imigrantes da Ilha das Flores, de acordo com a Deliberação nº 233, do Conselho Diretor do

INDA, sendo suas dependências, com todo o seu patrimônio e acervo, destinados à instalação

do Centro Nacional de Treinamento - CENATRE, que funcionava na jurisdição do

Departamento de Cooperativismo e Extensão Rural da Autarquia, servindo a todos os fins de

treinamento para pessoal técnico, administrativo e líderes rurais de todas as categorias, às fls.

118 a 126.

Passou ao controle do Ministério da Marinha em 26 de dezembro de 1968 quando da

criação, por meio do Aviso Ministerial número 3.907, do Destacamento Especial da Ilha das

Flores, subordinado ao Comando-Geral do Corpo de Fuzileiros Navais, à fl . 127.

Em 3 de novembro de 1977, o INCRA efetuou a doação das Ilhas das Flores,

Ananazes e Mexingueira à União, de acordo com o registro de imóveis nº 4.091, da Primeira

Circunscrição do Município e Comarca de São Gonçalo, sendo a sua transferência para o

Ministério da Marinha realizada em 13 de junho de 1978, de acordo com o processo nº

07689158/72, da DSPU-RJ, às fls. 130 a 136.

3 - DA HOSPEDARIA DE IMIGRANTES

Ao longo do tempo, milhões de indivíduos, por diversas razões deixaram suas pátrias

de origem buscando reconstruir suas vidas em solo brasileiro. Para uma parte deles, a Ilha das

Flores representou o primeiro lugar de acolhimento.

-5-
2.1 '1

Nesse contexto, desde meados do século XIX, a imigração no Brasil tomou um

considerável impulso. Na medida em que a escravidão ia sendo proibida, paulatinamente, pelo

governo brasileiro, o projeto de atração de imigrantes intensificava-se, seja ele com o intuito

de povoar terras devolutas ou de substituir a mão de obra escrava recém-liberta.

Na década de 1880, foi registrado o maior volume de imigrantes entrados no Brasil,

cerca de um milhão e duzentos mil estrangeiros. E para recepcionar todo esse quantitativo de

expatriados, o governo brasileiro começou a fundar diversas hospedarias de imigrantes,

estruturadas para receber, inspecionar, alojar e assistir estrangeiros recém-chegados ao Brasil,

sendo posteriormente distribuídos às colônias e fazendas pelo interior do País, ou mesmo

destinados a serviços urbanos nas grandes cidades.

As principais hospedarias, instaladas nesse período, estavam localizadas nos estados

do Rio de Janeiro, Espírito Santo, São Paulo e Santa Catarina. Em território fluminense, a

primeira e mais importante hospedaria do gênero criada pelo governo brasileiro foi a

Hospedaria de Imigrantes da Ilha das Flores, às fls. 137 a 141.

Criada em 18 de janeiro de 1883, passou a funcionar para o fim a que foi destinada em

1º de maio de 1883 sob o controle da Inspetoria de Terras e Colonização do Ministério da

Agricultura. Os imigrantes sempre permaneciam na Ilha por alguns dias, a fim de serem

examinados e posteriormente encaminhados aos diferentes centros de atividades no País.


,_

Entre os anos de 1883 e 1966 a Hospedaria alojou imigrantes de diversas

nacionalidades (italianos, alemães, espanhóis, portugueses, austríacos, russos, poloneses,

:franceses, ingleses, norte-americanos, suecos, suíços, chineses, árabes e outros.) e, em

algumas ocasiões, também hospedou em suas dependências refugiados coreanos e chineses

(1955 e 1956) e húngaros (1957 e 1958), bem como asilados politicos cubanos (1963),~­
bolivianos (1964) e haitianos (fins de 1964), às fls. 119 a 126.

-6-
Em 1931, a Hospedaria da Ilha das Flores passou à responsabilidade do Ministério do

Trabalho, retomando à pasta da Agricultura em meados da década de 1950.

Ao longo de seus mais de 80 anos de existência, a Hospedaria de Imigrantes abrigou

em suas dependências, além dos imigrantes estrangeiros, diversos migrantes nacionais, que

aguardavam colocação ou embarque para os diversos rincões do País.

4 - DA ESTRUTURA DAS INSTALAÇÕES DA ILHA DAS FLORES

Para cumprir sua finalidade, a Hospedaria de Imigrantes da Ilha das Flores foi

estruturada, em 1883, de modo a poder oferecer condições de conforto adequadas às famílias

oriundas de diferentes locais e com hábitos culturais bem distintos. Assim, foi inicialmente

organizada da seguinte maneira: um grande galpão onde ficavam os dormitórios e as

enfermarias (atual prédio da Base de Fuzileiros Navais da Ilha das Flores).

Na extremidade esquerda da ilha, existia um pequeno depósito de bagagens (área onde

hoje se situa o prédio do Comando da Tropa de Reforço) . Entre o grande galpão e o depósito

de bagagens, havia uma pequena caixa d'água ou cisterna, com capacidade para 50 mil litros,

que abastecia as instalações. Ao centro da ilha, localizava-se a Casa do Diretor. Ressalta-se

que grande parte das instalações foram construídas anteriormente, quando a Ilha das Flores

ainda era uma fazenda, sendo reaproveitadas pela direção da Hospedaria.

Em 1885 foi construída uma lavanderia, com capacidade para 50 lavadeiras e no ano

seguinte as enfermarias foram transferidas para um edifício construído exclusivamente para

este fim, ao norte da ilha onde hoje situa-se o prédio da Unidade Médica Expedicionária da

Marinha.

-7-
Em 1888 foi ampliado o depósito, em virtude do aumento do fluxo imigratório.

Simultaneamente, começaram a ser construídos galpões na ala norte, em estrutura de madeira,

para novos alojamentos de imigrantes.

Quase vinte cinco anos depois da inauguração, em 1907, foram construídos três novos

prédios em alvenaria para alojamento de imigrantes ao norte da ilha, em substituição aos de

madeira (Pavilhões 1, 2 e 3 - atuais Batalhão de Viaturas Anfibias, Companhia de Polícia, e

Companhia de Apoio ao Desembarque). Além disso, foi construída uma nova caixa d'água,

com capacidade para 250 mil litros a qual continua sendo utilizada até os dias de hoje, às fls.

142 a 147.

Dois anos mais tarde, construiu-se novas casas para os funcionários da Hospedaria,

bem como reformou-se as existentes.

Com o intuito de facilitar o acesso e melhor controle dos habitantes e funcionários da

Hospedaria, em 1928, se construiu "o Cais do Bote", principal atracadouro da Ilha das Flores.

Por fim, em 1944 foi construída a Capela Santa Terezinha, bem como outra~y

instalações (casas para funcionários, oficinas e carpintaria). ~/ ~

De 1944 até os dias de hoje foram realizadas reformas para se atender às necessidades

de uso da Ilha das Flores. Contudo, muitas das principais características da Hospedaria da Ilha )Q-,
das Flores foram preservadas. A-.-1
Aproveitando-se desse fato, desde o ano de 2010, a Marinha do Brasil e a

Universidade do Estado do Rio de Janeiro mantêm um convênio que visa a preservar o

patrimônio histórico e cultural desse importante capítulo da história brasileira, às fls. 87 a 103.

A Hospedaria de Imigrantes da Ilha das Flores, primeira hospedaria instalada pelo

governo imperial no nosso País funcionou por oitenta e três anos e acolheu mais de um

milhão de pessoas entre imigrantes e migrantes, às fls. 137 a 141, e 148 a 163.

-8-
Zl 1

5 - DO USO DA ILHA DAS FLORES PELO ESTADO BRASILEIRO EM

SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIA

A Ilha das Flores já serviu, ao longo de sua história, em diversas ocasiões, como

presídio, abrigo de migrantes e de desalojados, mesmo estando em pleno funcionamento a

Hospedaria de Imigrantes. Houve, portanto, períodos e não foram poucos, em que a atividade

primordial da Ilha, qual seja, a de receber, inspecionar, alojar e assistir estrangeiros recém-

chegados ao Brasil, conviveu com a ativid~de assistencial e prisional.

De 1917 a 1919, com o ingresso: dcf Brasil na Primeira Guerra Mundial, a


. :·
Hospe~aria
:· .

foi transferida da competência do Ministério da Agricultura para o Ministério da Marinha, e

passou a abrigar como presos de guerra, tripulantes de navios alemães que se encontravam no

Brasil, às fls. 164 a 166.

Durante a década de 1930, a Hospedaria da Ilha das Flores serviu como presídio em

dois períodos: entre agosto e outubro de 1932, estiveram reclusos prisioneiros paulistas da

chamada Revolução Constitucionalista. Três anos depois, em 1935, a ilha recebeu militantes

comunistas suspeitos de envolvimento na chamada Intentona Comunista, às fls. 167 a 169.

Com a deflagração da Segunda Guerra Mundial e a entrada do Brasil no conflito junto

aos Aliados, a Ilha das Flores foi transformada em local de clausura para os chamados

"súditos do eixo", entre 1942 e 1945. Somente no ano 1942, foram retidas na Ilha das Flores

trezentos e quarenta e nove pessoas, à fl. 170.

Em 1944 tem-se registrado a instalação do Serviço de Encaminhamento de

Trabalhadores para a extração de borracha no Mato Grosso - "soldados da borracha" -. Estas

- pessoas eram recebidas na Ilha inspecionadas, devidamente imunizadas e equipadas para

seguirem para os seringais, à fl. 171.

-9-
Outro momento em que as dependências da hospedaria foram utilizadas para outros

fins ocorreu entre o ano de 1963 e início de 1964, antes do movimento civil-militar daquele

ano, quando o Ministério da Justiça instalou na Ilha das Flores um presídio para sonegadores

de mercadorias e majoradores de preços. Desde o advento da Superintendência Nacional de

Abastecimento (SUNAB), criada em 1962, o governo brasileiro passou a empreender uma

fiscalização mais rigorosa junto aos comerciantes, às fls. 172 a 174.

No ano seguinte, também foi criado o Comissariado de Defesa da Economia Popular

(CODEP), órgão fiscalizador específico dos preços dos gêneros alimentícios. Conhecidos

popularmente como "tubarões" e "exploradores do povo", comerciantes incursos na chamada

Lei de Economia Popular (Lei nº 1.521, de 1951) eram detidos e transferidos para a Ilha das

Flores, sendo que os de origem estrangeira ainda podiam ser deportados.

Em 1964, ainda no período de vigência da Hospedaria da Ilha das Flores, foi criado,

por meio do Decreto nº 53.844, de 25 de março de 1964, uma unidade policial, vinculado ao

Departamento Federal de Segurança Pública, órgão subordinado ao Ministério da Justiça e

Negócios Interiores, com a finalidade de prover a "vigilância ostensiva à Ilha das Flores" que

estava sendo utilizada, como já dito anteriormente, como local de acautelamento de pessoas.

A guarnição deste quartel era composta por servidores que optaram pelo serviço público

federal (Lei nº 4.242, de 17 de julho de 1963), os chamados "policiais optantes", à fl. 175.

Aproveitando a estrutura acima mencionada, a Ilha das Flores, ainda sob o controle

dos Ministérios da Agricultura e Justiça, a partir de abril de 1964, foi utilizada como "prisão

especial". As autoridades policiais responsáveis pelos inquéritos e Oficiais das Forças

Armadas que trabalharam em conjunto com o Departamento de Policia Política e Social,

... _
custodiaram cidadãos enquadrados na Lei de Segurança, às fls. 176 a 179. ,r--y
Outro exemplo de utilização emergencial das instalações da Hospedaria da Ilha das V~
Flores fui a ocorrida no período de 15 de janeiro a 18 de março de 1966, quando numerosasJ -

- 10 -
famílias de flagelados procedentes do Estado do Rio de Janeiro (principalmente São Gonçalo

e Niterói), vítimas das enchentes provocadas por fortes chuvas que, na ocasião, abalaram os

Estados da Guanabara, Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, ali foram alojadas, às fls.

180 e 181.

Como se pode depreender, nos períodos acima mencionados, as instalações da Ilha das

Flores foram utilizadas para fins diversos, inclusive acautelamento de presos, fugindo, dessa

maneira, da sua afetação precípua que era a de abrigar uma hospedaria de imigrantes para

receber, inspecionar, alojar e assistir os estrangeiros quando de suas chegadas ao Brasil,

particularmente na cidade do Rio de Janeiro.

6 - DO USO DA ILHA DAS FLORES PELA MARINHA

Como relatado anteriormente, o primeiro contato da Ilha das Flores com a Marinha

aconteceu entre outubro de 1917 e outubro de 1919, quando a ilha abrigou prisioneiros de

guerra da Alemanha por ocasião da Grande Guerra.

Quase cinquenta anos depois, em 26 de dezembro de 1968, a Ilha das Flores passou

novamente ao controle da Marinha. O motivo foi a criação, por meio do Aviso nº 3.907 do

Ministério da Marinha, do Destacamento Especial da Ilha das Flores, subordinado ao

Comando-Geral do Corpo de Fuzileiros Navais, cuja finalidade, de acordo com o Aviso

supracitado, era a de acautelar presos. Dessa forma, foi criado, de fato, na Ilha das Flores, um

estabelecimento penal militar cuja lotação de pessoal para o funcionamento constava do Aviso

3.908 do Ministério da Marinha de 26 de dezembro de 1968, às fls. 127 a 129. rY


Há poucos registros oficiais sobre o Destacamento Especial da Ilha das Flores, 1..--""Jlj

constando basicamente a data de sua criação, por meio do Aviso supracitado, e de sua

J!}
- 11 -
?20

instalação em prédios pertencentes ao antigo Instituto Nacional de Desenvolvimento Agrário

(INDA).

Sugerindo que eram boas condições de acautelamento de presos, encontra-se o

requerimento, datado de 21 de maio de 1970, da advogada Rosa Maria Cardoso Cunha

solicitando ao Juiz Auditor da 2ª Auditoria de Marinha a transferência de preso "para o

Presídio da Ilha das Flores, onde ficaria em companhia de outros detidos, gozando de

tratamento mais salutar", à fl. 182.

Outra referência às boas condições do presídio militar da Ilha das Flores consta de

requerimento à 2ª Auditoria do Exército, de 24 de novembro del971, feita pelo advogado

Augusto Sussekind de Moraes Rego solicitando a transferência de seu cliente para outro

estabelecimento prisional onde escreve "muito embora se encontre sendo muito bem tratado

na Ilha das Flores" e prossegue com a sua petição, às fls. 183 e 184.

No período que foi utilizado como local de acautelamento de presos sob o controle da

Marinha, muito provavelmente valorizando-se o princípio da economicidade no uso de

recursos públicos, foram aproveitadas as estruturas das instalações da antiga Hospedaria de

Imigrantes, tendo em vista que as mesmas, por terem acolhido no passado, com algum

conforto, diversas famílias de imigrantes, reuniam, por óbvio, depois de reformadas e

adaptadas, condições de receber qualquer tipo de pessoas, inclusive as envolvidas em atos

considerados subversivos.

O prédio utilizado para abrigar os presos era repleto de cômodos em seus dois lados. A

parte voltada para a cidade de São Gonçalo abrigou a ala feminina e as celas dos presos

incomunicáveis. A outra parte, voltada para a Baía de Guanabara, destinava-se aos detentos

do sexo masculino.

Em 1° de julho de 1971, a Unidade Militar que tinha a tarefa de acautelar presos na

Ilha das Flores foi transferida para os aquartelamentos do Corpo de Fuzileiros Navais na Ilha

- 12 -
22.1

do Governador. Por sua vez, o Comando de Reforço, até então aquartelado na Ilha do

Governador, se transferiu para a Ilha das Flores juntamente com duas outras Unidades

Militares diretamente subordinadas - o Comando do Comando de Reforço e o Batalhão de

Manutenção e Abastecimento - e assumiu a responsabilidade pelas instalações do

estabelecimento prisional da Ilha das Flores.

Tem-se registro, por meio de notícias veiculadas pela imprensa daquela época, que a

Organização Militar referenciada no parágrafo anterior, em 27 de dezembro de 1972, por

exemplo, foi visitada pelo Caderdeal-Arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Eugênio Salles.

Naquela ocasião, inclusive, teria mantido contatos em particular com os detentos, atestando a

normalidade no uso daquelas instalações prisionais, à fl . 185.

Assim, pode-se inferir que o estabelecimento prisional militar da Ilha das Flores, sob a

responsabilidade da Marinha, funcionou a partir do começo do ano de 1969 e estava voltado

principalmente para atender a necessidade de abrigar os presos provisórios e condenados pela

Justiça Militar, incursos na Lei de Segurança Nacional.

Pelo apresentado acima, buscou-se demonstrar, ainda, que a Instituição, desde que

assumiu o controle das instalações da Ilha das Flores no início de 1969, buscou assegurar

condições dignas aos presos ali acautelados. A utilização da antiga estrutura existente, oriunda

da Hospedaria de Imigrantes, seguramente contribuiu para esse fim.

7 - DAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O ARCABOUÇO JURÍDICO

A base legal que amparou a atuação da Organização Militar sediada na Ilha das Flores,

encarregada de acautelar presos a partir de 26 de dezembro de 1968, estava alicerçada nos

seguintes diplomas legais:

- Decreto-Lei n. 925, de 2 de Dezembro de 1938 - Código de Justiça Militar

- 13 -
222-

- Decreto n. 38.010, de 5 de Outubro de 1955 - Regulamento Disciplinar da Marinha

- Decreto nº 38.016, de 5 de Outubro de 1955 - Regulamenta a Prisão Especial

- Constituição da República Federativa do Brasil, de 24 de Janeiro de 1967

- Decreto-Lei n.314, de 13 de Março de 1967 - Lei de Segurança Nacional

- Ato Institucional n. 5, de 13 de Dezembro de 1968

- Emenda Constitucional n. 1, de 17 de Outubro de 1969


,__)

- Decreto-Lei n. 898, de 29 de Setembro de 1969' - Lei de Segurança Nacional

- Decreto-Lei n. 1.001, de 21 de Outubro de 1969 - Código Penal Militar

- Decreto-Lei n. 1.002, de 21 de Outubro de 1969 - Código de Processo Penal Militar

Como é de conhecimento geral, os princípios basilares das Forças Armadas são a

hierarquia e a disciplina. Entende-se por hierarquia militar "a ordenação da autoridade, em

níveis diferentes, dentro da estrutura militar. A ordenação se faz por postos ou graduações;

dentro de um mesmo posto ou graduação, se faz pela antiguidade no posto ou graduação". Já

a disciplina, por sua vez, é "a rigorosa observância e o acatamento integral das leis,

regulamentos, normas e disposições que fundamentam o organismo militar e coordenam seu

funcionamento regular e harmônico, traduzindo-se pelo perfeito cumprimento do dever por

parte de todos e de cada um dos componentes desse organismo". (Regulamento Disciplinar da

Marinha- 1983).

Os princípios acima mencionados sempre serviram como norte tanto para a elaboração

quanto para a aplicação das normas de direito penal militar e das normas de direito

administrativo disciplinar militar.

Convém ressaltar que o Direito Militar é o ramo do Direito relacionado à legislação

das Forças Armadas. Tem a sua origem no Direito Romano, onde era utilizado para manter a

disciplina das tropas da Legião Romana

- 14 -
22 ~

O Código Penal Militar tipifica os crimes militares em tempo de paz e de guerra,

porém não abarca, no seu bojo, as infrações dos regulamentos disciplinares classificadas

como contravenções disciplinares, tendo em vista que essas infrações são tratadas no âmbito

do Direito Administrativo Disciplinar Militar.

Tanto o Código Penal Militar como os Regulamentos Disciplinares preveem penas

privativas da liberdade e, por consequência, a existência de instalações específicas para o

cumprimento das mesmas. O Regulamento Disciplinar da Marinha de 1955, por exemplo,

previa penas privativas de liberdade, dentre elas, a prisão rigorosa, que deveria ser cumprida

em "prisão fechada em célula solitária".

A lei de Segurança Nacional de 1967 e também o Código Penal Militar de 1969

contemplam a pena de prisão com privação de liberdade que poderia ser cumprida, conforme

o caso, "em estabelecimento militar" (Art. 52 DL 314/67) ou "em estabelecimento penal

militar" (Art. 61 do CPM/69).

Dessa forma, tanto a prisão em estabelecimento militar (quartel ou navio) ou a

existência de Organização Militar voltada especificamente para esse, como no caso do

Destacamento Especial da Ilha das Flores, encontravam amparo legal nas legislações vigentes

à época.

No que tange à possibilidade de cumprimento de pena privativa de liberdade por civis

em estabelecimento militar, é imperioso destacar que a Lei de Segurança Nacional editada

pelo Decreto-Lei nº 314, de 13 de Março de 1967 tinha como suporte jurídico a Constituição

de 1967, a qual continha dispositivos que consagravam os conceitos fundamentais do período

de 1964 a 1985, dentre eles o de "segurança nacional."

Assim, traz-se à colação alguns dispositivos da Carta de 1967, os quais demonstram

preocupação com a " segurança nacional", veja-se:

"Art. 8º Compete à União:

- 15 -
I - manter relações com Estados estrangeiros e com eles celebrar tratados e
convenções; participar de organizações internacionais;
II - declarar guerra e fazer a paz;
III - decretar o estado de sitio;
..__, IV - organizar as forças armadas; planejar e garantir a segurança
nacional;
V - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças
estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam,
temporariamente;
VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material bélico;
VII - organizar e manter a policia federal com a finalidade de prover:
a) os serviços de política marítima, aérea e de fronteiras ;
b) a repressão ao tráfico de entorpecentes;
c) a apuração de infrações penais contra a segurança nacional, a ordem
política e social, ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União, assim
como de outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual e exija
repressão uniforme, segundo se dispuser em lei;
d) a censura de diversões públicas;

VIII - emitir moedas;


IX - fiscalizar as operações de crédito, capitalização e de seguros;
X - estabelecer o plano nacional de viação;
XI - manter o serviço postal e o Correio Aéreo Nacional;
XII - organizar a defesa permanente contra as calamidades públicas,
especialmente a seca e as inundações;
XIII - estabelecer e executar planos regionais de desenvolvimento;
XIV - estabelecer planos nacionais de educação e de saúde;
XV - explorar, diretamente ou mediante autorização ou concessão:
a) os serviços de telecomunicações;
b) os serviços e instalações de energia elétrica de qualquer origem ou
natureza;
c) a navegação aérea;
d) as vias de transporte entre portos marítimos e fronteiras nacionais ou que
transponham os limites de um Estado, ou Território;
XVI - conceder anistia,
XVII - legislar sobre:

- 16 -
225

a) a execução da Constituição e dos serviços federais;


b) direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, aéreo,
marítimo e do trabalho;
c) Normas gerais de direito financeiro; de seguro e previdência social; de
defesa e proteção da saúde; de regime penitenciário;
d) Produção e consumo;
e) registros públicos e juntas comerciais;
j) desapropriação;
g) requisições civis e militares em tempo de guerra;
h) jazidas, minas e outros recursos minerais; metalurgia; florestas, caça e
pesca;
i) águas, energia elétrica e telecomunicações;

j) sistema monetário e de medidas; título e garantia dos metais;


l) política de crédito, câmbio, comércio exterior e interestadual;
transferência de valores para fora do Pais;
m) regime dos portos e da navegação de cabotagem, fluvial e lacustre;
n) tráfego e trânsito nas vias terrestres;
o) nacionalidade, cidadania e naturalização; incorporação dos silvícolas à
comunhão nacional;
p) emigração e imigração; entrada, extradição e expulsão de estrangeiros;
q) diretrizes e bases da educação nacional; normas gerais sobre desportos;

r) condições de capacidade para o exercício das profissões liberais e


técnico-científicas;
s) uso dos símbolos nacionais;
t) organização administrativa e judiciária do Distrito Federal e dos
Territórios;
u) sistemas estatístico e cartográfico nacionais;
v) organização, efetivos, instrução, justiça e garantias das policias militares
e condições gerais de sua convocação, inclusive mobilização.
§ 1 ºA União poderá celebrar convênios com os Estados para a execução,
por funcionários estaduais, de suas leis, serviços ou decisões.
§ 2º A competência da União não exclui a dos Estados para legislar
supletivamente sobre as matérias das letras f, çJ, g, 1J, g_ e }:' do item XVIL
respeitada a lei federal.

- 17 -
Art. 58 O Presidente da República, em casos de urgência ou de interesse
público relevante, e desde que não resulte aumento de despesa, poderá expedir
decretos com força de lei sobre as seguintes matérias:
I - segurança nacional;
II -finanças públicas.
Parágrafo único - Publicado, o texto, que terá vigência imediata, o
Congresso Nacional o aprovará ou rejeitará, dentro de sessenta dias, não podendo
emendá-lo; se, nesse prazo, não houver deliberação o texto será tido como
aprovado.
Da Segurança Nacional
Art. 89 Toda pessoa natural ou jurídica é responsável pela segurança
nacional, nos limites definidos em lei.
Art. 90 O Conselho de Segurança Nacional destina-se a assessorar o
Presidente da República na formulação e na conduta da segurança nacional.
§ 1° O Conselho compõe-se do Presidente e do Vice-Presidente da
República e de todos os Ministros de Estado.
§ 2º A lei regulará a organização, competência e o funcionamento do
Conselho e poderá admitir outrós membros natos-ou eventuais:
Art. 91 Compete ao Conselho de Segurança Nacional:
I - o estudo dos problemas relativos à segurança nacional, com a
cooperação dos órgãos de Informação e dos incumbidos de preparar a
mobilização nacional e as operações militares;
II - nas áreas indispensáveis à segurança nacional, dar assentimento prévio
para:
a) concessão de terras, abertura de vias de transporte e instalação de meios
de comunicação;
b) construção de pontes e estradas internacionais e campos de pouso;
c) estabelecimento ou exploração de indústrias que interessem á segurança
nacional;
III - modificar ou cassar as concessões ou autorizações referidas no item
anterior.
Parágrafo único - A lei especificará as áreas indispensáveis à segurança
nacional, regulará sua utilização e assegurará, nas indústrias nelas situadas,
predominância de capitais e trabalhadores brasileiros.

- 18 -
Art. 93 Todos os brasileiros são obrigados ao serviço militar ou a outros
encargos necessários à segurança nacional, nos termos e sob as penas da lei.
Art. 122 A Justiça Militar compete processar e julgar, nos crimes militares
definidos em lei, os militares e as pessoas que lhes são assemelhadas.
§ 1 º Esse foro especial poderá estender-se aos civis, nos casos expressos
em lei para repressão de crimes contra a segurança nacional ou as instituições
militares, com recurso ordinário para o Supremo Tribunal Federal.
§ 2° Compete originariamente ao Superior Tribunal Militar processar e
julgar os Governadores de Estado e seus Secretários, nos crimes referidos no § 1 ~
§ 3º A lei regulará a aplicação das penas da legislação militar em tempo de
guerra. "

Da leitura dos dispositivos acima mencionados, infere-se que o conceito de "segurança

nacional" possuía ampla abrangência. Por conta disso, a Lei de Segurança Nacional previa

diversos crimes que poderiam ser cometidos tanto por civis quanto por militares. No caso da

condenação de civis por prática desses crimes, a Lei de Segurança Nacional, criada pelo

Decreto-Lei nº 314, de 13 de Março de 1967, estabelecia que o cumprimento de pena

privativa de liberdade poderia ser realizado dentro de estabelecimento de natureza militar, in

verbis:

"Art. 44. Ficam sujeitos ao foro militar, tanto os militares como os civis,

na forma do art. 122, §§ l° e 2~ da Constituição promulgada em 24 de janeiro de

1967, quanto ao processo e julgamento dos crimes definidos neste decreto-lei,

assim como os perpetrados contra as instituições militares.

Parágrafo único. Instituições militares são as Fôrças Armadas, constituídas

pela Marinha de Guerra, Exército e Aeronáutica Militar e estruturadas em

Ministérios e altos órgãos militares de administração, planejamento e comando.

Art. 52. A pena privativa da liberdade será cumprida em estabelecimento

militar ou civil, a critério do juiz, mas sem rigor penitenciário."

- 19 -
Destarte, o Destacamento Especial da Ilha das Flores teve seu funcionamento

amparado pelas diretrizes da ordem jurídica em vigor no período dos governos militares, uma

vez que foi instituído como estabelecimento militar com o fim de abrigar presos, inclusive

aqueles, civis ou militares, que eram considerados pelo Poder Judiciário como infratores da

Lei de Segurança Nacional.

Ainda, vale ressaltar que a Lei de Segurança Nacional, de 13 de Março de 1967, foi

revogada pelo Decreto-Lei nº 898, de 29 de Setembro de 1969, o qual estabeleceu uma nova

Lei de Segurança Nacional. Essa nova lei encontrou amparo jurídico no art. l º do Ato

Institucional nº 12 e no § 1° do art. 2° do Ato Institucional nº 5.

O Decreto-Lei nº 898/69 perdurou no ordenamento jurídico por nove anos. O

significado abrangente da expressão "segurança nacional" foi mantido. A segurança nacional

continuou sendo responsabilidade de todos, civis e militares, inclusive de pessoas jurídicas.

No que se refere ao cumprimento de pena privativa de liberdade por CIVIS em

estabelecimento militar em virtude de prática de crime previsto na Lei de Segurança Nacional,

destacam-se as seguintes disposições do Decreto-Lei nº 898/ 69:

"Art. l° Toda pessoa natural ou jurídica é responsável pela segurança

nacional, nos limites definidos em lel

Art. 56. Ficam sujeitos ao foro militar tanto os militares como os civis, na

forma do art. 122, parágrafos 1° e 2º da Constituição, com a redação dada pelo

Ato Institucional nº 6, de 1° de fevereiro de 1969, quanto ao processo e

julgamento dos crimes definidos neste Decreto-lei, assim como os perpetrados

contra as Instituições Militares.

Parágrafo único. Instituições Militares são as Forcas Armadas, constituídas

pela Marinha de Guerra, Exército e Aeronáutica Militar, estruturadas em

Ministérios, bem assim os altos órgãos militares de administração, planejamento e

comando.

- 20 -
Art. 57. O foro especial estabelecido neste Decreto-lei prevalecerá sobre

qualquer outro ainda que os crimes tenham sido cometidos por meio de imprensa,

radiodifusão ou televisão.

Art. 59. Durante as investigações policiais o indiciado poderá ser preso,

pelo Encarregado do Inquérito até trinta dias, comunicando-se a prisão à

autoridade judiciária competente. Êste prazo poderá ser prorrogado uma vez,

mediante solicitação fundamentada do Encarregado do Inquérito à autoridade

que o nomeotL

§ 1° O Encarregado do Inquérito poderá manter incomunicável o

indiciado até dez dias, desde que a medida se torne necessária às averiguações

policiais militares.

§ 2º Se entender necessário, o Encarregado solicitará dentro do mesmo

prazo ou de sua prorrogação, a prisão preventiva do indiciado, observadas as

disposições do art. 149 do Código da Justiça Militar.

Art. 76. A pena privativa de liberdade será cumprida em estabelecimento

penal, militar ou civil, sem rigor penitenciário, a critério do juiz, tendo em vista a

natureza do crime e a periculosidade do agente.

Art. 105. A pena de prisão perpétua será cumprida em estabelecimento

penal, militar ou civil, ficando o condenado sujeito a regime especial e separado

dos que estejam cumprindo outras penas privativas de liberdade. "

Posteriormente, a Lei de Segurança Nacional de 1969 foi legitimada pela Emenda

Constitucional nº 1, de 17 de Outubro de 1969, que reforçou a validade do AI-5, bem como

trouxe em seu texto disposições referentes à segurança nacional, tais como:

"Art. 8". Compete à União:

1 - manter relações com Estados estrangeiros e com êles celebrar tratados e

convenções; participar de organizações internacionais;

- 21 -
z30

- II - declarar guerra e fazer a paz;

III - decretar o estado de sítio;

IV - organizar as fôrças armadas;

V - planejar e promover o desenvolvimento e a segurança nacionais;

VI - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que fôrças

estrangeiras transitem pelo território nacional ou nêle permaneçam

temporariamente;

VII - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material bélico;

VIII - organizar e manter a polícia federal com a finalidade de:

a) executar os serviços de polícia marítima, aérea e de fronteiras;

b) prevenir e reprimir o tráfico de entorpecentes e drogas afins;

c) apurar infrações penais contra a segurança nacional, a ordem política e

social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União, assim como

outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual e exija repressão

uniforme, segundo se dispuser em lei; e

d) prover a censura de diversões públicas;

IX - emitir moeda;

X - fiscalizar as operações de crédito, capitalização e seguros;

XI - estabelecer o plano nacional de viação;

XII - manter o serviço postal e o Correio Aéreo Nacional;

XIII - organizar a defesa permanente contra as calamidades públicas,

especialmente a sêca e as inundações;

XIV - estabelecer e executar planos nacionais de educação e de saúde, bem

como planos regionais de desenvolvimento;

XV - explorar, diretamente ou mediante autorização ou concessão:

a) os serviços de telecomunicações;

- 22 -
b) os serviços e instalações de energia elétrica de qualquer origem ou

natureza;

c) a navegação aérea; e

d) as vias de transporte entre portos marítimos e fronteiras nacionais ou que

transponham os limites de Estado ou Território;

XVI - conceder anistia; e

XVII - legislar sobre:

a) cumprimento da Constituição e execução dos serviços federais;

b) direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo,

aeronáutico, espacial e do trabalho;

c) normas gerais sôbre orçamento, despesa e gestão patrimonial e

financeira de natureza pública; de direito financeiro; de seguro e previdência

social; de defesa e proteção da saúde; de regime penitenciário;

d) produção e consumo;

e) registros públicos e juntas comerciais;

g) requisições civis e militares em tempo de guerra;

h) jazidas, minas e outros recursos minerais; metalurgia; florestas, caça e

pesca;

i) águas, telecomunicações, serviço postal e energia (elétrica, térmica,

nuclear ou qualquer outra);

j) sistema monetário e de medidas; título e garantia dos metais;

!) política de crédito, câmbio, comércio exterior e interestadual;

transferência de valôres para fora do País;

m) regime dos portos e da navegação de cabotagem, fluvial e lacustre;

n) tráfego e trânsito nas vias terrestres;

o) nacionalidade, cidadania e naturalização; incorporação dos silvícolas à

comunhão nacional;

- 23 -
p) emigração e imigração; entrada, extradição e expulsão de estrangeiros;

q) diretrizes e bases da educação nacional; normas gerais sôbre desportos;

r) condições de capacidade para o exercício das profissões liberais e

técnico-cientificas;

s) símbolos nacionais;

t) organização administrativa e judiciária do Distrito Federal e dos

Territórios;

u) sistema estatístico e sistema cartográfico nacionais; e

v) organização, efetivos, instrução, justiça e garantias das polícias militares

e condições gerais de sua convocação, inclusive mobilização.

Parágrafo único. A competência da União não exclui a dos Estados para

legislar supletivamente sôbre as matérias das alíneas c, d, e, n, q, e v do item XVII,

respeitada a lei federal.

Art. 32. Os deputados e senadores são invioláveis, no exercício do mandato,

por suas opiniões, palavras e votos, salvo nos casos de injúria, difamação ou

calúnia, ou nos previstos na Lei de Segurança Nacional.

§ 1 º Durante as sessões, e quando para elas se dirigirem ou delas

regressarem, os deputados e senadores não poderão ser presos, salvo em flagrante

de crime comum ou perturbação da ordem pública.

§ 2º Nos crimes comuns, os deputados e senadores serão submetidos a

julgamento perante o Supremo Tribunal Federal.

§ 3° A incorporação, às forcas armadas, de deputados e senadores, embora

militares e ainda que em tempo de guerra, dependerá de licença da Câmara

respectiva.

§ 4° As prerrogativas processuais dos senadores e deputados, arrolados

como testemunhas, não subsistirão, se deixarem eles de atender, sem justa causa,

no prazo de trinta dias, o convite judicial.

- 24 -
Art. 55. O Presidente da República, em casos de urgência ou de interesse

público relevante, e desde que não haja aumento de despesa, poderá expedir

decretos-leis sobre as seguintes matérias:

I - segurança nacional;

II - finanças públicas, inclusive normas tributárias; e

III - criação de cargos públicos e fixação de vencimentos.

§ 1 ºPublicado o texto, que terá vigência imediata, o Congresso Nacional o

aprovará ou rejeitará, dentro de sessenta dias, não podendo emendá-lo; se, nesse

prazo, não houver deliberação, o texto será tido por aprovado.

§ 2º A rejeição do decreto-lei não implicará a nulidade dos atos praticados

durante a sua vigência.

Art. 86. Toda pessoa, natural ou jurídica, é responsável pela segurança

nacional, nos limites definidos em lei.

Art. 87. O Conselho de Segurança Nacional é o órgão de mais alto nível na

assessoria direta ao Presidente da República, para formulação e execução da

política de segurança nacional.

Art. 88. O Conselho de Segurança Nacional é presidido pelo Presidente da

República e dêle participam, no caráter de membros natos, o Vice-Presidente da

República e wdos os Ministros de Estado.

Parágrafo único. A lei regulará a sua organização, competência e

funcionamento e poderá admitir outros membros natos ou eventuais.

Art. 89. Ao Conselho de Segurança Nacional compete:

I - estabelecer os objetivos nacionais permanentes e as bases para a política

nacional;

II - estudar, no âmbito interno e externo, os assuntos que interessem à

segurança nacional;

- 25 -
III - indicar as áreas indispensáveis à segurança nacional e os municípios

considerados de seu interêsse;

IV - dar, em relação às áreas indispensáveis à segurança nacional,

assentimento prévio para:

a) concessão de terras, abertura de vias de transporte e instalação de meios

de comunicação;

b) construção de pontes, estradas internacionais e campos de pouso; e

c) estabelecimento ou exploração de indústrias que interessem à segurança

nacional;

V - modificar ou cassar as concessões ou autorizações mencionadas no item

anterior; e

VI - conceder licença para o funcionamento de órgãos ou representações de

entidades sindicais estrangeiras, bem como autorizar a filiação das nacionais a

essas entidades.

Parágrafo único. A lei indicará os municípios de interesse da segurança

nacional e as áreas a esta indispensáveis, cuja utilização regulará, sendo

assegurada, nas indústrias nelas situadas, predominância de capitais e

trabalhadores brasileiras.

Art. 91. As Forcas Armadas, essenciais à execução da política de

segurança nacional, destinam-se à defesa da Pátria e à garantia dos poderes

constituídos, da lei e da ordem.

Parágrafo único. Cabe ao Presidente da República a direção da política da

guerra e a escolha dos Comandantes-Chefes.

Art. 129. À Justiça Militar compete processar e julgar, nos crimes militares

definidos em lei, os militares e as pessoas que lhes são assemelhadas.

- 26 -
Z3S

§ 1 º Esse foro especial estender-se-á aos civis, nos casos expressos em lei,

para repressão de crimes contra a segurança nacional ou as instituições

militares.

§ 2º Compete originàriamente ao Superior Tribunal Militar processar e

julgar os Governadores de Estado e seus Secretários, nos crimes de que trata o §

1°.

§ 3º A lei regulará a aplicação das penas da legislação militar. "

Apesar das mudanças legislativas, o local de acautelamento de presos na Ilha das

Flores continuou cumprindo com a finalidade para qual foi criado, podendo abrigar presos

civis e militares em decorrência das disposições da Lei de Segurança Nacional, que, por sua

vez, foi amparada pelas disposições constitucionais então vigentes.

Além disso, no que tange ao local de cumprimento da pena privativa de liberdade, é

oportuno mencionar as disposições contidas no Decreto nº 38.016, de 5 de Outubro de 1955,

que vigorou até o início de Janeiro de 1991.

O Decreto nº 38.016 regulamentou a "prisão especial", a qual podia ser entendida

como uma prisão diferenciada em virtude de determinadas características do acusado.

No seu art.1 º,pode-se notar que há uma permissão legal de se manter presos especiais

em estabelecimentos militares, de natureza penal ou não. Isso significa dizer que era possível

encontrar em unidades militares presos beneficiados com a prisão especial, senão vejamos:

"Art. 1 Os diretores de prisões e os comandantes de unidades militares ao

receberem os presos beneficiados com ''prisão especial" observarão a legislação

específica existente e também o que prescreve o art.288 do Código de Processo

Penal.

Parágrafo único -Em casos de dúvida ou reclamações, após o recebimento

do préso, deverá ser consultada a autoridade a cuja disposição estiver.

- 27 -
Art.2 ºO detido deverá:

I- Pautar o seu procedimento pelas instruções baixadas pelo diretor da

prisão ou comandante da unidade.

II- Evitar controvérsias e quaisquer atitudes que possam importar em

desrespeito pertubação da ordem ou incitamento à desobediência. "


'-

Por fim, quanto à atividade de Polícia Militar, o Código de Justiça Militar de 1938

estabelecia:

"Art. 115. A polícia militar será exercida pelos Ministros da Guerra e da

Marinha, Chefes do Estado-Maior do Exército e da Armada, inspetores e

diretores de Armas e Serviços, Diretor Geral ao Pessoal da Armada,

comandantes de regiões, divisões, brigadas, guarnições e unidades e comandos

correspondentes na Marinha, chefes de departamentos, serviços,

estabelecimentos e repartições militares e navais, por si ou por delegação a

oficial, "

"Art. 156. Qualquer das autoridades referidas no art. 115 poderá ordenar

a detenção ou prisão do indiciado durante as investigações policiais até trinta

dias.

§ 1º Si houver necessidade da detenção ou prisão do acusado por tempo

superior a trinta dias, o comandante da região ou autoridade corresponderá na

Armada poderá prorrogar esse prazo por mais vinte dias, mediante solicitação

'-• fundamentada e por via hierárquica.

§ 2º O encarregado do inquérito, depois das diligências procedidas, poderá

ainda pedir a prisão preventiva do indicado, nos termos do art. 140.

§ 3º Si o indiciado não for oficial, o pedido será feita ao conselho

permanente de justiça; e si for oficial, sê-lo-á ao auditor competente, que decidirá

como de direito.

§ 4° Nas 1° e 2ª Regiões, o pedido será dirigido ao auditor mais antigo. "

- 28 -
23?

'--'

Já o Código de Processo Penal Militar de 1969, quanto à atividade de polícia Militar

previa o seguinte:

"Exercício da polícia judiciária militar

Art. 7° A polícia judiciária militar é exercida nos termos do art. 8~

pelas seguintes autoridades, conforme as respectivas jurisdições:

a) pelos ministros da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, em todo

o território nacional e fora dele, em relação às forças e órgãos que constituem

seus Ministérios, bem como a militares que, neste caráter, desempenhem missão

oficial, permanente ou transitória, em país estrangeiro;

b) pelo chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, em relação a

entidades que, por disposição legal, estejam sob sua jurisdição;

c) pelos chefes de Estado-Maior e pelo secretário-geral da Marinha,

nos órgãos, forças e unidades que lhes são subordinados;

d) pelos comandantes de Exército e pelo comandante-chefe da

Esquadra, nos órgãos, forças e unidades compreendidos no âmbito da respectiva

ação de comando;

e) pelos comandantes de Região Militar, Distrito Naval ou Zona

Aérea, nos órgãos e unidades dos respectivos territórios;

J) pelo secretário do Ministério do Exército e pelo chefe de Gabinete

do Ministério da Aeronáutica, nos órgãos e serviços que lhes são subordinados;

g) pelos diretores e chefes de órgãos, repartições, estabelecimentos ou

serviços previstos nas leis de organização básica da Marinha, do Exército e da

Aeronáutica;

h) pelos comandantes de forças, unidades ou navios;

Delegação do exercício

- 29 -
\,_ 1

1º Obedecidas às normas regulamentares de jurisdição, hierarquia e

comando, as atribuições enumeradas neste artigo poderão ser delegadas a oficiais

da ativa, para fins especificados e por tempo limitado.

2º Em se tratando de delegação para instauração de inquérito policial

militar, deverá aquela recair em oficial de posto superior ao do indiciado, seja

este oficial da ativa, da reserva, remunerada ou não, ou reformado.

3 ºNão sendo possível a designação de oficial de posto superior ao do

indiciado, poderá ser feita a de oficial do mesmo posto, desde que mais antigo.

4º Se o indiciado é oficial da reserva ou reformado, não prevalece,

para a delegação, a antiguidade de posto.

Designação de delegado e avocamento de inquérito pelo ministro

5º Se o posto e a antiguidade de oficial da ativa excluírem, de modo

absoluto, a existência de outro oficial da ativa nas condições do § 3~ caberá ao

ministro competente a designação de oficial da reserva de posto mais elevado para

a instauração do inquérito policial militar; e, se este estiver iniciado, avocá-lo,

para tomar essa providência.

Art. 8º Compete à Polícia judiciária militar:

a) apurar os crimes militares, bem como os que, por lei especial, estão

sujeitos à jurisdição militar, e sua autoria;

b) prestar aos órgãos e juízes da Justiça Militar e aos membros do

Ministério Público as i'nformações necessárias à instrução e julgamento dos

processos, bem como realizar as diligências que por eles lhe forem requisitadas;

e) cumprir os mandados de prisão expedidos pela Justiça Militar;

d) representar a autoridades judiciárias militares acerca da prisão

preventiva e da insanidade mental do indiciado;

- 30 -
e) cumprir as determinações da Justiça Militar relativas aos presos

sob sua guarda e responsabilidade, bem como as demais prescrições deste

Código, nesse sentido;

f) solicitar das autoridades civis as triformações e medidas que julgar

úteis à elucidação das infrações penais, que esteja a seu cargo;

g) requisitar da polícia civil e das repartições técnicas civis as

pesquisas e exames necessários ao complemento e subsídio de inquérito policial

militar;

h) atender, com observância dos regulamentos militares, a pedido de

apresentação de militar ou funcionário de repartição militar à autoridade civil

competente, desde que legal e fundamentado o pedido. "

8 - DAS OBSERVAÇÕES SOBRE O EMPREGO DE RECURSOS


FINANCEIROS

Os recursos para custeio e manutenção das Organizações Militares da Marinha, dentre

as quais se incluem as instalações da Organização Militar encarregada de acautelar presos na

Ilha das Flores, da mesma forma que nos dias atuais, tinham origem na Lei Orçamentária
·-._

Anual (LOA), aprovada, a cada ano, pelo Poder Legislativo.

Assim, parcela do Orçamento-Programa do governo federal, aprovado pela LOA,

destinada, à época, ao Ministério da Marinha, era executada pelas Organizações Militares de

forma descentralizada.

Os procedimentos adotados pela Marinha, para a execução orçamentária, eram os

mesmos adotados pelos demais órgãos federais, respaldados pelos normativos legais vigentes

à época, alguns dos quais estão ainda em vigor, destacando-se os seguintes artigos:
f
- Lei nº 432011964:

- 31 -
Zt..t o

"Art. 2° A Lei do Orçamento conterá a discriminação da receita e despesa

de forma a evidenciar a política econômica financeira e o programa de trabalho

do Govêrno, obedecidos os princípios de unidade universalidade e anualidade. (...)

Art. 47. Imediatamente após a promulgação da Lei de Orçamento e com

base nos limites nela fixados, o Poder Executivo aprovará um quadro de cotas

trimestrais da despesa que cada unidade orçamentária fica autorizada a utilizar.

(...)

Art. 66. As dotações atribuídas às· diversas unidades orçamentárias poderão

quando expressamente determinado na Lei de Orçamento ser movimentadas por

órgãos centrais de administração geral. "

- Constituição da República de 1967:

"Art 63 - A despesa pública obedecerá à lei orçamentária anual, que não

conterá dispositivo estranho à fixação da despesa e à previsão da receita. " (...)

Art 65 - O orçamento anual dividir-se-á em corrente e de capital e

compreenderá obrigatoriamente as despesas e receitas relativas a todos os

Poderes, órgãos e fundos, tanto da Administração Direta quanto da Indireta,

excluídas apenas as entidades que não recebam subvenções ou transferências à

conta do orçamento. "

-Decreto-Lei nº 20011967:

"Art. 16. Em cada ano, será elaborado um orçamento-programa, que

pormenorizará a etapa do programa plurianual a ser realizada no exercício

seguinte e que servirá de roteiro à execução coordenada do programa anual.

Parágrafo único. Na elaboração do orçamento-programa serão

considerados, além dos recursos consignados no Orçamento da União, os recursos

extra-orçamentários vinculados à execução do programa do Govêrno. (...)

- 32 -
L Art. 18. Tôda atividade deverá ajustar-se à programação governamental e

ao orçamento-programa e os compromissos financeiros só poderão ser assumidos

em consonância com a programação financeira de desembôlso. (..)

Art . 70. Publicados a lei orçamentária ou os decretos de abertura de

créditos adicionais, as unidades orçamentárias, os órgãos administrativos, os de

contabilização e os de fiscalização financeira ficam, desde logo, habilitados a

tomar as providências cabíveis para o desempenho das suas tarefas."

Por sua vez, as prestações de contas anuais são o meio pelo qual os administradores e

demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos prestam contas de sua gestão à

sociedade, satisfazendo formalmente o dever constitucional que a todos eles obriga.

O Tribunal de Contas, como órgão garantidor, foi resumido pelo Prof. Hamilton

Fernando Castardo, em sua obra "O Tribunal de Contas No Ordenamento Jurídico Brasileiro,

ed. Millennium, 2007, pág. 33:

"É órgão garantidor dos direitos fundamentais, pois fiscaliza a movimentação

financeira e patrimonial do Estado, que, pela sua própria natureza, exerce o

Poder, ensejando órgãos limitadores deste Poder "

Inicialmente, faz-se importante destacar que a história do controle de contas no Brasil

remonta ao período colonial. Em 1680, foram criadas as Juntas das Fazendas das Capitanias e

a Junta da Fazenda do Rio de Janeiro, jurisdicionadas a Portugal.

O Tribunal de Contas tem suas raízes no Erário Régio ou Tesouro Real Público,

instalado em 1808, na administração de D. João VI, quando também foi criado o Conselho da

Fazenda, que tinha como atribuição acompanhar a execução da despesa pública.

Com a proclamação da independência do Brasil, em 1822, o Erário Régio foi

transformado no Tesouro pela Constituição monárquica de 1824, prevendo-se, então, os

primeiros orçamentos e balanços gerais.

- 33 -
L
A Constituição brasileira de 1824, em seus artigos 170 e 172, outorgada por Pedro 1,
- rezava que a apreciação das contas públicas dar-se-ia mediante um Tribunal, chamado de

Tesouro Nacional.

"CONSTITUIÇÃO POLITICADO IMPERIO DO BRAZIL

(DE 25 DE MARÇO DE 1824)"

"CAPITULO 111 "

"Da Fazenda Nacional. "

"Art. 170. A Receita, e despeza da Fazenda Nacional será encarregada a

um Tribunal, debaixo de nome de 'Thesouro Nacional" aonde em diversas

Estações, devidamente estabelecidas por Lei, se regulará a sua administração,

arrecadação e contabilidade, em reciproca correspondencia com as Thesourarias,

e Autoridades das Provincias do Imperio. (Vide Lei de 12.1 O. 1834) "

"Art. 172. O Ministro de Estado da Fazenda, havendo recebido dos outros

Ministros os orçamentos relativos ás despezas das suas Repartições, apresentará

na Camara dos Deputados annualmente, logo que esta estiver reunida, um

Balanço geral da receita e despeza do Thesouro Nacional do anno antecedente, e

igualmente o orçamento geral de todas as despezas publicas do anno faturo, e da

importancia de todas as contribuições, e rendas publicas. "

A ideia de criação de um Tribunal de Contas surgiu, pela primeira vez no Brasil, em

23 de junho de 1826. Foi somente com a República, entretanto, que foi instituído no Brasil

um Tribunal de Contas, mediante o Decreto-Lei 966-A, de 7 de novembro de 1890.

"DECRETO Nº 966 A - de 7 de novembro de 1890"

"Crêa um Tribunal de Contas para o exame, revisão e julgamento dos actos

concernentes á receita e despeza da Republica. "

"Art. 1º - É instituido um Tribunal de Contas, ao qual incumbirá o exame, a

revisão e o julgamento de todas as operações concernentes á receita e despeza da

Republica. "

- 34 -
Em 1891, com a primeira Constituição da República, o Tribunal de Contas, instalado

em 17 de janeiro de 1893, foi elevado ao nível constitucional do ordenamento jurídico

brasileiro. Desde então, é mantido em todos os textos constitucionais, promovidos alguns

ajustes no rol de suas competências, mas sem alterações na essência do papel de Órgão

responsável pelo Controle Externo da Administração Pública Federal, em auxílio do

Congresso Nacional.
1
._../
Constituição de 1891

"Art 89 - É instituído um Tribunal de Contas para liquidar as contas da

receita e despesa e verificar a sua legalidade, antes de serem prestadas ao

Congresso. Os membros deste Tribunal serão nomeados pelo Presidente da

República com aprovação do Senado, e somente perderão os seus lugares por

sentença".

Constituição de 1934

Do Tribunal de Contas

Art 99 - É mantido o Tribunal de Contas, que, diretamente, ou por

delegações organizadas de acordo com a lei, acompanhará a execução

orçamentária e julgará as contas dos responsáveis por dinheiros ou bens públicos.

Constituição de 1937

"Art. 114 - Para acompanhar, diretamente, ou por delegações organizadas

de acordo com a lei, a execução orçamentária, julgar das contas dos responsáveis

por dinheiros ou bens públicos e da legalidade dos contratos celebrados pela

União, é instituído um Tribunal de Contas, cujos membros serão nomeados pelo

Presidente da República. Aos Ministros do Tribunal de Contas são asseguradas as

mesmas garantias que aos Ministros do Supremo Tribunal Federal." (Redação

dada pela Lei Constitucional nº 9, de 1945)

- 35 -
Constituição de 1946

Art 77 - Compete ao Tribunal de Contas:

I - acompanhar e fiscalizar diretamente, ou por delegações criadas em lei, a

execução do orçamento;

II - julgar as contas dos responsáveis por dinheiros e outros bens públicos, e

as dos administradores das entidades autárquicas;

III - julgar da legalidade dos contratos e das aposentadorias, reformas e

pensões.

A Constituição de 1967

"Art 71 - A fiscalização financeira e orçamentária da União será exercida

pelo Congresso Nacional através de controle externo, e dos sistemas de controle

interno do Poder Executivo, instituídos por lei.

§ 1 º -O controle externo do Congresso Nacional será exercido com o auxílio

do Tribunal de Contas e compreenderá a apreciação das contas do Presidente da

República, o desempenho das fanções de auditoria financeira e orçamentária, e o

julgamento das contas dos administradores e demais responsáveis por bens e

valores públicos.

§ 2º - O Tribunal de Contas dará parecer prévio, em sessenta dias, sobre as

contas que o Presidente da República prestar anualmente. Não sendo estas

enviadas dentro do prazo, o fato será comunicado ao Congresso Nacional, para os

fins de direito, devendo o Tribunal, em qualquer caso, apresentar minucioso

relatório do exercício financeiro encerrado.

§ 3° -A auditoria financeira e orçamentária será exercida sobre as contas

das unidades administrativas dos três Poderes da União, que, para esse fim,

- 36 -
Z45

deverão remeter demonstrações contábeis ao Tribunal de Contas, a quem caberá

realizar as inspeções que considerar necessárias.

§ 4º - O julgamento da regularidade das contas dos administradores e

demais responsáveis será baseado em levantamentos contábeis, certificados de

auditoria e pronunciamentos das autoridades administrativas, sem prejuízo das

inspeções referidas no parágrafo anterior. "

Emenda Constitucional nº 1de1969

"Art. 70. A fiscalização financeira e orçamentária da União será exercida

pelo Congresso Nacional mediante controle externo e pelos sistemas de controle

interno do Poder Executivo, instituídos por lei.

§ 1 º O controle externo do Congresso Nacional será exercido com o

auxílio do Tribunal de Contas da União e compreenderá a apreciação das contas

do Presidente da República, o desempenho das funções de auditoria financeira e

orçamentária, bem como o julgamento das contas dos administradores e demais

responsáveis por bens e valores públicos.

Constituição de 1988

"Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido

com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:

I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República,

mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de

seu recebimento;

II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por

dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as

fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as

- 37 -
contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que

resulte prejuízo ao erário público;

As legislações infraconstitucionais, conforme se depreende da Lei nº 830 de 23 de

setembro 1949, que reorganizou o Tribunal de Contas da União, Lei nº 4320/1964 e Decreto-

Lei nº 200/1967 já delineavam as suas competências, jurisdições, atribuições, sendo mantidas,

inclusive, delegações do Tribunal nos Ministérios da Marinha, da Guerra e da Aeronáutica,

que foram instaladas nos mesmos edifícios em que funcionavam as repartições fiscalizadas.

Ressalte-se que os art. 43 e 44 da Lei nº 830 previam, a contrário sensu, a publicação

das despesas.

Lei nº 830/1949

Art. 34. Compete ao Tribunal de Contas:

I - acompanhar e fiscalizar, diretamente, ou por Delegações criadas em lei,

a execução do orçamento;

II - julgar as contas dos responsáveis por dinheiro e outros bens públicos e

as dos administradores das entidades autárquicas;

Art. 40. Estão sujeitos à prestação de contas e só por ato do Tribunal de

Contas podem ser liberados de sua responsabilidade:

I - o gestor dos dinheiros públicos e todos quantos houverem arrecadado,

despendido, recebido depósitos de terceiros, ou tenham sob a sua guarda e

administração dinheiros, valores e bens da União;

II - todos os servidores públicos civis e militares, ou qualquer pessoa ou

entidade, estipendiados pelos cofres públicos, ou não, que derem causa à perda,

extravio ou estrago de valores, ou de material da União, ou pelos quais seja esta

responsável;

Art. 42. Compete-lhe, quanto à despesa:

- 38 -
I - velar por que a aplicação dos dinheiros públicos se dê na conformidade

das leis, do orçamento e dos créditos;

Art. 43. As despesas de caráter reservado e confidencial não serão

publicadas e terão registro, em face de comprovação apropriada, desde que o

crédito próprio as comporte.

Art. 44. As despesas a que se refere o art. 43 serão, anualmente,

verificadas, logo após o encerramento do exercício, por uma comissão especial,

nomeada pelo Presidente do Tribunal de Contas.

§ 1° Tais despesas serão comprovadas pelas ordens de pagamento e demais

documentos que demonstrem a sua efetivação.

§ 2º Os processos de tomada de contas de tais despesas serão feitos em

caráter reservado e julgados pelo Tribunal em sessão secreta.

Art. 134. São mantida~ as Delegações do Tribunal de Contas nos Estados,

nos Ministérios da Aeronáutica, da Guerra e da Marinha e no Departamento

Federal de Compras, devendo as demais, que se tornassem necessárias, ser

criadas por lei.

Art. 138. As Delegações do Tribunal de Contas serão instaladas nos mesmos

edifícios em que funcionarem as repartições fiscalizadas , às quais cumpre deixar à

disposição daquelas as dependências precisas com a instalação condigna.

Lei nº 4320/1964:

"Art. 81. O contrôle da execução orçamentária, pelo Poder Legislativo, terá

por objetivo verificar a probidade da administração, a guarda e legal emprêgo dos

dinheiros públicos e o cumprimento da Lei de Orçamento.

Art. 82. O Poder Executivo, anualmente, prestará contas ao Poder

Legislativo, no prazo estabelecido nas Constituições ou nas Leis Orgânicas dos

Municípios.

- 39 -
§ 1º As contas do Poder Executivo serão submetidas ao Poder

Legislativo, com Parecer prévio do Tribunal de Contas ou órgão equivalente.

Decreto-Lei nº 200/1967:

"Art. 75. Os órgãos da Administração Federal prestarão ao Tribunal de

Contas, ou suas delegações, os informes relativos à administração dos créditos

orçamentários e facilitarão a realização das inspeções de contróle externo dos

órgãos de administração financeira, contabilidade e auditorias. (Redação dada

pelo Decreto-Lei nº 900, de 1969)

Art. 80. Os órgãos de contabilidade inscreverão como responsável todo

o ordenador da despesa, o qual só poderá ser exonerado de sua responsabilidade

após julgadas regulares suas contas pelo Tribunal de Contas.

(...)

Art. 81. Todo ordenador de despesa ficará sujeito a tomada de contas

realizada pelo órgão de contabilidade e verificada pelo órgão de auditoria interna,

antes de ser encaminhada ao Tribunal de Contas (artigo 82).

(...)

Art. 82. As tomadas de contas serão objeto de pronunciamento

expresso do Ministro de Estado, dos dirigentes de órgãos da Presidência da

República ou de autoridade a quem estes delegarem competência, antes de seu

encaminhamento ao Tribunal de Contas para os fins constitucionais e legais

§ 1 º A tomada de contas dos ordenadores, agentes recebedores,

tesoureiros ou pagadores será feita no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias

do encerramento do exercício financeiro pelos órgãos encarregados da

contabilidade analítica e, antes de ser submetida a pronunciamento do Ministro de

Estado, dos dirigentes de órgãos da Presidência da República ou da autoridade a

quem éstes delegarem competência, terá sua regularidade certificada pelo órgão

de auditoria.

- 40 -
§ 2º Sem prejuízo do encaminhamento ao Tribunal de Contas, a

autoridade a que se refere o parágrafo anterior no caso de irregu.laridade,

determinará as providências que, a seu critério, se tornarem indispensáveis para

resguardar o interêsse público e a probidade na aplicação dos dinheiros públicos,

dos quais dará ciência oportunamente ao Tribunal de Contas.

O Decreto-Lei nº 199/1967, que dispunha sobre a Lei Orgânica do Tribunal de Contas

da União, que revogou a Lei nº 830/49, expressava em seu art. 28 e seguintes, dentre outras,

as atribuições, competência, bem como a publicação dos atos de despesas, excetuando-se

aqueles de caráter reservado e confidencial, que também eram examinadas pelo referido

Tribunal.

"Art. 28. A competência do Tribunal de Contas decorre de sua condição de

órgão auxiliar do Congresso Nacional para o exercício do controle externo,

compreendendo a apreciação das contas do Presidente da República, o

desempenho das funções de auditoria financeira e orçamentária sobre as contas

das unidades administrativas dos três Poderes da União e o julgamento da

regularidade das contas dos administradores e demais responsáveis por bens e

valores públicos e da legalidade das concessões iniciais de aposentadorias,

reformas e pensões.

Art. 31. Compete ao Tribunal de Contas:

I - Exercer as funções de auditoria financeira e orçamentária da

Administração Federal.

II - Julgar da regularidade das contas dos ordenadores de despesa,

administradores e demais responsáveis por bens e valores públicos ".

Art. 33. O Tribunal de Contas tem jurisdição própria e privativa sobre as

pessoas e matérias sujeitas à sua competência, a qual abrange todo aquele que

arrecadar ou gerir dinheiros, valores e bens da União ou pelos quais esta

- 41 -
z:ço

responda, bem como, quando houver expressa disposição legal, os

administradores das entidades da Administração Indireta ou de outras entidades.

Art. 34. Estão sujeitos à tomada de contas e só por ato do Tribunal de

Contas podem ser liberados de sua responsabilidade:

I - Os ordenadores de despesa.

II - As pessoas indicadas no Art. 33.

III - Todos os servidores públicos civis e militares ou qualquer pessoa ou

entidade estipendiadas pelos cofres públicos ou não, que derem causa à perda,

subtração, extravio ou estrago de valores, bens e material da União, ou pelos

quais seja responsável.

IV - Todos quantos, por expressa disposição de lei, lhe devam prestar

contas.

Art. 40. O Tribunal de Contas:

I - Julgará da regularidade das contas das pessoas indicadas nos arts. 33 e

34 mediante tomadas de contas levantadas pelas autoridades administrativas.

Art. 41. As tomadas de contas serão:

b) certificadas pelos órgãos de controle financeiro e orçamentário interno;

Art. 44. Os atos concernentes a despesas de caráter reservado e

confidencial não serão publicados, devendo nesse caráter ser examinados pelo

Tribunal de Contas, em sessão secreta.

Art. 48. Decorrido o decêndio da notificação do responsável, expedirá o

Tribunal de Contas a competente quitação se o responsável for julgado quite com

a Fazenda Nacional, arquivando em seguida o processo."

O Regimento Interno do Tribunal de Contas da União de 1896, e o do ano de 1977,

que vigorou até o ano de 1993, já previam, também, as tomadas de contas:

- 42 -
25J

Regimento Interno de 1896


L
"SECÇÃO IV

Processo da tomada das contas

Art. 67.

o processo da tomada das contas dos responsaveis inicia-se:

a) a requerimento do responsavel;

b) ex-ofjici~, por acto da Sub-directoria, e, no caso de omissão desta, por

ordem do director;

c) a requerimento do director representante do ministerio publico:

J ~ na hypothese de não ser iniciado, nos termos da letra b, passados

sessenta dias das épocas fixadas em lei;

2~ quando o responsavel deixa o lagar;

3°, si se verificarem administrativamente faltas de valores confiados á sua

guarda e a autoridade administrativa levar o facto ao conhecimento do tribunal

para a tomada das contas. "

Regimento Interno de 1977

"Seção III

Da Competência do Tribunal

Art 4º Nos termos das disposições constitucionais e legais compete ao

Tribunal, basicamente:

III - exercer auditoria financeira e orçamentária sobre as contas das

unidades administrativas dos Três Poderes da União, realizando as inspeções

necessárias;

IV - julgar da regularidade das contas:

a) dos ordenadores de despesa e demais responsáveis por bens e valores da

União ou pelos quais esta responda, Administração Direta e Autárquica;"

- 43 -
25 2

Ante ao exposto percebe-se que, no que concerne a prestação de contas da

Organização Militar em análise, e consequentemente de seu Ordenador de Despesa, a

competência constitucional e infraconstitucional sempre foi do Tribunal de Contas, cuja

atribuição também é de exarar a quitação, caso o responsável seja julgado quite com a

Fazenda Nacional.
. _]
Reforça este entendimento, o art. 80 do Decreto-Lei nº 20011967 que estabelece a

exoneração da responsabilidade do Ordenador de Despesas, pelos órgãos de contabilidade,

somente na situação de julgamento regular de suas contas pelo Tribunal de Contas, à fl. 248.
-- Por fim, conforme demonstrado, já no ano de 1949, a Lei nº 830 previa a publicação

das despesas, o que foi mantido pelo Decreto-Lei nº 199/67 e pela Lei nº 8.443/92, que

atualmente dispõe acerca da Lei Orgânica do Tribunal de Contas da União.

Lei nº 8.443192

- Art. 23. A decisão definitiva será formalizada nos termos estabelecidos no

Regimento Interno, por acórdão, cuja publicação no Diário Oficial da União

constituirá:

I - no caso de contas regulares, certificado de quitação plena do responsável

para com o Erário;

II - no caso de contas regulares com ressalva, certificado de quitação com

_, determinação, nos termos do art. 18 desta Lei;

III - no caso de contas irregulares:

a) obrigação de o responsável, no prazo estabelecido no Regimento Interno,

comprovar perante o Tribunal que recolheu aos cofres públicos a quantia

correspondente ao débito que lhe tiver sido imputado ou da multa cominada, na

forma prevista nos arts. 19 e 5 7 desta Lei;

- 44-
b) título executivo bastante para cobrança judicial da dívida decorrente do

débito ou da multa, se não recolhida no prazo pelo responsável;

c) fundamento para que a autoridade competente proceda à efetivação das

sanções previstas nos arts. 60 e 61 desta Lei.

No caso em tela, o Tribunal de Contas da União em cumprimento às atribuições

constitucional e infraconstitucional, possivelmente exarou a:, quitação junto a Fazenda

Nacional das despesas relativas ao emprego dos recurs'os financeiros para e custeio e

manutenção das instalações da Ilha das Flores e julgou pela regularidade das contas dos

ordenadores, após a Marinha do Brasil assumir a responsabilidade sobre aquele bem público.

Tal conclusão decorre do contido no art. 48 do Decreto nº 19911967, o qual previa o

arquivamento do processo de contas, decorridos dez anos do seu julgamento pela

regularidade. Dessa forma, depreende-se, em última análise, terem sido julgados regulares,

visto não haver mais registro desses processos naquele Tribunal de Contas, às fls . 196 a 207.

9-CONCLUSÃO

Por mais de 131 anos como patrimônio da União, a Ilha das Flores viveu, nas suas

dependências, momentos marcantes da história recente do Brasil, conforme apresentado nos

tópicos "Breve Histórico da Ilha" e principalmente quando se discorreu sobre a "Hospedaria

de Imigrantes" e sobre a "Estrutura das Instalações da Ilha das Flores".

Dada a relevância do período como Hospedaria de Imigrantes, abrigando mais de um

milhão de pessoas, nasceu a parceria da Marinha do Brasil com o meio acadêmico buscando

preservar a história da imigração no nosso País.

- 45 -
Z5 l.j

Como apresentado, as características especiais da Ilha das Flores como: a proximidade

da cidade do Rio de Janeiro; o isolamento decorrente da dificuldade de acesso à ilha no século

XIX até o início dos anos 70 do século XX; e as facilidades de controle de contingentes

confinados no espaço insular restrito, sem sombra de dúvidas, favoreceram a utilização da

Ilha das Flores como Hospedaria de Imigrantes.

Essas mesmas peculiaridades combinadas com a possibilidade de se aproveitar as

instalações já existentes, fizeram com que a Ilha das Flores fosse utilizada, até meados da

década de 1970, como local de acautelamento de presos e de apoio assistencial em situações

de emergência.

Cabe mencionar, ainda, que a mesma estrutura de instalações empregadas para

acolher, com algum grau de conforto, as milhares de famílias de imigrantes, logicamente com

as devidas adaptações à situação prisional, foram as utilizadas, por exemplo, no abrigo de

presos a partir de 1969.

O Destacamento Especial da Ilha das Flores cumpriu a sua finalidade de utilização ao

garantir o cumprimento, em boas condições, do propósito a ele atribuído. Tal afirmativa fica

patente quando verificamos, por meio de documentos de advogados de presos sobre aquele

período, como era bastante aceitável, sob o ponto de vista de abrigar presos, aquele ambiente

prisional.

Referências como as encontradas em petições de transferência de presos, as quais são

transcritas na sequência, reforçam a tese das boas condições do presídio: petições "para o

Presídio da Ilha das Flores, onde ficaria em companhia de outros detidos, gozando de

tratamento mais salutar"; "muito embora se encontre sendo muito bem tratado na Ilha das

Flores".

- 46 -
L Considerando o contido nos parágrafos anteriores, fica cristalina a preocupação da

instituição Marinha do Brasil em assegurar, aos presos acautelados na Ilha das Flores,

condições dignas ao cumprimento das penas impostas pela Justiça Militar.

Por sua vez, as situações históricas apresentadas no tópico "USO DA ILHA DAS
L
'- FLORES PELO ESTADO BRASILEIRO EM SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIA",

demonstram que a Ilha das Flores foi utilizada por diversos governos, em diferentes períodos

de sua história, como presídio, atribuição esta que extrapolava a destinação daquele bem

público, a suà · função pública e contrariava a finalidade atribuídá pela afetação como da

Hospedaria de Imigrantes.

Ao contrário, podemos constatar que, no caso específico da Marinha, como podemos

verificar no tópico "USO DA ILHA DAS FLORES PELA MARINHA", o uso das mesmas

instalações não se constituiu, de modo algum, em desvio de finalidade, tendo em vista que, ao

ser criado pelo Aviso Ministerial nº 3.907 de 26 de dezembro de 1968, o Destacamento

Especial da Ilha das Flores recebeu como missão principal o acautelamento de presos, sendo

esta, portanto, a sua principal finalidade.

Nesse mesmo diapasão, a alocação de militares para o desenvolvimento das atividades

relacionadas ao recebimento e à guarda de presos se deu por meio do aviso nº 3. 908 do

Ministério da Marinha, também de 26 de dezembro de 1968, onde foi fixada a Lotação de

Pessoal para o funcionamento do Destacamento Especial da Ilha das Flores.

Em sendo assim, do ponto de vista administrativo, os militares designados para servir

naquela nova Unidade tiveram como tarefa criar as condições necessárias para que a mesma

pudesse cumprir a finalidade para a qual foi criada.

Analisando o tópico "CONSIDERAÇÕES SOBRE O ARCABOUÇO JURÍDICO"

verifica-se que as Constituições da República Federativa do Brasil de 1946 e 1967, bem como

L a Emenda Constitucional nº O1 de 1969 e a legislação então vigente consagram em seus textos

- 47 -
25G

a previsão da possibilidade de privação da liberdade em virtude de prática de ilícito penal

tipificado em lei.

Sendo o direito penal comum ou militar e o direito processual penal comum ou militar

ramos do direito público, cabe ao Estado destinar, afetar bens públicos com a finalidade

específica de abrigar presos para o cumprimento das penas privativas de liberdade. Se assim

não fosse, não seria possível cumprir pena privativa de liberdade.

Os estabelecimentos prisionais nascem em virtude da necessidade de concretização

dos preceitos legais que cominam penas privativas de liberdade como sanção para a prática de

algum ilícito penal. Assim, se não houvesse a previsão de prisão nas leis, não haveria

necessidade de construção de presídios.

Como muito bem ressalta o OF nº 124/2014- CNV, a afetação de um bem público

"deve ser entendida como a consagração do bem a uma utilização concernente a uma utilidade

pública, ao cumprimento de uma função de satisfação das necessidades gerais da sociedade.

Se a afetação de um bem público caracteriza-se por lhe imprimir uma destinação específica,

consagrando-o permanentemente ao atendimento de uma finalidade pública, tem-se por claro

que, dada a efetiva afetação de determinado bem, ocorre o surgimento de um correlato dever

de sua utilização com vista, justamente, ao cumprimento do fim público a ele consagrado."

Por todo exposto ao longo deste procedimento administrativo, ficou constatado que a

Organização Militar com a tarefa de acautelar presos na Ilha das Flores teve a sua criação e o

desempenho de suas atividades legitimadas pela ordem jurídica então vigente, tendo em vista

tratar-se de um bem público afetado cuja utilização era abrigar presos.

Ainda, o supracitado ofício, quanto à motivação sobre a afetação de um bem,

prossegue nos seguintes termos: "Há uma razão para que se proceda à afetação de um bem, rY
razão tal que não pode ser desconsiderada. O motivo que precede e justifica a afetação de um V ~

bem público é a existência de uma finalidade pública cujo cumprimento se faz essencial, de

- 48 -
forma que aquele determinado bem afetado corresponda ao instrumento necessário a ser

utilizado para que tal finalidade - a ele previamente destinada- seja alcançada".

Sob esse aspecto, o bem afetado para acautelar presos na Ilha das Flores de fato

cumpriu com sua função pública. Foi criado pela necessidade do Estado em concretizar sua

política criminal, sobretudo no que diz respeito à preocupação constitucional com a segurança

nacional, corporificada na edição da Lei de Segurança Nacional, a qual previa uma série de
L

condutas tidas como criminosas, bem como penas privativas de liberdade, as quais tinham que

ser cumpridas em estabelecimentos prisionais pertencénte ao Estado.

Em continuação, o OF nº 124/2014- CNV expõe: "Em outras palavras, o bem público

é um meio para o cumprimento de uma função pública, a ele previamente vinculada pelo

instituto da afetação, o que gera, por consequência, o dever de uso do bem para o alcance da

finalidade para a qual foi afetado."

Dessa forma, tem-se que a Organização Militar encarregada de acautelar presos na

Ilha das Flores serviu de instrumento para a consecução de uma finalidade pública, uma vez

que foi criada, em cumprimento ao Aviso Ministerial 3. 907 de 26 de dezembro de 1968, para

proporcionar o acolhimento de presos, cumprindo a finalidade para o qual foi afetada.

Assim, à luz da ordem jurídica vigente à época, não se pode falar em desvirtuamento

do fim público estabelecido para a instalação prisional da Ilha das Flores, justamente por ter

sido criada com o fim específico, qual seja, de se constituir em local de acautelamento de

presos. Portanto, a criação da Unidade, a lotação de pessoal, bem como a sua destinação estão

em perfeita conformidade com a legislação vigente à época.

Quanto ao emprego dos recursos financeiros para e custeio e manutenção das

instalações da Ilha das Flores, embora não tenha sido possível reunir fisicamente os ~
documentos que comprovem o emprego dos recursos orçamentários necessários ao L/~
funcionamento daquela Organização Militar, muito em função do tempo decorrido e por não

- 49 -
haver previsão legal para arquivá-los por tanto tempo, pode-se inferir que, embora escassos,

foram utilizados com parcimônia e de acordo com o estabelecido pelas rígidas normas sempre

impostas pela Marinha do Brasil quando se trata de gerir a coisa pública. Portanto, não há

razão fática que permita concluir que tenha havido irregularidade no emprego de tais recursos

para o funcionamento da Organização Militar em questão.

Tal certeza é reforçada pelo fato do Tribunal de Contas da União, Corte com a

competência constitucional para "Exercer as funções de auditoria financeira e orçamentária da

Administração Federal" e "Julgar da regularidade das contas dos ordenadores de despesa,

administradores e demais responsáveis por bens e valores públicos", não ter registro ou ter

descartado as comprovações de contas da Unidade em lide no período de 1969 a 1988. Tal

situação indica, pela ausência de fato em contrário, que aquela Corte de Contas julgou

regulares as contas em questão.

Cabe ressaltar ainda que compete àquela Corte de Contas, em cumprimento às

atribuições constitucional e infraconstitucional, exarar a quitação, caso o responsável seja

julgado quite com a Fazenda Nacional.

No mesmo diapasão, valendo-se da documentação obtida junto ao Tribunal de Contas

da União, depreende-se que as contas dos Ordenadores de Despesa, entre os anos de 1969 e

1988, por não haver pendência assinalada, foram julgadas regulares, o que indica que a

aplicação dos recursos financeiros da União se deu em conformidade com as leis, com o

orçamento e com os créditos. Ou seja, os gastos correspondentes ao custeio e manutenção das

instalações encarregadas de acautelar presos na Ilha das Flores e as respectivas prestações de

contas aconteceram dentro da previsão legal.

Assim sendo, deve-se ressaltar que, tomando-se por base o trabalho apresentado na

presente sindicância, não foi possível constatar a existência de circunstâncias administrativas

- 50 -
que resultaram em desvirtuamento do fim público estabelecido para a Base da Ilha das Flores,

no período compreendido entre 1946 e 1988.

Sejam estes autos conclusos ao Vice-Almirante (FN) WASHINGTON GOMES DA

LUZ FILHO, a quem cabe decidir e exarar a Solução.

São Gonçalo, RJ,2.óde maio de 2014.

J' liL1-
~ifARMANDO N
l\l\ÍVIA L IU~
~O.
~
Contra-Almiran~)
RE

- 51 -
SOLUÇÃO
'-
'--\

Verificando-se cuidadosamente os autos da Sindicância instaurada pela Portari


46/2014, deste Comando de Força, resolvo:

Concordar com o Encarregado da Sindicância que:

1 - O uso das instalações da Ilha das Flores como local de acautelamento de presos não se \
constituiu, de modo algum, em desvio de finalidade, tendo em vista que, ao ser criado pelo Aviso
Ministerial nº 3 .907 de 26 de dezembro de 1968, o Destacamento Especial da Ilha das Flores
recebeu como missão principal a guarda de presos, sendo esta, portanto, a sua finalidade. Dessa
forma, as instalações prisionais da Ilha das Flores cumpriram a sua função pública ao ser
utilizada para atender necessidade do Estado. Ademais, não se deve perder de vista, conforme
apresentado, que ao ocuparem as mesmas estruturas usadas pelas famíl ias que recém chegavam
ao Brasil, as antigas instalações da Hospedaria de Imigrantes da Ilha das Flores, os presos
utilizaram a estrutura já existente, a qual lhes asseguravam, com as devidas adaptações, boas
condições para o cumprimento das penas que lhes foram imputadas.

II - As instalações existentes na Ilha das Flores foram utilizadas para abrigar presos em
cumprimento a documento legal, Aviso Ministerial nº 3. 907 de 26 de dezembro de 1968, e
serviram para atender uma finalidade pública, cumprindo a destinação para qual o bem foi
afetado. Assim fica claro que o bem foi utilizado exatamente como determinado pela legislação
supramencionada, afastando-se, por óbvio, qualquer possibilidade de uso para fins diversos do da
destinação.

III - A alocação de militares para o desenvolvimento das atividades relacionadas ao


recebimento e à guarda de presos se deu por meio do aviso nº 3.908 do Ministério da Marinha,
também de 26 de dezembro de 1968, onde foi fixada a Lotação de Pessoal para o funcionamento
do Destacamento Especial da Ilha das Flores. Em sendo assim, do ponto de vista administrativo,

- 1-
os militares designados para servirem naquela nova Unidade tiveram como
condições necessárias para que a mesma pudesse funcionar perfeitamente e assim cumpri a
finalidade para a qual foi criada.

IV - A Organização Militar encarregada de acautelar presos na Ilha das Flores teve a ua


criação e o desempenho de suas atividades legitimadas pela ordem jurídica, tendo em vista tratar-
se de um bem público afetado cuja utilização era abrigar presos. O estabelecimento prisional
existente na Ilha das Flores de fato cumpriu com sua função pública. Foi criado pela necessidade
do Estado em concretizar sua política criminal, sobretudo no que diz respeito à preocupação
constitucional com a segurança nacional, corporificada na edição da Lei de Segurança Nacional ,
a qual previa uma série de condutas tidas como criminosas, bem como penas privativas de
liberdade, as quais tinham que ser cumpridas em estabelecimentos prisionais pertencente ao
Estado. Enfim, à luz da ordem jurídica vigente à época, não se pode falar em desvirtuamento do
fim público estabelecido para a instalação em comento, justamente porque esse local foi criado
com o fim específico de se constituir em estabelecimento prisional. Portanto, a criação da
Unidade, a lotação de pessoal, bem como a sua destinação estão em perfeita conformidade com a
legislação vigente à época.

V - O emprego dos recursos financeiros para e custeio e manutenção das instalações da


Ilha das Flores foram utilizados de acordo com o estabelecido pelas rígidas normas sempre
impostas pela Marinha do Brasil. Ademais, o Tribunal de Contas da União, Corte com a
competência constitucional para "Exercer as funções de auditoria financeira e orçamentária da
Administração Federal" e "Julgar da regularidade das contas dos ordenadores de despesa,
administradores e demais responsáveis por bens e valores públicos", por não encontrar nos seus
arquivos referência em contrário, ao cumprir a sua atribuição constitucional, aprovou todas as
prestações de contas da Unidade e consequentemente exarou quitação com a Fazenda Nacional
para os Ordenadores de Despesa entre os anos de 1969 e 1988. Fica patente que os gastos
correspondentes ao custeio e manutenção das instalações encarregadas do acautelamento de
presos na Ilha das Flores foram executados em conformidade com as leis, com o orçamento e
com os créditos, dentro da previsão legal. Caso assim não tivesse ocorrido, pendências existiriam.
Dessa forma, a aprovação das contas da Unidade afasta a possibilidade de utilização de recursos

-2-
públicos que ensejassem suposição de desvio de finalidade estatuída para aquela Organização
Militar.

VI - Sejam enviadas cópias do Relatório e da Solução do presente procedimento aos


Setores especificados nas Normas vigentes.

Duque de Caxias, RJ, em ,)j de maio de 2014.

·....__

-3-
e Segue Fisicamente Situação Documento está com
O Segue Eletronicamente ARQUIVADO PROTOCOLO

j
J
POSSUI REFERÊNCIA J
FOLHA DE ENCAMINHAMENTO

Sigilo: Ostensivo Exige Cifra: O Sim e Não Precedência: Normal


Ministério da Defesa NUP: 61001.009243/2014-00
ORIGE TIPO DE DATA
NÚMERO Nº CONTROLE
M: MARINHA DO BRASIL [J DOCUMENTO DOCUMENTO
60-156/MD-M DR-2014/06-0087
AO: Ofício 10/06/2014
MD :___:_j B o
ASSUNTO: ENCAMINHA PROCESSO Nº 62194.000690/2014-38,
CÓPIA:~ QUE VERSA SOBRE AUTOS DE SINDICÂNCIA, A FIM DE APURAR
SE HOUVE CIRCUNSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS QUE
CONDUZIRAM AO DESVITUAMENTO DO FIM PÚBLICO
DATA DE ENTRADA 10/06/2014 18:07:47 ESTABELECIDO PARA A BASE DE FUZILEIROS NAVAIS DA ILHA
/
DAS FLORES, NO PERÍODO DE 1946 E 1988.

DOCUMENTO:

OF 60 156 MB.pdf

SINOPSE:

PARECER:

Prazo de Classificação: 01 /1 2/2014

Distribuição
Trâmite PROTOCOLO ;PROTOCOLO
P/Conhecimento:

Autor: PROTOCOLO (Nilsa Azevedo)


Acompanhamento
SETOR USUÁRIO DATA AÇÃO
PROTOCOLO NILSA AZEVEDO 10 / 06 / 20 14 1 8 : 07 : 47 Cr i a d o
PROTOCOLO NI LSA AZEVEDO 1 0/06/20 14 1 8 : 09 : 57 Ref e rên c ia :
DT- 20 1 4/ 02- 009 16
PROTOCOLO NILSA AZ EVEDO 10/06/20 14 18 :1 0 :1 5 Au tu a d o com
6 1 001.009243 / 20 1 4 - 0 0
PROTOCOLO NILSA AZ EVEDO 10 / 06 / 20 1 4 18: 1 0 : 43 Do c umento 'OF 60
1 56 MB .pdf ' i n c l u ído
PRO TOCO LO. NI LSA AZEVEDO 1 0/06/ 2014 1 8 :10:4 8 Do cume nto
e nc amin ha do
PROTOCOLO NILSA AZEVEDO 1 0/06/2014 18:11 :1 8 Ju nt a d o (an exar )
a o proce s so 62 1 94.000690/ 2 0 14 - 38
PROTOCOLO NILSA AZ EVEDO 1 0/06/20 1 4 1 8 : 11:18 Arqu iva do :
An e x ado a o p ro cesso 62 1 94. 0006 9 0/ 201 4 - 38
MINISTÉRIO DA DEFESA
MARINHA DO BRASIL
Esplanada dos Ministérios - Bloco "N" - 2° andar
CEP: 70055-900 - Brasília - DF
(61) 3429-1020 - secom@gcm.mar.mil.br

Ofício nº G0 -/5G /MD -MB


011 Brasília, J(J de_/À./m.Á&- 2014.

A Sua Excelência o Senhor


CELSO AMORIM
Ministro de Estado da Defesa
Esplanada dos Ministérios, Bloco "Q", 6° Andar
70049-900 - Brasília - DF

Assunto: Solicitação da Comissão Nacional da Verdade

Senhor Ministro ,

1. Em atenção ao Ofício nº 1535/MD, de 19 de fevereiro de


2014, referente à requisiçao constante do Ofício nº 124/2014-
CNV, de 18 de fevereiro de 2014, da Comissão Nacional da Verdade
(CNV), nos termos do inciso II do art. 4° da Lei nº 12.528/2011,
transmito a V. Exa. os autos da Sindicância instaurada pela

- Portaria nº 46/ComFFE, de 30 de março de 2014, em anexo, cuja


soluçãs é ratificada por este Comandante.

Respeitosamente,

4~~1:ç,~
JULIO SOARES DE MOURA NETO
Almirante-de-Esquadra
Comandante da Marinha

61001. 009243/2014 - 00
GM-60/GM- 62
Ministério da Defesa
Setor: PROTOCOLO
Processo nº: 62194.000690/2014-38
TERMO DE ANEXAÇÃO

Em 10/06/2014, às 18: 11 horas, faço a juntada por anexação ao presente processo o Documento NUP
61001.009243/2014-00, DR-2014/06-00870, constituído inicialmente com 3 (três) folha(s), devidamente numeradas
e rubricadas :

~do

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