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Dias de eternidade

Há dias que o Eterno


se faz lágrimas
Todas recolhidas
no Rio do Esquecimento

Para que uma nova


compreensão caminhe
Com o mesmo espaço
além das horas e calendários

Como se veste o dia


com o rosto do invisível?
Como se suporta a calma
após os desesperos antigos?

Toda cura exige seu pedaço


da loura cura, antiga loucura
E nela o último resquício
de quem entende no Silêncio

Trazendo o Vento
como preditor da Alma
Porque o Eterno
também se esconde

No Cor-Ação escuro
de quem porta uma Luz
Como um mensageiro perdido
que traz uma verdade incompreensível

Sussurrando ou gritando
precisa ser ignorado
Até compreender a vastidão
e o quinhão do seu Jardim

Nada pode ser maior


que esse Olhar do Eterno
Nele cabem algumas horas
e as histórias esquecidas

Afinal do Rio de lágrimas


precisamos suportar ser lavados
Precisamos de sete Portas
para abrir uma...

E o mais devastador é atrás dela


não ter ninguém
Mas um espelho simples
sem nenhum adorno

Espelho miserável
que esconde destinos
Espelho como uma carta
jamais assinada

Ou assinada
com um pseudônimo
Tão enigmático que é
como se estivesse oca

Uma carta oca é


o que recebemos diariamente
Mas esquecemos
que é no silêncio a maior mensagem

Que diariamente o Vento


se dá a tocar frontes
Com o mesmo empenho
de uma mãe retornando pra casa

Não esfarele as horas


no pão suado
Esfarele o pão
muito antes de qualquer vinho

Assim também esfarele


a Alma antes que seu Anjo esqueça
Afinal tudo é possível
naquele que nos vê e não vemos

Esfarele também o Vento


muito antes do Horizonte
Porque um dia ele pode
partir com grande vontade

Esfarele também o próprio


destino de achar algo superior
Porque são nos poros minúsculos
que se pode achar a única Porta

Ela está aberta e diante de todos


mas a maioria espera os sete dia
Porque só nessa semana
a única real deu de aparecer

Com o sussurro do Vento


que secou as lágrimas dos rios antigos
E inventou os poros
por onde algo engraçado entrou

E o riso explodido
inventou o Horizonte
Com um caminho ladrilhado
de jóias invisíveis

Foi bem ali que senti


minha nova casa
Construído além dos muros
do imenso Cor-Ação...

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