só flui, só quer fluir Não tem timidez, nem alegria perante ela, só se desenvolve
E sobre o ser só causa dos sentimentos
mais inexplicáveis e inexplorados Não há gotículas ou muros que a retorcem em distorções súbitas
Dessa singela e imponente poesia,
surgem os mais inúmeros caminhos Corre-se um, perde-se o outro mas saber as probabilidades diminui a dor
Improvável é se manter estático,
como se nada fosse absurdo e estrondoso Gera a mais provável repercussão do ser, o tédio incontrolável, incontornável
Mas um espelho trágico, refletindo
o ser e o não ser, como outros Nesse espelho a poesia rodopia, se contorce e cai desvanecida
Um retrato qualquer em quatro cores,
reluz e brilha mais que a foto avançada Revela o alheamento incondicional dos olhares furtivos, da vida esculpida
Sobre os corpos deitam seres inimagináveis,
sobre as almas deita a existência clamando Nessa poesia diária, de rotina, a mãe relega a filha que de tristeza olha o trânsito correr
Os ônibus, os pontos deles, os terminais,
revelam uma magia triste, escondida E nesses recônditos lugares a vida explode, como se já devesse parar Porém segue, como árvores por crescer, pássaros por cantar, e desiludidos do porvir A caminhada paradoxalmente curta e longa, nos revela caminhos ocultos, mentiras escusas
E na poesia do descanso, a vida não some,
no entanto se afirma como vontade Sem fatalismos de destinos, mas nas escolhas que nos tornam homens prováveis
Se são certas ou erradas, isso não é
julgamento meu, depois que julguem Mas a poesia encanta como o sonho por se abrir, e revelar a natureza estranha
Esse absurdo meu, diário, total,
corrói e constrói os pisos a seguir Melhor assim, caminhando e cantando, sem seguir a canção, subvertendo os regimes
E desprovido de sociedade, de estados,
essa poesia não encanta tanto os iletrados Porém seu valor transborda qualquer oceano, sem que se perceba, está agindo em todas vidas