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DENGUE

O que é importante saber?


Eduarda Prestes
Infectologista
CRM-PA 12892
RQE 7316
Apresentação
Segundo a Organização Mundial de Saúde,
a Dengue é a doença viral transmitida por
mosquitos com o maior número de casos
na Região das Américas. No Brasil, entre
2013 e 2022, foram notificados 10,1
milhões de casos prováveis de Dengue,
com 5.970 óbitos.
Estamos vivendo um período de epidemia
de Dengue em vários estados do País.
Dessa forma, essa cartilha tem a função
de informar a população geral sobre o
tema com linguagem mais simplificada e
acessível, sanar dúvidas e te ajudar a
identificar um quadro de suspeita da
doença.
Esse material foi confeccionado em
fevereiro/2024, baseado em documentos
oficiais que estão nas referencias ao final.
Use esta cartilha como um guia, se
informe e cuide da sua saúde e dos seus!

Eduarda Prestes
Infectologista
CRM-PA 12892
RQE 7316
Definição de Dengue: quando suspeitar?
Devemos considerar um caso suspeito
de Dengue quando:
A pessoa mora ou viajou para áreas com
transmissão de Dengue nos últimos 14
dias e apresenta febre alta e repentina,
geralmente com duração de 2 a 7 dias, e
dois ou mais dos seguintes sinais ou
sintomas:
náuseas/vômito
manchas na pele
dor de cabeça/dor atrás dos olhos
dor no corpo e nas articulações
sinais de sangramento
No caso das crianças, devemos pensar
em Dengue em casos de febre alta
geralmente com duração de 2 a 7 dias,
sem aparente foco de infecção, com
possível exposição a picada do Aedes
aegipty e transmissão do vírus nos
últimos 14 dias.
Qual a evolução natural da Dengue?
Geralmente é uma doença autolimitada.
A primeira manifestação é a febre, que
tem duração de 2 a 7 dias, geralmente
alta (39 a 40°C) e com início repentino,
que vem associada a dor de cabeça e
atrás dos olhos, fraqueza, dor no corpo e
nas articulações.
Falta de apetite, náuseas, vômitos e
diarreia podem estar presentes.
Manchas no corpo podem surgir em
metade dos casos, acompanhada ou não
de coceira, frequentemente após o
desaparecimento da febre.
Após a fase febril, grande parte dos
pacientes se recupera progressivamente,
com melhora do estado geral e retorno
do apetite.
No entanto, no período entre o 4° e 7° dia
de doença, momento em que a febre
baixa ou desaparece, que devemos ficar
atentos para os sinais de alarme, que
podem vir a evoluir para Dengue Grave,
Choque e Óbito.
E quais são esses sinais de alarme?
Dor abdominal intensa e persistente
Vômito persistente que não melhora
com medicação
Acúmulo de líquidos: inchaços
principalmente no abdome ou
dificuldade para respirar
Sangramento de mucosas: gengival,
nasal; fezes ou urina com sangue
Sono intenso/indisposição
profunda/confusão mental
Hipotensão postural: levantar e ficar
tonto ou sentir a vista
escurecer/sensação de desmaio
Hepatomegalia > 2cm: Aumento do
fígado
Aumento progressivo de hematócrito
no hemograma

Em caso de surgimento de UM ou mais desses


sintomas, tu deves procurar atendimento médico
URGENTE.
Como é o manejo da Dengue?
Em caso de suspeita de Dengue procure
atendimento médico.
É importante deixar claro que não existe
medicação específica para a doença.
Seu manejo é estabelecido e definido de
acordo com o grupo que tu te encaixas
no momento do atendimento:
A, B, C ou D.

GRUPO A
Caso suspeito de dengue sem sinais
de alarme.
Pessoas sem comorbidades, grupo
de risco ou condições clínicas
especiais.
Tratamento em domicilio com analgésicos (dipirona
ou paracetamol) e hidratação oral.
Não é necessário internação hospitalar.
Procurar imediatamente o atendimento médico, em
caso de surgimento de UM ou mais sinais de alarme.
GRUPO B
Caso suspeito de dengue sem sinais de
alarme, com sangramento espontâneo de
pele ou induzido
E/OU
Presença de doenças ou condições
associadas:
Gestantes,
lactentes (<24 meses),
adultos > 65 anos,
crianças < 2 anos,
hipertensão arterial ou outras doenças
cardiovasculares graves,
diabetes mellitus,
doença pulmonar obstrutiva crônica
(DPOC),
asma,
obesidade,
doenças hematológicas crônicas,
doença renal crônica,
doença ácido péptica (úlceras),
hepatopatias
e doenças autoimunes.
Essas pessoas precisam de ATENÇÃO ESPECIAL.
Em caso de suspeita de Dengue devem procurar
atendimento médico para acompanhamento e solicitação
de exames complementares.
GRUPO C
Caso suspeito de dengue com
presença de algum sinal de alarme.
Relembrando:
Dor abdominal intensa e
persistente
Vômito persistente que não
melhora com medicação
Acúmulo de líquidos: inchaços
principalmente no abdome ou
dificuldade para respirar
Sangramento de mucosas:
gengival, nasal; fezes ou urina com
sangue
Sono intenso/indisposição
profunda/confusão mental
Hipotensão postural: levantar e
ficar tonto ou sentir a vista
escurecer/sensação de desmaio
Hepatomegalia > 2cm: Aumento do
fígado
Aumento progressivo de
hematócrito no hemograma
Procurar atendimento médico IMEDIATO para
internação hospitalar para administração de
hidratação endovenosa e realização de exames
complementares.
GRUPO D
Caso de dengue com presença de sinais
de choque, sangramento grave ou dis-
função grave de órgãos.

Este é o quadro mais dramático da doença.


Pode levar ao óbito em 24 a 48h.
Internação de EMERGÊNCIA em leito de UTI.

Sinais de choque:
Taquicardia: coração acelerado;
Taquipneia: respiração acelerada
Extremidades distais frias: mãos e pés
frios
Pulso fraco
Oligúria: redução importante da
quantidade de urina;
Hipotensão arterial: pressão muito
baixa;
Cianose: coloração azulada de pele e
mucosas;
Insuficiência respiratória grave;
Sangramento grave;
Comprometimento grave de órgãos.
Exames específicos e Diagnósticos diferenciais:

Muitas outras doenças e infecções


podem ser confundidas com a Dengue,
como a COVID-19, Zika, Chikungunya,
Influenza, Febre Amarela, entre outras.
O que esclarece mesmo se o quadro é de
Dengue ou não, são exames específicos
como o NS1 (nos primeiros 5 dias de
sintomas) ou a Sorologia para Dengue (
IgM e IgG) após 6 dias de sintomas.
Porém, é importante deixar claro que não
existe obrigatoriedade na realização
desses exames, pois o diagnóstico é
essencialmente clínico (baseado em
sintomas característicos).
Alguns exames inespecíficos podem ser
necessários, como: hemograma, função
renal, função hepática, coagulograma...
por isso é importante procurares
atendimento em caso de suspeita de
Dengue. Só o profissional da saúde
poderá te orientar sobre a necessidade
ou não destes e outros exames.
Prevenção: a vacina
Em 2024 a vacina contra a Dengue foi
incorporada ao PNI do SUS.
Em virtude da capacidade de produção
laboratorial ainda baixa, a primeira
campanha de vacinação atende 521
municípios distribuídos em 37 regiões de
saúde do País, com tendência a
expansão para outros territórios ao
longo do tempo.
A vacinação contra a Dengue
atualmente está indicada para a faixa
etária de 10 a 14 anos, baseando-se nas
taxas de hospitalização por Dengue no
Brasil nos últimos 5 anos.
Em 2024, a vacina contra a Dengue (atenuada)
está indicada para crianças e adolescentes de 10
anos a 14 anos, 11 meses e 29 dias de idade,
independentemente de infecção prévia por
Dengue.

O esquema vacinal recomendado corresponde à


administração de 2 doses, com intervalo de 3
meses entre elas.
Prevenção: o controle do vetor Aedes aegypti
Embora já exista a vacina, o controle do
vetor Aedes aegypti é o principal
método para a prevenção e controle
contra a Dengue e outras doenças como
como Chikungunya e Zyka.
Assim, são recomendáveis as seguintes
práticas:
uso de telas nas janelas e repelentes
em áreas de reconhecida
transmissão;
remoção de recipientes nos domicílios
que possam se transformar em
criadouros de mosquitos;
vedação dos reservatórios e caixas
de água;
desobstrução de calhas, lajes e ralos.
É muito importante deixares o agente de saúde
entrar na tua casa para checar se há focos do
mosquito; são as pessoas mais capacitadas
para isso.
Dúvidas comuns sobre a Dengue
Quais medicamentos não podem ser
tomados em caso de suspeita de Dengue e
porquê?
É contraindicado o uso de ácido acetilsalicílico (AAS),
anti-inflamatórios não esteróides (AINE),
corticosteróides e anticoagulantes. Estas medicações
podem afetar a coagulação do sangue, levando a
aumento do risco de sangramentos. Exemplos dessas
medicações são: ibuprofeno, nimesulida, diclofenaco,
prednisona, dexametasona, entre outras.

Tomo anticoagulante regularmente devido


outra doença, devo interromper o uso?
Não interrompa o uso de nenhuma medicação de uso
contínuo por conta própria em caso de suspeita de
Dengue! Procure atendimento médico imediato para
orientação.

Ivermectina, Azitromicina, Vitamina D e


Zinco são indicados para tratamento da
Dengue?
Não! Ainda não existe tratamento específico para a
doença. Não se automedique pois isso pode ser
extremamente prejudicial para sua saúde, agravando
o quadro da doença. Procure orientação médica.
Dúvidas comuns sobre a Dengue
Já tive Dengue uma vez, posso ter de
novo?
Sim! Existem 4 tipos de vírus da Dengue. O DENV-
1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4. Ao ser infectada, a
pessoa fica imunizada permanentemente para
aquele sorotipo do vírus, mas não para os outros.
Dessa forma, uma mesma pessoa pode ter dengue
até quatro vezes.

Já tive Dengue, posso tomar a vacina?


Sim, a vacina está indicada independente do
status sorológico do paciente.

A Dengue é uma doença contagiosa?


Não! O vírus da Dengue é transmitido pela picada
do mosquito Aedes aegypti, somente.

Estou grávida e com Dengue, devo


consultar o médico?
Sim! As gestantes necessitam de vigilância
independentemente da gravidade, devido
aumento de riscos de sangramentos de origem
obstétrica e às alterações fisiológicas da gravidez,
que podem interferir nas manifestações clínicas
da doença.
Referências
Dengue: diagnósticoe manejo clinico
6a edição . Disponivel em:
https://www.gov.br/saude/pt-
br/centrais-de-
conteudo/publicacoes/svsa/dengue/d
engue-diagnostico-e-manejo-clinico-
adulto-e-crianca
Dengue: guidelines for patient care in
the Region of the Americas. 2. ed.
Disponivel em:
https://www.paho.org/documents/de
ngue-guidelines-patient-care-region-
americas-2-ed
INFORME TÉCNICO OPERACIONAL DA
ESTRATÉGIA DE VACINAÇÃO
CONTRA A DENGUE EM 2024 .
Disponivel em:
https://www.gov.br/saude/pt-
br/assuntos/saude-de-a-a-
z/a/arboviroses/publicacoes/estrateg
ia-vacinacao-dengue
NOTA TÉCNICA Nº 11/2024-
CGIRF/DPNI/SVSA/MS

Obrigada!

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