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ORIENTAÇÕES SOBRE TEXTO DRAMÁTICO

É importante, nesse momento, ter clareza sobre a diferença entre textos dramáticos e textos
narrativos. Já que ambos têm suas especificidades.

Texto narrativo Texto


dramático
Objetivo CONTAR uma história (criado para MOSTRAR uma história (criado para ser encenado, representado)
ser lido ou ouvido)
Discurso Direto, Indireto e Indireto livre Reproduz no discurso direto as falas dos personagens (monólogo, diálogo e aparte)
Narrador Tem papel fundamental na Ausência de narrador
narrativa
Estrutura Título Divisão em Atos, Cenas ou quadros

Introdução Desenvolvimento Texto principal – falas das personagens dirigidas aos espectadores.
Clímax
Desfecho Texto secundário – destinado ao ator, ao encenador e ao leitor. Nele há as
Rubricas ou didascálias que nos dão informação sobre a movimentação da cena
redigida, do clima da cena, do estado do personagem e seu caráter.

Principais partes: situação inicial, complicações com um ponto culminante


(tensão) e desfecho.

É importante que observem o contexto em que se dá a leitura dramática, diferenciando-a de


uma encenação e dramatização.

DRAMATIZAÇÃO LEITURA DRAMÁTICA ENCENAÇÃO

Definição: encenação de um texto qualquer Definição: leitura em voz alta de texto Definição: apresentação de um
para um público. teatral para um público. espetáculo teatral para um
É feita a partir de qualquer gênero, que pode É feita a partir de um gênero específico: o público. É feita a partir de um
ou não ter sido adaptado para ser encenado. texto dramático (“O marido ideal” de gênero específico: o texto
Não exige, necessariamente, estudo do texto, Oscar Wilde e “Otelo” de Shakespeare dramático.
pois muitas vezes, os atores apenas encenam são peças teatrais, portanto escritas para É uma apresentação pública.
(dão movimento, interpretam) as ações serem encenadas) Exige interpretação por meio da
descritas no texto. Exige um estudo aprofundado do texto entonação, expressão facial e
É uma apresentação pública que nem sempre para apreender toda a narrativa construída poucos gestos. Essa interpretação
apoia-se em um trabalho anterior com a a partir dos diálogos. (a fala dos atores apoia-se essencialmente no
leitura e compreensão do texto. comprovam isso) entendimento do texto que é
Muitas vezes, apenas o diretor conhece o texto Exige interpretação por meio da construído coletivamente nos
todo e os atores “decoram as suas falas” e entonação, expressão facial e poucos ensaios.
encenam as ações descritas no texto. gestos. Essa interpretação (que pode ser Exige movimentação em cena
É necessária interpretação quando o texto observada na leitura dos dois atores) para marcar os tempos e os
utilizado oferece suporte para a ação dos apoia-se essencialmente no entendimento espaços da narrativa.
atores. do texto que é construído coletivamente Precisa de direção e faz uso de
Precisa de direção e pode, ou não, fazer uso nos ensaios. iluminação, trilha sonora,
de iluminação, trilha sonora, cenário, figurino Precisa de direção e pode, ou não, fazer cenário, figurino e até mesmo
e até mesmo objetos de cena. uso de iluminação, trilha sonora, cenário, objetos de cena.
figurino e até mesmo objetos de cena.
Nos vídeos analisados, esses elementos
não se fazem presentes.
Inflexões – modulação da voz, mudança de tom
Prosódia - pronúncia correta de acordo com acentuação Estudo do ritmo, entonação e demais
atributos correlatos na fala. Ela descreve todas as propriedades acústicas da fala que não
podem ser preditas pela transcrição ortográfica (ou similar), em resumo, cuida da correta
acentuação tônica das palavras.

RECOMENDAÇÕES GERAIS PARA O TRABALHO COM LEITURA FLUENTE

1. Que a fluência leitora seja um objetivo permanente da formação do aluno, de modo que seja
contemplado nas diversas atividades propostas, independente da modalidade organizadora ou
didática das mesmas.
2. Que os projetos de leitura e as sequências didáticas cumpram a finalidade de criar contextos
situacionais correspondentes a situações de leitura genuínas.
3. Que nos projetos e SDs cada atividade de leitura:
a. preveja o ensino de procedimentos que possibilitem a mobilização de capacidades do leitor
proficiente;
b. possibilite ao aluno tornar-se mais ágil no processamento do texto e de seu sentido,
seja quando lê em voz alta, seja quando lê silenciosamente.
4. Que sejam organizadas atividades independentes com a finalidade específica de constituição
da fluência leitora dos alunos, considerando os aspectos envolvidos nesse processo e as
necessidades de aprendizagem dos alunos. Considerar, nesse planejamento, a necessidade de
articular essas atividades aos projetos e demais atividades previstas. Considerar, ainda, no
planejamento das atividades:
a) a adequação do texto às possibilidades de leitura dos alunos: extensão, complexidade;
b) a adequação do texto aos interesses temáticos dos alunos;
c) a necessidade de o professor modelizar:
1. procedimentos de recuperação de sentido no processo de leitura;
2. procedimentos de antecipação de conteúdo temático dos textos antes da leitura,
considerando: gênero, autor, lugar de publicação do texto;
3. procedimentos de antecipação de itens lexicais antes da leitura – considerando
tanto a antecipação de conteúdo temático acima referida, quanto as antecipações
possíveis relacionadas a aspectos gramaticais e sintáticos – e durante a leitura.

5. Que não se perca de vista que:


a) Só se constrói a fluência leitora – semântica e oral - no interior de atividades que busquem e
possibilitem a compreensão do texto.
b) As atividades de leitura em voz alta não são atividades imprescindíveis para a constituição
da fluência leitora, tal como a compreendemos aqui; ao contrário, a boa leitura em voz alta
pode ser decorrente da fluência leitora já constituída pelo sujeito. A busca da compreensão
do texto e a agilidade do aluno nesse processo é que constitui a fluência leitora, o que
implica na mobilização das diferentes capacidades de leitura. No entanto, a leitura em voz
alta – proposta em atividades em que ler em voz alta tenha como finalidade apresentar um
texto (dramático ou não) a uma audiência efetiva - pode tornar-se uma boa coadjuvante no
processo de aquisição da agilidade na leitura, pelo estudo reiterado de um texto.
c) A leitura em voz alta possibilita ao aluno a agilidade referida, pois, uma vez tendo
compreendido o texto, o estudo do mesmo pode levá-lo a ler mais rapidamente (pois
conhece tanto o conteúdo quanto o texto, em si), antecipando blocos maiores de palavras, o
que pode ser generalizado para outras situações de leitura.
d) Além disso, a leitura em voz alta possibilita a agilidade na identificação lexical (e sintática –
no que se refere, por exemplo, a regências verbais, a possibilidades de organização de
frases); isto porque amplia a possibilidade de antecipação textual não só na leitura em
estudo, como em leituras posteriores o que também pode ser generalizado para outras
situações de leitura.
e) Finalmente, a leitura em voz alta, contextualizada como exercício de leitura proficiente – ou
seja, com compreensão – possibilita o aperfeiçoamento da prosódia, quer dizer, da utilização
das entonações mais adequadas para a significação do texto.
MATERIAL SOBRE LEITURA
Coletânea de materiais de leitura para orientação do
trabalho de formação Material produzido para Assessoria aos Formadores do
Programa Ler e Escrever. SEE de SP (fev/2012).

Kátia Lomba Bräkling – Assessoria em ensino de Língua Portuguesa p. 7 a 12

SITUAÇÕES – MODALIDADES - DIDÁTICAS DE TRABALHO COM LINGUAGEM

ATIVIDADES DE LEITURA

Para trabalhar com a constituição da necessidade de ler regularmente, com


diferentes finalidades, em especial, para informar-se a respeito de atualidades e
temas relevantes para a vida cidadã ou assuntos em desenvolvimento e estudo em
aula. Trata-se de instituir um dia fixo na semana, no qual se leia em determinado
Leitura Pontual
horário.
Os leitores podem ser tanto o professor quanto os alunos, se o tema for socializado
e combinado previamente.

Estudar o texto coletivamente, por meio de leitura que mobilize nos alunos
capacidades de leitura necessárias para a construção da sua proficiência. A ideia é
que a explicitação dos modos de obter informação para responder às perguntas
propostas, tornem observáveis as estratégias que cada um utiliza para significar,
possibilitando a apropriação dessas estratégias por quem ainda não as construiu.
Leitura
Colaborativa (ou A leitura colaborativa é fundamental para o ensino de como se lê, ao contrário da
compartilhada) leitura independente com questões escritas para resposta – a “leitura silenciosa” -,
que apenas verifica o que o aluno já consegue fazer. Dito de outra forma, a leitura
colaborativa ensina a ler e a “silenciosa” apenas verifica se o aluno sabe fazê-lo.
Trabalhar com a ampliação da proficiência dos alunos no que se refere à leitura de
textos mais extensos, programando a leitura parte a parte. A partir da leitura prévia
de cada parte, a professora promove a discussão coletiva das mesmas, ensinando
procedimentos de recuperação da parte lida anteriormente. O trabalho de discussão
Leitura Programada compreende também a mobilização de capacidades de leitura para a atribuição de
sentido ao texto, considerando suas características mais específicas. Além disso,
esta modalidade permite, ainda, o trabalho com a obra de determinado autor, pois
possibilita a problematização de suas especificidades de estilo e de tratamento
temático.
Algumas finalidades: explicitar ao aluno – por meio da fala do professor -
comportamentos de leitor (critérios de escolha e apreciação das obras, por exemplo;
Leitura em voz recursos que utilizou para a escolha do texto – autor, gênero, editora, ilustrações,
alta feita pelo entre outros); possibilitar aos alunos que não leem o contato com textos em
professor linguagem escrita de boa qualidade; possibilitar aos alunos contato com textos
que não escolheriam de maneira independente; ampliar repertório de leitura. Esta
modalidade didática possibilita ao professor “modelizar” comportamentos e
procedimentos do leitor.
Possibilitar o estudo de determinado tema por meio de uma sequência de atividades
Atividades
que preveem a leitura de textos com grau crescente de ampliação e/ou
sequenciadas de
aprofundamento de informações.
leitura para estu-
do de
determinado
Possibilitar a socialização das leituras realizadas de maneira independente, com a
finalidade de observar comportamentos leitores já construídos pelos alunos e, ao
mesmo tempo, ampliar seu repertório por meio da explicitação dos comportamentos
de todos. No processo de socialização, explicitam-se os critérios de apreciação
estética em uso pelos diferentes alunos, criando-se um espaço de circulação dos
Roda de leitores mesmos, o que cria a possibilidade de apropriação dos mesmos por diferentes
leitores. Possibilitar, ainda, a discussão e estudo de uma determinada obra ou de um
conjunto de obras do mesmo autor, com a finalidade de compreender seu estilo
pessoal. Pode realizar-se, portanto, considerando obras de escolha pessoal ou
obras selecionadas pela escola.
Possibilitar aos alunos a escolha de obras que contemplem suas preferências
Leitura de pessoais, permitindo que o professor tenha uma referência do tipo de leitura que já é
Escolha Pessoal da competência autônoma dos alunos.

Leitura Individual Trata-se de atividade que permite ao professor analisar qual é a proficiência
com questões para autônoma de seu aluno em relação às capacidades de leitura que deverão ser
interpretação mobilizadas para responder às questões propostas. Não se trata, portanto, de
escrita atividade que permita intervenção processual na leitura, mas verificação de
competência já constituída. É importante focalizar que a compreensão do aluno será
traduzida na escrita, o que requer a utilização de uma proficiência diferente, que é a
de produzir textos.
Atividade que permite o trabalho com os aspectos relativos à oralização de texto
escrito como dicção, entonação, dramatização, entre outros. É preciso que aconteça
em um contexto no qual oralizar texto escrito faça sentido. Para tanto, é importante
recorrer às situações enunciativas nas quais essa capacidade é solicitada: ler
Leitura em voz alta discurso em cerimônia de encerramento de ano letivo, de comemoração, ler textos
em saraus literários, ler textos vários, em voz alta, para gravar CD de divulgação,
anunciar, em supermercado, produtos e promoções, entre outras.
Trata-se da elaboração de um diário pessoal que contenha comentários a respeito
da obra que se está lendo. Cada aluno elabora o seu diário e, a cada dia levam para
a classe disponibilizando-o para leitura dos demais colegas. A finalidade de tal
Diário Pessoal atividade é tanto acompanhar os critérios de apreciação estética que cada aluno
de Leitura está utilizando para analisar o que lê, quanto possibilitar a circulação das impressões
registradas entre os demais alunos da classe.
Trata-se da elaboração de um diário que conterá as atividades preparadas pelo
professor para estudo de determinada obra: reflexões sugeridas; orientações de
leitura; pesquisas para aprofundamento de determinada questão apresentada pela
Diário de Estudos obra; investigação do contexto de produção da obra; conhecimento do autor e do
ilustrador, por meio da leitura de sua biografia, entre outras.
Trata-se de atividades de leitura realizadas com a finalidade de potencializar a
compreensão do sistema. Tais textos, que comumente são conhecidos de cor em
Leitura de textos razão de sua função e características (parlendas, letras de música, quadrinhas), por
conhecidos de terem uma linha rítmica/melódica que o apoia, permitem o ajuste de palavra e
cor melodia/ritmo, recurso este que permite ao leitor iniciante deduzir/inferir o que está
escrito em cada segmento.
São tipos de exercícios que apresentam dois (ou mais) grupos de enunciados para
serem relacionados – ou pareados. São exemplos desse tipo de exercícios aqueles
que pedem, por exemplo, para se relacionar uma coluna de enunciados contendo
Leitura por títulos de contos conhecidos pela classe, com outra coluna contendo nomes de
pareamento personagens dos mesmos contos. Trata-se de um tipo de atividade potencialmente
interessante para a alfabetização inicial.
São atividades realizadas tanto com textos já conhecidos pelos alunos, como com
textos desconhecidos. Podem ser realizadas, basicamente, de três maneiras:

a) com textos que os alunos conhecem de cor: para o trabalho com alunos que ainda
não compreenderam o sistema. Os textos, nesse caso, necessariamente serão
quadrinhas, letras de música, parlendas;
Leitura por
ordenação de
b) com textos que os alunos conhecem, mas não sabem de cor: para alunos com
partes do Texto uma proficiência maior do que a dos alunos citados no caso anterior, ou quando a
atividade será realizada de maneira colaborativa;

c) com textos desconhecidos: para alunos que já compreenderam o sistema e


possuem uma proficiência relativa na leitura. A atividade possibilita a tematização de
articuladores que estabelecem as relações de coesão e coerência entre os trechos.

a) As modalidades didáticas acima apontadas tanto devem ser articuladas às modalidades


organizativas propostas por Lerner (2002), quanto podem articular-se entre si, dependendo da
finalidade didática colocada.
b) Todas as atividades podem ser submetidas ao movimento metodológico de aprendizagem
fundamental. Ou seja, todas as atividades podem ser realizadas no coletivo (para modelização pelo
professor), em duplas/grupos (para colaboração entre alunos), e individualmente (para verificação das
apropriações realizadas).
c) Da mesma forma, uma modalidade didática pode organizar-se, internamente, nos três momentos
típicos do movimento metodológico. Por exemplo, uma leitura programada pode iniciar com a leitura
coletiva de uma parte da obra, passar a leitura em duplas, de outras partes da mesma obra para, só
depois, propor a leitura individual.
d) Uma atividade pode ter o seu grau de complexidade adaptado às possibilidades dos alunos se for
ajustado ou o agrupamento por meio do qual será realizada, ou a modalidade de linguagem por meio da
qual será desenvolvida. Por exemplo, um texto com interpretação a ser feita a partir de questões pode
ser dado para leitura de alunos menos proficientes, se a sua realização for proposta em agrupamento e
se as respostas forem discutidas oralmente. Para os mais proficientes, que já se apropriaram da escrita,
tal leitura pode ser realizada em colaboração, mas respondida por escrito. E assim por diante.

Kátia Lomba Bräkling

Di
sponível em: https://www.academia.edu/18095928/Modalidades_Organizativas_e_Modalidades_Did
%C3%A1ticas_no_Ensino_de
_Linguagem_Verbal Acesso em: 31 maio 2022.

Leitura dramatica- Identificando as dificuldade do aluno


 A partir da realização das atividades, é esperado que o professor identifique as
dificuldades antecipadas dos estudantes no trabalho com a leitura dramática.
 Identificar a função dos elementos composicionais do gênero texto dramático, por
não estarem habituados à leitura e ao estudo do gênero. Forma composicional do
texto dramático é bastante característica. Divide-se em atos e cenas e apresenta,
como procedimentos narrativos: as falas, que podem ser diálogos, monólogos e
apartes, com os nomes das personagens em destaque; os personagens; e as
rubricas ou didascálias - indicações cênicas que auxiliam a representação e
orientam o ator.
 Compreensão do texto em função das próprias marcações do texto.
 A partir da compreensão, aplicar uma prosódia ao texto (entonação, acento a
determinada sílaba e, ou palavra, ritmo, velocidade...), durante a leitura oral do texto
a um público (leitura dramática).
 Capacidades socioemocionais: engajamento com os outros, autogestão, abertura ao
novo etc.

 Da mesma forma, espera-se que percebam as implicações pedagógicas dessas


dificuldades ou seja para o trabalho em sala de aula:

 Movimento metodológico das aulas precisa garantir a compreensão do texto e a


aprendizagem dos elementos composicionais do texto dramático, por meio de
diferentes modalidades de leitura:

 silenciosa para observação dos elementos do texto dramático.


 compartilhada/colaborativa para compreensão do texto.
 em voz alta feita pelo professor para o desenvolvimento de comportamento e
procedimentos de leitura.
 em voz alta pelo aluno em contexto significativo…

Para saber mais:

ROJO, Roxane. Letramento e capacidades de leitura para a cidadania. São Paulo: SEE: CENP,
2004. Texto apresentado em Congresso realizado em maio de 2004.

ROJO, Roxane; ALMEIDA, Eduardo de Moura. Multiletramentos na escola. São Paulo: Parábola
Editorial, 2012.

Leitura:
A fluência em leitura — elo para a compreensão
leitora.pdf Leitura dramática... sem drama!

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