You are on page 1of 14

UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE

FACULDADE DE ECONOMIA
CURSO DE CONTABILIDADE E FINANÇAS

Testo de Apoio

MERCADO DO CREDITO
 Conceito de crédito
 Produtos e serviços financeiros e Principais intervenientes
 Gestão do crédito
 As principais formas de avaliação do risco do credito
 Modelo de Stiglitz-Weiss

Conceito de Crédito

O termo crédito encerra em si diferentes interpretações, por exemplo


existem créditos académicos, crédito contabilístico ou ainda a confiança
que uma pessoa ou uma instituição financeira deposita no mutuário
colocando a sua disposição um certo valor ou emitindo uma garantia em
nome daquele a favor de terceiros, mediante remuneração,
comprometendo-se o mutuário a reembolsar ao mutuante as somas
utilizadas, no prazo acordado.
O conceito crédito embora genérico, na prática está mais relacionado
com a actividade das instituições de intermediação financeira,
vulgarmente conhecidas por BANCOS ou no contexto mais glabalizante,
Instiituiçoes de crédito. O que são instituições de intermediação
financeira? Como a designação sugere, são institutuições autorizadas
pelo Banco Central a aceitar depósitos e aplica-los por conta e risco
próprio.
O crédito pela sua importância na economia, os Governos, através dos
respectivos Bancos Centrais têm concentrado maior atenção na sua
programação de modo a garantir que as necessidades financeiras do

1
Estado não provoquem uma deslocação dos recursos do sector privado
para o sector publico, o chamado (crowding out), com os consequentes
efeitos nefastos na economia. Em Moçambique a programação do crédito
no período de transição de instrumentos directos de controlo do crédito
para o indirecto obedeceu a algumas etapas conforme exaustivamente
descrito no capitulo I.

Papel dos Intermediários Financeiros

As instituições de intermediação financeira são aquelas que se


especializam na mobilização de Poupança, transformação de
maturidades e redução de riscos. Na prática funcionam como uma ponte
recebem os fundos daqueles que têm em excesso ou que pretendam
consumir no futuro e aplicam-nos emprestando aos necessitados e desta
forma os aforradores afastam o risco para os intermediários e estes ao
emprestarem reduzem-no. Outra função consiste na transformação de
maturidades de activos e passivos dos aforradores. Ao aceitarem
depósitos a ordem, de médio e longo prazo para aplica-los em activos de
médio e longo prazo contribuem para a transformação de maturidades. A
redução de Risco é tambem uma importante função das instituições de
intermediação pois ao assumirem riscos que de outro modo seriam da
responsabilidade dos aforradores constituem um incentivo para a
canalização das poupanças para depositos em vez de cada um fazer
aplicação directa das mesmas e sujeitar –se aos seguintes riscos:

a. Taxa de Juro – possibilidade de subida de taxas de juros o


que pode aumentar custos dos fundos alheios sem
contrapartida no activo
b. Comercial – possibilidade de não recuperar o capital
emprestado/concedido
c. De Liquidez – possibilidade de carecer de fundos para fazer
face aos encargos correntes.

Serviços e Modalidade de credito

Garantias bancárias

Créditos documentários
Serviços
prestados
Remessas documentárias

Pagamento de serviços (ATM, POS, Carta de crédito)


2
Empréstimos em conta corrente

Subscrito pelo cliente à favor do


banco – livrança

Sacado pelo cliente sobre a sua


clientela – crédito por desconto
Modalidade
de crédito Desconto de Títulos
Emitidos sobre clientes pelos seus
fornecedores – crédito por desconto/
fornecedor

Criados pelo clientes e aceites pelo


banco – aceites bancário

Desconto de Warrants

Crédito em conta corrente:

Pela abertura de um crédito em conta corrente o banco coloca, por certo


tempo, à disposição do cliente uma determinada importância, que este
poderá movimentar até a concorrência do seu limite máximo através de
levantamento e reembolsos que julgar convenientes. O saldo dessa conta
pode assim apresentar-se credor, ou devedor até ao limite pelo qual o
crédito tiver sido aberto. Esta conta por definição é movimentada de
modo em tudo idêntico a uma conta de depósitos à ordem, a não ser nos
casos em que o crédito apresente condições de movimentação especial,
como por exemplo, destinar-se o seu produto para pagamentos de
documentos relativos à aquisição de mercadorias quer locais, quer
importadas. A abertura da conta está sujeita à assinatura previa de um
contrato. É no contrato onde constam as condições de movimentação da
conta, montante máximo de crédito, duração da validade e eventuais
prorrogações, forma de utilização, comissões a pagar e juros sobre os
valores utilizados, garantias a constituir (penhor, hipoteca, aval),
obrigações do devedor e direitos do credor, condições de denuncia do
contrato etc.
Esta modalidade é mais utilizada em operações relacionadas com o
financiamento de campanhas agrícolas ou nos casos em que não tendo

3
as empresas fundo de maneio, ou tendo-o muito reduzido, necessitam de
recorrer ao banco permanentemente para o giro normal, dos seus
negócios. Aplica-se também nos casos em que não é pratico a utilização
do desconto de livranças, por dificuldades de determinação dos prazos de
reembolso. As instituições de crédito normalmente só usam esta
modalidade para os seus principais clientes e as contas em principio
vencem no fim do ano o limite e o prazo são ajustados ás reais
necessidades de crédito dos clientes.

OVERDRAFT (Saque a descoberto)


Para alem do crédito em conta – corrente a instituição de crédito paga
cheques dos seus clientes à descoberto. Isto é, os cheques sacados sobre
as suas contas de livres movimentos, (D.O.), não tem cobertura pelo que
ao serem aceites pelo Banco resultam em crédito reflectido no saldo
devedor da canta do cliente. O overdraft é no essencial identico a conta
corrente a diferença é que no caso desta há formalização de contrato e
baseia-se em projecçóes de tesouraria enquanto que no overdraft os
descobertos sáo apenas permitidos por se tratar de um cliente com
volume de deposito significativo e com gestor de conta que conhece
melhor a actividade do cliente. Esta operação é normalmente garantida
por deposito a prazo constituido na instituição ou uma livrança em
branco. Neste último caso o valor a preencher deve ser suficente para
amortização da divida mais juros de mora e outras obrigações fiscais em
caso de incumprimento do acordo para a concessão desta facilidade.

Crédito Conta Emprestimo - Créditos a médio/longo prazo, destinam-


se a financiar empreendimentos de vulto que podem ser separados da
actividade corrente da empresa, os chamados project finance , por
exemplo, a construção e ampliação de uma fabrica, a aquisição de
equipamentos de produção ou de transporte com vida útil longa. A fonte
de reembolso destes financiamentos provêm exclusivamente das receitas
livres geradas pela capacidade produtiva dos bens financiados. A analise
deste tipo de financiamento deve basear-se num plano de negócios que o
proponente deve anexar ao pedido.

DESCONTO DE TITULOS

1.Desconto de livranças
A Livrança pode ser definida como título de credito pelo qual o devedor
se compromete pagar à ordem do seu credor (Banco) uma importância
determinada.
O desconto de livranças é a modalidade de concessão de crédito mais
utilizada na prática bancãria para financiamentos intercalares (bridging
finance) e financiamento para aquisição de matéria–prima e
mercadorias, em reforço ao fundo de maneio dos clientes. A sua

4
liquidação ocorre normalmente á medida que o ciclo de produção e
venda evolui.

Cada instituição de crédito adopta o seu modelo-PROPOSTA DE


DESCONTO para a concessão do desconto de livrança que é preenchido
e assinado pelo proponente e posteriormente aceite pela instituição de
crédito passando assim a constituir contrato de emprestimo.

2 – desconto de Letra de cambio e outros documentos


A letra de câmbio é um título de crédito à ordem, pelo qual o sacador
ordena ao sacado que lhe pague a si ou a terceiro (tomador) determinada
importância. Um caso muito frequente é o tomador ser o próprio sacador.
Além destes intervenientes outros poderão figurar na letra: os avalistas e
os endossantes.
A característica fundamental da operação de desconto da letra pela
instituição de credito (que figura como tomadora) reside na antecipação
feita por ele ao seu cliente do valor do crédito que este possui sobre o
sacado e na dedução de uma verba proporcional ao tempo que falta
para o respectivo vencimento.
Ao efectuar o desconto a instituição de crédito contrata com o seu cliente
uma operação de crédito. Para esse efeito o cliente assina previamente
uma PROPOSTA DE DESCONTO, que submete á instituição. Na prática
esta modalidade entrou em desuso progressivo uma vez que se
enveredou pela concessão do crédito directo ao utilizador e pelo facto de
operadores comerciais optarem, erradamente, pelo cheque pre- datado.

Não obstante, casos há em que o desconto de letra de cambio ainda é


utilizado, principalmente nos seguintes casos:
a) Desconto de remessas documentários à vista, relacionadas com
a venda de mercadorias pelas fábricas a clientes domiciliados
noutras praças. Os respectivos documentos de título das
mercadorias (conhecimentos, cartas de porte aéreos) e seguros são
consignados á instituição de credito que os endossa ao respectivo
tomador.
b) Quando uma fábrica tem uma clientela numerosa de pequenos
clientes a instituição de crédito opta por descontar os seus
saques a prazo, pois a apreciação e desconto de livranças a cada
cliente da fabrica resultaria numa sobrecarga adicional de trabalho
para os serviços da instituição.

3- Desconto de Warrants – o depositante de mercadoria junto ao seu


depositário, normalmente a Alfândega recebe desta um certificado de
deposito contendo cédula e respectivo prazo. O dono ou o corretor pode

5
endossar o Warrant e a cédula e apresentar a desconto na Instituição de
crédito (adiantamento sobre a mercadoria)

4- Crédito por aceite – (Aceite Bancario) o cliente saca sobre a


Instituição de Crédito e esta só disponibiliza os fundos no prazo de
vencimento, mas o cliente pode utilizar para mobilizar fundos em
instituições estrangeiras ou nacionais.

GESTÃO DE CRÉDITO

A gestão do crédito é uma actividade que exige do analista de crédito


muita experiência e conhecimento da realidade económica e financeira
da praça e do país onde opera a instituição de credito porque é dele que
depende o sucesso ou não do crédito. Para alem dos requisitos atrás
mencionados a existência de central de risco onde são registados os
mutuários é muito importante para se conhecer o grau de endividamento
dos mesmos no sector bancário.

A existência da Central de Registo de crédto e de risco, este em cada


instituição de crédito, não elimina o risco que cada proposta de
financiamento apresenta por causa da informação imperfeita, ou seja, a
informação necessária para o analista avaliar o nível de risco potencial
de uma determinada operação não está livremente disponível para todos
e por isso gasta-se dinheiro para obtê-la ou então criam-se formas de se
reduzir a exposição ao risco. Por exemplo, uma instituição de crédito que
pretenda conceder crédito tinha que arranjar tempo e dinheiro para obter
informação sobre o potencial cliente o que realisticamente não seria
recomendável por ser muito dispendioso. Por esta razão a instituição de
crédito optão por elevar as taxas de juro e exigencia de garantias.
Na imperfeição de informação há dois aspectos a considerar a
racionalidade e o oportunismo.
É a racionalidade que leva as pessoas a procurarem empresas
especializadas em tratamento de informação e não pretenderem recolher
detalhes de informação sobre o potencial cliente quando isso tornar a
operação mais dispendiosa. As empresas que estudam o risco e
classificam os titulos das empresas facilitam a actividade dos operadores
financeiros ao mesmo tempo que tornam a informação numa mercadoria.
O oportunismo leva alguns agentes econômicos se aproveitam da
informação assimétrica para tirar vantagens, por exemplo obterem
financiamento, contrato de seguros e outros beneficios que em condições
normais não os obteriam. O oportunismo é o aproveitamento da
assimétria de informação, por exemplo, entre o proponente do crédito e o
analista de crédito e que faz com que haja dois riscos: selecção adversa e
desvios de aplicação. O proponente detém mais informação sobre o
projecto do que o analista e normalmente para conseguir o empréstimo

6
pode ocultar informação relevante que poderia levar a não concessão do
mesmo. O crédito sem muita probabilidade de sucesso é aceite com base
na informação prestada e na boa fé. Quando isso acontece está-se
perante a chamada selecção adversa. Depois do crédito concedido pode
haver desvios de aplicação do crédito, i é, o dinheiro é utilizado para
pagar despesas que não têm nada a ver com o projecto aprovado,
afectando deste modo o plano de amortização acordado. Nesta situação
está-se perante o fenómeno conhecido como risco moral ou moral hazard
em inglês, para a minimização deste risco os Bancos aplicam medidas de
controlo que vão desde a obrigação de o mutuário enviar regularmente
informação financeira sobre a empresa e do projecto financiado às visitas
regulares ao projecto para verificação da execução do plano acordado. A
principal fonte de reembolso é o proprio projecto financiado é por isso
que o montante concedido e o seu respectivo prazo de reembolso devem
ser ajustados às reais necessidades do cliente.

AVALIAÇÃO DO RISCO DE CREDITO

O crédito bancario foi e continua a ser um meio mais usado no


financiamento a economia em particular nos paises em desenvolvimento
como resultado directo do fraco desenvolvimento dos respectivos
sistemas financeiros. Esta é a razão porque ainda hoje predominam
profissionais de crédito que usam o metodo tradicional para avaliar o
risco de credito baseado fundamentalmente no conhecimento que o
analista de crédito tem sobre o propronente de crédito.

Neste conhecimento, para näo ser exclusivamente subjectivo, tomam-se


como indicadores de decisäo os chamados CINCO Cs a saber: Caracter,
Capital, Capacidade, Collateral(garantia) e Ciclo de negocios.

Caracter - Na apreciação de uma proposta as primeiras atenções


incidem sobre o nome do cliente. O seu cadastro, a sua idoneidade, a sua
capacidade organizativa e de gestão, os seus recursos em capital próprio
e a natureza da sua actividade. Avalia-se a ficha do cliente sobre o
comportamento anterior em relaçao aos créditos concedidos, se regista
ou não incumprimentos. A idade da empresa é um indicador importante.
Para empresas novas a pontuaçao será menor,

Capital é considerado elemento importante na analise do risco porque


entre duas empresas com o mesmo capital social será menos propensa
ao risco de falência a que tiver menor nível de alavancagem.

Capacidade de endividamento na análise o montante solicitado deve


ser relacionado com capital próprio do cliente e a finalidade do crédito.
Por regra o crédito bancario deve ser complemento dos fundos próprios
da empresa/cliente. A sua quantificação em função das necessidades

7
deve ser a mais rigorosa possível. Pois emprestar a menos pode ser tão
desaconselhável como proporcionar fundos em demasia para a realização
de qualquer projecto. Note-se que uma empresa que apresente
regularmente lucros voláteis, com maior desvio-padrão em relação a
media das empresas do mesmo sector, pode indiciar dificuldades de
honrar os seus compromissos no futuro e por isso o analista necessita de
dados historicos para melhor medir o risco.

Collateral-garantia o analista preciso de ter dois dados importantes. O


primeiro tem a ver com a situaçao legal do objecto entregue em garantia
pois esta de nada servirá se no momento de se pretender executá-la
descobrir-se que o mutuante/banco não é a primeira prioridade. A
segunda tem a ver com a liquidez da garantia e o risco da mesma no
mercado. Suponhamos que para um crédito o mutuário oferece uma
moradia como collateral-garantia. O mutuário näo consegue honrar o
compromisso e a IC decide executar a garantia, mas nesse exacto
momento há crise imobiliário ninguem compra a moradia e o processo da
sua venda exige o cumprimento de um rigoroso processo burocrático e
para agravar a situaçao vendendo a moradia o valor obtido näo cobre o
valor em divida incluindo juros. Desde modo, o tipo de garantia deve ter
em conta estes dois dados.

Ciclo de negocios. Quem financia por exemplo uma moageira que usa
cereais de oriegem nacional ou importada tem de ter presente o
comportamento futuro da cultura dos cereais nos dois mercados porque
se financiar a compra de equipamento para a farinanha do milho sem ter
a certeza que haverá milho suficiente no mercado para permitir a
laboração da moageira corre o risco de não reembolso do crédito
concedido.

Nos tempos que correm os analistas e outros profissionais do crédito têm


procurado novas formas de avaliacao do risco do crédito pelas seguintes
causas: aumento das falências de grandes empresas que outrora
gozavam de prestigio no mercado tendo a crise bancaria asiática dos
anos 90 piorado as expectativas optimistas que os analistas tinham
sobre o grau de retorno do crédito. Contribui tambem grandemente para
o pessimismo dos analistas o aumento de falências de empesas, o
desenvolvimento do mercado de derivados financeiros, a volatilidade das
garantias, a redução dos spreads que a constituição de provisões para
crédito de cobrança duvidosa tem nos lucros dos bancos daí a
necesidade de ter uma boa carteira para garantir a estabilidade do banco
e remuneraçao adequada aos accionistas.

A possibilidade de as médias empresas poderem obter fundos no


mercado de capitais, via operações de balcão, empurra aquelas empresas
sem condições para aquele mercado para operações tradicionais de

8
crédito com inerente selecçao adversa uma vez que o analista não dispõe
de informaçao suficiente para melhor avaliar o risco.

As inovações tecnologicas que facilitam a gestão de dados e deste modo


permitem os profissionais do crédito desenvolverem modelos sofisticados
de avaliação do risco.

Um dos grandes constrangimentos na avaliação do risco de crédto , no


modelo tradicional, é o facto de os retornos e os riscos por actividade
não se encontrarem cotados em bolsas o que torna difícil usar os
métodos mais sofiscados de avaliação do risco tais como VAR (value at
risk, or capital em risco ou de modelo Credit metrix e outros que são
instrumentos úteis para o analista), nesta situação resta apostar no
conhecimento do cliente e do negocio que exerce ou pretende exercer
para minimizar o risco.

A capacidade de o analista do crédito diagnosticar a situação de cada um


dos seus clientes e de recomendar exige muita prática pois é necessário
saber se o potencial mutuário tem efectivamente necessidade de
financiamento ou carece apenas de uma opinião técnica de como
mobilizar recursos adequados para o negócio em perspectiva. Por vezes,
porém, os clientes recorrem ao Banco porque a sua situação financeira
está fora dos minímos exigidos para o funcionamento normal e então o
analista de crédito deve reforçar o nível de exigência na analise do
pedido. A seguir se indicam algumas razões que pioram o desempenho
financeiro das empresas:
 Falta de cumprimento das regras de equilíbrio financeiro;
 Aplicação do fundo de maneio na aquisição do imobilizado;

 Liquidação das responsabilidades a longo prazo à custa do fundo


do maneio de exploração;

 Processo produtivo irregular, paragens constantes por falta de


materias primas ou fornecimento irregular de energia electrica,
etc;
 Excesso de stocks – aquisição de stocks de materias primas e
outros materiais acima das suas necessidades;
 Over-trading que consiste em procurar manter um certo nível de
negócios sem recursos financeiros adequados;
 Competição desenfreada, que conduz a utilização de avultados
recursos em campanhas de promoção sem plano de marketing
ajustado ao mercado;
 Exploração deficilitária, normalmente motivada por mau custeio,
má administração e improdutividade;
 Fraco controlo interno que propicia o roubo do produto acabado,
mercadorias ou de receitas da empresa;

9
 Desequilibrio financeiro, motivado pela insuficiêrncia de capital
logo no início da actividade.

Na avaliação do crédito, o analista deve ainda ter em atenção os


seguintes princípios básicos:

1) Finalidade do crédito
O pedido de crédito pode apresentar baixo nível de risco quanto ao
seu reembolso, mas os seus objectivos podem não se enquadrar na
politica de crédito da instituição.

2) Garantia de reembolso

Mesmo estando assegurado o reembolso convem sempre o analista


exigir a constituição de garantias (penhores, hipoteca, seguros)
para se precaver contra acontecimentos imponderáveis.

Para além destes princípios básicos, na apreciação das propostas há que


considerar inúmeros factores, em relação a alguns dos quais abaixo se
indicam:
O crédito puramente intercalar, depende normalmente de um
recebimento conhecido. A analise deste tipo de crédito não apresenta
grandes dificuldades uma vez que a fonte e a data provável de reembolso
podem ser determinadas com razoável precisão à partida. Emquadram-
se neste crédito; i) o apoio para aquisição de mercadorias, matérias
primas destinadas à exportação e ao consumo local pelas fábricas, ii) os
financiamentos concedidos às centrais importadoras para desembaraço
de mercadorias destinadas a outros utilizadores, iii) os financiamentos de
campanhas de comercialização agricola.
A fonte de liquidação destes créditos provém directamente da venda dos
produtos, das mercadorias adquiridas ou das resultantes da
transformação das matérias primas, pelo que os prazos de liquidação
estão directamente relacionados com os respectivos ciclos de compras/
produção/vendas.
Na generalidade as empresas usam esta modalidade como complemento
dos seus fundos de maneio. Devido à facilidade de determinação de
prazos, a modalidade de utilização do crédito mais generalizada é a do
desconto de livranças, exceptuando-se contudo o apoio concedido às
campanhas de comercialização agrícolas em que a prática tem
aconselhado a utilização de um prazo de liquidação devido à dificuldade
de determinação de prazos de reembolsos escalonados no tempo.

O crédito com carácter permanente ou semi-permanente é concedido a


empresas com capitais próprios diminutos em relação às necessidades de

10
giro dos seus negócios, ou a empresas que por motivos diversos (e.g.
explorações deficitários) tem de recorrer ao apoio permanente do Banco.
Só ao longo do tempo é que essas empresas poderão ir reencontrando o
seu equilíbrio financeiro e criando gradualmente fundo de maneio
próprio que lhes permite auto-suficiência total ou parcial. Nestes casos,
a concessão é feita através de créditos em conta corrente, exercendo o
Banco um apertado controlo sobre as utilizações do crédito e através da
análise periódica das peças financeiras da empresa, Á medida que os
lucros da empresa se vão acumulando o Banco deve também ajustar a
modalidade de apoio financeiro,

Na analise do risco do credito o Balanço e a Demonstração de resultados


são peças fundamentais pois a partir destes documentos pode-se
conhecer a solidez ou não da empresa analisando as fontes e aplicações
ou os fundos de maneio (exploração, global e tesouraria). Estas análises
podem ser feitas no sector de análise de risco que enviará ao analista de
crédito para incorparar na avaliação do mérito ou demérito do cliente
receber o crédito. O analista de crédito deve ter presente as regras
simples de interpretação das contas do Balanço e Conta de
Demonstração de Resultado, as regras de equilíbrio financeiro. Por
exemplo, com raras excepções:
i) O Fundo de Maneio Líquido Global (FMLG) deve ser positivo, ou
seja, os capitais permanentes (CP) devem ser superiores a
activos permanentes (AP) porque só desta maneira ter-se-á um
fundo de maneio global positivo (FMLG= CP –AP).
ii) O Fundo de Maneio Líquido de Exploração (FMLE) deve ser
positivo, ou seja, os stocks e crédito concedido aos clientes
(activo de curto prazo - AC) devem ser inferiores à dividas de
exploração (passivo de curto prazo - PC) porque revela que a
empresa tem uma gestão adequada de stock e deste modo pode
garantir-se um fundo de maneio de exploração positivo (FMLE
=AC – PC); e
iii) O Fundo de Maneio Líquido (FML) deve ser positivo, ou seja, as
disponibilidades devem ser superiores a descobertos nas contas
bancarias para se ter uma Tesouraria positiva. O FML constitui
o somatório do FMLG e o FMLE.

Se todo o capital inicial da empresa for gasto em aquisição do


imobilizado, maior recurso ao crédito a curto prazo terá que solicitar
para financiar as suas aquisições de matérias-primas/mercadorias ou
para liquidar as suas despesas gerais enquanto aguarda as cobranças da
sua facturação. Este recurso total ao crédito à partida representa uma
fraqueza. O retardamento no recebimento das cobranças ou uma
redução no volume de vendas podem impedir uma liquidação atempada
aos credores.

11
A acumulação de lucros pode reforçar a posição financeira da empresa,
mas normalmente nos primeiros anos da actividade da empresa
registam-se prejuízos neste caso se não houver aumento de capital a
empresa pode falir se não conseguir emprestimo bancario com base num
plano de recuperação económico financeiroo consistente que prove
viabilidade das acçoes a tomar.

As dividas de curto prazo devem estar pelo menos cobertas pelo activo
circulante, doutra forma os riscos de “overtrading” podem-se
desenvolver. Se a empresa está a procurar alcançar muito com muito
pouco e qualquer imprevisto, no desenvolvimento do processo produtivo
ou no fluxo de vendas pode precipitar uma crise, uma vez que não há
uma margem livre para pagamento da divida. A posição liquida pode
muitas das vezes ser melhorada pela venda de parte do imobilizado
considerado excedentário, ou através do recurso ao crédito a médio ou
longo prazo se os negócios do proponente do crédito forem conduzidos de
uma maneira satisfatória, i.é. cumpre pontualmente as suas
responsabilidades, cobra os seus créditos com regularidade e mantém
um stock de acordo com as suas necessidades. Estes aspectos podem ser
facilmente verificados analisando o Balanço e Contas de Demonstração
de Resultados.

Comparando o montante de credores obtido constante do balanço com o


total das compras indicadas na conta de exploração dá-nos uma
estimativa do prazo médio de crédito obtido dos credores. Quando o total
do crédito obtido parece ser excessivo em relação ás compras, deve-se
averiguar de imediato se há atrasos nos pagamentos.

Similarmente uma comparação entre o montante de devedores indicado


no balanço e o total das vendas efectuadas no exercício, dá-nos uma
ideia da velocidade de cobrança dos débitos. Se da análise o analista
constatar que o cliente está a conceder créditos a prazos
demasiadamente longos, deve-se averiguar de imediato, pois a empresa
deverá ser alertada para exercer pressão sobre os devedores, mas pode
também acontecer que estes estejam a debater-se com dificuldades
financeira para a liquidação das suas dividas.

A existencia de stocks elevados pode ser sintoma de problemas de vendas


ou de existencia de monos que urge averigar na conta de exploração
comparando os stocks com o total das vendas efectuadas. Num negócio
saudável com fontes de aprovisionamento regulares, os stocks devem ser
mantidos a um nível mínimo. Contudo, quando esses aprovisionamentos
são irregulares a prudência aconselha a manter stocks de segurança
adequados.

12
Modelo de Stiglitz – Weiss

Mckinnon-Shaw (1973) na sua teoria de liberalização do sector financeiro


advogam a subida da taxa de juro real e deixar o mercado funcionar
livremente porque ä taxa de juro real de equilíbrio, os proponentes
seriam os primeiros interessados na racionalização do crédito deixando o
governo de se ocupar desta tarefa.

Stiglitz-Weiss contrapõem dizendo que os Bancos mesmo sem imposição


legal e governamental sempre haveriam de impor restrição ao crédito por
causa da imperfeição da informação, que torna caro pesquisar
informaçáo respeitante a cada potencial mutuário. Mesmo no momento
da avaliação do empréstimo a assimetria de informação propicia a
existencia de riscos de selecção adversa e risco moral. É por isso que
impõem um limite da taxa de juro que traduz a sua expectativa de
retorno do montante concedido ou a emprestar, pois não está provado
que o agravamento da taxa aumente a probabilidade de o mutuário
prescindir do creédito ou fazer uma autoselecção dos projectos bons com
taxa de retorno garantida. O que na pratica acontece é que a taxas de
juro elevadas a tentação de endividamento continua alta em países sem
muitas alternativas para o financiamento a economia e o reflexo disso é
no nível de reembolso pois quando a taxa sobe o mutuário começa a ter
problemas de tesouraria para honrar os compromissos na medida em
que na maioria dos casos os acréscimos nas taxas de juro não podem ser
repercutidos no preço dos bens cujo coincide com o de amortização.

O modelo de STIGLITZ-WEISS pode ser resumido no seguinte:

a) Existe uma taxa de juro implícita que maximiza o retorno


do dinheiro emprestado acima da qual a probabilidade de
não pagamento, credito mal parado, é elevada;
b) A racionalização do crédito faz-se reforçando o controlo do
mutuário em vez de aumentar a taxa de juro pela
explicaçáo acima referida.

Gráficamente o modelo pode ser resumido assim:

13
a taxa de juro que maximiza o reembolso do crédito- trcm é r(max).
Elevando a taxa de juro para r’ a probabilidade de reembolso do crédito
baixa para trc’. Por isso, a ideia de elevação da taxa de juro real
defendida por Mckinnon-Shaw, como forma de se evitar a racionalização
do crédito não está provada razão porque os bancos preferem ter uma
taxa implícita que maximiza o reembolso de crédito, conforme sugere
esta teoria.

14

You might also like