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1. Expressões Multimodais
2. Sintaxe Oracional
3. Semântica Local
4. Semântica Sequencial
5. Semântica Global
6. Estruturas Globais Formais
7. Estruturas Operacionais Retóricas
8. Estruturas Pragmáticas
9. Estruturas Conversacionais Interativas
10. Estruturas Complexas
A multimodalidade é reconhecida como o uso de diferentes recursos comunicativos (modos). Nessa integração, cada uma dessas partes tem uma representação
no processo de construção do sentido, sendo assim ambos importantes para o produto. A multimodalidade é relativa à produção de um signo dentro de um
determinado contexto social e, a partir daí que os recursos são escolhidos para formar uma peça discursiva. (KRESS e VAN LEEUWEN, 2006)
Sonoras:
● Entende-se entonação como um dos elementos da prosódia. Ela aborda os níveis que os enunciados são declarados oralmente. Assim, a entonação
representa uma ferramenta expressiva. Em momentos de produção discursiva, principalmente em situações de conversação, ela pode transmitir
importantes informações adicionais para os participantes. A “entonação, os gestos e expressões fisionômicas e as condições gerais em que o enunciado
é produzido permitirão detectar a verdadeira força do ato produzido”. (KOCH, 2007)
• De acordo com Meschonnic (2006) o ritmo pode ser considerado como uma forma de organizar o discurso. Ele é uma das ferramentas da prosódica
que altera a velocidade da fala com a intenção de expressar um significado específico para tal enunciado, considerando os aspectos dinâmicos das
situações comunicativas. “É por isso que o ritmo como organização do discurso pode renovar a concepção da oralidade [...]” (p.08).
• Kress e van Leeuwen (2006) propõem que a música também é uma forma de comunicação composta por características multimodais. O seu ritmo
pode ser construído com notas acentuadas em alguns trechos, atraindo assim mais a atenção do ouvinte; algumas palavras podem ter alongamentos
ou repetidas, com diferentes propósitos. Cada uma dessas inúmeras características de uma música é importante para se chegar a mensagem final.
Visuais:
● Para Kress e van Leeuwen (2006) a tipografia consiste em um recurso com a função de se comunicar e de auxiliar na produção da coerência do texto
ou da imagem do qual faz parte. Ela usufrui de um conjunto procedimentos como cor, caixa de texto, tipo de fonte, pontuação e outros recursos que
possam carregar traços semióticos.
● Para Kress e van Leeuwen (2006), as cores são recursos semióticos que têm a capacidade de representar ideias e um vasto conjunto de informações,
seja de forma isolada ou constituindo o sentido do gênero do qual fazem parte. Uma mesma cor pode carregar diferentes significados e um mesmo
significado pode ser carregado por diferentes cores. Essa multiplicidade é carregada por valores socioculturais. Os autores reforçam que as cores
combinam com um vasto grupo de modos, mas longe deles sua carga de significância não é tão grande assim.
● Segundo Kress e van Leeuwen (2006), a saliência consiste numa observação sobre as superfícies irregulares existentes em uma página ou em um
layout, e como tal fato pode criar uma forma hierárquica sobre a importância dentro de uma imagem. Uma das partes com maior fonte, tonalidade, maior
contraste ou maior tamanho, será a primeira parte de um gênero multimodal a ser observada. Apesar de ser construído de forma automática por aqueles
que não têm aparatos linguísticos, são pistas visuais na construção do sentido. Além disso, ocorre um processo de dicotomização (maior/menor;
claro/escuro) na produção de sentido.
● Segundo Kress e van Leeuwen (2006), a saliência consiste numa observação sobre as superfícies irregulares existentes em uma página ou em um
layout, e como tal fato pode criar uma forma hierárquica sobre a importância dentro de uma imagem. Uma das partes com maior fonte, tonalidade, maior
contraste ou maior tamanho, será a primeira parte de um gênero multimodal a ser observada. Apesar de ser construído de forma automática por aqueles
que não têm aparatos linguísticos, são pistas visuais na construção do sentido. Além disso, ocorre um processo de dicotomização (maior/menor;
claro/escuro) na produção de sentido.
● A moldura consiste na organização das modalidades utilizadas na construção do gênero, e de como elas auxiliam na construção de sua semiose. A
partir dessa estruturação, pode haver uma conexão ou desconexão entres as partes do gênero, sendo que essa sequência pode ser parte extremamente
importante na constituição do sentido. (KRESS e VAN LEEUWEN, 2007.
● Segundo Kress e van Leeuwen (2006), a estruturação consiste no enquadramento que a estrutura visual que compõe um gênero possui. Ou seja,
algumas das partes visuais podem estar mais juntas ou mais separadas: quando juntas, é pelo fato de possuírem carga de sentido que compõem uma
a outra; quando mais afastadas, essa carga de sentido apenas se completa em uma perspectiva macro.
Gestos:
Os gestos atrelados à fala são modos de comunicação multimodais. Eles podem construir seus sentidos, funcionando como facilitadores para a
interpretação dos discursos orais. As formas de expressão oral e gestual do enunciador vão sendo construídas de acordo com a situação de
comunicação. É válido ressaltar que cada gesto pode ter um conjunto de significados diferente, dependendo da sociedade onde é utilizado. Sisto (apud
FALCÃO, 2014) classifica os gestos em tipos: enfáticos, ilustrativos e sintéticos. Os gestos enfáticos são aqueles utilizados para reforçar a ideia daquilo
que está sendo pronunciado, ou, de alguma maneira, chamar a atenção dos ouvintes; os ilustrativos têm como função ‘exemplificar’ aquilo que está
sendo verbalizado por meio de movimentos manuais. Os gestos sintéticos são considerados mais simbólicos, uma vez que eles são mais subjetivos,
não tendo ligação direta com a oralidade como os outros dois. Assim, narrando uma história ou em palestra, o enunciador vai utilizando os gestos e
enriquecendo sua narrativa. Esse conjunto de recursos é importante para a produção do sentido do discurso, além de torná-lo multimodal.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FALCÃO, Rosineide Costa. Multimodalidade e produção de sentidos em narrativas orais infantis. Dissertação (Mestrado em Ciências da Linguagem) -
Universidade Católica de Pernambuco – 2014
KOCH, I. V. (1992). A inter-ação pela linguagem. São Paulo: Contexto
KRESS, G. VAN LEEUWEN, T. Reading images: the grammar of visual design. London and New York: Routledge, [1996] 2006.
MESCHONNIC, Henri. Linguagem, ritmo e vida. FALE/UFMG: Belo Horizonte, 2006.
Van Dijk, T.A. Cognição, Discurso e Interação. São Paulo: Contexto, 2004.
2. SINTAXE ORACIONAL
“A polarização dos usos dos pronomes nós, nosso, em Frases do tipo “Eles querem que você tenha medo”,
oposição a eles, deles, pode caracterizar também as utilizadas em propagandas políticas, excluem o falante de
conversas do dia a dia, bem como todas as formas de um grupo e polarizam o discurso.
discurso ideológico polarizado, incluindo os debates
parlamentares, a propaganda política e os artigos assinados
Pronominalização que exprimem uma opinião.”
(van DIJK, 2012, p. 236)
É preciso observar que posição ocupam, na estrutura “De fato, não ficou restrita ao campo de meras suspeitas a
composicional das cláusulas, as palavras usadas para interferência dos interesses paralelos...”
referenciar os atores sociais. Ganha relevância aqui a
propriedade sintático-semântica da topicalização
sentencial. Dois focos de análises podem ser destacados:
Ordem e categorias de palavras ordem dos termos sintáticos e estruturas ativas e passivas
(esta categoria será tratada nas linhas abaixo).
RESUMINDO: o analista deve verificar, na cadeia sintática da
cláusula, que lugares são ocupados pelos itens lexicais ou
gramaticais utilizados para referenciar os atores sociais.
Há vastos estudos, com destaque às perspectivas “A PM sempre age com a intenção de preservar a
funcionalistas, dos efeitos semânticos das escolhas segurança e a integridade física das pessoas de bem que
estruturais. Uma abordagem particulamente produtiva ao estão protestando” [Voz ativa, pondo em foco uma ação
analista do discurso está nas estruturas ativas e passivas. positiva da Polícia Militar]
Novamente pela pela propriedade de topicalização
sentencial, a posição de sujeito geralmente apresenta maior “... um grupo radical, que jogou pedras, garrafas e latas de
visibilidade; outras “casas sintáticas” apresentam menos cerveja contra a tropa da Polícia Militar, ferindo um soldado
visibilidade: o agente da passiva, por exemplo, pode, a pedrada” [Voz ativa, pondo em foco uma ação negativa
Estrutura funcional de cláusulas inclusive ser apagado. dos manifestantes]
3. SEMÂNTICA LOCAL
“Los significados de las oraciones y el discurso se presentan normalmente en términos de proposiciones,
cuyas estructuras (por ejemplo un predicado, argumentos que juegan diversos ‘papeles’ y las modalidades)
presuponemos que están controladas por modelos de esquemas mentales. Como sucede en el caso de los
PREDICADO modelos, las estructuras proposicionales pueden estar controladas ideológicamente, de la manera que
sigue: Los predicados seleccionados como significados para describir (actores sociales de) fuera de los
grupos pueden incorporar opiniones controladas ideológicamente, como es bien sabido por el uso que se
hace de significados como “terroristas” y “luchadores de la libertad”. Este fenómeno puede advertirse en
los procesos de lexicalización, a la que volveremos más adelante.” (VAN DIJK, 2008, p.222)
“(...) o fator contextual mais relevantemente relacionado à argumentação é o conhecimento. Os falantes só
ARGUMENTOS conseguem convencer seus interlocutores com argumentos quando compartilham o conhecimento
sociocultural geral ou o conhecimento especializado desses interlocutores, de modo que podem ser feitas
as inferências necessárias que são a base da argumentação” (VAN DIJK, 2012, p. 270)
“El recurso de la cuantificación se usa para expresar medidas, variaciones y estimaciones, cuyo objetivo es
determinar las propiedades y los estados de las cosas, los seres y los procesos que se referencian
QUANTIFICADORES discursivamente, a través de valores de cardinales, de sustantivos no contables y de los niveles cómo
discursivamente se manifiestan las propiedades de las entidades que se abordan. Los cuantificadores son
apropiados en el corpus para construir un sentido de objetividad desde el que se proponen los
acontecimientos referenciados como elementos externos a los ámbitos de controversia social.” (Van Dijk,
2013, p. 431)
“As modalidades dependem não somente do modo como os eventos estão sendo representados nos
modelos mentais, mas também de algumas propriedades do contexto, tais como os papéis e outras
MODALIZADORES identidades dos participantes, além dos objetivos e ações que estão sendo postos em prática” (VAN DIJK,
2012, p.251)
“Assim, é rotina que as pessoas descrevam e comuniquem seus próprios estados internos, mas é muito
menos comum (e possivelmente estranho) que as pessoas descrevem do receptor - que tem melhor acesso
a eles do que o falante” (p.252).
DISTRIBUIÇÃO DA A distribuição da informação se dá através dos tópicos: “que os assuntos não são propriedades dos
INFORMAÇÃO contextos (…) mas sim uma propriedade do próprio’ texto ou da ‘própria’ fala” (VAN DIJK, 2012, p.259).
METÁFORAS “Poucas figuras retóricas semânticas são tão persuasivas como as metáforas. Significados abstratos,
complexos, não familiares, novos e emotivos podem então ser mais familiares e concretos” (van Dijk, 2006).
EVIDÊNCIAS “Pontos de vista no argumento são mais plausíveis quando falantes apresentam alguma evidência ou prova
para o conhecimento deles ou opiniões” (VAN DIJK, 2006).
“Muitos dos significados deles não são explicitamente expressados, mas pressupostos serem conhecidos
e inferíveis a partir do conhecimento sociocultural geral” (VAN DIJK, 2006).
IMPLICAÇÕES E “Na verdade, grande parte do discurso permanece implícita, e tal informação implícita pode ser inferida
PRESSUPOSIÇÕES pelos receptores a partir do conhecimento compartilhado ou atitudes e então construídos como parte dos
modelos mentais do evento ou ação representado no discurso” (VAN DIJK, 2006).
POSTURA, PERSPECTIVA, “A perspectiva ou ponto de vista é um dos modos clássicos de acordo com os quais os acontecimentos
OPINIÕES podem ser descritos, relativamente à localização dos falantes ou receptores, e desse modo controlados por
variáveis contextuais” (VAN DIJK, 2012, p. 249).
“Significado local (de uma oração): por exemplo, sendo vago ou indireto sobre Nosso racismo, e detalhado
TIPOS DE DESCRIÇÃO e preciso sobre os crimes ou condutas impróprias Deles.” (VAN DIJK, 2015, p.136).
Descrição dos atores sociais: “tipicamente,nós tendemos a descrever os membros do endogrupo de um
jeito neutro ou positivo e os membros do exogrupo de um jeito negativo” (VAN DIJK, 2006).
“uma análise semântica mais local das conversas cotidianas sobre minorias e imigrantes revela outras
características interessantes. Uma das mais conhecidas são as ressalvas, i.e., movimentos semânticos
com uma parte positiva sobre Nós e uma parte negativa sobre Eles:
● Negação aparente: Nós não temos nada contra negros, mas…
● Concessão aparente: Alguns deles são inteligentes, mas em geral…
RESSALVAS ● Empatia aparente: É claro que os refugiados tiveram problemas, mas…
● Ignorância aparente: Eu não sei, mas…
● Desculpa aparente: Desculpe-me, mas…
● Inversão: Não eles, mas nós é que somos as reais vítimas…
● Transferência: Eu não me importo, mas meus clientes… (VAN DIJK, 2015, p.142)
“Observamos que esses movimentos locais materializam dentro de uma oração as estratégias totais
(globais) de autoapresentação positiva e de outro-apresentação negativa.” (VAN DIJK, 2015, p.143)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
VAN DIJK, T. A. Discurso e Poder. Hoffnagel, Judith; Falcone, Karina (orgs.). 2 ed., 2ª reimpressão. São Paulo: Contexto, 2015.
__________. Discurso e Contexto. Tradução Rodolfo Ilari. São Paulo: Contexto, 2012.
__________. Semántica del discurso e ideología. 2008. Acesso em: 08 de junho de 2018. Disponível em:
<http://www.dissoc.org/ediciones/v02n01/DS2(1)Van%20Dijk.pdf>.
__________. Discurso e Sociedad. 2013. Acesso em: 08 de junho de 2018. Disponível em: <Violencia simbólica, discursos mediáticos y
reproducción de exclusiones sociales>.
4. SEMÂNTICA SEQUENCIAL
A semântica sequencial, segundo van Dijk (2016), aborda a relação entre as proposições, tendo os seguintes tópicos a serem considerados:
• A correferência
• A coerência referencial
• A proposição temporal
• A condicional/Causal
• A coerência funcional
• Segundo Apothéloz (2003, p. 61) “Há correferência entre duas expressões sempre que elas designam no discurso o
mesmo referente [...]. A correferência é frequentemente considerada como protótipo da anáfora”.
• O processo de referenciação apresenta três categorias gerais: introdução referencial, anáfora e dêixis. Vamos tratar
dos casos de introdução referencial e anáfora.
• a)introdução referencial: introduz o referente pela primeira vez no texto. Segundo Cavalcante et al. (2014: 54), a
“introdução referencial ocorre quando um referente, ou objeto de discurso, ‘estreia’ no texto de alguma maneira. Isso
Correferência pode se dar pelo modo mais evidente: por meio do emprego de uma expressão referencial ainda não mencionada
anteriormente”.
• Segundo Silva (2014), a introdução referencial serve mais do que apenas para marcar o surgimento de um novo
referente no texto, de modo a funcionar para reforçar dado posicionamento discursivo recorrente durante o texto.
• O enunciador (locutor) somente introduzirá um referente no texto para que seja recuperado pelo coenunciador
(interlocutor), e, desta forma, recorrerá a modelos mentais recuperáveis no processo de interpretação textual e
discursiva.
• São processos de referenciação: anáfora e dêixis.
• São relações entre feitos, eventos de mundo e modelos mentais.
• São relações factuais em modelos formais ou cognitivos.
• Os discursos são coerentes, se suas respectivas sentenças se referem a “fato” (estados de coisas, eventos, etc.”, que
estão relacionados em alguma situação (de mundo possível, modelo, etc.), por exemplo, por uma relação de tempo,
condicionalidade ou causalidade.
• Estas relações de coerência são definidas relativamente ao conhecimento de mundo do falante (ou ouvinte).
• A coerência não é diretamente definida em termos de relações proposicionais, mas indiretamente, através de relações
Coerência referencial (conhecidas) no mundo. Temos, portanto, os modelos mentais e de contexto.
• Os modelos mentais representam nosso conhecimento de um evento, mas também podem apresentar nossa opinião
sobre o valor ou nossas emoções sobre o evento – que por sua vez podem ser expressos.
• Não são os fatos que definem a coerência, mas as maneiras particulares que os usuários da língua definem ou
interpretam esses fatos em seus modelos mentais. Essas interpretações são pessoais, subjetivas, enviesadas,
incompletas ou completamente imaginárias.
Segundo Fávero: “Qualquer sequência textual só é coesa e coerente se a sequencialização dos enunciados satisfizer as
condições conceptuais sobre localização temporal e ordenação”. Assim, a sequenciação temporal pode ser obtida por:
• Ordenação linear dos elementos — é o que torna possível dizer: “Vim, vi e venci”.
Proposição Temporal • Expressões que assinalam a ordenação ou continuação das sequências temporais: Primeiro vi a moto, depois o
ônibus.
• Partículas temporais: Não deixe de vir amanhã.
• Correlação dos tempos verbais: (52a) Ordenei que deixassem a casa em ordem. Fávero (2007:34).
• Dá-se em nível frástico.
Coerência • Apresenta estabilidade, de acordo com a necessidade de se continuar proposições, como na relação causa e
Condicional/Causal consequência.
• Coerência que denota uma sequência de fato.
• Prescreve-se que algo resultará em alguma coisa e, condicionalmente, haverá relação entre as sequências.
• As proposições devem ser colocadas de maneira que os sentidos sejam condicionados ou moldados.
• Existe a partir de conectivos.
• A condição não é extensional, mas intencional: a relação pode ser conceitualmente definida em termos das próprias
proposições.
• Relações funcionais nos dizem algo sobre a estrutura informacional do texto, e não sobre o mundo de que o texto
fala.
• *Não apenas caracterizam a microestrutura proposicional do texto, como também sua macroestrutura semântica
A Coerência funcional global.
• Mostram como uma proposição funciona em relação à outra (especificando-a, explicando-a, contradizendo-a,
exemplificando-a, etc.).
• Especificação, generalização e conclusão podem ser definidas em termos de acarretamento semântico ou de sua
contraparte cognitiva.
• Contradição e paráfrase podem ser definidas em termos de acarretamento mútuo e negação.
• Já a explicação aparece dependente de uma relação referencial específica, qual seja, a de causa ou consequência.
Em geral, são explicações de fatos, não explicações de informação prévia. Consiste em adicionar informação posterior
de um tipo específico, qual seja, sobre as causas ou razões de um fato previamente mencionado.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CAVALCANTE, Mônica Magalhães. Referenciação: sobre coisas ditas e não ditas. Fortaleza: Edições UFC, 2011.
CAVALCANTE, M. M.; CUSTÓDIO FILHO, V.; BRITO, M. A. P. Coerência, referenciação e ensino. São Paulo: Cortez, 2014.
CAVALCANTE, M.M.; RODRIGUES, B. B.; CIULLA, A. Referenciação. São Paulo: Contexto, 2003
CIULLA E SILVA, Alena. Processos de referência e suas funções discursivas: o universo literário dos contos. 205 f. Tese (Doutorado em Linguística).
Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2008.
FÁVERO, L. L. Coesão e coerência textuais. 11. ed. São Paulo: Ática, 2007. v. 1. 104 p.
KOCH, I. V.; MORATO, M. E.; BENTES, A. C. (Org.). Referenciação e Discurso. São Paulo: Contexto, 2005. p. 8-10.
MONDADA, Lorenza; DUBOIS, Daniàle. Construção dos objetos do discurso: uma abordagem dos processos de referenciação. In: CAVALCANTE, Mônica
Magalhães; RODRIGUES, Bernardete Biasi; CIULLA, Alena. Referenciação. São Paulo: Contexto, 2003: 17-52.
VAN DIJK, T. A. Discurso e contexto: uma abordagem sociocognitiva. São Paulo: Contexto, 2012.
______. Discurso e Poder. São Paulo: Contexto, 2008.
______. Ideología: una aproximación multidisciplinaria. Barcelona, España: Gedisa, 2006.
______. Estruturas y funciones del discurso. Madrid: Siglo Veintiuno Editores, 2010[1980].
______. Cognição, discurso e interação. São Paulo: Contexto, 1996
5. SEMÂNTICA GLOBAL
A semântica global está representada em todos os níveis constitutivos do discurso. Ou seja, há desdobramentos dessa “matriz geral de sentido e significação”
nas demais estruturas discursivas. Como categoria de análise e/ou conceito no âmbito da análise do discurso, a Semântica Global é vista como um mecanismo
para a observação dos efeitos de sentido em todas dimensões do discurso.
Van Dijk (2017a, p. 137) usa a expressão “significado global do discurso” para abordar a semântica global, considerando a questão como um assunto “de
nível mais elevado” (VAN DIJK, 2017b p. 259), pois tem capacidade de impactar os modelos mentais.
Segundo o autor, macroestruturas como tópicos e temas “podem influenciar o que as pessoas veem como a informação mais importante da escrita e da fala, e
assim fazer correspondência com os níveis superiores de seus modelos mentais” (VAN DIJK, 2017a, p.122, grifo nosso).
1. Tipos de Descrição São identificados na abordagem sociocognitiva do discurso por meio da observação da estratégia do quadrado ideológico. Para
Global van Dijk(2017a), trata-se de um instrumento importante de exercício de poder:
“A estratégia geral de controle discursivo e da mente dominante, muitas vezes, segue a polarização entre grupos
básicos das ideologias subjacentes: enfatizando nossas coisas boas, enfatizando suas coisas ruins, mitigando nossas
coisas ruins e mitigando suas coisas boas” (VAN DIJK, 2016, p. 29).
Nota-se, finalmente, que as observações sobre a variação semântica global no discurso (por exemplo, quem fala
sobre que assuntos, quando, com quem e em que ambientes) precisam basear-se num estudo empírico mais
geral do tópico – ainda inexistente – que vai além da teoria da macroestrutura (van Dijk, 1980). Nesse sentido, a
maioria dos estudos da Linguística, Sociolinguística, Análise do Discurso e Narrativa são antes estudos da forma, das
estruturas e não do conteúdo. Precisamos saber quem fala, sobre que assuntos, com quem, em que tipos de
situações sociais (van DIJK, 2017b, p. 262, grifo nosso).
Os Tópicos não devem ser confundidos com os temas, pois os primeiros possuem interfaces além do nível sentencial.
Além disso, para adquirir estatuto de tópico – os conteúdos dependerão de um processo colaborativo e de fatores contextuais.
Para van Dijk (2017b), os temas conformam e orientam os tópicos apresentados na prática discursiva.
3. Enquadres / frames O conceito de frame como categoria de análise é atribuído, incialmente, à Goffman (2012), sociólogo interacionista, que propôs
a observação dos “quadros da experiência”. Para esse autor, os frames são formados a partir de uma herança social que
interfere de forma decisiva no modo como interpretamos nossas experiências – (quadros interpretativos).
Van Dijk (1977), em Discurso e Contexto, introduziu a noção de frame na perspectiva de uma teoria do contexto (quadro de
conhecimento). Segundo o autor, esse ensaio inicial serviu como ponto de partida para a elaboração do conceito de modelo
mental.
Com a atualização de alguns pressupostos da abordagem sociocognitiva do discurso, especialmente a centralidade atribuída
ao conceito de conhecimento, Van Dijk passa a definir frames como tipos de representações mentais (modelos construídos por
meio do processo cognitivo) também entendidos como formas categoricamente organizadas de conhecimento.
O fundamental para o autor é que as análises desenvolvidas a partir dessa noção procurem tornar explícitas as estruturas
epistêmicas, observando o controle e a formação de modelos mentais.
Campo da Comunicação
Conforme ressalta Van Dijk (2017d), o conceito de frame é empregado de forma vaga em diferentes campos do conhecimento.
A principal crítica está relacionada ao uso do frame como categoria difusa que esconde, a partir de considerações superficiais,
estruturas importantes que compõem o discurso, como ideologia, tópico, crenças, etc. Na visão do linguista, essas categorias
devem ser descritas com base no arcabouço teórico e metodológico acumulado e disponível no âmbito da cognição e do
discurso.
As pesquisas desenvolvidas no campo da comunicação com o emprego da noção de frame, por sua vez, conforme enfatiza Van
Dijk, ainda carecem de revisão crítica.
Nessa área, especificamente, observa-se como o jornalismo constrói seus enquadramentos acerca do mundo e quais
ferramentas são usadas para isso. Assim, o enquadramento noticioso pode ser analisado a partir da observação dos
processos de seleção, ênfase, interpretação e exclusão. Enquadrar é selecionar alguns aspectos da realidade percebida e
os colocar em destaque num texto comunicativo (ENTMAN, 1994).
EXEMPLO: Análise de reportagem sobre titulação de comunidades quilombolas publicada em A Gazeta no dia 05 de agosto de 2007.
Capa
Chapéu: COMUNIDADES QUILOMBOLAS
Título: Terras de produtores ameaçadas no Norte
Chamada: Um programa do governo federal prevê a desapropriação de terras no Norte do Estado para a criação de comunidades quilombolas. Produtores
rurais contestam a medida e já começaram a se mobilizar.
Reportagem
Chapéu: PROPRIETÁRIOS DE TERRA CONTESTAM A FORMA COMO O GOVERNO PRETENDE RESSARCIR OS NEGROS
Título: Produtores podem perder terras para quilombolas
Lead: A disputa pela terra está ganhando uma nova página. Desta vez, três lados estão na busca dos seus direitos: negros, produtores rurais e a Aracruz
Celulose são os personagens em torno de um programa do governo federal que prevê desapropriações de terras para implantar comunidades quilombolas.
Subtítulos da reportagem:
- “Só vamos sair mortos”
- O impasse
- Processo de desapropriação ainda tramita no Incra
Considerações:
1. Tipos de descrição global:
- Os proprietários rurais produzem, geram empregos e estão com as terras ameaçadas. Além disso, são organizados e lutam por seus direitos.
[Trechos do jornal: “A verdade é que a maioria dos negros não tem noção do que significa. Tirar a terra dos produtores vai desempregar milhares de pessoas e
tirar receita do município”]
- A Aracruz Celulose está sendo perseguida e tem suas áreas ameaçadas.
[Trechos do jornal: “A empresa Aracruz Celulose vem enfrentando ações de ocupação e queimadas atribuídas às comunidades quilombolas da região”].
- Os quilombolas são os negros que o governo federal pretende ressarcir. Além disso, cometem crimes, não dão contribuição econômica à sociedade e
desconhecem o processo e o seu direito (são desinformados).
[Trechos do jornal: “Enquanto os negros afirmam que o seu direito sobre as terras está legitimado pela constituição e é uma dívida pelos anos de escravidão;
os produtores rurais contestam a forma como o governo pretende ressarcir os quilombolas.” / “Dona Estela José Valentim, 55, demonstrou desconhecimento ao
ser indagada se acredita no sucesso do convívio coletivo. “Todo mundo vai plantar junto?”]
- O Incra é um órgão lento que tem atrasado os serviços. Além disso, cometeu ilegalidade na instrução processual.
[Trechos do jornal: “Todas as assinaturas são falsas” / “A empresa Aracruz Celulose afirma que o processo de criação das comunidades quilombolas usou
métodos fraudulentos”. / “O superintendente do instituto no Estado, Gerônimo Brumatti, explicou que a greve dos funcionários do Incra atrasou os trabalhos.”]
2. Macroproposições (Tópicos/temas):
A titulação de territórios quilombolas promove conflito territorial.
Os proprietários rurais e a economia local estão ameaçados pela titulação.
A legalidade e legitimidade do processo são questionáveis.
3. Enquadres / Frames
No plano geral, a seleção dos temas e tópicos, bem como a relevância dada a cada uma dessas macroestruturas do discurso coloca em evidencia o viés
conflitivo da questão. A partir da organização discursiva feita pelo jornal, o direito dos quilombolas à titulação de seus territórios é enquadrado a sob ótica
economicista como perda e prejuízo financeiro para o município de São Mateus e para os produtores rurais.
Além disso, a forma como o texto está organizado coloca em oposição produtor rural/agronegócio (“produtivo, gerador de empregos, seguidor da lei”) x
quilombola (“desinformado, pouco instruído, improdutivo, fraudador”).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CHARAUDEAU, Patrick; MAINGUENEAU, Dominique. Dicionário de análise do discurso. São Paulo: Contexto, 2006.
DUBOIS, Jean et. al. Dicionário de linguística. São Paulo: Cultrix, 2001.
ENTMAN, Robert. Framing: toward clarification of a fractured paradigm. In: Levy, M.; Gurevitch, M. (Ed.). Defining media studies. New York: Oxford University Press,
1994. p. 293-300.
FÁVERO, Leonor Lopes. O tópico discursivo. In: PRETI, Dino (Org.). Análise de textos orais. SP: Humanitas, 2010.
GOFFMAN, Erving. Os quadros da experiência social: uma perspectiva de análise. Rio de Janeiro: Vozes, 2012.
LAKOFF, G; JOHNSON, M. Metáforas da vida cotidiana. Campinas: Mercado das Letras, 2002.
LINS, Maria da Penha Pereira; RANGEL, Silênia de Azevedo Silveira. O tópico discursivo em charges diárias. In: XVI Congresso Nacional de Linguística de Linguística e
Filologia., 2012, Rio de Janeiro, RJ. Cadernos do CNLF, Vol. XVI, Nº 04, t. 1 – Anais do XVI CNLF, p. 1013-1023 (On-line). Rio de Janeiro: XVI CNLF, 2012. Disponível
em http://www.filologia.org.br/xvi_cnlf. Acesso em 16/06/2018.
VAN DIJK, T . Ideologia. (Tradução de Pedro Theobald). Letras de Hoje, Porto Alegre,
v. 50, n. esp., p. 53-61, Dez. 2015.
____________. Análise crítica do discurso (Tradução: Raquelli Natale, Micheline Mattedi Tomazi e Lúcia Helena Peyronton da Rocha). In: TOMAZI, M. M et al. (org.).
Estudos discursivos em diferentes perspectivas: mídia, sociedade e direito. São Paulo: Terracota Editora, 2016, p. 19-42.
_________. Discurso, cognição e sociedade. (Tradução de Pedro Theobald). Letrônica, Porto Alegre, v. 9, n. esp.(supl.), p. s8-s29, Nov. 2016.
____________. Discurso e poder. São Paulo: Contexto, 2017a.
____________.Discurso e contexto: uma abordagem sociocognitiva. Trad. Rodolfo
Ilari. São Paulo: Contexto, 2017b.
____________. Analyzing Frame Analysis (submitted), 2017c.
____________. Social Movements, Frames and Discours (submitted), 2017d.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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VAN DIJK, T. A. Cognição, discurso e interação. 7.ª ed. 1.ª reimpressão. São Paulo: Editora Contexto, 2017.
Van Dijk, T.A. El discurso como estrutura y processo. Estudios sobre el discurso I: Una introducción multidiciplinaria. Barcelona: Editorial
Gedisa S.A, 2008.
7. FIGURAS DE RETÓRICA
Classificação Descrição Exemplo
METÁFORA: estabelece uma relação de semelhança entre Ondas de imigrantes
dois termos. O circo da política
PROSOPOPEIA: características animadas em seres Meu coração vagabundo
inanimados A dor que insiste em me apunhalar.
Figuras Trópicas OXIMORO: combina, numa mesma expressão, elementos Estridente silêncio
(Alteração no linguísticos semanticamente opostos. Simpatia assustadora
Sentido das Sofisticada simplicidade
Palavras) SINESTESIA: mistura de sensações dos sentidos humanos A ira que sinto, o desdém que vejo,
a ironia que ouço.
METONÍMIA: troca de um termo por outro de mesma Ele adora ler Jorge Amado.
similaridade. Tomamos uma caixa de cerveja.
IRONIA: sentido contrário do que se afirma O Campus Universitário é uma maravilha
Aquele político é um santo
HIPÉRBOLE: ênfase expressiva resultante do exagero da Eles sofreram mil mortes
significação linguística Ela chorou rios de lágrimas
HEUFEMISMO: intenção de suavizar um fato ou atitude Você faltou com a verdade
Ele descansou aos 90 anos
SILEPSE: a concordância não se faz com a categoria Todos nesta sala somos brasileiros
gramatical mas com o que denota no contexto São Paulo está muito poluída
ALITERAÇÃO: repetição de som Será que ela mexe o chocalho ou o chocalho é que mexe com ela.
Figuras não trópicas ONOMATOPEIA: representação de sons da natureza, de Glup, glup; Nhac!
de instrumentos etc. Buáá! Buáá!; Grrrr!
Sons ou morfemas ASSONÂNCIA: repetição de vogais Berro pelo aterro, pelo desterro
PARONOMÁSIA: repetição de palavras de sons parecidos Perdi o pênalti por causa da grama / Perdi o escrúpulo por causa da
grana.
ELIPSE: supressão de termo da oração, sem prejuízo do No mar, tanta tormenta (no mar, existe tanta tormenta)
sentido.
ZEUGMA: supressão de termo da oração para evitar Gosto de dançar, ela de cantar.
Figuras não trópicas repetição.
de PLEONASMO: repetição viciosa de ideia. Subir pra cima. Saia pra fora. A mim me parece.
Sintaxe PLEONASMO Argumentativo/Intencional Eu vi com meus próprios olhos.
(construção, relação HIPÉRBATO (ou INVERSÃO) dos termos componentes da Assustada a menina gritou por socorro.
entre as palavras) frase
ASSÍNDETO: ausência de conjunções Vi, vim, venci.
POLISSÍNDETO: abundância / repetição de conjunções Ou como ou trabalho ou converso com você.
ANÁFORA: repetição de palavras no começo dos versos Água do rio, água de saudade, água dos meus olhos.
EPÍSTROFE: repetição de palavras no fim dos versos Não sou nada, nunca serei nada, não posso querer ser nada
ANACOLUTO: mudança repentina da estrutura da frase A pessoa disse, eu não sei explicar.
Eu, parece que estou ficando zonzo.
GRADAÇÃO: intensifica uma ideia com várias expressões Fiquei desesperada, louca da vida, sem rumo e sem chão.
ANTÍTESE: aproximação de termos contrastantes A educação é luz sobre trevas.
APÓSTROFE: Interpelações enfáticas. Oh céus, até quando?
8. ESTRUTURAS PRAGMÁTICAS
CONCEITO: É um termo originário do grego que significa ‘apontar’ ou ‘indicar’. Trata-se do modo pelo qual a relação entre
língua e contexto se inscreve nas próprias estruturas linguísticas, em função do processo de enunciação. De forma mais
objetiva, são referências (elementos linguísticos) que indicam o lugar (aqui) ou o tempo (agora) em que um enunciado é
produzido, e também apontam os participantes de uma situação de comunicação (eu/tu). Estes elementos linguísticos
utilizados para situar o enunciado são chamados de dêiticos ou indexicais.
SÃO CONSIDERADOS DÊITICOS: pronomes pessoais que indicam os participantes; os advérbios de lugar, que são
marcadores de tempo (agora, hoje, amanhã, etc.); os demonstrativos (aqui, lá, este, esse, aquele, etc) e uma variedade de
outros traços gramaticais ligados diretamente às circunstâncias da enunciação.
Além destas categorias tradicionais de dêixis apontadas acima, é possível destacar ainda: a dêixis discursiva (referente
a partes do discurso nas quais a enunciação está localizada), dêixis social (codificação de diferenças sociais em relação
aos papéis dos participantes) e dêixis de modo (características de um termo apresentado no enunciado).
IMPORTANTE: os dêiticos só podem ser entendidos se houver uma explicitação, mesmo dentro da situação de
comunicação.
DÊIXIS/INDEXICALIDADE
EXEMPLO: um bilhete com a mensagem:
Se não houver um referencial da data em que o bilhete foi escrito, o termo “hoje” perde seu sentido. De igual modo, o
pronome 'eu' deve estar explícito no contexto, caso contrário, ninguém sabe a quem se refere. Por isso, podemos dizer que
o conceito de dêixis significa “apontar para”.
Conceito de cortesia/polidez:
▪ É uma adequação às normas de comportamento de uma determinada comunidade
▪ Tem base nas normas de um grupo social sobre aquilo que é considerado cortês ou polido;
▪ Manifesta-se no conteúdo da informação e no modo como as pessoas a administram.
Máximas de polidez/cortesia:
1. Máxima de tato: diminui o custo para o “outro” e aumenta o benefício para o “outro”;
2. Máxima de generosidade: diminui o benefício ao “eu” e aumenta o custo ao “eu”;
3. Máxima de aprovação: diminui o desagrado ao “outro” e aumenta o agrado ao “outro”;
4. Máxima de modéstia: diminui o agrado ao “eu” e aumenta o desagrado ao “eu”;
5. Máxima de concordância: diminui discórdia entre “eu” e “outro” e aumenta concórdia entre “eu” e “outro”;
6. Máxima de simpatia: diminui antipatia entre “eu” e “outro” e aumenta simpatia entre “eu” e “outro”.
Regras de polidez/cortesia (relacionadas a fatores como relações de poder, distância social e cultura):
EXEMPLO: não se critica um trabalho sem fazer uma série de preliminares que mostram que ele está bom (como num
ritual de defesa de mestrado, por exemplo). Nas situações de comunicação, minimizam-se, modalizam-se, “adoçam-se” os
atos ameaçadores da face. Por outro lado, há atos valorizadores da face, como os cumprimentos e os elogios. Na polidez,
busca-se reforçar esses atos.
9. ESTRUTURAS CONVERSACIONAIS INTERATIVAS
Para analisar-se os processos interacional na conversação é Para serem capazes de exercer tal poder, os grupos necessitam
necessário considerar a situação, as características da interação em de uma base de poder, que pode ser material ou simbólica.
foco e as estratégias utilizadas pelos interlocutores durante o diálogo. Relevante para os recursos de poder simbólico é o acesso
Análise Tais considerações permitirão avaliar-se as marcas e as condições de preferencial ao discurso público, como no caso das elites
Epistêmica: poder evidenciadas que dão conta de revelar o esquema de simbólicas, tais como políticos, jornalistas e professores [...]. Mais
acesso, primazia, dominância esboçado no transcorrer do diálogo. especificamente, um grupo pode ser definido em função da
direito de fala, natureza de seu acesso ao discurso público e controle do mesmo.
etc. Assim, jornalistas têm acesso ativo à construção de notícias,
“O ditado Quando um burro fala, o outro murcha a orelha é, em políticos podem ter acesso ativo a debates parlamentares, e
outras palavras, uma norma conversacional: fala um de cada vez. Esse professores à produção do discurso acadêmico, ao passo que a
fator que visa a disciplinar a atividade conversacional, funcionando maioria dos cidadãos comuns só tem acesso passivo, como
como um mecanismo central da organização do texto, demonstra, por destinatários dessas formas de discurso, ou só como
meio de uma série de aspectos, as estruturas de poder que governam participantes na representação do discurso, por exemplo, como
a conversação: quem fala primeiro, tendo esse direito previamente atores de notícias ou cidadãos de quem se fala no discurso
estabelecido ou não, as falas simultâneas ou sobrepostas, os silêncios, político ou educacional” (van DIJK, 2016, p. 18).
as hesitações, o assalto ao turno do outro etc. A forma de presença
desses aspectos na sequência textual é que dimensiona o maior ou
menor grau de simetria ou assimetria do processo interacional. (BRAIT,
1999).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRAIT, Beth. O processo interacional. In: PRETI, Dino (org.) Análise de textos orais. ed. - São Paulo: Humanitas Publicações FFLCHlUSP,
1999 (PROJETOS PARALELOS: V. 1)
CASTILHO, Ataliba T. de. A língua falada no ensino de português. São Paulo : Contexto, 2006.
FÁVERO, Leonor; ANDRADE, Maria Lúcia C. V. O.; AQUINO, Zilda G. O. Oralidade e escrita: perspectivas para o ensino de língua
materna. São Paulo: Cortez, 2000.
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Análise da Conversação. 5ª ed. Série Princípios. São Paulo: Ática, 2001.
PRETI, Dino (org.) Análise de textos orais. São Paulo: Humanitas Publicações FFLCH / USP, 1999 (PROJETOS PARALELOS: V. 1).
VAN DIJK, Teun A. Análise crítica do discurso. Trad. de Natale, Raquelli ; Micheline Mattedi Tomazi ; Lúcia Helena Peyroton da Rocha. In.:
TOMAZI, M. M.; ROCHA, L. H. P.; POMPEU, J. C. (Orgs.). Estudos discursivos em diferentes perspectivas: mídia, sociedade e direito.
São Paulo: Terracota Editora, 2016, p.19-42.
______. Análise crítica do discurso multidisciplinar: Um apelo em favor da diversidade. Trad.: Breno Wilson Leite Medeiros. Revisão-técnica
da tradução: Maria Lúcia C. V. O. Andrade. Linha d’Água, n. 26 (2), p. 351-381, 2016.
______. Discurso-cognição-sociedade: estado atual e perspectivas da abordagem sociocognitiva do. Letrônica : Porto Alegre, v. 9, n. esp.
(supl.), s8-s29, nov. 2016.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
VAN DIJK, Teun A. Cognição, discurso e interação. KOCK, Ingedore (Org.). 7. ed. São Paulo: Contexto, 2010.
_____. Discurso-cognição-sociedade: estado atual e perspectivas da abordagem sociocognitiva do discurso. In: Letrônica. Porto Alegre, v. 9,
n. esp. (supl.), s8-s29, nov. 2016. Disponível em: < http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/letronica/article/view/23189>.
_____. Discurso e contexto: uma abordagem sociocognitiva. ILARI, Rodolfo (Trad.). São Paulo: Contexto, 2012a.
_____. Discurso e poder. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2012b.
_____. Ideology: a multidisciplinar approach. Londres: SAGE, 2000.