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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CENTRO DE HUMANIDADES

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS

CIÊNCIA POLÍTICA II

DOCENTE CLEYTON CUNHA

ANA LIVIA PAULO SOBRINHO

RESENHA: SEGUNDO TRATADO SOBRE O GOVERNO CIVIL JOHN LOCKE

FORTALEZA 2023
A obra “Segundo tratado sobre o governo civil” de John Locke, escrita no final do
século XVII no contexto da revolução gloriosa, é de maneira frequente descrita como uma
defesa da Revolução de 1688. John Locke foi um britânico nascido no ano de 1632 em uma
família de classe média, desde criança era crítico da educação cristã que recebia. Locke se
tornou um dos maiores filósofos do liberalismo e influencia até hoje muitas de suas idéias
são exploradas, sua obra “Segundo tratado sobre o governo civil”, se divide em XIX
capítulos, mas os principais analisados nesta resenha são II, III, V, VII e IX.
O autor começa revisando o que foi escrito no primeiro tratado sobre o governo civil
pareando a tirania e as monarquias legítimas(no caso das monarquias hereditárias). Logo no
capítulo II ele inicia com a explicação dos estados de natureza e diz que é necessário entender
a condição natural dos homens para compreender o poder político. No estado natural para
Locke o ser humano é totalmente livre para decidir as próprias ações sem pedir permissão a
outra pessoa e sem depender da sua vontade. Além disso, é um estado de igualdade sem
dependência. A menos que o senhor e mestre de todos eles escolha um em vez do outro. O
amor mútuo é obrigatório e se um mal for praticado quem pratica tem que esperar um
sofrimento. Entretanto, uma condição natural de liberdade não significa permissividade, todo
mundo tem total liberdade sobre si mesmo, mas não pode destruir a si mesmo ou a qualquer
ser vivo ao seu redor. Porque todos são obra de um criador. Portanto, não pode haver classes
na sociedade. O governo civil seria um meio perfeito de suprimir os inconvenientes do estado
de natureza.
No capítulo III ele fala sobre o estado de guerra que seria em suas palavras um estado
de inimizade e de destruição. Exemplo: Quando um indivíduo planeja contra a vida de outro
indivíduo isso o põe em estado de guerra diante de tal pessoa, dando o “direito” do outro
também atentar contra sua vida. O estado de guerra entre eles termina quando a força cessa, e
ambos os lados estão sujeitos às leis da sociedade, devendo evitar que novos males
aconteçam. Evitar o Estado de guerra é um dos principais motivos do abandono do Estado de
natureza e a formação da sociedade. Ele passa rapidamente pelo conceito de escravidão no
capítulo seguinte e reafirma seu conceito de liberdade, o método do autor é trazer sua análise
e chegar em uma conclusão lógica.
O capítulo V “Da propriedade” fala sobre o direito à propriedade, trabalho e formas
de utilização da terra. Aqui ele dá passos em relação à propriedade privada. Falando sobre a
razão natural, o autor diz ser o direito de preservação, o direito às coisas que a natureza
proporciona para sua subsistência. A terra em comum pertence a todos os homens, entretanto,
cada um tem sua propriedade guardado que ninguém mais em teoria teria direito. Aqui entra
o conceito de trabalho na propriedade, o trabalho cria uma distinção clara entre o que agora é
seu e o bem público, acrescenta algo transcendente a eles que os torna um direito privado, ele
transforma o objeto natural em propriedade. Locke afirma que cada ser humano deve ter o
poder que puder utilizar. O capítulo VII ,“Da sociedade política ou civil”, começa e fica
muito tempo no primeiro modelo de sociedade que seria a conjugal onde o senhor e a senhora
têm poder sobre os membros da família, mas não o poder político. A sociedade seria um
corpo unido sob o poder do Executivo que protege a propriedade e o Legislativo que cria as
leis que a protegem. Locke termina o capítulo falando das maneiras que o absolutismo viola
essas leis. Os seres humanos se submetem a um governo para preservar suas propriedades,
assim se colocando em uma sociedade cheia de normas. Locke define 3 poderes: Legislativo,
Executivo e Federativo. O primeiro criaria as leis da sociedade, o segundo as cumpriria e o
terceiro administraria a segurança interna e o poder público.
Por fim, a obra de Locke é muito completa em exemplificar os seus conceitos e não é
de difícil entendimento, a obra é liberal e tem uma visão “boa” da humanidade em alguns
aspectos. A definição dos três poderes inspirou muitos autores, Locke se coloca contra o
absolutismo da época e busca nesse livro uma forma melhor de governo, não expondo seu
ponto de vista de maneira agressiva. É uma leitura importante para a ciência política e em
geral é necessária.

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